segunda-feira, 30 de junho de 2008

ANTES COLÉGIOS, AGORA MOTEIS: ESCOLAS EMPENHADAS NA DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVOS MASCULINOS



O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse nesta quinta-feira que o governo pretende produzir e distribuir 400 máquinas de camisinha para escolas que integram o programa Saúde e Prevenção nas Escolas. O anúncio foi feito no 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST Aids, que ocorre em Florianópolis (SC), até sábado (28).

A iniciativa faz parte de um projeto piloto do Ministério da Saúde, iniciado no ano passado, que realizou um concurso entre os Cefet (Centros Federais de Educação Tecnológica) para a produção de máquinas de camisinha por menos de R$ 400. No exterior, o aluguel mensal dessas máquinas possui preço semelhante. A unidade de Santa Catarina ficou em primeiro lugar, seguida pela da Paraíba.

Divulgação

Máquina de distribuição de camisinhas que será instalada em escolas do país

A expectativa do ministério é que as máquinas comecem a ser produzidas - metade pelo Cefet-SC e metade pelo Cefet-PB - até o final do ano, e que as primeiras delas sejam distribuídas no começo de 2009. Ainda não há decisão sobre quais escolas serão contempladas nem sobre que critérios serão utilizados na escolha.

Segundo o Ministério da Saúde, o censo das escolas realizado em 2006 mostrou que cerca de 100 mil já trabalham o tema DST/Aids no currículo. Destes, por volta de 10% distribuem preservativos. São na maioria escolas públicas. O uso das máquinas e o acesso aos preservativos ficarão a cargo das próprias escolas.

O professor do Departamento Acadêmico de Metal-Mecânica do Cefet de Santa Catarina, Mário Roloff, que coordenou o grupo vencedor do concurso, diz que o protótipo da máquina prevê peso inferior a 30 kg e capacidade de 600 preservativos. O projeto apresentado no concurso indica corredores, banheiros e enfermarias como locais de instalação das máquinas.
De acordo com Roloff, a máquina será similar a um caixa eletrônico, e o aluno precisará da matrícula e de uma senha para retirar um número limitado de preservativos por semana. Os critérios quanto a quais os alunos autorizados e qual o limite serão também definidos pela escola, em acordo com os pais.

Polêmica

O tratamento dispensado ao tratamento da Aids tem gerado polêmica nas últimas semanas. No último dia 9, o chefe do departamento para HIV/Aids da OMS (Organização Mundial da Saúde), ligada à ONU, Kevin de Cock, afirmou em entrevista ao jornal britânico "The Independent" não haver mais risco de epidemia da síndrome entre heterossexuais, exceto na África subsaariana.

O Ministério da Saúde tem posição diferente e diz atuar no combate universal à Aids, como foco na educação sexual, por isso a criação das máquinas. Segundo o Programa Nacional de DST/Aids, na população em geral há 16 homens infectados pelo HIV para cada dez mulheres, enquanto que entre jovens de 13 a 19 essa proporção se inverte.


O uso de preservativos masculinos, ao contrário do que as pessoas são levadas a crer, não é a forma mais segura de presenção. Lembro-me de ter lido, ainda na época de faculdade, que os poros encontrados nas camisinhas barram o espermatozóide (impedindo a concepção), mas são dez vezes maiores do que o vírus HIV. Isso além do mau uso, do risco do preservativo romper-se, etc.

A verdade, que não é popular, está no fato de que apenas a abstinência sexual até o casamento pode prevenir seguramente a proliferação da AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Nos USA, já existem programas em escolas voltadas para a educação sexual abstinente. Enquanto isso, por aqui...

CHAMADO PARA TER UMA IDENTIDADE - parte 1


Malika. Malika Oufikir. 
Malika nasceu no Marrocos durante o reinado de Mohamed V, rei que convenceu os pais da menina que lhe cedessem a guarda da filha: assim, Malika passou a ser dama de companhia da princesa Lala Mina. Malika viveu um sonho: morava nas dependências do palácio, tinha aulas de equitação, passava as férias em outros tantos palácios reais, era fotografada pelas principais revistas do mundo e convivia com celebridades – até chegou a ser presenteada pelo próprio Walt Disney.
Quando Mohamed foi sucedido por seu filho, Hassan II, o novo rei continuou sendo um pai adotivo para Malika. A despeito disso, Malika quis voltar para a casa paterna, o que de fato aconteceu em sua adolescência.
O general Oufkir, pai da jovem, era um militar em ascensão: chegou a acumular os cargos de ministro da defesa e chefe do estado-maior das forças aéreas reais. Uma carreira tão prestigiosa daria a entender a confiança do rei Hassan no general: ao contrário disso, porém, o abismo entre ambos apenas aumentava. Tanto que, em 16 de Agosto de 1972, o rei sofreu um atentado aéreo. Oficiais de alta patente acusaram o general Oufkir de encabeçar o complô. Oficialmente, o pai de Malika suicidou-se. Para que o seu nome fosse apagado, sua família, incluindo a esposa, Malika, seus cinco irmãos e outras duas mulheres amigas apegadas a eles foram aprisionadas em condições desumanas.
Malika viveu um pesadelo: desde a prisão domiciliar, a princípio, à reclusão nos confins do deserto (fronteiriço com a Argélia), onde a família se desacostumou com a vida luxuosa – “o deserto nos ensina a ficar nus”, como Malika confessaria anos mais tarde. Sofreram com a areia, o calor, os escorpiões. Depois foram conduzidos para Tamattaght, um palácio abandonado, seu lar por quatro anos. Espirituosos, Malika e seus irmãos ainda tinham moral para se divertir em meio ao encarceramento: compuseram e encenaram peças em árabe e francês. Contudo, o pior ainda lhes faria uma desagradável surpresa.
A família foi levada a Bir-Jdid, onde se tornaram “especialistas na arte de aproveitar tudo”, tal o racionamento de alimentos a que eram submetidos, sendo que ainda havia a contaminação por ratos, que invadiam as provisões. As celas eram isoladas, não podiam se ver. Inúmeras foram as doenças e privações. Finalmente, resolveram fugir.
Cavaram um túnel – “o túnel de Maria” – com colheres, cabo de faca, tampa de uma lata de sardinha e uma barra de ferro da cama. Em 19 de Abril de 1987 Malika reencontrou-se com o céu, no final do túnel que ela e os irmãos cavaram. “Meu Deus, que maravilha, a vida está ali, bem pertinho”. Ao saírem, Malika e os irmãos comeram favas cruas de uma plantação próxima de onde se localizava o presídio.
Foi graças ao contado que fizeram com a rádio France Inter que obtiveram a ajuda de um advogado francês, Bernard Dartevelle. A comunidade internacional foi informada do caso da família Oufkir, aprisionada por 20 anos sem ter cometido crime algum.
Em quatro dias os irmãos estavam presos. Mas as condições mudaram, porque a pressão internacional sobre Hassan II crescia. A liberdade plena veio apenas quando Maria, irmã de Malika fugiu para a Espanha e depois se estabeleceu na França, em 25 de Junho de 1996, após outros quatro anos em que a família foi obrigada a morar em uma casa vigiada, convivendo com o preconceito de pessoas de seu antigo círculo social, que temiam as represálias do sistema caso reatassem os laços com os Oufkir. A fuga de Maria forçou o Marrocos a dar passaportes livre a todos os seus irmãos. Malika foi para França, aonde vive desde então com Eric, seu esposo desde 1998.
Fazendo um balanço da tragédia que viveu, Malika afirma:

“[…] perdi anos que nunca mais vou recuperar. Entro na vida no momento em que inicio a velhice. É doloroso e injusto. Mas tenho hoje outra ideia de existência: não dá para construí-la com artifícios, por mais atraentes que sejam. Nem a riqueza nem a aparência têm hoje importância para mim. “A dor me fez renascer. Levei tempo para morrer como Malika, filha mais velha do general Oufkir, filha dum poder, de um passado. Ganhei uma identidade. Minha identidade. E isso não tem preço.” [1]

Retirado do livro Paixão Cega. Para adquirir o volume no site da CPB, clique aqui.perder barriga



[1]Malika Oufkir e Michele Fitoussi, Eu, Malika Oufkir, prisioneira do rei (São Paulo, SP: Companhia das letras, 2000). São citadas diretamente as páginas 193, 243 e 105.

