Quando George
Knight fala sobre perigos do adventismo contemporâneo, costuma mencionar a
ênfase na estrutura. Como gostamos de instituições, prédios bonitos e máquinas
administrativas extremamente burocráticas. Não é só isso que nos agrada. Temos especial
apreço pelo sucesso. O número de batismo, deve ser crescente! O percentual de
dízimos? Aumentar. As associações? Dividirem-se. Medimos a fidelidade à missão
pelo progresso da estrutura.
O risco desta
percepção é colocar demasiada confiança no elemento humano. Por trás de tudo
isso, ainda há um transfundo curioso: a crença de que seremos nós, com nossos
esforços e disposição, com o crescimento extraordinário que alcançamos, que
traremos Jesus mais cedo à Terra. Daí surgem referências a Mateus 24:24, que
sofre completa descontextualização e passa a ser interpretado como se o agente
determinante para a pregação fosse o homem, não Deus.
Qualquer análise
mais séria do tema provaria que Deus é o agente do texto: é Ele quem prega o evangelho,
não nós. Claro que o Senhor dispõe do elemento humano, mas, em última
instância, Ele encerrará a pregação. Dentro da nossa mentalidade pragmática, a
análise contextual do versículo não serve; é preferível a versão que transforma
a pregação do evangelho em um ramo empresarial, com metas a cumprir.
Se a análise
bíblica mais cuidadosa é evitada por suas implicações, que dizer de qualquer
crítica às tendências que nos atrasam? O triunfalismo estabelecido não permite
críticas, sugestões, muitas vozes pensantes. O que se permite é aquilo que é
útil e funciona para o momento. Porém, quando a reflexão, a oração, as
orientações bíblicas dão lugar ao empreendedorismo e à privatização do capital
espiritual, a igreja não pode receber todas as bênçãos que o Espírito gostaria
de lhe conceder.
Pode parecer duro
reconhecer que estamos aquém de nossa missão por nosso zelo equivocado. Muitas vezes,
entretanto, tudo sugere ser o caso. Os primeiros adventistas eram erroneamente
contrários a toda forma de organização – uma infeliz herança milerita. Demorou décadas
para que percebessem a necessidade pungente de terem organização suficiente
que lhes permitisse desenvolver a missão. Hoje estamos em outro extremo – e todo
extremo traz riscos.
Por outro lado,
deveríamos nos ajustar ao que a Bíblia nos diz, sem recorrer ao pragmatismo
evangélico. Somos uma igreja, um corpo organizado obediente a Cristo, ou uma
espécie de empresa da fé, com suas facções, planejamento estratégico, peças de
marketing e presença na mídia? Deus nos chamou para ser mais do que enxergamos.
E ele, que nos destinou ao triunfo final, deseja que aproveitemos as
oportunidades para conhecer o plano que reservou para nós, o mesmo que se acha
revelado na Bíblia e no Espírito de Profecia. Se deixarmos de atender essas
orientações, substituindo-as pelas nossas metas e sonhos, não podemos contar
que Deus nos abençoe durante o processo.
A igreja, que é a
menina dos olhos do Senhor, precisa operar sob as orientações dAquele que em
breve voltará. E, quando isso acontecer, haverá toda a diferença do mundo.