segunda-feira, 28 de junho de 2010

OI PARA A PORNOGRAFIA

Em recente propaganda sobre o programa de pontos da operadora Oi, aparecem situações nas quais as pessoas são beneficiadas por usarem o sistema e apesar de mentirem ou agirem de forma moralmente questionável.

Entre os quadros veiculados, em determinado momento um homem à frente da tela do computador faz download de uma imagem pornográfica. Subitamente, sua esposa o surpreende. “Hum… ele perdeu pontos com a mulher, mas ganhou pontos com Oi bandalarga”, diz o narrador.

A impressão que se tem é a de que uma coisa compensa a outra e o que importa mesmo é poder usar livremente os serviços da operadora. Enquanto muitos setores da sociedade se preocupam em controlar o aumento da pornografia na internet, a Oi presta um desserviço, incentivando a indústria.

Infelizmente, pornografia quando consumida por pessoas adultas parece algo aceitável perante provedores de internet. Não se considera que tipos de dano o vício da pornografia traz às relações estáveis e mesmo ao indivíduo: a pornografia, por leva ao prazer imediato, reduz as dimensões do relacionamento amoroso à mera busca de prazer impessoal. Para quê querer alguém de verdade, com sentimentos, vontade e hábitos, se posso alcançar a satisfação sexual sozinho na penumbra de meu quarto, contemplando alguma beldade recém saída da fábrica de embelezamento chamada Photoshop?

Pessoas maduras e racionais, diante dos malefícios da pornografia, deveriam ser capazes de fazer o contrário da campanha: ganhar pontos com o cônjuge. Que a Oi me desculpe, mas, se o assunto é pornografia, eu tenho a minha resposta a dar: tchau!

FRESTAS PARA A GRAÇA



“Eu acredito em pessoas de todas as nações trabalhando juntas”. Enquanto estendia as roupas, lembrei-me dessa música. Pensei em todos os meus CDs, mas não. Ouvira poucas vezes a canção na casa de um amigo, sem a ter gravado. Sem dúvida, ela foi escolhida a dedo por seu intérprete: Andrea Bocelli.

Um ladrão entrou na casa aonde morava anteriormente. Entre outras coisas, ele levou todos os CDs que eu tinha na época – incluindo quatro de Bocelli. Em um deles, o tenor emprestava o vozeirão sensível a outra canção que dizia “ Se as pessoas usassem o coração/ Se abriria um horizonte melhor”.

Letras humanitárias, sonhando cooperação entre os homens. Pessoas cultas e bem-educadas acreditam numa época messiânica, na qual a boa-vontade levará o mundo a um nível superior.

A Bíblia frustra essa visão.

Do ponto de vista das Escrituras, o coração do homem é o sulfite manchado com o nanquim do pecado. Não há segurança para o homem dentro de si mesmo – apenas fora, e em Deus. Uma intervenção da Graça divina é o que trará paz e harmonia à Terra. Nada de ONGs ou tropas de paz. Sem novas propostas pedagógicas ou empreendimentos sociais. O homem não pode consertar aquilo que amaldiçoou.

Mas isso não nos impede de apreciar as pequenas demonstrações de humanidade. Afinal, o que resta de bom no homem demonstra que Deus atua nele ainda. Deus nos faz bons; do contrário, não haveria carinho e caridade, perdão e altruísmo em nós.

Essas atitudes são pistas que apontam para a Graça. Deus enviou Seu Filho para ser nosso Substituto e nos salvar. Ele fez o que não merecíamos. Isso é Graça. Ele desmoronou nosso passado, constrói nosso presente e entregará a obra de nosso futuro.

A Graça é um êxtase com traje de aperitivo. Um presidente indo ao shopping de bermuda, e sem sua equipe de segurança. A Graça se espalha nos detalhes de nosso mundo, adquirindo a configuração das bênçãos mais miúdas. Para entendê-la, temos de estar atentos, uma vez que é nas pequenas coisas do dia a dia que a porta para a eternidade se abre, e podemos, como crianças curiosas, espiar para ver algo além. Espiar as frestas para a Graça…

GERENCIANDO ESCOLHAS

Enfim, em companhia do segurança. Os frenquentadores, ouvindo dos limites da própria fisiologia, eram obrigados a repousar. Passava de uma da manhã. Os que teimavam em resistir a Morfeu conversavam no balcão. Bebiam em clima antecessor à ressaca. A noite arquitetava Copacabana.