CHAMADO PARA TER UMA IDENTIDADE - parte 2



A história de Malika é a luta para ser livre e ter sua identidade. De certa forma, todos lutamos para saber quem realmente queremos ser. Para o cristão, apenas Deus pode dar essa resposta.
E isso nos leva a uma outra história: Tudo começa com ela, lutando para equilibrar a bacia de roupas sobre a cabeça; pelo menos desse modo, não havia risco de insolação. Os passos se desenham lentamente, porque não existe mais a leveza e graça da juventude. A meia-idade chegou e algumas rugas já descompõem o rosto desta senhora, com seus poucos fios prateados se destacando na vasta cabeleira ruiva. Ainda permanece bonita, embora exiba um ar triste, que contrasta perfeitamente com a manhã ensolarada.
 “Você é estéril.” Virou-se – como alguém teria coragem de lhe expor a pior das humilhações que sofria? Virou-se, antes pela curiosidade, nem tampo pela indignação. Tinha diante de si um desconhecido. Era alto e de modos gentis. Suas palavras continuavam a fluir, em um tom verdadeiro e contido: “Você não possui filhos, mas saiba: a boa nova é que você engravidará! Imagine-se segurando um bebezinho, como você sempre sonhou.” Seus olhos diluíam-se, comovida.
O estranho tinha mais do que um sonho realizado para presenteá-la. Trazia uma missão para desafiá-la:

Todavia, tenha cuidado, não beba vinho nem outra bebida fermentada, e não coma nada impuro; e não se passará navalha na cabeça do filho que você vai ter, porque o menino será nazireu, consagrado a Deus desde o nascimento; ele iniciará a liberdade de Israel das mãos dos filisteus. Juizes 13:4 e 5, NVI.

Era muita informação para um primeiro encontro. A mulher correu para casa (quantas roupas não devem ter caído daquela bacia devido à pressa dela!). Claro que Manoá, seu marido, logo soube das notícias. Estavam ansiosos com tudo aquilo. Resolveram-se por orar. Queriam maiores esclarecimentos sobre o plano de Deus para sua família.

Atendendo a oração do casal, o mesmo mensageiro apareceu novamente àquela mulher. Desta vez, entretanto, ela pediu tempo ao misterioso interlocutor com o intuito de convidar o esposo para a conversa.

Manoá se levantou e seguiu a mulher. Foi até onde estava o homem e perguntou: - Você é o homem que falou com a minha mulher? - Sim! - respondeu ele. Então Manoá disse: - Quando acontecer o que você falou, como é que o menino deverá agir? O que deverá fazer? Juízes 13:11 e 12, NTLH.

O casal percebera que seu filho tinha sido escolhido para uma missão e, devido às responsabilidades que adviriam, sua identidade estaria comprometida com esta missão.
Antes de assistirmos o desfecho deste encontro entre, gostaria de explorar com você a relação entre identidade e missão – somente desta forma poderemos nos posicionar conscientemente como cristãos diante dos desafios de nossa própria época.
Nossa época favorece o senso da perda da identidade pessoal. A chamada “sociedade da informação”, na qual vivemos, maravilhada e dependente dos diversos avanços tecnológicos, e vivendo a redução das distancias em virtude do desenvolvimento dos meios de comunicação, acarreta, no aspecto negativo, inúmeras perdas, entre as quais, a perda “de controle sobre a vida pessoal e o mundo circundante; e do sentido da identidade, associado à profunda intimidação pela crescente complexidade tecnológica.” [1]
Todas as culturas e tradições tem sofrido com a dinâmica das mudanças tecnológicas – “a crise de identidade é geral em todas as sociedades, à medida que a exclusão, a insegurança e a incerteza quanto ao futuro se tornam o destino comum da grande maioria.” [2] Em grande parte, a crise está na visão fragmentária da realidade.
O homem moderno vive dividido entre os campos completamente antagônicos dos valores e da razão [3], como se a crença servisse apenas como um consolo, sem necessariamente corresponder à realidade, ao que é fato, e que pode ser aceito racionalmente. [4] Essa fragmentação do mundo[5], presente em nossa época, é aceita pelas pessoas, mesmo por cristãos – a consequência, para os últimos, é que a fé fica restrita a uma esfera e não interfere nos assuntos do dia a dia. Entretanto, com muita propriedade, Nancy Pearcey argumenta:

Temos de insistir em apresentar o cristianismo como uma cosmovisão abrangente e unificada, que trata de todos os aspectos e áreas da vida e da realidade. Não é somente verdade religiosa, mas verdade absoluta. [6]

No demais, é preciso reconhecer três fatores: em primeiro lugar, somos sujeitos às mais diversas influências, que potencialmente podem afetar nossa maneira de encarar o mundo. Desde os círculos que frequentamos às leituras que fazemos, de nossos hábitos alimentares ao tipo de entretenimento que escolhemos. Um conhecido músico declarou recentemente: “Ao revolucionar nossa maneira de ouvir, a música eletrônica pode revolucionar nossa maneira de viver.” [7] Essa afirmação pode ser feita com respeito a todo tipo de música, ou mesmo a outra expressão cultural, sem prejuízo. Somos afetados pela cultura ao redor.
Em segundo lugar, é necessário que se tenha em mente que, ao mesmo tempo que somos influenciados também influenciamos o mundo por meio de nossa mente, porque ninguém é “mero produto das forças a seu redor”. Ocorre que temos, cada um, nossos próprios pressupostos, e vivemos “do modo mais coerente possível com estes pressupostos”, até de forma inconsciente. Por sua vez, os pressupostos são sustidos por aquilo que consideramos “verdade acerca de tudo quanto existe”. Daí são formados nossos valores, nos quais nos baseamos ao tomar quaisquer decisões. [8]
Finalmente, se nossos pressupostos estiverem desalinhados com o que a Bíblia ensina, ou se ainda a própria Bíblia não for encarada como uma explicação confiável da realidade, nossa participação no mundo será confusa e incapaz de revelar o plano dos Céus. Allan Bloom traça a derrocada histórica da valorização da Bíblia nos seguintes termos:

Para efeitos práticos, nos Estados Unidos, a Bíblia era a única cultura comum, a qual unia os simples e os requintados, os ricos e os pobres, os jovens e os velhos e – como verdadeiro modelo de uma visão de mundo, chave para o resto da arte do Ocidente, cujas maiores obras de uma forma ou de outra derivavam da Bíblia – contribuía para dar seriedade aos livros. Com seu desaparecimento gradativo, inevitável, a própria ideia de um livro tão completo, a possibilidade e necessidade de uma explicação do mundo estão igualmente desaparecendo. […] sem o livro a própria ideia da ordem do conjunto está perdida. [9]


Essas considerações nos mostram que precisamos da visão correta para garantir uma atuação correta no mundo. A missão que Deus nos confia exige o reconhecimento de que temos uma identidade preciosa – a de filhos e filhas do Pai Criador, remidos pelo amoroso sacrifício de Jesus no Calvário e revestidos pelo Espírito, que nos garante a herança eterna. Se a confusão pós-moderna nos engolir, nossa identidade será devastada; sem conseguir reconhecer nosso rosto ao nos depararmos com o espelho, será impossível pretender servir a Deus. 


