quinta-feira, 30 de junho de 2011

CONFIRMADO OSSUÁRIO DA NETA DE CAIFÁS


Arqueólogos israelenses descobriram um ossuário de 2 mil anos de antiguidade que pertence à neta de Caifás, sumo sacerdote a quem o Novo Testamento atribui a responsabilidade pela condenação e crucificação de Jesus pelos romanos.

A descoberta foi entregue à Autoridade de Antiguidades de Israel há três anos, após seu roubo por profanadores de tumbas antigas, mas somente agora os pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e da de Bar-Ilan confirmaram sua autenticidade.

Em seu exterior, o ossuário tem gravado em aramaico - língua vernácula da região naquela época - a inscrição "Miriam, filha de Yeshua, filho de Caifás, sacerdote de Maaziah da Casa de Imri".

"A importância da inscrição está na referência aos ancestrais da morta e na referência à conexão entre eles e a linhagem sacerdotal de Maaziah e a Casa de Imri", declararam os pesquisadores em comunicado.

A pesquisa revelou que o ossuário de sua descendente provinha de uma caverna funerária no Vale de Elá, onde eram as planícies da Judéia, cerca de 30 quilômetros ao sudoeste de Jerusalém.

Os ossuários da região são pequenos cofres que os judeus costumavam utilizar nos séculos I e II para um segundo enterro de seus parentes e onde costumavam depositar unicamente seus ossos.

O cofre que chegou às mãos da Autoridade de Antiguidades está decorado na parte frontal com um estilizado motivo floral, em cima do qual está gravada a inscrição que revela a identidade da morta.

Maaziah é o último elo da linhagem dos 24 grandes sacerdotes que serviram no Templo de Jerusalém, e mesmo mencionado no Antigo Testamento, a descoberta representa a primeira referência epigráfica sobre essa personagem.

Por ter sido extraído sem registro científico, a análise do cofre foi prolongada e exaustiva a fim de determinar tanto sua autenticidade como a da inscrição.

Estadão

quarta-feira, 29 de junho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

PAPA SAÚDA DELEGAÇÃO ORTOXA: NOVOS ESFORÇOS ECUMÊNICOS


Na solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Bento XVI saudou a presença de um grupo em especial. Tratava-se da delegação enviada à Roma por Bartolomeu I, patriarca de Constantinopla. A interação entre o papa e o líder máximo da igreja Ortoxa recebeu destaque no NewsVa., canal de notícias do Vaticano divulgado pelo papa, ao usar o microblog twitter pela primeira vez.

Como Bento XVI fez questão de salientar, “sua participação [da delegação] nesta [ocasião], nosso dia de festa, como a presença de nossos representantes em Istambul para a Festa de Santo André, expressa a verdadeira amizade e irmandade que une a Igreja de Roma e o Patriarcado Ecumênico, sendo que ambos são baseados na fé recebida do testemunho dos apóstolos.”

O NewsVa. ainda recapitula a história desta aproximação entre Roma e Istambul, a qual remonta ao concílio Vaticano Segundo. A partir de então, cada denominação tem enviado delegações às festas religiosas da outra.

O que não deixa de despertar a curiosidade é que Ratzinger reconhecesse a legitimidade da herança apostólica da igreja Ortodoxa. Durante séculos, desde o cisma em 1054, as acusações mútuas eram comuns. A Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, não cansou de acusar o patriarcado de heresia, enquanto reivindicava que o papa era a única cabeça da igreja universal de Cristo.

Agora, o quadro mudou. Bento XVI tem um alvo: o Dia Mundial da Reflexão. Este evento, marcado para o próximo 27 de Outubro, é definido como um momento de “diálogo e oração pela paz e justiça no mundo”. Claramente, o pontífice respira ecumenismo!

Fiquemos alertas aos próximos passos de Bento XVI. Os eventos finais estão acontecendo bem diante de nós – como reagiremos a eles? Queira Deus que, pela fé, permaneçamos em pé!


Leia também: Avanços Ecumênicos

segunda-feira, 27 de junho de 2011

SAIBA ONDE ADQUIRIR O LIVRO MARCADOS PELO FUTURO


Lançado há poucos meses, Marcados pelo Futuro: vivendo na expectativa do retorno do Senhor trata dos desafios à fé cristã no século XXI. Temas como cristianismo básico e respostas apologéticas a assuntos espinhosos são abordados sem atalho – afinal, perguntas complexas exigem respostas honestas e, por que não, igualmente complexas.

Marcados pelo Futuro se encontra distribuído em lojas SELS pelo Brasil. Mas se houver dificuldade em encontrar o livro, entre em contato com sua editora, a ADOS, por intermédio do endereço: Travessa Júlio Fróes, no 112, Engenhoca, Niterói (RJ), tel/Fax: (21) 2628-0341, 2628-0534 ou 2628-3473.

No estado de Santa Catarina, há duas boas opções para se adquirir Marcados pelo futuro. A primeira é por meio do SELS da Associação Catarinense, localizado na Rua Gisela, no 900, Bela Vista, na cidade de São José (CEP: 88.110-111); o telefone do SELS é (48) 3246-3181. A segunda, para aqueles que moram na região norte do estado, é a livraria Adjoi, na rua Rio do Sul, no 297, sala 1, Bucarein, em Joinville (CEP: 89202-201). Telefone da Adjoi: (47) 3433-8091.

No centro de São Paulo, em meio ao paraíso de artigos evangélicos, também é possível encontrar o seu exemplar de Marcados pelo Futuro. A livraria Total Gospel, que trabalho tanto no varejo, quanto no atacado, distribui o livro. A Total Gospel se localiza na rua Conde de Sarzedas, no 224, CENTRO/SP, e atende pelo telefone (11)3207-8928.

Não espere mais. Garante seu exemplar de Marcados pelo Futuro agora mesmo!

domingo, 26 de junho de 2011

EMANOEL


Se houvesse refletido uma simples lagoa,
Em proporções reais, forma e luz do Universo,
Sequer sombra faria ao fato que converso
Foi Jeová, seu autor, em humilde pessoa.

O Deus eterno nasce, o Criador é gerado.
Reflita na grandeza ilimitada disto:
Trono de glória foi por amor rejeitado
Para que a manjedoura um trono desse a Cristo.

Maria amamentou o Senhor de seu povo
E José ensinou carpintaria às mãos
Que ministrando a cura exporiam de novo
A Verdade que faz dos homens Seus irmãos.

Da mãe ouviu sobre os profetas de Israel,
Homens que o Espírito de Deus trouxera à ação
Para anunciar o Eleito por Deus à Sião,
Sendo Ele mesmo o Eleito, ao Seu dever fiel.

Oh!, magnânima obra expressa a encarnação!

sábado, 25 de junho de 2011

PREPARO PARA O SÁBADO EM FAMÍLIA


"'Lembra-te' é colocado bem no princípio do quarto mandamento. Êxo. 20:8. Pais, precisais lembrar-vos vós mesmos do dia de sábado para o santificar. E se o fizerdes, estareis dando aos vossos filhos a devida instrução, e eles reverenciarão o santo dia de Deus. ... Há necessidade de educação cristã em vosso lar. Durante toda a semana, tende em vista o santo sábado do Senhor, pois esse dia deve ser dedicado ao serviço de Deus. É o dia em que as mãos devem descansar dos empreendimentos mundanos, em que as necessidades da alma devem receber especial atenção."
Ellen G. White, Orientação da criança, p. 527.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O CORAÇÃO DO DISCIPULADO


Época após época, uma tendência cultural, uma grade de valores universalmente aceitos, desafia a filosofia cristã. Deus exige que nos tornemos o tipo apropriado de pessoa para testemunhar em nosso contexto de vida. Que sacrifícios temos de fazer para estar à altura do que o Reino exige de nós? A questão não é nova. Cada período suscita respostas específicas e práticas que todo cristão tem de se dispor a revelar. O fundamental é testemunhar, de forma culturalmente apropriada, a essência do evangelho que não muda. Os desafios pedem respostas específicas, e variam conforme o período da história humana; mas o mesmo evangelho permanece a fonte de respostas para cada época. Todo cuidado é pouco: não podemos pregar respostas a perguntas da geração anterior, quando toda uma nova geração levanta novas perguntas para serem respondidas.