Cavalcante, o gerente. Há trinta e seis anos Ourinhos, no interior de São Paulo, lhe concebera, para aos dezoito sofrer sua partida. A afeição se naturalizara carioca. E quem não conhecia o rapaz, com olhos castanhos ajeitados no cenho moreno? A barriga por pouco passava a linha da cintura, em leve posição de impedimento, daqueles que o bandeirinha tem que estar atento para marcar. Ainda assim, o talhe elegante.

Cavalcante dava duro. O lugar era bem localizado e atraía tanto moradores como quem estava de passagem. Só depois da uma ele se sentava e conversava com seu Jorge, o vigia. Esfriava o movimento.

A princesinha do mar comporta gente de toda cor e inclinação. E Cavalcante, o gerente, aprendeu a tratar bem a todos. Dona Lourdes, que não saíra de Ourinhos, morreria três vezes ao saber que as prostitutas saíam da calçada, passavam no bar e pediam para usar o banheiro. Teria uma síncope se lhe informassem que até (audácia desta gentalha!) conversam com seu filhinho. Logo, o gerente, mesmo sem dar moleza às madalenas, evita, com muita jinga, de contar à mãe sobre os frequentadores do fim do expediente.

Por sua educação, o rapaz sentia um não-estar-à-vontade. não seria grosseiro ou distante. Tentava se convencer de que certa política de boa vizinhança integrava seu trabalho.

Principiava a noite, a casa enchendo-se. Um homem com camisa polo, estatura mediana e pele indígena entrou sucintamente, numa discrição notória pela não notoriedade. Pedia um chope, enquanto puxava assunto, em algo similar ao Português:

“És o gerente?” Almodóvar possuía voz grave, útil no seu encargo de representante comercial. A empresa alimentícia que o empregara crescera graças ao Mercosul. Agora, Almodóvar conhecia o Brasil, em passagem durante um simpósio. Ele e Cavalcante falaram por alguns minutos.

“E por que você gosta do Rio?, aliás, você já conhece bem aqui?”

“Oh, sim. Eu conosco a Ilha do Governador, a Barra da Tijuca, Ipanema, Neblon… Es isto.”

“E as mulheres daqui, gosta delas?”

“Ah, son bellas as muchachas.”

No dia seguinte, Almodóvar trouxe um pedido:

“Cavalcante, você conhece las muchachas daqui?”

“Algumas passam aqui depois do expediente. A gente conversa, sabe até o nome, é, de algumas, as que são mais frequentes…”

“Entoces, me consiga o telefone de uma, mas tem que ser hermosa!”

Cavalcante disse, ofendido, que era casado (frisou este ponto mostrando a aliança, da mesma grossura da do boliviano, pela marca que estava em seu anelar esquerdo), pai de família e coisas do gênero. Mas, como o cliente tem sempre razão… Acabou por pegar o número de celular do boliviano em um guardanapo.

Fim de noite. Ele se aproxima da moça loira, recém rechegada, com decotes exagerados e perfume barato.

“Quero falar com você.”

“Comigo?”, provoca a moça, que não deve passar dos vinte e dois anos.
“Não é nada do que você está pensando! É, mas não comigo, quer dizer, com outra pessoa; era isso, se você pensou que eu…” Cavalcante suava frio. Estava no papel que jamais desejou representar. Nem olhava a moça nos olhos, o constrangido! Conseguiu, a muito custo, dizer-lhe tudo.

“Disse a ele em torno de US$ 150,00.”

“Você disse? Mandou bem…”

Foi para casa cúmplice. Estacionou cerimoniosamente. Entrou e nem quis assistir a reprise do Fla-Flu. Trocou-se e deslizou pelo colchão. Não demorou para que surgisse na grande tela de cinema a mão da Muchacha receber da sua um guardanapo com um número de celular. Faces cheias de neón riam, ao redor, enquanto ele servia um drinque duplo a homens acompanhados por meretrizes. Acordou. Que fizera?