Retirado do livro Paixão Cega. Para adquirir o volume no site da CPB, clique aqui.http://www.cpb.com.br/produto/detalhe/11488/paixao-cega



[1] Fernando Leal, “ Ethics is fragile: goodness is no”, em: S. Gill Aramjit (Ed.). Information Society: new media, ethics and postmodernism. (London : Springer, 1996), citado em Jorge Werthein, “A sociedade da informação e seus desafios”, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652000000200009&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.
[2]Henrique Rattner, “Cultura, Personalidade e Identidade”, disponível em http://www.lead.org.br/article/view/189/1/87.
[3] Francis Schaeffer, “Como viveremos?” (São Paulo, SP: Editora Mundo Cristão, 2003), p. 111.
[4] “A ciência não oferece o consolo emocional que a religião oferece a tantos, do mesmo modo que a religião não provê uma explicação racional dos fenômemos naturais”, Marcelo Gleiser, “O fim da terra e do Céu: o apocalipse na ciência e na religião” (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001), p. 33. curiosamente, o mesmo autor havia se declarado, em trecho anterior, contra a divisão da realidade em compartimentos: “Não acredito que seja possível apreciar os frutos de nossa criatividade em compartimentos isolados, sobretudo quando examinamos questões que transcendem uma única área do pensamento humano.”, p. 11. Em entrevista à revista Veja, o conhecido biólogo ateu Richard Dawkins foi perguntado se um cientista poderia ser religioso; sua resposta foi: “Pode, e muitos cientistas são. Mas eu não consigo entender suas razões. Talvez seja um tipo de cérebro repartido: eles mantêm suas crenças [valores] em um nicho, e a ciência [fato] em outro.” Edição 1907, ano 38, nº 22, 1º de Junho de 2005, p.14, grifos supridos.
[5] “[…] A modernidade já nasceu no bojo de uma crise, que levou à fragmentação da cultura em três esferas independentes – ciência, a moral e a arte […]”, Sergio Paulo Rouanet, “As razões do Iluminismo” (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2004), 8ª impressão, p. 23. o mesmo autor advoga a primazia da razão sobre os valores “[…] Ela [a razão] submete à sua jurisdição o reino dos valores e avalia a maior ou menor racionalidade das normas.”, p. 12.
[6] Nancy Pearcey, “Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de seu cativeiro cultural” (Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2006), 1ª ed., p.125.
[7] Sérgio Martins, “A vanguarda sou eu”: entrevista de Karlheinz Stocokhausen à revista Veja, Edição 1705, ano 34, nº 24, 20 de Junho de 2001, p.15.
[8] Shaeffer, idem, pp. 11 e 12.
[9] Allan Bloom, “O declínio da cultura ocidental” (São Paulo, SP: Ed. Best Seller [Ed. Nova Cultural], 1989, 4ª), pp. 72 e 73, citado em Douglas Reis, “Conquistando o mundo: a reponsabilidade por trás da missão”, disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2008/06/conquistando-o-mundo-responsabilidade.html.

domingo, 29 de junho de 2008

CHAMADO PARA TER UMA IDENTIDADE - parte 3




E o que tudo isso tem que ver com a história de Sansão? No relato bíblico, Deus procurou incutir nos pais do futuro juiz a percepção de que seriam responsáveis por transmitir a ele uma educação suficiente para prepará-lo no sentido de cumprir a missão de sua vida. Ellen White enfatiza a importância deste “treinamento” para a obra que Sansão empreenderia:

E não era bastante que o filho prometido recebesse um bom legado dos pais. Este devia ser seguido de um ensino cuidadoso e da formação de hábitos corretos. Deus determinara que o futuro juiz e libertador de Israel fosse desde seu nascimento ensinado na estrita temperança. Devia ser nazireu desde seu nascimento, achando-se assim posto sob proibição perpétua do uso do vinho ou de bebida forte. […]
A verdadeira temperança nos ensina a dispensar inteiramente todas as coisas nocivas, e usar judiciosamente aquilo que é saudável. [1]

O voto do nazireado, a que Sansão seria submetido, era uma forma de incrustar os valores de domínio próprio e domínio do apetite. Ainda hoje servir a Deus inclui dominar-se, o que certamente inclui abrir mão de gostos pessoais, de opiniões formadas, de hábitos alimentares incorretos, de um temperamento voluntarioso e procurar desenvolver, pela fé e relacionamento com o Salvador, uma conduta marcada pelo serviço ao próximo e a Deus.
Ainda no que diz respeito ao nazireado, o termo original se deriva de uma raiz que indica algo separado, podendo até ser empregado com o sentido de distinto (reunindo as acepções de “diferente” e “iminente”). Mas, no sentido técnico, nazireu se refere a “um grupo de indivíduos dedicados” a Deus, “líderes espirituais de seu tempo”. [2] Os nazireus não eram sacerdotes, mas “leigos que se consagravam totalmente ao serviço de Deus”, na maior parte das vezes por um período estabelecido, em poucos casos, durante toda a vida. Eram separados de algumas coisas e, acima de tudo, separados para Deus. O voto apontava para “a dedicação total ao serviço de Deus, que é o alvo de todos os cristãos.” [3] Além de contribuir para a consagração pessoal, o voto era importante para preservar a identidade nacional:

O nazireado tem uma importância direta no que se refere ao fortalecimento da consciência nacional e de sua fundamentação religiosa. Certamente, não foi pouca sua contribuição para manter viva em Israel, a consciência de seu caráter específico como povo e da necessidade de manter-se alheio a tudo o que é cananeu, já que fora eleito pelo Deus zeloso. Dessa maneira, os nazireus foram um fator importante porque a religião israelita não caísse num fácil compromisso com a religião Cananeia, para impulsioná-la a que afirmasse e sustentasse com energia sua própria peculiaridade. [4]

Relembrando: Deus escolheu Sansão para uma missão e, a fim de prepará-lo, orientou seus pais que o menino viveria dentro das prescrições de um voto especial de consagração. Sansão recebeu seu RG das mãos celestiais. E qual foi o resultado?
O epílogo do encontro foi, certamente, a coisa mais espantosa que Manoá e sua esposa haviam testemunhado! O estranho mensageiro sumiu em meio às chamas do sacrifício, deixando o simpático casal boquiaberto – haviam sido visitados pelo Anjo do Senhor! Manoá temeu por sua vida, mas sua esposa, com ar mais confiante, fez com que ele reconhecesse que, por causa de todas as revelações feitas, o Senhor tinha um plano (Jz 13:20-23).

