sexta-feira, 26 de abril de 2013

BOM DIA, SENHOR



Confesse: que tempo você reserva para Deus? Por favor, o objetivo não é acusar – quero apenas que você reconheça que todos temos dificuldades para colocar em prática o básico.  O que seria o básico? Ler a Bíblia todos os dias, por exemplo. Não é somente ler, entende? A coisa toda tem que ver com querer ler, gastar um tempo delicioso fazendo isso.
Comunhão com Deus sem dúvida envolve esforço. Mas se trata daquele esforço do namorado que economiza para comprar flores ou do pai que faz hora extra pensando no estudo dos filhos. É esforço motivado por amor.
“Mas mesmo assim, continua sendo esforço”, você protesta. É verdade. Contudo, já viu alguma coisa na vida que seja compensadora e que não tem um preço? Um rapaz luta para conquistar a menina dos sonhos. Você provavelmente lute para continuar estudando. Ao longo dos anos, acumulamos conquistas. E ficamos nos lembrando depois o quanto tivemos de fazer para realizar determinadas coisas.
Se por um lado a salvação não dependa de seus esforços, por outro, é necessário constante luta para se manter em comunhão – um paradoxo curioso! É como um bebê que tem fome no meio da noite. Por mais que se esforce, não pode se levantar do berço, abrir a porta e ir à cozinha para esquentar o leite que ficará na mamadeira. O seu esforço consiste em chorar bem alto, para que pais bondosos – e cheios de sono – resolvam alimentá-lo.
Você não conseguiria se salvar, mesmo dependendo de cada fibra de seu ser. Porém, há algo que está a seu alcance: clame a Deus, chore diante dEle, suplique. Ele o ouvirá. Jesus prometeu jamais rejeitar quem quer que se aproximasse dEle (Jo 6:37).
Se você pedir, Deus, o Senhor do universo, estará em comunhão com você. Falta você clamar por isso!

sábado, 13 de abril de 2013

ANTI-INTELECTUALISMO: INIMIGO ÍNTIMO DOS ADVENTISTAS




O cristianismo se depara com desafios em diversos campos do saber. Suas reivindicações de exatidão histórica e da confiabilidade de seu registro são postas em xeque não apenas por setores da mídia – afinal, quando algo é veiculado nos principais órgãos da imprensa, é porque já conquistou os círculos acadêmicos há algumas décadas. Essa batalha intelectual recebe pouco destaque nos púlpitos e mídias religiosas. Fica mais fácil rotular os ataques à fé como “obra do diabo” ou “enganos dos últimos dias”. Infelizmente, os rótulos pouco ajudam aqueles que estão na linha de frente.
O que fazer com os jovens cristãos em ambiente universitário impregnado de correntes filosóficas atraentes pela sua lógica e racionalidade? Dizer para eles que devem ler a Bíblia e estudar as lições bíblicas é insuficiente. Eles precisam de alicerces para crer. Necessitam de alternativas aos argumentos sedutores que ouvem quase diariamente. Do contrário, como alcançarão uma formação superior – indispensável para uma vida profissional e até quanto ao crescimento pessoal – sem terem a fé “contaminada”? Afinal, o risco de sincretismo entre cristianismo e outras cosmovisões é tremendo.
Desafortunadamente, os evangélicos possuem grande tradição anti-intelectual. Os adventistas não são exceção. Nossos púlpitos estão, na melhor das hipóteses, carregados de mensagens que tocam aspectos tradicionais do estilo de vida ou apresentação doutrinária. E isso tem enorme valor, apesar de representar apenas um ponto de partida. Mas, tristemente, também se pode divisar uma linha de mensagens que se resumem a algo como autoajuda cristã: a membresia houve alternadamente histórias cômicas e comoventes, verdadeira montanha-russa emocional. Alguns versos bíblicos são apresentados de forma descontextualizada e voilá: o entretenimento está garantido. O perigo reside aí: a pregação se resume a entreter os ouvintes, evitando as responsabilidades da vida cristã e passando por alto dos desafios do mundo intelectual, que afetam uma parcela significativa de jovens adventistas.
Mesmo entre líderes, pastores e administradores cresce a opinião de que temos de nos concentrar nos “aspectos espirituais”, sem levar em conta as necessidades holísticas das pessoas. Ora, espiritualidade não brota no vácuo. Como posso crer na Bíblia, quando nas aulas de filosofia o professor foucaultiano me leva a questionar toda interpretação definitiva, como expressão de um grupo dominador? De que modo confiar no Criador, quando o evolucionismo é apresentado como referencial a todo instante?  
Geralmente, o jovem nessas circunstâncias acaba separando em sua mente o espaço das coisas “da igreja” e outro, para o “mundo acadêmico”. Porém, a divisão continua, e durante o percurso dos anos surgem espaços como “vida profissional”, “entretenimento”, “vida familiar”, etc.  Assim, o cristianismo (e especificamente o adventismo) se restringe ao espaço religioso da vida, sem jamais influenciar as demais áreas. Isso porque não foi desenvolvida a mente cristã, de que falava Harry Blamires.
Como via de escape, os adventistas em geral costumam responder aos desafios com subterfúgios, sem construir alternativas. Por que ninguém escreve sobre epistemologia de uma perspectiva cristã? Ou estrutura uma filosofia política sob a ótica da cosmovisão bíblica? Se você estiver se afogando, ignorar a água não impedirá que ela inunde seus pulmões. É melhor se preocupar em nadar. O anti-intelectualismo é uma boia furada que não está ajudando ninguém a chegar à praia. A despeito disso, parece mais cômodo permanecer como estamos…