Por duas noites, seguiu a rotina reticente, tentando entrar nas rodas de conversa para se esquecer de que haviam profissões e pessoas não-ortodoxas. Tentava naqueles momentos revestir a cidade de Copacabana de uma aura purificadora, olvidando a existência dos pecados a que se acostumara. Tudo era oniricamente litúrgico, monástico como nos colégios onde as freiras lhe ensinavam Matemática e Pecados Capitais.

Ao fim do terceiro dia, uma figura andina surgiu do horizonte para lhe arrancar o coração, como num ritual ao deus Quetzacoatl.

“Amigo, que bom ver usted!”

Estático, Cavalcante recebia o abraço olhando em derredor, como quem procura agentes da PF à paisana.

“Bela muchacha! Maravilhosa! Sirva uma rodada para nuestros amigos no balcon. Sirva, é por minha conta.”

Ninguém deu muita importância, ou esperou nova chamada: bebia-se, sem questionar o que ocorrera ao gringo. Não que isso os interessasse, naturalmente. Tão só Cavalcante permanecia na perturbação de um criminoso descoberto, um parêntese de descompostura em meio à bebedeira carnavalesca.

Naquela mesma noite, a loira também se aproximou de Cavalcante, entusiasmada.

Rispidamente, ele a repeliu; que não o abraçasse, ele era o gerente e a casa merecia respeito (a última parte saiu com entonação vacilante).

“Desculpe, desculpe… Passei para agradecer. Lembra do cara, o boliviano? A gente saiu…”

“Tá, tá, não precisa me contar os detalhes, não.”

Logo, ela acenou e voltou para a rua, chamando Cavalcante de “meu gerente”. Aquilo o derrotou. Olhou-se no espelho. Notou insinuar-se no rosto um bigode. Seu aspecto decomposto, o suor vergando pelas têmporas, o calor empapando a pele… sentia-se ordinário, um cafajeste.

A esposa o encontrou pela manhã na pia, com os lábios ensanguentados, pois pela terceira vez passava a gilete pelo bulço.

ESPIRITUALISMO POP



Um feiticeiro (Nicholas Cage, que desistiu da carreira de ator e agora só entretem) e seu aprendiz (Jay Baruchel) lutando contra um vilão (Alfred Molina, no papel de sempre). Em um filme raso como esse, os efeitos especiais tem de compensar o preço do ingresso. No cinema pós-Harry Potter, bruxos ainda brigam com vampiros pelo filão teen.

O realismo fantástico de Hollywood tornou-se um show pirotécnico, sem nada muito real ou fantástico. O mesmo de sempre, com outras roupas e rostos. Somente a costumeira obstinação pelo sobrenatural não sofre retoques. Pudera: é o que as pessoas melhor assimilam em um mundo vazio e distante do Cristianismo Ocidental. Sem a esperança da Bíblia, resta crer (e se divertir!) no espiritualismo sensual e pop do cinema.
Leia também:

O MERCADOR


O Mercador do Essencial que vinha,
Cuja voz ressoou, voz que de crebra
Aos homens ofertou pão, terra e vinha,
Se apercebeu de que a moral se enfebra:

A lúcula do olhar creu que no gênio
Humano há máculas, as quais se opõe;
Baldada esperança! Ouve ao Seu timbre êneo
E ignora o homem à aldrava, homem incõe

Ao mal, ébrio de lódão em seu sótão
Sensorial, pois no circuito da hélice
Quase todos mais fé no prazer botam
Do que no Súplice, e o mundo deli-se.

Junto aos filhos, sob um céu escarlate,
Chega o tempo em que não mais Jesus bate.

VOCAÇÃO: ANTÍDOTO CONTRA O EMBATE "SAGRADO X SECULAR"



Durante a Idade Média, a Igreja Católica causou uma cisão social, inventando o conceito de leigo. A acepção corrente da palavra, mesmo para o mundo secular, ainda traduz ideias como inaptidão, inexperiência e inépcia. No contexto eclesiástico, o leigo se opunha diametralmente ao clero, esse sim, constituído por cristãos de primeira classe.