De fato, poucas pessoas na Bíblia têm um nascimento anunciado sobrenaturalmente – estamos falando de gente do “quilate” de Isaque, João Batista e Jesus. Sansão era um herói promissor. É claro que hoje poucas pessoas são escolhidos da forma como Sansão foi; ainda assim, Deus traçou Seu plano para nós desde o nascimento. Ele reservou uma missão para você. Para cumpri-la, você necessita da visão correta, baseada na comunhão pessoal com Deus, através de Sua Palavra. Também deve haver uma constante submissão à vontade divina revelada, o que levará a uma vida marcada pelo domínio próprio. Detendo-se no começo da história de Sansão, o leitor da Bíblia espera esbarrar-se com algum “super-santo”, um campeão da Verdade. Alguém que vivesse de forma diferenciada. Um gigante da fé. No entanto, algo deu muito errado.

Retirado do livro Paixão Cega. Para adquirir o volume no site da CPB, clique aqui.



[1] Ellen G. White, “Patriarcas e Profetas” (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2008), 1ª ed. neste formato, p. 412[2] R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr e Bruce K. Waltike, “Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento” (São Paulo, SP: Vida Nova, 2005), 4ª reimpressão, pp.445-447.[3] Gordon J. Wenhan, “Números: introdução e comentários” (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2006), 2ª reimpressão, p. 91, 92 e 95.[4] Walther Eichrodt, “Teologia do Antigo Testamento” (São Paulo, SP: Hagnos, 2005), p. 272. Não precisamos aceitar completamente a opinião de Eichrodt, para quem, primitavemente, o nazireado era uma classe guerreira, antes de constituir um voto de consagração. No entanto, acreditamos ser pertinente a avaliação geral que o autor fez do papel do nazireu, razão pela qual a citamos.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

NOVELA ESPÍRITA EM EMISSORA EVANGÉLICA


Se é verdade que as novelas brasileiras têm sido o gênero televisivo de maior repercussão no exterior, é igualmente verdadeiro que isso se deve à maior emissora de nosso país, a Rede Globo, que durante as últimas décadas monopolizou a produção no segmento (não que o sucesso da novela nacional nos impeça de questionar os valores morais transmitidos por elas, muitos dos quais bastante questionáveis pelos parâmetros do Cristianismo).

Mas de acordo com os últimos dados, tudo indica que a hegemonia da Globo no ramo está em declínio. Em 30 de Maio, as novelas “A favorita” (Globo) e “Os mutantes” (Record) marcaram, respectivamente, 48 e 18 pontos no Ibope. De acordo com o site “O resumo do dia”, a distância se mantêm.
[1]

No entanto, alguns pensam que a Record não blefava quando adotou o slogan “A caminho da liderança”; como prova disto, são citados os investimentos materiais da emissora (como a construção de complexos de gravação) e de pessoal (não raro, atores globais mudam de lado, e são vistos em novelas e produções da nova rival).
[2] Apesar de ainda liderar com larga vantagem, a Globo tem registrado os menores índices no Ibope de toda a sua história. O portal UOL noticiou o assunto:

“Nos últimos cinco anos, a queda de audiência da Globo entre 7h e 0h ficou em -20%, tanto na Grande SP como no país. Em São Paulo, dos 22,6 pontos de média registrados no primeiro semestre de 2004, a emissora caiu para 18 este ano. Cada ponto equivale a cerca de 55 mil domicílios sintonizados na Grande SP.

“No Brasil, as médias da Globo foram 24,2 em 2004, contra e 19,5 em 2008. É a primeira vez que a rede fica abaixo dos 20 pontos nessa faixa horária.”
[3]

Como a Globo dominou a produção novelística nacional até então, é natural que o chamado “padrão Globo de qualidade” sirva de referencial para as outras emissoras – o que não exclui a Record. Quem acompanha as novelas (o que particularmente, não é o meu caso) aponta situações, cenários, personagens e tramas nas novelas da Record que praticamente emulam (para não dizer copiam) similares globais.

Na semana passada, chegou ao meu conhecimento algo realmente espantoso: na novela “Amor e intrigas”, exibida pela rede de Edir Macedo, a personagem Jurandir, que teria morrido na trama, reapareceu para a amante Alexandra – depois de morto. Ninguém estranha as aparições de almas e links ao espiritismo nos folhetins globais. Agora, que uma emissora evangélica use do mesmo expediente, é o cúmulo da incoerência!

Claramente a Bíblia condena o espiritismo, porque os mortos não louvam a Deus e nada sabem ou sentem (Sl 30:9, 146: 4, Ec 9:5,6) e, ao invés de consultá-los, o cristão deve recorrer a Bíblia (Is 8:19 e 20).

Parece que no afã de chegar ao topo da audiência, a Record, que possui como proprietário o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, não hesita em pregar os princípios do Príncipe deste mundo…


[1] “30 pontos: a distância que separa a Globo da Record”, disponível em http://resumododia.com/30-pontos-a-distancia-que-separa-a-globo-da-record/.
[2]Record a caminho da liderança. E a Globo tremendo”, disponível em http://www.supra-sumo.org/2007/record-a-caminho-da-lideranca-e-a-globo-tremendo.
[3] “Ibope da Globo em 2008 é o menor da história”, disponível em http://noticias.uol.com.br/ooops/ultnot/2008/06/25/ult2548u543.jhtm.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

SUSSURRO E TROVÃO



Meu dia perde a pulsação. O sol aborta
A influência aberta. Nexo em trevas se entrevira?
A noite anula o fixo olhar! Rompera a pira
O breu que entrava, e toda sombra fora morta…

À que mão prodigiosa a visão se reporta?
Quem confere acuidade à percepção? Vestira
Seda, e a costura cedeu – que é da caxemira?
Deixa uns metros de pano, e uma mortalha corta.

O homem que se acomoda em barro, que é?
E o filho do homem, com pétalas sobre entranhas?
Acaso vive para entender? Possui fé

Aquele que respira agora? Um favor peço:
Faz-me ver Teus feitos, e crer mais nas façanhas,
Às quais sem ver toda alma humilde tem acesso.

ONTEM PROIBIDO, HOJE LÍCITO, AMANHÃ OBRIGATÓRIO


Um novo projeto de lei propõe estender as punições da Lei 7.716/99 (referente à discriminação, envolvendo racismo, xenofobia, preconceito contra raças, etc.) à homofobia. Hoje, um grupo de evangélicos protestou contra o projeto em frente ao Congresso.[1] Há muito a legislação pró-homossexuais tem colado os evangélicos na berlinda em nosso país.

Para Zenóbio Fonseca, Consultor Jurídico e professor Universitário,

“A postura pró-homossexualismo do governo do Brasil não é novidade, pois em 2003 diplomatas brasileiros introduziram resolução idêntica na Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidades (ONU). A resolução foi derrotada pela oposição dos países islâmicos.