Voltemos no tempo a fim de encontrar um homem que ilustrou com sangue o que significa ser uma testemunha. Aquele jovem luterano, ao ambicionar se tornar um professor de teologia, provou ser mais do que um pensador consistente: os nazistas o silenciariam no campo de extermínio em 9 de Abril de 1945 por sua heróica resistência, apenas três semanas antes de Hitler cometer suicídio!

É preciso lembrar que muitas denominações cristãs apoiaram Hitler. Mas falamos de um jovem professor que lutava para que a igreja cristã fosse uma comunidade de fé autêntica. Ele estudara no Union Theological Seminary em Nova Iorque; apesar de proceder de uma família alemã da classe-média, ministrara preleções a pessoas negras em guetos do Harlem durante seus anos nos EUA. A convivência lhe ensinara que o evangelho vence as barreiras sociais.

Quando Hitler elegeu-se chanceler da Alemanha, em 30 de Janeiro de 1933, logo vieram as primeiras leis anti-judaicas. Em suas classes, por meio de artigos e pregações, o jovem teólogo luterano se opunha ao nazismo. Ele ainda auxiliou judeus a escaparem da Alemanha e se envolveu em conspirações para matar Hitler, num esforço desesperado para evitar a guerra que destruiria seu país. Preso em 1943, passou dezoito meses na prisão em Tegal, recebendo visitas de familiares e mantendo volumosa correspondência. Suas cartas estão entre os testemunhos mais impressionantes da literatura cristã recente.

Em Outubro de 1944, a cena mudou: um documento ligava o pensador cristão a conspirações contra Hitler. Transferido para uma prisão da Gestapo em Prinz–Albrecht Strasse, ele sofreu torturas desumanas. Mas manteve sua confiança inabalável em Deus. Aqueles que o conheceram no campo de concentração destacaram sua calma e fé. Seu testemunho de resistência e não-conformismo continua inspirador. Qual era o nome daquele destemido líder cristão? Dietrich Bonhoeffer. Ele ousou lutar contra o pensamento predominante, mas não o fez por mera rebeldia. Bonhoeffer entendeu sua época. Embora tenha sido radical ao se envolver em conspirações frustradas para assassinar o füher, o melhor de seu pensamento combativo não estava na força das armas, mas na resistência da fé. Com justiça, o memorial na igreja em Flosseburg apresenta a melhor síntese de sua vida: “Dietrich Bonhoeffer, uma testemunha de Jesus Cristo em meio à sua comunidade.”[1] Como poderíamos hoje ser igualmente reconhecidos hoje testemunhas de Jesus?

Para responder a essa pergunta, analisaremos o texto de Mateus 10:24-31, no qual Jesus fala à alma e mente dos doze discípulos. O Mestre ressalta os perigos que os esperavam e os prepara para a jornada repleta de sacrifícios e descobertas, percalços e recompensas. Bem-vindo ao coração do discipulado!

Filhotes saindo do ninho

Todo o capítulo 10 de Mateus conta sobre o envio dos doze discípulos. Era o primeiro voo solo daqueles filhotes de pássaro. Deveriam estar ansiosos. Por isso, Jesus fala o ABC de sua missão. Os olhos de Pedro se arregalavam ante as entonações precisas da voz do Mestre. Tiago e João entreolhavam-se diante do tamanho do desafio. Mas cada aluno reconheceu a verdade nas palavras do grande Professor. Os estudiosos destacam que Jesus apresenta aqui seu “mais crucial e definitivo ensino sobre discipulado”, revelando “a essência da dedicação e consagração cristãs.” Os ensinos que vemos são vitais a ponto de Jesus, como sábio professor, apresentá-los e repeti-los ao longo de Seu ministério.[2]

Mas em que consiste o discipulado genuíno? O conhecido escritor Tony Evans assim o explica: “Discipulado é o processo de crescimento pelo qual nós, como cristãos, aprendemos a entregar tudo da vida sob o senhorio de Jesus Cristo. […] Tornar-se um discípulo significa que Jesus Cristo precisa mais de você hoje do que precisou ontem, e Ele precisa mais de você amanhã do que Ele precisa hoje.”[3]

Obviamente, o aprendizado que Jesus proporcionou aos doze alcançarem não se relacionava com exercícios mentais (como em muitas escolas de filosofia na Grécia) ou repetição de tradições (como faziam os rabinos). “No preparo dos discípulos, o exemplo do Salvador fora muito mais eficaz que só por si qualquer doutrina. Ao serem separados dEle, todo olhar e palavra e entonação lhes acudia à memória. Muitas vezes, quando em conflito com os inimigos do evangelho, repetiam-Lhe as palavras e, ao verem o efeito produzido sobre o povo, muitos se regozijavam”, afirma Ellen White.[4]

Um Instrutor prático. Um grupo iniciante. A tarefa de se dirigir às “ovelhas perdidas da casa de Israel” (v.6). A cena está montada! Vejamos três importantes lições encontradas nos versos 24 a 33 de Mateus 10:

I - Se seguirmos o exemplo do Mestre, seremos tratados como Ele foi.

“O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima de seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se o dono da casa foi chamado de Belzebu, quanto mais os membros de sua família.” (Mt 10:24-25, NVI). Para o Salvador, a expectativa do discipulado consistia em viver sob a perspectiva do Mestre. Assim, no evangelho de Lucas, a frase “o discípulo não está acima de seu mestre” serve para explicar como um cego é incapaz de guiar a outro (Lc 6:39-40)![5]

No caso dos discípulos, eles não poderiam esperar melhor tratamento do que o próprio Jesus recebera. Ele os advertiu de que muitas pessoas dignas os receberiam (v.11-13), e fazendo isso, receberiam o próprio Deus (v.40), recebendo a recompensa pelo menor favor feito a um discípulo (v.41-42). Entretanto, outras pessoas não acolheriam sua mensagem, tornando-se mais passíveis de juízo do que Sodoma e Gomorra (v.15; cf.: Mt 11:20-24). O que os doze poderiam esperar, se o próprio Cristo havia sido acusado de ser endemoniado pelos líderes religiosos de sua época (cf.: Mt 12:24; Jo 8:48)?

Jesus utiliza um curioso jogo de palavras no verso 25. Embora os evangelhos tenham sido escritos em grego Koiné, o aramaico era a língua falada no dia a dia pelos judeus nos tempos de Cristo (e provavelmente usassem o grego como segunda língua). É um consenso que os discursos do Redentor foram proferidos originalmente em aramaico. Nessa língua, a expressão “dono (lit. “mestre”, be‘el) da casa (zebul)”[6] soava como a forma para designar Satanás. Belzebu aludia a Baal, o deus cananita, cutuado em Ecrom (2 Rs 1:2-3, 6, 16). O termo zebul pode ser traduzido por “casa exaltada”;[7] mas uma outra interpretação assume que, na linguagem rabínica, zebul se refere a “templo”. Assim, Belzebu, ou “mestre do templo”, seria uma forma de ofender diretamente a Jesus, uma vez que, ao purificar o templo, Ele se auto-proclamara “mestre do templo”. Agora, os fariseus o acusavam de fazer essas coisas sobre a autoridade dos demônios, numa referência a Beelzibbul, senhor do sacrifício idolátrico.[8]

Enquanto muitos seguem Jesus por interesse em bênçãos materiais ou por ser algo popular, temos de avaliar a questão do discipulado sob a ótica de que a mesma rejeição que Jesus sofreu pesará sobre os Seus seguidores (cf.: Lc 9:58; Jo 15:18-25).

II- Se temermos a Deus, não temeremos as ameaças contra nossa vida.