Durante a Reforma Protestante, o paradigma mudou. Surgiu o ideal da vocação, que valorizava todos os cristãos, defendendo que cada qual possuía um chamado de Deus. Todas as ocupações – do latoeiro ao pintor de afrescos, do leiteiro ao rei, do comerciante ao clérigo – eram honradas por Deus e, por sua vez, todos podiam honrá-Lo através de suas vocações.

Entretanto, a visão católica persevera em propor a falsa dicotomia entre vocações espirituais e ocupações seculares. Durante um convite para que os fiéis se fixassem no “Sagrado coração de Jesus”, o papa Bento XVI ponderou que “‘um jovem ou uma moça que deixa sua família de origem, os estudos ou o trabalho para se consagrar a Deus’ é ‘um exemplo vivo de resposta radical à vocação divina”’. Mas quem disse que não podemos servir a Deus por meio de nossos estudos e trabalhos? O que, afinal, Bento XVI propõe – uma volta ao monasticismo infrutífero e mendicante?

É inacreditável como essa visão sagrado X secular afeta muitos cristãos, inclusive não-católicos. Encontrei há algum tempo uma mulher que se lamentava por não assumir cargos na igreja, por causa dos filhos pequenos. Há aqueles que se sentem infelizes devido ao trabalho, porque queriam se envolver mais com as coisas espirituais. Mas, em todos esses casos, falta a percepção de que servimos a Deus em diversas áreas, glorificando a Ele através de nossas ocupações. Se somos pessoas espirituais, faremos de nosso trabalho algo realizado dentro de uma perspectiva que promova o reino de Deus.

Três anos antes de falecer, Ellen White escreveu: “Cristianismo e negócios, corretamente compreendidos, não são duas coisas separadas; precisam ser uma coisa só. A religião da Bíblia deve ser levada a tudo o que fazemos e dizemos. Os agentes humanos e divinos… devem estar unidos em todas as realizações humanas, em trabalhos mecânicos e agrícolas, em empreendimentos mercantis e científicos.” [2] Tal compreensão marcou o século seguinte à Reforma e pode orientar os cristãos a fazerem a diferença quatro séculos depois.
Leia também:
[1] Deus preenche plenamente o coração humano, disponível em http://zenit.org/article-25346?l=portuguese .
[2] Ellen White, A dignidade do trabalho, em artigo publicado na Advent Review and Sabbath Herald, em 3 de Outubro de 1912, citado na Lição da escola Sabatina, Jul-Set. de 2004, Lição de adultos, p. 68.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

KAKÁ, OS ATEUS E A PROPAGANDA RELIGIOSA

E Kaká voltou mais cedo do campo...



As polêmicas da Era Dunga estão muito longe de terminar. E uma das mais recentes envolve o jogador Kaká. Conhecido por seu bom-mocismo, o meia ficou visivelmente irritado com o excesso de vontade dos jogadores da Costa do Marfim, último adversário da Seleção canarinho. Num lance polêmico, Kaká recebeu o segundo cartão amarelo e deixou mais cedo o gramado.

Comentando o episódio, o jogador explicou que, apesar de não ter se irritado, não possuía “sangue de barata”. “– Não aconteceu nada demais. […] Se eu tivesse tido uma atitude irresponsável, eu chegaria aqui e pediria desculpas para vocês (jornalistas) e para o grupo. Joguei uma partida normal e que acabou com a minha expulsão”, completou Kaká [1].