"Além disso, o Brasil é autor de uma nova resolução, agora na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde introduz a orientação sexual e os seus desdobramentos como princípio universal da dignidade da pessoa humana, tornando todos os países membros obrigados a aceitar tal valor, por causa dessa resolução, que ao ser aprovada terá força de lei interna nos países signatários.”[2]

Do ponto de vista da moralidade cristã, a prática homossexual é divergente das orientações de uma conduta natural. Em passagens bíblicas como Levítico 18:22-30 e 20:13, lê-se que Deus considera a homossexualidade uma “abominação”. A palavra hebriaca empregada nos textos citados é to‘eba, derivada da raiz ta‘ab (detestar, ser abominável); denota um “costume abominável”, que “pode ser de natureza física, ritual ou ética”, causando “repulsa em Deus no homem”; inclui-se também qualquer coisa que seja “estética e moralmente repugnante”. As passagens caracterizam que a pessoa que incorre em práticas homossexuais se coloca sob juízo divino.[3]

Mas a desaprovação à homossexualidade não se restringe aos textos do Velho Testamento. O apóstolo Paulo menciona a perversão sexual (desvio de uma sexualidade natural, planejada por Deus para ser desfrutada pelos seres humanos) como conseqüência do não reconhecimento da divindade, num primeiro momento, e a ação do Senhor em entregar tais homens aos seus próprios sentimentos distorcidos, que se segue como punição (Rm 1:22-27); daí que a idolatria (distorção do conceito de divindade) levaria à homossexualidade (distorção do conceito de sexualidade).

O Pr. Marcos Bonfim, Terapeuta Familiar e apresentador do programa “Novo Tempo em Família”, pondera oportunamente:

“Sobre este assunto, a VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã) pondera que “ao afirmar que toda e qualquer manifestação contrária ao homossexualismo, incluindo aqui sermões e textos bíblicos que se posicionam contra as práticas homossexuais, como se constituíssem crime de homofobia – isto é, violência contra os homossexuais – o projeto está a estabelecer no Brasil o mais terrível tipo de legislação penal, típica de Estados totalitários, os crimes de mera opinião”.

“Isto, é lógico, contraria totalmente nossa Constituição Federal de 1988, que no seu artigo 5º, inciso VI, afirma: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença". Se aprovados, estes projetos abririam um terrível precedente, que poderia no futuro ser utilizado inclusive contra aqueles que o propõem.”[4]

Numa sociedade que promove valores errados, os cristãos precisam divulgar princípios bíblicos, ainda que isso venha a ser ilegal ou, de alguma forma, restringido por uma lei secular. O paradigma que melhor pode definir a ação de cristãos em tempos em que o imoral se torna lícito foi transmitido pelo apóstolo Pedro: “Antes importa obedecer a Deus que aos homens.” Atos 5:29.

Leia também:


[1] “Evangélicos tentam impedir lei que criminaliza a homofobia”, diponível em http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid195747,0.htm.
[2] Zenóbio Fonseca, “A criminalização da homofobia no Brasil e as igrejas cristãs”, disponível em http://www.conscienciacrista.org.br/abaixo-assinado/artigo1.shtml.
[3]R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr e Bruce K. Waltike, “Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento” (São Paulo, SP: Vida Nova, 2005), 4ª reimpressão, pp. 1652-1653.
[4] Marcos Bonfim, em e-mail.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O ATEU É MAIS INTELIGENTE - SERÁ?





Uma pesquisa escrita por dois professores universitários, Richard Lynn, (Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte) e Helmuth Nyborg (Universidade de Aarhus, na Dinamarca), em conjunto com John Harvey, chega à conclusão de que pessoas de QI elevado tendem a ser irreligiosas. O trabalho, que será publicado na revista Intelligence (publicação de feitio acadêmico), foi divulgado pela BBC Brasil. As excessões à relação QI alto/irreligiosidade estariam em Cuba e Vietnã (onde a média do QI da população é considerada baixa, e a herança comunista minou as tradições religiosas) e os USA (onde a alta média de QI da população não impede a alta influência religiosa).
Duas considerações são pertinentes: em primeira estância, há muito o QI deixou de ser um medidor confiável de inteligências (principalmente depois da teoria de Gardner sobre as Inteligências Múltiplas). E, finalmente, até que ponto uma pesquisa dirigida por acadêmicos seculares pode ser livre de motivações irreligiosas? É de se pensar...

" O moço que obedece à lei de Deus é inteligente [...]" Provérbios 28:7, NTLH.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A QUAL ESPERANÇA DAR OUVIDOS?


O site católico Zenit anunciou o lançamento uma versão em áudio da encíclica "Spe Salvi". Além da versão em Português, gravada pelo locutor da Rádio Vaticano, Silvonei José, a nova versão ainda se encontra em Espanhol, Inglês, Francês, Italiano e Alemão. Já se publicou um artigo neste blog criticando a perspectiva oferecida na encíclica, que versa justamente sobre a esperança cristã (pelo menos, na forma como entendida pelo Papa Bento XVI).

Ao mesmo tempo, a América do Sul conhecerá neste ano a mensagem bíblica de esperança: ao invés de intercessão dos santos e uma vida eterna limitada (deixo ao papa que explique o que quis dizer...), a verdadeira esperança cristã, baseada na volta de Jesus, será divulgada através de panfletos, outdoors, impressos e diversas outras mídias. Este é o "Impacto Esperança". Prepare-se para ele!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

VEJA O QUE JÁ FOI VISTO: NOVA/VELHA PROMOÇÃO EVOLUCIONISTA


Não é novidade a falta de critério de algumas publicações quando o assunto é a controvérsia entre o Cristianismo e a Ciência Naturalista.[1] O que avulta é o destaque que as reportagens sobre essa controvérsia (que, mormente, são tendenciosas a favor de uma concepção evolucionista de origem da vida) vêm ganhando. A revista Veja, que já teve diversas reportagens contestadas por criacionistas e proponentes do design inteligente, abre mão da objetividade e do dever de informar para aumentar os preconceitos existentes em relação aos postulados tanto do Criacionismo (de viés filosófico) como do Design Inteligente (de caráter científico)[2], quando dedicou em sua última edição, diversas páginas a promover deliberadamente o avanço da ciência como estando próximo de prover uma explicação definitiva da origem da vida.

Iremos discutir, de forma sucinta, algumas das declarações feitas no primeiro dos artigos públicos pela Veja, intitulado “No início era…”[3]. O próprio título evoca a expressão que abre o livro bíblico de Gênesis. Adiante, complementando a frase, o articulista segue de forma presunsosa:“…um ponto minúsculo que concentrava toda energia do cosmo. Tentar entender como daí nasceu o Universo levou a humanidade à sua mais extraordinária aventura intelectual, que chega ao ápice neste mês.”[4]

A forma de apresentar os pressupostos científicos sem qualquer questionamento, como se fossem uma verdade comprovada e inquestionável desconsidera o que o físico brasileiro Marcelo Gleiser já fez notar, quando afirmou: “Um dos meus objetivos é aproximar da nossa vida a ciência, mostrando como ela é produto do ambiente cultural e emocional em que é criada.”[5] Em outros termos: assim como demais ramos do conhecimento humano, a ciência também é afetada pelos pressupostos dos que estão envolvidos com suas atividades. No caso da prática científica atual, qual seria então a visão que lhe alicerça? O próprio Gleiser então responde: “Sendo uma fiel herdeira do monismo grego, a ciência também almeja atingir um estado de perfeição racional, embora seja claro para os seus praticantes que a verdadeira perfeição é uma abstração impossível de ser atingida.”[6]

Conforme o exposto por Gleiser, cai por terra a idéia de que a Ciência lida com conhecimento objetivo – ela é afetada por pressupostos e preconceitos humanos. Se fossem adotados outros pressupostos, a direção das pesquisas feitas e os próprios resultados seriam drasticamente outros. O polêmico Michael Behe sentencia: “[…] O compromisso filosófico de alguns indivíduos com o princípio de que nada existe além da natureza não deve ter permissão de interferir em uma teoria que flui naturalmente de dados científicos observáveis. Os direitos dessas pessoas de evitar uma conclusão sobrenatural devem ser escrupulosamente respeitados, mas tampouco se deve admitir que sua aversão ao transcendente tenha o caráter de decisão final.”[7]

De forma contrassensual, a reportagem de Veja vai introduzindo questionamentos que lembram os que DI costuma levantar: “Que forças calibram o ritmo de expansão do Big Bang para que a terra se acomodasse justamente na terceira órbita desse sol generoso e estável? Ninguém sabe ao certo.”[8] É pura e simplesmente uma questão de cegueira voluntária deixar de reconhecer que dificilmente nosso planeta teria vindo se estabelecer em sua localização atual por força de um acaso bem sucedido! Tal idéia é um desafio a qualquer lógica.