Apesar das tribulações, nenhum discípulo precisa sofrer de insônia! As previsões de Jesus em Mateus 10 admitem perseguições constantes (v. 17-18, 21-23, 34). Contudo, em poucos versos, Jesus emprega três vezes a expressão “não tenham medo” (v. 26, 28, 31). Qual a razão para a coragem do discípulo, em face da oposição acirrada que ele enfrenta?

Para responder à questão, temos de atentar para o raciocínio de Jesus: “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.” (Mt 10:28, NVI). Duas palavras merecem destaque: “destruir”, com implicação de “matar, levar à ruína, perecer, perder a vida, estar perdido, arruinado”. [9] A segunda palavra é “inferno”. O termo original é gehenna, conforme vertido pela tradução católica de Antônio Figueiredo: “[…]temei aquele que pode lançar na Geena a alma e o corpo.” A gehenna, literalmente vale do Hinom, era uma ravina ao sul de Jerusalém, no qual se consumiam pelo fogo corpos de animais mortos, criminosos e lixo comum. Jesus a usa como símbolo da destruição final.[10] Deus destruirá aqueles que se rebelaram contra Ele após mil anos contados a partir do retorno de Jesus à Terra (Ap. 20:4-6, 9-10).

Portanto, quando Jesus diz que devemos, acima de tudo, temer “aquele que pode lançar na Geena a alma e o corpo”, Ele se refere a Deus. Deus julgará todas as coisas, porque não “há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido.” (Mt 10:26, NVI). Nosso temor a Deus deve nos levar a assumir o risco de pregar em um mundo hostil. Se rejeitarmos a missão, permaneceremos fora de risco de vida – dessa vida! Contudo, perderemos a vida eterna. Por outro lado, se nos arriscarmos, o máximo que farão contra nós será nos matar – mas teremos a vida eterna assegurada! Desta forma, os seguidores de Jesus desfrutarão de paz, mesmo se tiverem de encarar ameaças de poderes constituídos: “Quando a autoridade disser: ‘Eu chamarei você de pertubardor da paz’, eles [os discípulos] podem responder: ‘Assim chamaram a Jesus, que era verdade, e graça e paz’”.[11]

Jesus conclama os discípulos a pregarem publicamente, sem esconder sua fé nEle (v.27). “O que eu contei a vocês no escuro, falem na luz. O que eu contei a vocês em tempos calmos, em devocionais matutinos, em vigílias noturnas, espalhem”, como alguém parafraseou. [12] Pode parecer exagero do Mestre a proclamação nos telhados (v.27), mas os telhados eram lugares de anúncios públicos na Palestina.[13] Em tempos em que a religião fica relegada à fé íntima, os cristãos têm de recuperar a dimensão pública de sua confissão. Devemos anunciar o senhorio de Jesus em todas as esferas: no lar, no entretimento, nos negócios, nos estudos, na política e onde quer que for.

Temos um Deus que promete cuidar de seus filhos. Jesus menciona os pardais (v.29, 31) como alvo do cuidado divino, mesmo sendo aves de valor tão ínfimo. Civilla Martin, autora de letras de muitos hinos evangélicos, menciona uma visita feita a um amigo acamado. Corria o ano de 1904. Ao ser perguntado se sua condição física não o desanimava, o amigo respondeu: “Senhora Martin, como posso eu estar desencorajado quando meu Pai celestial vela sobre cada pequeno pardal e eu sei que Ele me ama e cuida de mim?” Aquela inspiradora resposta serviu para que Civilla Martin escrevesse as palavras do hino His Eye is on the sparow (“seus olhos estão sobre o pardal”, em tradução livre), que, em nosso hinário, foi traduzido como “Cuidará de mim também” (HÁ 371).[14] Se, como Jesus disse, até nossos fios de cabelo estão contados (v. 30), significa que Deus conhece todas as circunstâncias e Seu cuidado e providência nos acompanharão. No temor de Deus, nada temos a temer!

III- Se apresentarmos Jesus, Ele nos representará.

“Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus.” (Mt 10:32-31). A arte do fotógrafo, que imprime a imagem na película fotográfica, não é tão grandiosa quanto a impressão dos caracteres fielmente registrados pelos anjos em livros![15] Vivemos momentos solenes, que antecedem a volta de Jesus. Um julgamento está acontecendo no céu. Será impossível termos o nome aprovado sem um intercessor. Jesus é aquele que nos representa diante de Deus (1 Jo 1:9). Quando os livros são abertos, é Ele quem comparece à cena do julgamento (Dn 7:9-14), porque “o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho […]” (Jo 5:22, NVI).

Mas nossa aprovação no julgamento não depende de pertencermos à igreja, mas em vivermos como a igreja. Verdadeiras testemunhas de Cristo não temem seu julgamento, o qual é realizado em favor delas. Quando o caráter de Jesus se reproduzir em nós, por meio de nossa consagração pessoal, o céu apenas confirmará o que foi visto na Terra: fé vitoriosa que alcançou a recompensa eterna.


1. As informações biográficas de Bonhoeffer foram extraídas de Mark Water, The New Encyclopedia of Christian Martyrs (Alresford, Hampshire : John Hunt Publishers Ltd, 2001), p. 939
2. John MacArthur, Matthew (Chicago : Moody Press, 1989), p. 212, 214.
3. Anthony T. Evans, God's Glorious Church : The Mystery and Mission of the Body of Christ (Chicago : Moody Publishers, 2003), p. 52.
4. Ellen G. White, O desejado de todas as nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 242.
5. Willoughby C. Allen, A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to S. Matthew – The International Critical Commentary on the Holy Scriptures of the Old and New Testaments (New York : C. Scribner's sons, 1907), vol. 26, p. 107.
6. Craig S Keener, InterVarsity Press: The IVP Bible Background Commentary : New Testament (Downers Grove, Ill. : InterVarsity Press, 1993) edição digital, comentário sobre Mt 10:24.
7. Bruce B. Barton, Matthew – Life Application Bible Commentary (Wheaton, Ill. : Tyndale House Publishers, 1996), p. 210.
8. Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament (Bellingham, WA : Logos Research Systems, Inc., 2002), vol.1, p. 60-61.
9. Timothy Friberg, Barbara Friberg, Neva F Miller, Analytical Lexicon of the Greek New Testament – Baker's Greek New Testament Library (Grand Rapids, Mich. : Baker Books, 2000), vol. 4, p. 69.
10. Timothy Friberg et al, idem, p. 96.
11. Ellen G. White, Selected Messages, (Review and Herald Publishing Association, 2002), vol. 3, p. 421.
12. Jon Courson, Jon Courson's Application Commentary (Nashville, TN : Thomas Nelson, 2003), p. 75.
13. The Open Bible : New King James Version. electronic ed. (Nashville : Thomas Nelson Publishers, 1998, c1997), comentário sobre Mt 10:27.
14. Kenneth W Osbeck, Amazing Grace : 366 Inspiring Hymn Stories for Daily Devotions (Grand Rapids, Mich. : Kregel Publications, 1990), p. 143.
15. Ellen G. White, Maranatha (Review and Herald Publishing Association, 2002), p. 340.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

MAIS DE 40 CASAIS HOMOSSEXUAIS PARTICIPAM DE CERIMÔNIA COLETIVA NO RIO


Noivos nervosos e convidados na expectativa. Mas, em relação aos casamentos tradicionais, quanta diferença! 43 casais participaram neste da maior cerimônia coletiva de casais homossexuais, na sede do programa Brasil sem homofobia, no Rio de Janeiro. O assunto foi destaque na mídia. O endosso dado ao evento incentivará outros parecidos. Mais uma vez, as perguntas impertinentes: alguém já pensou na qualidade moral deste tipo de união? Qual o impacto que casais homossexuais exercerão na criação e educação dos filhos que eventualmente adotarem? Por enquanto, nada de respostas. Afinal, ser contra a união é uma atitude taxada de preconceituosa. E eu que sempre achei que coibir o debate era mesquinho e preconceituoso…

Leia também: Não se faz mais casais como antigamente...