O músico e escritor Tony Belloto, ateu declarado, disse em seu blog que, apesar de implicar com o que chamou de “fervor religioso” de Kaká, aprovou a virilidade agressiva do craque. “Quem estava ali, no campo, não era um símbolo, um modelo, um heroi ou um garoto propaganda. Era um homem lutando por uma vitória. Valeu, Kaká, parabéns pela sua expulsão, ela também foi um exemplo para todos nós.” [2]

Mas a maior polêmica veio à tona quando Kaká aproveitou um momento da entrevista para contra-atacar a um comentário do jornalista Juca Kfouri. Kfouri declarara, na semana anterior, sobre as fortes dores que Kaká sente na região do púbis, e como isso o estaria atrapalhando em campo. Ao responder à pergunta do repórter André Kfouri, filho de Juca, o jogador deu o troco: “- Há algum tempo os canhões do teu pai têm me atingido, não para me criticar por motivos profissionais, mas por causa da minha fé em Jesus Cristo. Do mesmo jeito que eu respeito o Juca Kfouri como ateu, eu queria que ele me respeitasse por acreditar em Jesus Cristo. Milhões de pessoas acreditam em Jesus e ele precisa respeitar isso.” [3]

Juca Kfouri, através de seu blog, rebateu a declaração do ex-são paulino, alegando que não é contra a religião, mas desfavorável ao “merchandising religioso que ele e outros jogadores da Seleção costumam fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo”. Kfouri citou que a própria Fifa proibiu quaisquer manifestações religiosas durante a Copa (mas não mencionou que a entidade procura evitar, dessa forma, atitudes públicas de grupos radicais muçulmanos). O jornalista ainda mostrou que Kaká caiu em contradição, admitindo na mesma entrevista, que os médicos discutiam se ele seria operado da pulbagia após da Copa. “Mas, para quem não tem nada no púbis, como alegou, por que cogitar de tal hipótese? Talvez só Deus saiba. Como não acredito nele…”, ironizou Kfouri, que, no fim, elogiou Kaká por confrontá-lo diretamente. [4]

Kaká, membro da Igreja Renascer em Cristo, denominação neopentecostal fundada pelo apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sônia, encarna hoje o ideal dos atletas de Cristo de forma bem-sucedida. Isso não legitima as contravenções do casal Henandes (que já teve problemas com a Justiça norteamericana e com a brasileira), tampouco faz dele alguém absolutamente acima de qualquer crítica.

Por outro lado, se ele faz propaganda de sua fé, não seria esse um direito dele? Afinal, todo cidadão não é livre para praticar sua fé? E, se algumas crenças são categoriazas como de expansão (como por exemplo, o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo), o proselitismo é parte do exercício da crença a que o cidadão possui por direito. Obviamente, ninguém é obrigado a nada; ateus e cristão são livres para conviver e expor suas ideias, e até para debater abertamente, de forma respeitosa. Assim, como em uma boa partida de futebol, que cada qual faça seu jogo e alcance o melhor resultado.

[1] Leandro Canônico, Márcio Iannacca e Thiago Lavinas, Kaká lamenta expulsão e avisa: 'Ninguém tem sangue de barata', disponível em http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2010/06/kaka-lamenta-expulsao-e-avisa-ninguem-tem-sangue-de-barata.html .
[2] Tony Belloto, Viva Kaká!, disponível em http://veja.abril.com.br/blog/cenas-urbanas/cenas/viva-kaka/ .
[3] Kaká acusa jornalista de perseguição religiosa e nega dores no púbis, disponível em http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2010/06/kaka-acusa-jornalista-de-perseguicao-religiosa-e-nega-dores-no-pubis.html .
[4] Juca Kfouri, O engano e a contradição de Kaká, disponível em http://blogdojuca.uol.com.br/2010/06/o-engano-e-a-contradicao-de-kaka/ .

terça-feira, 22 de junho de 2010

DO SUSSURRO AOS GRITOS

A menina, não pretende se abrir para o amor; de repente, vê-se fisgada pelo jovem colega de escola. Surpreendentemente, o que parecia um romance corriqueiro, torna-se uma trama regada de eventos sobrenaturais. Não, não estamos falando da série Crepúsculo, da escritora mórmon Stephenie Meyer, mas do recém-lançado Sussurro. Escrito por Becca Fitzpatrick, e publicado no Brasil pela editora Intrínseca, o volume abre a série de livros homônima, que narra o relacionamento entre Nora Grey e o anjo caído Patch. Isso mesmo: saem vampiros e entram demônios.