Na verdade, a reportagem não apresenta nada de novo, apenas repisa velhos preconceitos em nome de uma ótica tendenciosa, talvez porque polemizar ainda seja mais vendável do que apresentar responsável e imparcialmente os dois lados de um dos debates mais atuais que testemunhamos.

[1] Queremos deixar claro que não cremos em uma controvérsia natural entre Ciência e Religião, embora a mídia secular fomente a questão, alimentando uma chama fictícia. Há vários tipos de concepções religiosas, assim como várias acepções de ciência, o que a própria história do desenvolvimento e prática científica demonstra fartamente. O embate está entre as visões propostas pelo naturalismo científico e o Cristianismo bíblico.
[2] Claro que entre o Criacionismo e o DI há divergências; grosso modo, podem ser conciliados, como de fato alguns apologetas, cientistas e filósofos cristãos têm feito há décadas.
[3] Rafael Corrêa, “No início era…”, publicado na Revista Veja, edição 2066, ano 41, nº 25, 25 de Junho de 2008.
[4]Idem, p. 77.
[5]Marcelo Gleiser, “O fim da Terra e do Céu: o apocalipse na ciência e na religião” (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001), p. 11.
[6] Idem, p.33. O filósofo Francis Bacon, séculos antes, fizera declaração muito próxima a de Gleiser: “As ciências que possuímos provieram em sua maior parte dos gregos. O que os escritores romanos, árabes ou os mais recentes acrescentaram não é de monta nem de muita importância; de qualquer modo está fundado sobre a base do que foi alimentado pelos gregos.” Coleção “Os pensadores - Francis Bacons: Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza”(São Paulo, SP: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974), 2ª edição, p.40, axioma LXXI.
[7] Michael Behe, “A caixa preta de Darwin” (Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar editora1997), p.253.
[8] Corrêa, p. 79.

A FINA FLOR DA IMITAÇÃO



Uma quadrilha vinha falsificando ingressos para jogos de futebol. Uma operação da polícia, oportunamente denominada “Operação Casa Cheia”, prendeu os principais envolvidos no esquema, que atuavam no Rio de Janeiro e Paraná. O dirigente do Coritiba, que percebeu o número excessivo de ingressos em alguns jogos do clube, e que foi quem primeiro acionou a polícia, assim se referiu à grupo de falsários: “Trata-se certamente de uma quadrilha que é a fina flor da competência delinqüencial”, frase que deixaria o próprio Rui Barbosa admirado, tal a elegância da construção.[1]

Sem dúvida, falsificações são (em tese) abomináveis em um mundo que diz prezar pela autenticidade. Ocorre que, ao contrário do que se poderia supor, esse é um mundo onde os jovens seguem se perto os cortes de cabelo de artistas e as passarelas já anunciam as tendências da moda que todo mundo usará. O que, de fato, é original neste mundo?

Mas Jesus, em sua remota época, sofria igualmente com a retórica dissimulada e a espiritualidade falseada. Ele declarou aos Seus discípulos que os frutos em nível pessoal seriam resultado de íntima comunhão com Ele (Jo 15:5); para estarmos ligados a ele em amor, devemos obedecer aos Seus mandamentos, sob a motivação que só o amor pode prover (João 15:10).

A mesma receita para uma vida frutífera e realizada – comunhão e obediência – continua se impondo, ao longo dos séculos, desmascarando cada nova farsa que os tempo inventam.

[1] Extraído de “Escândalo no futebol: fraude de venda de ingressos”, matéria exibida no programa “Fantástico”, edição de 22 de Junho de 2008, também disponível em http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1683687-4005,00.html.

sábado, 21 de junho de 2008

NOVA TRAGÉDIA INTERNACIONAL

MANILA - Pelo menos 17 pessoas morreram e cinco estão desaparecidas por causa das inundações e deslizamentos de terra causados pela passagem do tufão "Fengshen", que atingiu o sul das Filipinas com ventos de até 140 km/h.

Dez pessoas morreram afogadas numa enchente na província de Maguindanao, onde ainda são buscadas outras cinco vítimas, e um homem de 50 anos e seu filho de 10 perderam a vida quando sua casa foi arrasada pela cheia de outro rio em Cotabato, também na ilha de Mindanao (800 km ao sul da capital Manila). Cinco outras estão desaparecidas.

Nas regiões leste e central do país, 200 mil pessoas foram tiradas de suas casas e todos os vôos domésticos foram suspensos, assim como o transporte por barco entre as ilhas.

A tempestade arrancou árvores e tetos das casas na cidade de Roxas, que na manhã deste sábado, 21, foi atingida por ventos de até 140 km/h. Durante o fim de semana, o tufão provocará chuvas torrenciais nas regiões centrais de Bicol e Visayas, assim como em Luzon, a ilha onde se encontra a capital, segundo a Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos (Pagasa).

Quase 800 passageiros e dezenas de veículos permanecem presos nos portos de Bicol, depois que a Guarda Litorânea impediu a saída de barcos, por causa dos vendavais e das fortes ondas.

Os residentes de zonas montanhosas e próximas à costa foram advertidos do risco de inundações e deslizamentos de terra, enquanto os habitantes de regiões litorâneas deverão proteger-se de possíveis ondas gigantes.

Caso a situação piore, não está descartada a intervenção das Forças Armadas. Já se iniciou o armazenamento de arroz e material de emergência, e os hospitais se encontram em estado de alerta máximo.

O "Fengshen" tocou terra na sexta-feira, 20, na ilha de Samar (180 km ao leste de Manila), antes de virar em direção ao Oceano Pacífico, onde no domingo passará próximo à cidade japonesa de Okinawa, segundo o último boletim meteorológico.



"Ao ouvir das terríveis calamidades que semana a semana estão ocorrendo, pergunto-me a mim mesma: Que significam estas coisas? As mais terríveis catástrofes seguem-se umas às outras em rápida sucessão. Com que freqüência ouvimos de terremotos e furacões, de destruição por fogo e inundações, com grandes perdas de vida e propriedade! Aparentemente essas calamidades são caprichosas irrupções de forças desordenadas, irregulares, mas nelas se pode ler o propósito de Deus. São um dos meios pelos quais Ele procura despertar homens e mulheres, levando-os a reconhecer o seu perigo." Ellen G. White, "E recebereis poder - meditação Matinal", p. 287, grifos supridos.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

VOO DE UMA VIDA




Fui pássaro de asas curtas,
Diâmetro afetado em voo.
Hoje todo-asas me alcei
Qual besouro aerodinâmico;
Somente à atmosfera doo
Corpo emplumado, balsâmico,
E as nuvens desfiam asas…
Mas na rarefação do ar,
Ruflam da fênix as brasas.