A CHEGADA DE ENOQUE


O êxtase, a exatidão de um sentimento de flores e cânticos, num rodopio inusitado, e – a chegada!
Sua chegada colhe os abraços de seres luminosos, enquanto outros, atentos e expectantes, acompanham-lhe as passadas deslumbradas.
Por séculos, nossas almas têm se entrelaçado, ambas
Usufruindo de uma comunhão que outras
Desconhecem em sua rotina de egoísmo.
O facho fecha as retinas acostumadas à penumbra das manhãs terrenas, algo estranho testemunha, o anil dos lábios saudando não a ele, senão ao Motivo de seu aportar.
Filho, finalmente hoje conheces minha casa,
Sendo que, em tua casa, sempre estive como hóspede!
Adão lhe contara. Sobre a presença, a harmonia, o esplendor, a voz, o sorriso, o poente, a mensagem, o divino, toda a teia, toda! E ele ouvira seu ancestral e o júbilo lhe penetrava.
Ainda ouço no vagido
De meu pequeno filho
A pequenez do homem na terra
E sua necessidade de Deus.
Poderosos ministros da região que o veem acompanharam-no quando dizia, chama sem açúcar, anúncio de trovão no interior dos corações:
Silenciai vossas obras,
Aquietai vossos desejos perversos;
O Senhor caminha,
O Criador é chegado;
Ele será o juiz de todos os ímpios,
Com seus anjos acompanhando-O em Seu julgamento.
Deus finalmente o encontra e o abraço fraterno é dado. O fim do conflito é chegado, ao menos para um dos filhos da Terra. Há esperança para a semente do bem, se o isolamento conservar acesa a fé, livre dos obstáculos sensuais.
Para ele, há este primeiro abraço. E há o sempre…

terça-feira, 21 de junho de 2011

A PRESENÇA DE JESUS


A Tua mão
Tão forte,
Mais do que a morte,
Dês ao cristão.

O Teu olhar
Singelo,
Do amor um elo,
Olhe o meu lar.

A Tua voz
Qual guia,
Venha de dia
Falar a nós.

Teu doce peito,
Na luta,
Que aqui me enluta,
Seja-me um leito.

Este Teu manto
Que cobre
A todo pobre,
Traga-me encanto.

Enfim, Jesus,
Teu toque
Já me coloque
No lar de luz.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

JUIZ EM GOIÁS CAUSA POLÊMICA AO ANULAR CONTRATO DE UNIÃO ESTÁVEL ENTRE HOMOSSEXUAIS


Nova polêmica envolvendo direitos dos homossexuais surgiu, agora no estado de Goiás. O juiz Jeronymo Pedro Villas Boas, da 1º Vara da Fazenda Pública de Goiânia (GO), anulou o contrato de união estável entre o estudante Odílio Torres e o jornalista Leo Mendes. Para Villas Boas, é inconstitucional o contrato, uma vez que núcleo familiar é constituído por um homem e uma mulher. Ainda segundo o magistrado, o Supremo Tribunal assumiu um papel que caberia apenas ao Congresso, posto que envolveria uma mudança na Constituição do país.

Claro que não faltaram represálias. A decisão foi considerada um “retrocesso moralista” por Miguel Cançado, presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A mídia em geral também retratou de forma pejorativa a decisão de Villas Boas. Infelizmente, em nome de uma liberdade mal explicada, o país vem acompanhando tendências mundiais, que visam promover causas homossexuais. Logo, o critério unilateral empregado não pesa o casamento homossexual pelos seus efeitos, mas pressupõe que seja o mais democrático para o país, e que aqueles que, por razões diversas, não o apóiem, sejam encarados como “moralistas”.

Alguém poderia me explicar qual o erro em ser “moralista”? Que eu saiba, lutar pela moral, por aquilo que seja o bem maior, é justo e digno. Se considerarmos que cada casal tem o direito de amar da forma como bem entender, então a pedofilia não pode ser criminalizada. Aliás, na Grécia a pederastia (iniciação sexual de meninos com homens mais velhos) era prática corrente. Afinal, tudo é questão de opinião ou podemos analisar uniões homossexuais de forma objetiva? Quais os benefícios para os filhos em crescer em lar homossexual?

Enquanto permanecer a ditadura que silencia opiniões contrárias, e veta qualquer discussão (parte do processo democrático) em nome de um suposto benefício inerente, qualquer ação contrária ao homossexualismo será taxada de preconceituosa. Em que tempos vivemos!…

domingo, 19 de junho de 2011

HÁ PAZ SOB AS OLIVEIRAS DE AZINHAGA?


Finalmente em paz, poderíamos dizer. No último sábado, as cinzas do escritor português José de Saramago, falecido há um ano, foram depositadas à sombra de uma oliveira, em sua cidade-natal, Azinhaga. O escritor, dos mais fecundos e premiados entre os cultores da língua de Camões, era conhecido por suas polêmicas: foi comunista ardoroso (dos poucos a não se desiludirem com as ideias de Marx) e ateu não menos ardoroso.

Por essas razões, fica a reflexão: um dia, Saramago terá de se levantar e enfrentar as consequências de sua vida – afinal, isso acontecerá com todo ser humano segundo a Bíblia, livro que ele ridicularizou em Caim (um de seus últimos romances). Todos seremos julgados (Ecl 12:14; Hb 9:27). O que será, então, de Saramago na manhã de sua ressurreição?

Talvez seu exemplo ecoe na vida de Christopher Hitchens. O jornalista inglês, também conhecido pelo seu ateísmo militante, sofre de câncer no esôfago. Mas nem ele, ou o falecido Saramago, abandonou suas convicções anti-cristãs em seus momentos finais (no caso de Hitchens, ainda há esperança!).

Muitos criticam conversões de pessoas em idade avançada ou mesmo em casos de doenças terminais. Atribuem a tais guinadas súbitas de visão a um temor irracional da morte. Mas sequer o sofrimento aproxima algumas pessoas de Deus – talvez nada as aproxime, porque decidiram, contra argumentos e circunstâncias, fecharem-se em sua crosta de ceticismo. São imunes aos apelos do amorável Espírito de Deus.

Parece, portanto, que não apenas sofrimento ou morte servem como fatores para explicar uma conversão. Há algo mais. A vontade tem de se render à influência benfazeja do sobrenatural, do Deus que habita uma esfera além do conhecido, mas que Se revelou – não apenas para que todos em geral o pudessem conhecer, mas o fez e faz de forma específica, individual. Cada homem e mulher tem sua oportunidade. Acredito que Saramago teve a sua. E caso ele não a tenha aproveitado, é de se questionar se, de fato, descansa em paz…

Leia também: A letra arrebata, mas o espírito pouco significa

sábado, 18 de junho de 2011

PARA CAVALGAR SOBRE OS ALTOS DA TERRA


Vi que percebíamos e compreendíamos só um pouco da importância do sábado, em comparação com o que ainda deve- ríamos compreender e saber a respeito de sua importância e glória. Vi que não sabíamos ainda o que era cavalgar sobre os altos da Terra e ser sustentado com a herança de Jacó. Quando, porém, o refrigério e a chuva serôdia vierem da presença do Senhor e da glória de Seu poder, saberemos o que é ser sustentado com a herança de Jacó e cavalgar sobre os altos da Terra. Veremos então mais da importância e glória do sábado. Mas não o veremos em toda a sua glória e importância até que seja feito conosco o concerto de paz à voz de Deus, e as portas de pérola da Nova Jerusalém sejam abertas de par em par, e revolvidas em seus luzentes gonzos, e a alegre e jubilosa voz do adorável Jesus seja ouvida de maneira mais esplêndida que qualquer música que já penetrou em ouvidos mortais, convidando-nos a entrar.

Ellen G. White, Maranata (Meditações Matinais), p. 243.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

DEPOIS DA HERANÇA, O GOLPE

Eustáquio chegou, olhos excitados com a novidade. Zeferino mal pode crer nas palavras atropeladas do colega: uma herança. Riam juntos. Eustáquio fazia planos mirabolantes, divertindo o amigo mais jovem.