Ao analisar programas, games e livros voltados para crianças e adolescentes, perde-se tempo na busca de mensagens subliminares de cunho espiritual. O mal hoje se revela abertamente e, por incrível que pareça, recebe acolhida massiça. Até entre aqueles que se consideram cristãos, logo surgem os defensores de Crepúspulo, Sobrenatural ou Harry Potter, séries conhecidas por lidarem com bruxaria, espiritualismo, vampirismo e temas similares.

Passou o tempo em que Satanás sussurava os seus enganos: hoje ele grita aos quatro ventos e atrai milhões. Apenas através do conhecimento bíblico e de um relacionamento pessoal com Deus é que estaremos seguros contra seus enganos.
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

PAIXÃO CEGA JÁ ESTÁ À VENDA


Muitos me perguntavam quando sairia o livro que escrevi; após alguma ansiedade (muita, da minha parte!), tenho a imensa satisfação de anunciar que o livro Paixão Cega acabou de ser publicado pela CPB! Para maiores informações, consulte aqui o site da editora. Você pode adquirir um exemplar ligando para o número 0800 979 06 06 . Assista também o vídeo abaixo, com o depoimento de Denis Cruz, autor do livro Além da Magia (CPB):

A LETRA ARREBATA, MAS O ESPÍRITO POUCO SIGNIFICA




Os cristãos são exclusivistas, sim, mas não da forma como os seus críticos costumam retratar. Cremos em uma Verdade, assim mesmo, com maiúsculas; entretanto, também acreditamos em um Deus que, graciosamente, derrama a chuva sobre bons e maus, que beneficia mesmo àqueles que se rebelam contra Ele.

Houve milhares de cristãos talentosos, que se dedicaram à disseminação das boas novas, através das Artes Plásticas, Política, Literatura, Música, Ciência e Oratória. Contudo, nem se requer acurada investigação para chegar à conclusão de que nem todos os talentosos eram cristãos. É até estranho dizer, mas o talento dos hereges e cismáticos procede do Deus que eles teimam em renegar.

Esta reflexão me ocorreu após saber da morte do escritor português José de Saramago, que há tempos lutava contra a Leucemia. Sua prosa inconfundível seguia os humores de seu Comunismo tardio e sua irreligiosidade notória – basta conferir o tom jocoso-ácido contra a religião em livros como Memorial do Convento, O Evangelho segundo Jesus Cristo ou o recente Caim. Da obra de Saramago bem se pode dizer que a letra arrebata, mas o espírito pouco significa.

Negar o talento de Saramago? Seria dar munição aos críticos – diriam que os cristão são invejosos ou míopes. Saramago foi um gênio, um dos maiores escritores contemporâneos, que, a exemplo de James Joyce, refutou a importância da pontuação. Em entrevista, o escritor disse que, para lê-lo com clareza, bastava a leitura oral. De fato, a oralidade de Saramago remete a dos antigos contadores de história.

Mas nem todo o talento do mundo serve para justificar um escritor que dizia que o homem não merecia viver. Na época, o blogueiro Reinaldo de Azevedo declarou que das duas, uma: ou Saramago era incoerente com sua doutrina (afinal, não tivera a corajem moral de se suicidar) ou era arrogante, considerando-se superior aos demais homens. Pena que a inventividade de Saramago apoiava uma visão desesperançosa e fútil da vida. Sem dúvida, perdeu-se um talento que poderia ter sido melhor empregado…

terça-feira, 15 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CELULAR: TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO!

Optei por viver sem celular. Não moro em disco voador. Nem voltei de uma ilha recôndida ontem. Há coisas que somente um assalto a mão armada faz por você!

É claro que existe mais do que isso. Um pouco da minha inadequação com a tecnologia pesa na balança (para alguém que mantém um blog, assumir isso pode parecer até estranho, eu sei).

Em muitas ocasiões, eu me arrependo de não carregar o aparelhinho, indispensável na lancheira de crianças da pré-escola. Hoje, vivi uma situação dessas.