Sou pássaro novamente,
Não por apenas querer
– Que é a vontade isolada,
Fluxo finito de um homem
Finito? Rasga o meu ser
A graça, pondo no abdômen
Um duto de sangue e luta.
Meu voo moral se ampara
No Céu, com forma absoluta.

Serei pássaro passando:
Asas com fluído de ouro
Em ininterrupto voo,
Longe do cume dos montes,
Olvidando o sorvedouro.
E ao planar sem horizontes,
Cantarei o fim do exílio
Como corpo imune à morte,
Da Águia eterna sendo filho.




Leia também

FIM DOS TEMPOS? JÁ VIMOS ESTE FILME ANTES


Tudo começa sem um aviso claro. Parece surgir do nada. Em questão de minutos, irrompem nas principais cidades americanas episódios de mortes arrepiantes e estranhas que desafiam a razão e surpreendem a mente por sua chocante capacidade de destruição. O que estará causando esse repentino e total colapso do comportamento humano? Será um novo tipo de ataque terrorista, uma experiência mal-sucedida, uma arma diabolicamente tóxica, um vírus fora de controle? Propaga-se pelo ar, pela água...

Mas como?

Para Elliot Moore (MARK WAHLBERG, indicado ao Oscar) professor de Ciências de um colégio da Filadélfia, o que mais importa é encontrar uma forma de escapar ao fenômeno misterioso e mortal. Embora ele e sua mulher Alma (ZOOEY DESCHANEL) estejam no auge de uma crise conjugal, eles pegam a estrada, primeiramente de trem, depois de carro, junto com um amigo de Elliot, o professor de Matemática Jullian (JOHN LEGUIZAMO, vencedor do Emmy) e sua filha de 8 anos Jess (ASHLYN SANCHEZ), e seguem em direção às fazendas da Pennsylvania, onde esperam estar fora do alcance dos apavorantes e crescentes ataques. No entanto, logo fica claro que ninguém - e nenhum lugar - está a salvo. Esse fenômeno aterrorizante e invisível não pode ser vencido. Somente quando Elliot começa a descobrir a verdadeira natureza daquilo que os espreita lá fora - e o que desencadeou essa força que ameaça o futuro da humanidade - é que vislumbra uma ponta de esperança de que sua família possa escapar do que está acontecendo.

Fonte: Cine pop

Não é de hoje que Holliwood faz especulações ou se aventura a "prever" o destino da Humanidade. Mas, sem dúvida, quem quiser conhecer sobre os eventos finais do planeta e como Deus intervirá, deverá recorrer à Bíblia. E, acredite: este é um caso em que a realidade supera em muito à ficção...

O DREAM TEAM DOS DEMOCRATAS

E se o presidenciável americano mais carismático desde Kennedy escolhesse para seu vice o ativista ambiental de maior influência da atualidade? Pois o Jornal Nacional noticiou ontem a possibilidade de Baraka Obama escolher Al Gore como seu vice, o que resultaria numa chapa imbatível, dado o carisma do primeiro e a experiência em mobilização sociopolítica de Gore, conhecido a partir do documentário "Uma verdade Incoveniente".

Para quem estuda as profecias, seria uma possibilidade, caso a chapa se concretize e venha a ocupar a Casa Branca, de uma união mais rápida entre Estado e Igreja, formando a "imagem da Besta" (Ap. 13:14). Explico: Gore vem realizando o que em alguns círculos tem se denominado "ECOmenismo", uma espécie de "colisão" devido a preocupações ambientais, que tem envolvido políticos, ativistas, ONGs e o meio artístico. O Vaticano tem se integrado oportunamente na agenda deste pessoal.

Mas, independendente de haver ou não uma tal chapa (Gore se diz desiludido com a política e teria de ser convencido a estar ao lado de Obama na campanha), a profecia se cumprirá. Ainda ontem, eu comentava num dos post do blog "Minuto Profético" (que leio constantemente e recomendo):

"É curioso com os acontecimentos se 'afunilam', de modo que tudo que lemos no Grande Conflito sobre as decisões sociopolíticas em âmbito Mundial (e que por décadas deram a impressão de servirem apenas para um bom roteiro de ficção)pareça o caminho mais natural, humanitário e razoável para salvaguardar a humanidade, que estará atolada em sua pior crise."

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A BIOGRAFIA DO VASO

O desespero faz a nuvem de poeira ascender acidamente Concebida pelo seu zelo como a fumaça de um incenso cúltico E o galope prossegue vário Com prismas rudes Próprios a uma alma decididamente fanática Mal são capazes de lhe acompanhar os cavaleiros Incendidos como ele de ódio contra os hereges Incendidos como ele Não Talvez sintam o mesmo Mas não da mesma forma Não com a entrega a que se submete Por amor àquilo que seu sabor criterioso esculpiu em sua fé benjamita

É uma invasão de substância maduramente espiritual Desafiando o provável limístrofe O irreal de uma solidez antagônica ao concebível

Meus olhos observam os recôncavos da Terra
E meus ouvidos abraçam as fronteiras dos povos
Por toda parte A espinha de Meu povo se inclina
O nome dele assombra Minhas assembléias
Que pensa ele estar fazendo por mim
Ou qual favor me presta com sua soberba sanguinária
Chegou o dia Dia que me pertence
A hora de visitar este fariseu de ferro
E ele saberá pela minha boca
Pois me ouvirá dizer sem meios-tons
Quanto importa sofrer pela Glória de Meu nome
E experimentar em sua carne o poder de Minha ressurreição

Um pesadelo sustentado por três dias de trevas que atravessou através da recapitulação dos antigos rolos Aflito Queria afinal entender E entendeu Entendeu que o Messias não veio assumir um trono Veio saborear a cruz Não esperava comer figos Apenas sentir o gosto de Seu próprio sangue E Da mesma forma como o maltrataram Ele Em sua insanidade cerimonial perseguia a semente de Seu reino Ele mirava seus coices na ponta da lança divina Resistindo às evidências opressoras da Verdade tornada Homem

Não temas Ananias
Não te ressintas
O homem esqueceu as ordens de prisão em algum momento de sua escuridão
Hoje ele beijará a luz das Escrituras
Ele não está vociferando pragas
Ele Ele está orando
Ele Ananias Quer saber um segredo
Ah Este Saulo não percebeu
Que Eu o escolhi
E ele será o meu vaso
Vaso de bênçãos para os gentios
Meu propagador aos povos
Levanta-te Saulo E lava os teus pecados Invocando

quarta-feira, 11 de junho de 2008

EXCOMUNHÃO: GOL CONTRA


Os dois gols na vitória da Alemanha sobre a Polônia, no domingo, pela primeira rodada do Grupo B da Eurocopa, ainda rendem problemas para o atacante Podolski. Desta vez, o jogador, que nasceu na Polônia, foi "excomungado" pelo partido ultracatólico LPR.

Segundo o jornal português Record, Podolski e Klose, que também tem nacionalidade polonesa, revoltaram os membros do partido por defenderem a seleção alemã e tiveram os direitos católicos retirados.

Antes, o jovem atacante havia sido criticado pelo ex-vice-ministro polonês Miroslaw Orzechowski, que pediu a retirada da cidadania das pessoas que defendem outros países.