“O que você acha de uma picape Mitsubish? Sempre quis dirigir uma, para impressionar aquelas meninas do colégio Francisco de Assis, que esnobam a gente…”

“Ah, seria uma boa. Elas iriam se arrepender, aquelas patricinhas. Umas metidas, isso sim!”

Riram mais um pouco e se despediram. Era tarde e os dois acordariam cedo na segunda. Zeferino quis contar para o mundo a sorte grande que o amigo tirara. Mas como Eustáquio era um rapaz cauteloso e de bom senso, solicitou-lhe que fizesse boca miúda.

Na tarde seguinte, Zeferino voltou do banco cansado. A nova função o estava exaurindo. Ainda sonhava em ser gerente; apenas percebia que o caminho era mais complicado do que imaginara! Deitou-se no sofá com um prato de bolachas e um copo de leite. Adormeceu antes do fim do filme que assistia sem interesse genuíno.

Nem chegou à noite, quando a campainha tocou. Zeferino saltou assustado, pensando ser sua mãe. Dona Francisca detestava quando seu menino (alcunha que ele detestava) sujava a sala com farelos de comida. Por isso, antes de aberta a porta, um prato e um copo foram parar às pressas sobre a pia da cozinha.

Zeferino quase perguntou se a mãe tinha deixado a chave na bolsa velha, quando se assustou ao girar a maçaneta. Eustáquio de novo? Convidou o amigo para entrar, tentando disfarçar o susto que a surpresa lhe trouxera. “Sabe a picape?”, “Qual picape, cara?”. Eustáquio permaneceu observando o dono da casa, na espera de que se lembrasse. “Claro, claro. Puxa! Que distração a minha. Decidiu mesmo levar a mitsubish para a sua garagem?”. “Sim, mas tive uma ideia. É bem divertida, você vai gostar de ouvir isso.”

Amanheceu um dia tranquilo. A concessionária Mitsubish da pacata cidade estava sem muito movimento. Os veículos eram vistosos e modernos, mas além do poder aquisitivo da média da população. Luís Cláudio, um dos vendedores da empresa japonesa, esperava próximo ao rol de entrada por algum cliente em potencial. Procurava conter-se, a fim de mascarar o nervosismo, elemento mais perceptível do que ele estava disposto a admitir.

Para a surpresa de Luís, um cavalheiro distinto surgiu, trajando um terno sóbrio, risca-de-giz. Como um urubu, o vendedor se aproximou do jovem, que pediu para ver uma picape. “Excelente”, disparou Luís Cláudio. “E o senhor tem alguma preferência quanto ao modelo?”, “Quero ver o que você tiver de melhor!”. Ambos começaram a percorrer o salão, passando pelos mais exóticos esportivos e carros de luxo. O jovem cliente olhava maravilhado aquelas máquinas, detendo-se às vezes diante de um modelo que lhe interessasse.

Quanto finalmente chegaram ao espaço onde as picapes estavam expostas, viram alguns modelos, mas o jovem já estava cansado de tanto tempo em pé. Luís Carlos deu-se conta do fato e levou o cliente a um local em que pudesse sentar-se. Ofereceu-lhe chá e biscoitos. Perguntou se queria mais alguma coisa, cercou-lhe de muitos mimos, tantos quanto pode. Enquanto bajulava o rapaz de terno, alguém se aproximou. Era outro moço. Esse trajava uma camiseta furada que fazia um par de mal gosto com sua calça jeans desbotada. Trazia à mão uma pasta de couro surrada. “Oi, você pode me atender?”.

O vendedor olhou o estranho de alto a baixo, sem dizer palavra. Como o jovem insistisse em ser atendido, retrucou: “Você não vê que estou ocupado, atendendo o senhor aqui?” Deu as costas para o maltrapilho e foi mostrar o catálogo de preços para o primeiro rapaz.

Enquanto seguia o atendimento, o homem de jeans surrado percorria a concessionária, em busca de quem o pudesse atender. Todos lhe viravam o rosto. Pareciam convencidos de que dele nada se podia esperar – afinal, se não possuía dinheiro para roupas adequadas, como esperar que tivesse condições para adquirir um ícone do mercado automobilístico?

Desanimado, o rapaz se dirigiu ao guichê de entrada. Perguntou à recepcionista quem era o vendedor com menos experiência. Apontaram-lhe uma moça sardenta na ala esquerda, que atendia por Rose. Sem aparentar ansiedade, ele caminhou até a vendedora. Perguntou-lhe como estava seu trabalho. “Ah, é bem difícil, né? Ainda sou nova e nem sempre encontro clientes que queiram mesmo comprar nossos carros”, disse Rose, com toda a sua sinceridade.

Caminharam até a picape que o estranho queria ver. Ele examinou o veículo e perguntou: “Qual é o valor?”. Rose lhe falou o preço como quem dá uma informação à toa. Quase caiu de costas quando ouviu seu interlocutor falar: “Fechado! Eu fico com ela.” A moça pensou, a princípio, que se tratava de um mal entendido – decerto, ele não prestara a atenção no valor que ela informou. Porém, antes que ela a corrigisse, viu a bolsa velha ser aberta e muitas notas sendo contadas. Estupefata, ela pensou jamais ver tanto dinheiro junto (em geral, seus clientes pagavam com cheques).

A loja parou para ver a cena. Luís Carlos mal pode crer em tudo aquilo. Antes que pudesse se recuperar, o vendedor recebeu outra revelação bombástica: Zeferino tirou o casaco do terno, aproximou-se dele e lhe falou ao ouvido: “Desculpe-me, mas meu horário de almoço já está acabando; como meu amigo já comprou o carro que ele queria, acho que irei aproveitar a carona e voltar para o trabalho…”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A MARCHA PELA MACONHA: LIBERDADE DE EXPRESSÃO OU DEFESA DO IDEFENSÁVEL?


Eu temo a liberdade indiscriminada de expressão. Temo que tal concepção de liberdade não faça frente a princípios sociais que garantem o bem estar geral. Imagine, por exemplo, um programa de televisão que incentivasse a guerrilha como forma de garantir a reforma agrária. Liberdade de expressão requer limites bem nítidos, por mais que um país traumatizado com a ditadura como o nosso recuse reconhecer isso. Para endossar o que afirmei, basta que lembremos que se posicionar a favor de criminosos também constitui ato criminoso – conhecido como “apologia ao crime”.

Por mais que o modelo equivocado de liberdade seja aceito, torna-se difícil entender a decisão (por unanimidade!) do Supremo Tribunal Federal, que liberou a marcha pela maconha. Manifestantes pró-legalização da canabis ativa tomarão a Avenida Paulista em 2 de Julho. Os organizadores do evento comemoram a liberação e ressaltam que em Porto Alegre (RS) a marcha chegou à sua quarta edição consecutiva em 2011. Segundo o site Princípio Ativo, “Um dos slogans famosinhos nos debates caretas é o ‘ignorar é seu vício’. Pois com a chegada da Marcha da Maconha, ficou difícil para as pessoas caretas ignorarem que as pessoas que fumam maconha estão trazendo uma contribuição indispensável: não só falar sobre o assunto, mas também abordá-lo a partir da arte, da criação, do lúdico, da música.”

O argumento é pueril: afinal, desde quando uma abordagem lúdica justifica qualquer tema? E se eu promovesse o crime organizado por meio de músicas ou criasse esculturas enaltecendo o ato do estupro?Entretanto, a defesa mais tola da marcha veio na voz da procuradora da República Janice Ascari: “O cidadão tem o direito de expor seu ponto de vista sobre os assuntos mais polêmicos. Hoje, o uso de maconha é criminalizado, mas até recentemente o adultério também era crime e hoje deixou de ser crime. As leis acabam mudando também com a evolução da sociedade e o cidadão tem direito de expressar o que pensa”.