Fui ao cartório, reconhecer firma. Porém, faltava uma informação importantíssima. Para obtê-la, precisava telefonar. Atravessei a rua, fui a uma padaria e fiz o que alguém com vinte anos a mais teria feito sem constrangimento: comprei um cartão telefônico.

Para não escandalizar ninguém com menos de 20 anos, abstenho-me de dizer que convivi com as antigas fichas (a verdade é que as pessoas continuam usando a expressão “ainda não caiu a ficha”, muitas vezes sem entender porquê…).

Com o cartão em mãos, saí à caça de um orelhão, aquelas simpáticas estruturas que os adolescentes confundem com peças de museu. Mas o que seria do cenário urbano sem os orelhões, com suas cores, sua ergonomia e o design arrojado? Minha busca foi parcialmente frutífera: sim, encontrei dezenas de orelhões; não, nenhum funcionava.

Boa parte sofrera atos de vandalismo. Outros tantos, acusavam manutenção. Encontrei uma guarda municipal de trânsito e lhe fiz a pergunta: onde estariam os orelhões em condições de uso? Confesso meu conforto: ela, indignadíssima, também procurava por eles. Ali estávamos dois seres, de universos completamente dessemelhantes, atrelados pela inútil resistência às inovações tecnológicas. Os dois imunes aos encantos dos aparelhos que, de tão práticos, me impediriam de perder alguns quilinhos (ver o lado positivo, eis minha máxima).

Confesso que topei com dois amigos pelas infindáveis quadras percorridas em busca de orelhões em uso. Um, vi ao longe: teria vergonha de lhe dizer, caso me aproximasse, o objeto de minha busca. A outra, traidora, passou por mim, segurando, ora, vejam!, um celular!

Também nem fiz muita questão de pedir informação – receio de causar em algures a curiosidade de perguntar se “flintstone” seria meu nome do meio… Voltei ao cartório, frustrado e exausto. Embalde percorri tantos metros – e a pé, pode? –, sem receber o auxílio de um único orelhão. Ingratos aparelhos, que negam ajuda a um dos únicos que lhes sabe valorizar! Acabei por convencer a atendente do cartório a me permitir telefonar do estabelecimento.

Que posso dizer em minha defesa? Que não recebo ligações a todo instante, que não vivo condicionado ao toque enervante de um carrasco eletrônico e que sou livre de constrangimento em lugares públicos (quando a musiquinha mais cafona escapa de bolsas ou bolsos, e alguém enrubescido tenta encontrar seu celular para, discretamente, desligar o incômodo). Ainda assim, persiste a dúvida. Em alguns momentos, como seria bom ter um celular…

PERGUNTAS PARA OS RELATIVISTAS CRISTÃOS


No ano passado, alguém, apresentando-se como professor universitário, enviou-me um e-mail. Na mensagem, falava de sua indignação após ter assistido um vídeo que revelava a conversão de Valdir Brandt, ex-pastor luterano, ao Adventismo. Brandt alegava ter finalmente encontrado a Verdade. Indignado, o professor dizia ser impossível extrair da Bíblia um sistema de verdade absoluto, uma vez que a Bíblia apenas aponta para a Verdade. Apenas Deus é a Verdade. Se alguém sente conforto neste ou naquele sistema doutrinário, tudo bem; mas nada confirma que qualquer doutrina seja mais ou menos verdadeira.
Eu e o professor mantivemos curto, mas intenso diálogo sobre o assunto. Por alguma razão, ele não voltou a me responder após eu ter-lhe enviado algumas perguntas. Disponibilizo minha argumentação. O segredo da apologia, como tenho percebido, consiste antes em fazer as perguntas corretas do que se apressar em tentar dar uma resposta às objeções.