Fonte: Terra
Colaboração: Profº Marcos André

Um absurdo esta confusão entre esporte e religião; além disto, qual valor da excomunhão, prática medieval para a qual não se pode encontrar apoio bíblico? Infelizmente, ainda se usa a religião para manipular a conduta das pessoas, infundindo-lhe medos irreais. Sem dúvida, um péssimo exemplo em um mundo que precisa da Verdade do Evangelho e que está cada vez menos tolerantes às caricaturas do Cristianismo autêntico.

A ORAÇÃO


Não existem fórmulas para se orar, porque o amor é espontâneo e falar com Deus nasce de uma atitude amorosa. Estando em Sua presença, abrimos nosso coração com palavras não ensaiadas, mas surpreendentemente grandes, porque sinceras; o coração se abre e ficamos vulneráveis, ao mesmo tempo em que o sentimento de estarmos seguros aumenta paradoxalmente. A oração não possui um apego místico tampouco; o homem não procura encontrar-se com Deus ou sentir-se divinizado; apenas responde ao Senhor que o alcançou e que sempre esteve ali, cuidando paternalmente de sua alma caída.

Orar é o alívio, mesmo quando não estamos propriamente aflitos, ou sob um risco de sofrer determinado mal – orar é uma elevação que conduz a um comportamento mais lúcido. A prece nos torna imunes à alienação.

Os pensamentos mais sublimes são sucitados durante a comunhão, porque a mente se agiganta em contato com a Mente do Ser que gerencia o Cosmo; crescemos em contado com a fonte de vida, o suprimento de nossa existência. Orar, enfim, equivale a viver. E da melhor forma de quantas existam.

terça-feira, 10 de junho de 2008

UMA COISA EU PEÇO

Uma coisa eu peço, uma coisa eu busco
Que eu possa habitar em sua casa, Ó Senhor
Por todos os meus dias, por toda a minha vida
Que eu possa Te ver, Senhor.

Uma coisa eu peço,
Uma coisa eu desejo
É te ver
É te ver
É te ver

Ouça me, Ó Senhor, ouça-me quando eu clamar
Senhor, não esconda Teu rosto de mim
Tu tens sido meu auxílio, Tu tens sido meu escudo
E Tu irás me levantar

A RELIGIÃO DE SHAKESPEARE


Por Robert Miola[1]

Em 1613, ao fim da sua carreira, Shakespeare convidou John Fletcher para dramatizar o reino de Henrique VIII – o rei que rompeu com Roma e começou a revolução Protestante na Inglaterra. A peça terminou com o canto rapsódico de Thomas Cranmer à única e futura rainha, Elizabeth, que consolidaria o segmento Anglicano:

Eis régia infanta – os céus pairam sobre ela! –
Mesmo em seu berço, desde já promete
Bênçãos mil e mais mil sobre esta terra,
As quais o tempo fará férteis. Será –
Vive há pouco e se pode ver bondade –
Padrão para as princesas com quem vive,
E às que a sucederão.[2]

Os adversários de Elizabeth, Cranmer prediz, serão chacolhados como um campo de milho debulhado; e, entre aqueles inimigos incluíam-se os Católicos, os quais Elizabeth perseguiu cruelmente, aprisionando, e executando; os leitores tem tradicionalmente visto a peça como propaganda protestante.

E assim Henrique VIII é também a história de outra rainha: Katherine de Aragão, descartada por Henrique, dedicada esposa católica. Katherine corajosamente suporta o julgamento, permanece por sua “honra”, seu “laço de núpcias”, e seu “amor e compromisso”. Ela atacou Wolsey por sua “arrogância, ressentimento e orgulho” e desejou fazer um apelo “ao Papa”, para levar seu caso diante de “Sua Santidade”. No palco ela teve uma visão de espíritos angélicos dançando e dando-lhe boas-vindas no céu depois que ela morresse. Shakespeare e Fletcher retratam Katerine como uma injustiçada, heróica, e santa rainha.

Henrique VIII, em outras palavras, é acetato de sódio[3] e impressionante falsa neve, como Theseus disse em “Sonhos de uma noite de verão”. A peça exalta a Reforma Protestante ou a deformação protestante? Como nós encontraríamos um acordo deste desacordo? Diferente de Alguns poetas como Dante, Spencer e Milton, Shakespeare nos dá uma janela através da qual vemos sem clareza sua alma por dentro. Ambos, Protestantes e Católicos – como qualquer outro também – pode encontrar ampla evidência para reivindicar como seu o que é próprio deles. Mas desde então Shakespeare foi canonizado como poeta Protestante nacional por muito tempo; notícias de suas simpatias pelo catolicismo e perspectivas tem gerado agitação popular e acadêmica em anos recentes.

Então, por exemplo, o “Mundo Bibliográfico de Shakespeare”, um banco de dados eletrônico de estudos shakesperianos de 1962 em diante, registrou 228 acessos para “Catolicismo”, bem acima de cem deles desde a última década. Parte deste trabalho recente é tendenciosa e não-convincente. Mas parte dele mostra padrões evocativos de como Shakespeare extraía das ricas tradições do Catolicismo para criar seu drama.


Católico ou Protestante, o fato é que Shakespeare é um dos maiores autores cristãos de todas as épocas, e não só em Língua Inglesa. Sem dúvida, a influência do Cristianismo sobre a Literatura em particular, e sobre as Artes em geral, é marcante; somente uma Religião que crê no poder de um Deus com poder de criar a partir do nada poderia incentivar de tal modo a criatividade humana!

[1]Publicado no periódico católico “First Things”, Maio de 2008, disponível em http://www.firstthings.com/article.php3?id_article=6202.
[2] A tradução segue a tendência tradicional de verter a poesia shakesperiana em decassílabos heróicos e heróicos quebrados (seis sílabas, como no último verso).
[3] Em Inglês “hot ice”. O acetato de sódio é um cristal que tem a aparência de gelo. O uso da expressão indica que a peça de Shakespeare parece uma coisa, sendo, em realidade, outra.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

ROSA: A COR DA MODA


Ontem, 5 de Junho de 2008, foi uma data história para os homossexuais de nosso país: ocorreu a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuiais, Travestis (GLBT), com a participação do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; Lula, em seu discurso, confessou não ser fácil participar de um evento desta natureza “que envolve um segmento tão grande, heterogêneo e com pessoas que sofrem preconceitos”. Apesar disso, ainda segundo o presidente brasileiro, "o mundo seria mais alegre se fôssemos menos rígidos com os tabus colocados no caminho ao longo da história."[1]

Hoje pela manhã, foi noticiado que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou o que, segundo ele consiste em uma medida “pioneira”, por atender a “uma demanda social”: o SUS (Sistema Único de Saúde) irá pagar a cirurgia de troca de sexo.[2]

É claro que os políticos se voltam a esse grupo numa época propícia: ano eleitoral. Embora haja muito de política em uma conferência como a de ontem, há, de fato uma demanda social, favorecida por campanhas e movimentos. Mas temos de nos perguntar: é moral apoiar o que o próprio Deus condenou?


[1] “Lula participa de Conferência GLBT em Brasília”, disponível em http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac184739,0.htm.
[2] “SUS vai pagar troca de sexo”, publicado no jornal “A Notícia”, nº 24.526, 6 de Junho de 2008, caderno geral, p.17.