Se as leis seguem padrões socialmente aceitos e, portanto, têm um caráter mutável, isto não nos impede de avaliar qualitativamente a moralidade de tais leis. Pense nos famigerados “AIs” da ditadura ou nas leis segregacionalistas norte-americanas. Os dois exemplos tipificam leis altamente questionáveis, embora estivessem em sintonia ou com os detentores do poder ou com grande parte da população. As leis mudam, os costumes também; entretanto, há princípios morais universais (como pressupõe a própria Declaração dos Direitos Humanos), que são ulteriores às leis e que servem de parâmetro para que avaliemos qualquer legislação.

Como apoiar o consumo ou liberação da maconha? E como conceder espaço para aqueles que a querem promover, apesar de todos os seus malefícios? Recentemente, visitei uma casa de recuperação de adictos com uma turma de alunos. Um dos internos falou ao grupo, relatando sua experiência. Em suas palavras, a maconha “é porta de entrada para outras drogas”. Agora que está porta está se abrindo, a que outros malefícios ela nos dará acesso?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

INÉPCIA VOLITIVA


Há um cavalo na chuva. A crina lisa
A escorrer pelo dorso úmido. Divisa

Seu olhar o solo, perplexo e em desconcerto.
E deixando a madre das cúmulus-nimbus,
A água invade as árvores que formam limbos.
No monótono suspense do concerto,

Em torno do casco detêm-lhe a corda
E ele atônito vê quando o céu transborda.

O acomodamento impassível do gênio
Nem ao menos tenta escapar do aguaceiro;
Cavalo e chuva têm idêntico cheiro,
E a fusão de ambos já percorre um decênio.

Um cavalo preso é alma confiante,
Sem iniciativa, nem por um instante.

terça-feira, 14 de junho de 2011

NÃO SE FAZ MAIS CASAIS COMO ANTIGAMENTE...


Passado o fuzuê do dia dos namorados (o comércio que o diga), ainda nos resta refletir sobre as relações vivenciadas nesta sociedade em constante transformação (processo que, nem sempre,segue para melhor). Acabou aquele tempo da ingenuidade social, muitas vezes autoimposto. Quando nasci, uma amiga de minha mãe foi visitar-nos. Na ocasião, a moça apresentou à mãe o namorado de que tanto lhe falara e que, de fato, não era ele, mas ela. Este tipo de “revelação bombástica” não se fazia publicamente – tratava-se de assunto sigiloso, confessado para aqueles da mais alta confiança. Ser gay, como se dizia, era coisa de menino sem pai ou de gente imoral.

A sociedade hoje vê com novos olhos a condição homossexual. Promove-se, assim, a suposta valorização do ser humano pelo que ele é, vislumbrando seu potencial, cidadania, valores, sem se concentrar na opção sexual. Cristãos creem igualmente no valor intrínseco dos seres humanos projetados pelo mesmo Deus. Logo, o Senhor ama homossexuais e heterossexuais, negros e brancos, homens e mulheres.

Por outro lado, a aceitação divina, inerente a cada ser humano, não valida escolhas pessoais ou comportamentos sociais contrários à vontade expressa do mesmo Deus. Não se trata de ação meritória. Suas dádivas recaem sobre Gandhis e Hitlers (Mt 5:45). Dizer que Deus ama homossexuais não eleva sua condição. Deus ama homicidas e prostitutas em igual medida; Deus ama até cristãos!

Enquanto homens levam ao parque seus namorados e as novelas contribuem para que a cena se torne parte natural da paisagem, é de se pensar que tipo de sociedade construímos. Chegamos ao ponto em que Kathy Witerick, uma pacata mãe canadense, optou por não contar a seu filho (batizado pela imprensa de Storm) o seu gênero. A decisão, tomada em conjunto com o marido e alguns familiares, prevê que a criança escolha futuramente sua própria sexualidade, sem nenhum tabu.

Em harmonia com o que Deus revelou (cf, por exemplo, Rm 1:22-28), seria aceitável a atitude pós-moderna de dar a cada um o direito de escolher sua própria sexualidade – ou gênero sexual, como alguns preferem diferençar? Como desvincular identidade sexual (anatomicamente estabelecida) de gênero sexual (supostamente ligado à escolha)? Sei que aqui alguns poderiam recorrer à exceção para estabelecer a regra, citando casos de hermafroditismo ou de má formação de órgãos sexuais. Entretanto, para a maioria dos indivíduos, a própria natureza revela inequivocamente uma identidade sexual bem definida.

Embora a homossexualidade trave batalhas, vencendo algumas (como na Argentina) e perdendo outras (no caso da França), a tendência é que seja endossada por leis e acolhida pela sociedade. As leis, que procuram garantir usufruto inconsequente à liberdade de opinião, não levam em conta o fundamento da verdadeira moralidade familiar. Será que um casal homossexual preenche os requisitos de uma vida familiar, com funções de autoridade bem definida? Há modelos de pai e mãe, essenciais para o desenvolvimento infantil? O relacionamento homossexual consegue criar um vínculo semelhante aquele que Deus estabeleceu – marido e mulher se tornando uma só carne (Gn 2:24), com o tipo de experiência que ultrapassa a mera conjunção carnal e atinge o âmago da intimidade almejada pelo Criador? A julgar pela promiscuidade entre homossexuais, o grau de insatisfação em seus relacionamentos deve ser grande. Como observou um professor que tive na faculdade: “Homens homossexuais são infelizes. Eles, à semelhança de mulheres, procuram um ‘homem perfeito’. Mas o ‘homem perfeito’ se interessa por mulheres, não por outros homens. Assim, os homens homossexuais não conseguem psicologicamente se preencher, porque têm de se contentar em se relacionar com alguém como eles, não de um outro gênero.”

Parece, com tudo isso, que quando havia homens e mulheres de mãos dadas em algum parque da cidade, as pessoas eram mais felizes…

segunda-feira, 13 de junho de 2011

NÃO DÁ PARA VIVER ASSIM!


Na popular série da Showtime Dexter, ficamos diante de um especialista em análise de sangue que atua junto ao departamento de polícia de Miami. Dexter Morgan leva uma vida pacata, ao lado da namorada divorciada e trabalhando no mesmo departamento que a irmã adotiva, uma investigadora. Ao mesmo tempo, Dexter é um serial killer, executando outros assassinos que não puderem ser condenados pela lei. A todo instante, a personagem tem de dissimular a fim de garantir sua sobrevivência; como um psicopata, Dexter não sente emoções, perdas ou remorsos, mas tem de manter as aparências e cumprir diversos papéis sociais, fazendo-se passar por um sujeito comum – o que, em verdade, não deixa de ser um anseio que ele possui.

Talvez o sucesso da série esteja justamente em sugerir que, de certa forma, todos nos vemos confusos, em busca de nosso próprio eu, inseguros diante de papeis contraditórios. Nossa época é marcada pela incerteza. Ela é chamada de pós-modernidade, caracterizando-se por uma negação do racionalismo auto-confiante do período anterior, a modernidade. Como chegamos a esta fase do pensamento humano?
Certamente, Friderich Nietzsche deu fundamental contribuição para que isso ocorresse. Sem dúvida, ao “anunciar a morte de Deus, Nietzsche nomeia a ruptura que a modernidade introduziu na história da cultura com o desaparecimento dos valores absolutos, das essências e do fundamento divino”, conclui uma autora. [1]

Com sua negação de valores absolutos[2], Nietzsche abre as portas para pensadores autenticamente pós-modernos, como Michel Foucault e Jacques Derrida. Se Nietzsche atirou a primeira pedra contra o edifício, eles terminaram de o demolir. Entretanto, esses pensadores não puderem mascarar algumas incoerências que carregavam.