Caríssimo,

Fiquei satisfeito em ver sua disposição. Percebo que você leu o que escrevi e parou para refletir. Também noto que você tem algumas ênfases curiosas. Pelo que percebi, a metáfora do dedo lhe é muito cara, porque você a usa para a Bíblia, mas também pensa em homens como Paulo, Lutero e outros também como dedos que apontam para Cristo.
Bem, deixe-me fazer algumas perguntas. Meu objetivo com elas é entendê-lo melhor. Sinta-se livre para responder-me como achar melhor:

1. Você afirma que Cristo é verdade. Mas porque Cristo e não Buda? Ou Maomé? Se a Bíblia é encarada como um dedo que aponta o caminho, mas não como uma Verdade Absoluta, o que a torna diferente de qualquer livro sagrado? Não seriam estes outros livros tão bons quanto a própria Bíblia? O que eles ensinam também não poderia ser entendido como outros dedos, apontando para Deus?
2. Um mapa que não combine com o terreno seria necessário para quem já conhece o terreno? Se a Bíblia não é a Verdade Absoluta, alguém não poderia dizer que não precisa dela para crer em Deus, mas que já o conhece de alguma outra forma?'Ou, pensando em outra direção: se eu li a Bíblia e já entendi que Jesus é o único caminho, será que já não conheço suficientemente o caminho para desprezar o mapa?
3. Se a queda abalou completamente o senso de reconhecer a Verdade, o argumento que você utiliza para afirmar que a Bíblia não é a Verdade Absoluta (e nem poderia sê-lo), não poderíamos afirmar que mesmo com a própria presença do Senhor Jesus sobre a Terra ainda assim a mente humana não O reconheceria, por sua incapacidade? Em outros termos: os fariseus não estariam justificados por não aceitarem o Salvador, uma vez que o pecado impede o reconhecimento da Verdade?
4. Se a Bíblia não é normativa no relacionamento com a Pessoa de Jesus, então como o cristão deve abordar a ética? Cada um terá a liberdade de agir como quiser? Como Jesus poderá ser o caminho por onde eu siga, se não tenho acesso a Ele, senão pela Bíblia? Teríamos que admitir o quê no lugar de um parâmetro? A intuição? O bom-senso? Algum tipo de revelação individual? A consciência do crente? Quão objetivos seriam estes parâmetros?
Enfim, amigo, creio que, para compreender melhor a sua posição, seria oportuno ler suas respostas às perguntas acima. Dou-lhe a liberdade de, caso for seu desejo, de me perguntar o que quiser. Na medida que o tempo me permitir, ficarei feliz em poder atendê-lo.

Cordialmente,


d.


domingo, 6 de junho de 2010

OS NOVOS VOOS DE SILAS MALAFAIA

Sucesso na telinha, admiração dos fiéis e muitos patrocinadores para o seu ministério – que mais poderia querer o Pr. Silas Malafaia? Muito, muito mais. Criticado por adquirir, em Dezembro de 2009, um jatinho de meros 12 milhões de dólares (uma verdadeira “galinha morta”, segundo o próprio religioso confessou), ele agora alça voo. Segundo a revista Veja desta semana (Edição 2168, ano 43, no 23, p. 65), Malafaia deixou a vice-presidência das Assembleias de Deus e continuará expandindo seu ministério.

A organização da qual fazia parte o impedia de implantar templos em áreas que pertencessem aos cuidados de outro pastor da mesma denominação. A saída não foi nada amistosa: Silas Malafaia alega que a cúpula das Assembleias, tradicional denominação pentecostal no Brasil, tornou-se “caso de polícia”. A meta de Malafaia é implantar 1000 templos pelo Brasil.

Notícias como essa me fazem refletir no significado do ministério, bem como na imagem que as pessoas têm dos pastores. Recentemente, eu conversava com um vizinho de condomínio. Quando soube que eu era pastor, disse-me que eu teria sucesso e logo seria dono de meu próprio programa na televisão.

Honestamente, não é essa a minha intenção! Mas as pessoas relacionam os pastores com a mídia; e se elas pensam em sucesso ou fracasso no ministério em termos empresariais, a culpa pertence a muitos que se intitulam pastores e que perpetuam práticas canhestras, visando haurir das benesses do dinheiro alheio. Mas, à semelhança de Silas Malafaia, a decolagem promissora deles será seguida de um voo turbulento, e de uma aterrissagem mal-fadada do lado de fora da cidade Santa.



Leia também:Histórias do pescador Valdemiro
Cristãos, vitória e ética