Não dá para viver assim

Michel Foucault dizia que a verdade era apenas uma ficção defendida por aqueles que mantinham o poder. Para ele, não havia algo como certo ou errado – a própria moral era obra dos poderosos. Entretanto ele mesmo chegou a participar de lutas sociais.[3] Ademais, quando convocado por uma comissão para estudar o sistema penitenciário francês, Foucault se viu num terrível dilema: como punir os estupradores? O filósofo sustentava total liberdade quanto à sexualidade; mas se manifestações sexuais não podem ser legisladas, o que dizer do estupro? Infelizmente, Foucault não conseguiu fugir da armadilha causada pelo impasse originado em sua filosofia.[4]

Outro expoente pós-moderno, Jacques Derrida advogava a livre interpretação da linguagem, tanto a escrita, quanto a falada. Assim, uma interpretação textual jamais pode chegar à conclusão alguma![5] Contudo, Jacques Derrida sentiu-se injustiçado em um debate com John Searle por achar que em alguns pontos Searle havia mal-interpretado seu pensamento. Isso o forçou a abandonar sua defesa da livre-interpretação. [6]

Para onde nos conduz o pensamento pós-moderno? Ele hostiliza a verdade revelada; valoriza a interpretação em detrimento do conhecimento; relativiza a verdade (enfatizando a verdade comunitária, aceita por consenso geral); e se restringe à transitoriedade, admitindo uma maleabilidade nos princípios.

Por conta de seu anti-realismo, o pós-modernismo enfrenta dificuldades, porque, na prática, se torna impossível vivê-lo coerentemente: “[...] Os pós-modernos continuam a rejeitar a ilusão modernista – negam que os modelos modernistas representem a realidade – mas, por uma questão prática, admitem que os modelos continuam a servir como ‘ficções úteis’ na vida cotidiana.” [7] Na prática, como alguém já notou, “Qualquer tentativa de persuadir alguém a adotar o relativismo assume o absolutismo.” [8] Podemos resumir a incoerência do pós-modernismo da maneira como se segue:

1. Ao afirmar que não há uma verdade absoluta, o pós-modernismo faz, paradoxalmente, uma afirmação absoluta;
2. Nenhum sistema filosófico pode ser sustentável se possui contradição interna;
3. Logo, o pós-modernismo não é sustentável. [9]

Retorno à Verdade

Se temos de retornar à verdade para dar sentido à existência, a qual verdade retornaremos? Se há tantas visões de mundo, como garantir qual delas seja a correta? Ravi Zacharias nos oferece alguns critérios para aquilatar as propostas de qualquer cosmovisão: “O senso comum diz que ao estabelecer a convicção em uma crença, fazemos mais do que oferecer um desejo do coração ou apresentar alguns elementos isolados das credenciais daquele que faz as reivindicações, com as quais saltamos para conclusões grandiosas. A verdadeira defesa de qualquer reivindicação deve também lidar com as evidências que a questionam ou contradizem. Em outras palavras, a verdade não é somente uma questão de ofensiva, no sentido de fazer algumas afirmações. É também uma questão de defesa, no sentido de que deve ser capaz de dar uma resposta racional e sensível aos argumentos contrários que são suscitados.” [10] Nas palavras de Adela Cortina, “se a fé pretende ser comunicável, deve possuir uma base de argumentação que possibilite o diálogo e destrua a desconfiança que produz sua resistência a deixar-se examinar pela razão.” [11] Isso vale para qualquer fé (crença).

Uma visão de mundo tem de ser avaliada pela forma abrangente como interpreta a realidade, bem como pela suficiência e coerência das respostas que provê a perguntas sobre fundamentação de valores morais, destino final da humanidade, razão de nossa existência, etc. É claro que algumas resposta podem coincidir em alguns sistemas; mas, olhando para o todo, qual visão de mundo possui proposta compatível com nosso anseio irrefreado pela beleza, pela verdade e pela justiça? Talvez seja cedo para darmos uma resposta definitiva. Todavia, mantenha a mente aberta para considerar a proposta cristã. O enfoque que daremos a seguir se propõe a evidenciar quão completa é a cosmovisão do cristianismo.


1. Anelise Pacheco, Das estrelas móveis do pensamento: ética e verdade em um mundo digital (Rio de Janeiro, RJ: Civilização brasileira, 2001), p. 149.
2. Friderich Nietzsche, Vérité et mensonge au sens extra-moral (Paris: Actes Sud. 2002.), p. 181-182, citado em Rafael Haddock-Lobo, Uma brisura: Derrida às margens de Nietzche, disponível em http://www.unirio.br/morpheusonline/Rafael%20Haddock.htm .
3. Norman Gulley, Christ is coming! (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 1998), p. 32. Gulley segue Schaeffer neste ponto.
4. Nas palavras do próprio Foucault: “[...] por um lado, será que a sexualidade pode ser submetida, na realidade, à legislação? De fato, será que tudo o que diz respeito à sexualidade não deveria ser posto fora da legislação? Mas, por outro lado, o que fazer com o estupro, se nenhum elemento concernente à sexualidade figura na lei ? Eis a questão que eu formei. [...] nesse domínio havia um problema que se deveria discutir, e para o qual eu não tinha solução. Eu não sabia o que fazer com ele, é tudo.” Entrevista com Michel Foucault com J.François e J. de Wit, 22 de Maio de 1981. Citado em Manoel Barros de Motta (org.), Michel Foucault: a problematização do sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise (Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária, 2010), 3ª ed., p. 340-341.
5. Stanley J. Grenz, Pós-modernismo: um guia para entender a filosofia de nosso tempo (São Paulo, SP: Vida, 2008), 2ª ed, p. 209-210.
6. Ellis, Against Deconstruction (Princeton, N.J.: University Press, 1989), p. 13-14, apud Gulley, p. 33.
7. Stanley J. Grenz, idem, p. 74.
8. Kenneth D. Boa & Robert M. Bowman Jr., An unchanging faith in a chaging world: understanding and responding to critical issues that Christians face today (Nashville, Tennessee: Thomas Nelson Publishers, 1997), p. 56.
9. Douglas Reis, Marcados pelo Futuro: vivendo na expectativa do retorno de nosso Senhor (Niterói, RJ: ADOS, 2011), p. 82-83. Para uma refutação mais detalhada do pós-modernismo, ver o capítulo 5 da referida obra, A verdade ou a vida?, no qual parte boa parte deste tema foi baseado.
10. Ravi Zacharias, Por que Jesus é diferente (traduzido por Josué Ribeiro. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2003), p. 75.
11. Adela Cortina, Ética mínima (São Paulo, SP: Martins Fontes, 2009), p. 231-232
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domingo, 12 de junho de 2011

GUARULHOS SERÁ MARCADO!



No sábado, dia 25 de Junho, estarei em Guarulhos. Convido a todos os paulistas a prestigiarem a programação.


sábado, 11 de junho de 2011

RENDA-SE COMPLETAMENTE


“O coração inteiro tem de render-se a Deus, ou do contrário não se poderá jamais operar a transformação pela qual é restaurada em nós a Sua semelhança. Por natureza estamos alienados de Deus. O Espírito Santo descreve nossa condição em palavras como estas: 'Mortos em ofensas e pecados' (Efés. 2:1); 'toda a cabeça está enferma, e todo o coração, fraco', 'não há nele coisa sã.' Isa. 1:5 e 6. Somos retidos nos laços de Satanás, 'em cuja vontade' (II Tim. 2:26) estamos presos. Deus deseja curar-nos, libertar-nos. Mas como isto requer uma completa transformação, uma renovação de nossa natureza toda, é necessário rendermo-nos inteiramente a Ele.” Ellen White, Caminho a Cristo, p. 43.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ADQUIRA O LIVRO PAIXÃO CEGA - PREÇO ESPECIAL!


Estamos nos aproximando de mais uma Casa Aberta on line. Aproveite para adquirir o livro Paixão Cega, que está completando um ano de sucesso. A história de Sansão como você nunca viu. Para maiores detalhes sobre a Casa Aberta, clique aqui.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

AS ALTERNATIVAS À ÉTICA BÍBLICA: QUAL O MELHOR CAMINHO?


O aparentemente pacato Clyde Shelton (Gerard Butler) presencia sua mulher e filha serem violentadas e mortas. Como testemunha de um crime, ele espera a justiça, confiando no promotor Nick Rice (Jamie Foxx). Entretanto, Rice faz um acordo com um dos bandidos, diminuindo sua pena por ter ele colaborado em outra investigação. Dez anos depois, Shelton volta para se vingar.

A partir desse ponto, o filme Código de Conduta dá uma guinada. Requintes de crueldade e sofisticação extrema passam a fazer parte do arsenal de Clyde Shelton. Porém, o ponto alto da aventura é revelar como a sede de justiça pode conduzir à desidratação própria da vingança. Claro que ver Shelton mutilar o assassino de sua família trará satisfação natural a alguns; entretanto, se justiça for equivalente a fazer o outro sofrer para além do crime, isso, em si, não constituiria um crime também passível de punição?

Antes de mais nada, cabe nos perguntarmos: É possível definir limites morais bem delineados? Bem e mal estão irremediavelmente misturados ou é possível distingui-los?

Se não há absolutos, o que há?

No cristianismo, existem absolutos bem definidos: Deus é o Criador do bem e o que vai contra Sua vontade é, por oposição, o mal. Mas, como já fizemos notar, a mentalidade de nossa época (zeitgeist) é chamada de pós-modernismo. Uma de suas características é o relativismo. Evidentemente, isso se estende para o campo da ética. Então, que alternativas existem quando se abandona a noção de bem e mal definidos por padrões universais?

Há quase 50 anos, o pensador reformado Francis Schaeffer respondeu essa questão: “Se não há absoluto moral, resta-nos o hedonismo (fazer o que bem se entende) ou alguma forma de contrato social (o que é melhor para a sociedade como um todo está certo).”[1] Sua afirmação ecoa em escritos recentes de pensadores não cristãos.

Michel Onfray, conhecido filósofo ateu, assim caracteriza a era pós-cristã na qual vivemos: “Não há valores, ou não há mais valores. Mais ou menos virtudes. Uma incapacidade de distinguir claramente os contornos éticos e metafísicos. Tudo parece bom e bem, o mal inclusive, tudo pode ser dito belo, até o feio, o real parece menos verdadeiro do que o virtual, a ficção substitui a realidade, a história e a memória não fazem mais sucesso em um mundo devoto do instante presente, desconectado com o futuro. O niilismo qualifica a época em que falta toda cartografia: as bússolas fazem falta e os projetos para sair da floresta onde estamos perdidos nem sequer são pensáveis.”

Para ele, a moral não é dada, não é “um problema teológico entre homens e Deus”, mas “história imanente que une os homens entre si, sem nenhuma testemunha”. Logo, segundo o filósofo, “a moral universal, eterna e transcendente cede lugar à ética particular, temporal e imanente”.[2]

Para além do hedonismo de Onfray, existe a ética comunitária defendida pelo falecido filósofo ateu Richard Rorty. Ele acreditava que verdade é um termo que se refere a “entidades e crenças” que, por se mostrarem úteis, foram “incorporadas às práticas sociais aceitas”. Não existe, portanto, verdade objetiva. Cada tradição intelectual ou religiosa encara a verdade de uma forma diferenciada, a qual não seria melhor ou pior do que outras verdades.

“Tudo o que precisamos”, pondera Rorty, “é abandonar a ideia de que deveríamos tentar encontrar uma maneira de fazer tudo permanecer unido, que dirá aos seres humanos o que fazer com suas vidas, dizendo a todos a mesma coisa”. [3] O pragmatismo de Richard Rorty transparece na seguinte analogia: “Dedicar-se a um ideal é como dedicar-se a outro ser humano. Quando nos apaixonamos por outra pessoa, não nos questionamos sobre a origem ou sobre a natureza de nosso esforço em cuidar do bem-estar daquela pessoa. É igualmente inútil fazê-lo quando nos apaixonamos por um ideal […] é tolice pedir uma prova de que as pessoas que amamos são as melhores pelas quais poderíamos nos apaixonar.”[4]


Problemas à vista

Quando se observa a posição hedonista e a ética pragmática, percebe-se que, na prática, elas trazem imensas dificuldades! Imagine que todos pudessem fazer o quisessem, sem limites (como prega o hedonismo); isso seria o caos! Igualmente, se cada sociedade ou comunidade ideológica está tão certa quanto qualquer outra, elas não poderiam ser julgadas de nenhum modo. Em um diálogo com um ateu, ele fez referência a países nos quais, culturalmente, não há problema em se agredir mulheres. Mas isso estaria correto apenas por ser a cultura daquelas pessoas? Ou a mulher possui valor ontológico (ou seja, valor pela natureza de seu próprio ser), independentemente da cultura?

Mesmo não cristãos reconhecem a dificuldade de se aceitar uma ética não fundamentada em uma verdade absoluta. “Sem a aceitação de tais validades [universais e reconhecíveis], ao que parece, formações sociais não podem ser configurações humanamente vivenciáveis de liberdade concreta. Também uma sociedade pluralista apenas é uma sociedade à medida que não é pluralista, senão que constitui identidade.”[5]

O próprio Schaeffer apontou os defeitos das abordagens éticas que descartam referenciais absolutos: “Sem absolutos, a moral deixa de existir como moral e o homem humanista, que parte de si mesmo, encontra-se impossibilitado de encontrar os absolutos de que ele carece.”[6] Precisamos de certezas morais para o dia a dia. Como observamos, a visão pós-moderna falha em prover um fundamento moral, assim como, antes dela, o racionalismo iluminista falhou em dar respostas. Assim, não de se estranhar que muitos eticistas têm recorrido à ética cristã. Mas será que essa ética é confiável?

Ética Bíblica: uma revolução confiável

É preciso dizer que os cristãos concordam em parte com muitas outras ideologias ou religiões; em parte, isso acontece porque cremos que Deus Também Se revelou por meio de Sua criação (Sl 19:1, Rm 1:18-32). No campo da ética, isso quer dizer que as pessoas podem assumir comportamentos corretos, mesmo se não forem cristãs. Mas o cristianismo fornece uma base mais ampla para comportamentos éticos porque o Seu fundamento põe o homem em contato com o Seu Criador, a quem deve prestar contas (Ec 12:14). Além disso, a ética bíblica está preocupada mais com a vontade interna do que meramente com a ação exterior (Mt 5:21,22, 27,28).

Ao introduzir uma ética absoluta, o monoteísmo bíblico “revolucionou a vida religiosa dos povos antigos”. Na verdade, o “Deus da Bíblia não Se limita a propor dogmas de fé à adesão dos fiéis, mas proclama, antes de tudo, normas imperativas de conduta, a serem escrupulosamente observadas na vida de todos os dias.”[7] Na prática, o cristianismo ajudou progressivamente a levar igualdade social a todos os povos.[8]

Ninguém que opte por uma ética particular ou comunitária pode ter certeza de que está, definitivamente, agindo de forma ética ou correta. O que temos nesse caso? Ou a nossa opinião, ou a de nossos pares. Mas, na ética bíblica, temos a garantia de obedecer Àquele que afirmou fazer “diferença entre o justo e o ímpio” (Ml 3:18).

1. Francis Schaeffer, O Deus que Intervém (São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2002), p.166.
2. Michel Onfray, A Potência de Existir: manifesto hedonista (São Paulo, SP: Martins Fontes, 2010), p. 33, 47.
3. Richard Rorty, Filosofia Como Política Cultural (São Paulo, SP: Martins fontes, 2009), p. 24, 25, 28, 61.
4. Idém, Uma Ética Laica (São Paulo, Martins Fontes, 2010), p. 16.
5. Arno Anzenbacher, Introdução à Filosofia Ocidental (Petrópolis, RJ: Vozes, 2009), p. 188. Grifo no original. O autor ainda define verdade como “pretensão de validade resgatável” (p. 189), ou seja, como algo que pode ser examinado.
6. Schaeffer, op. cit, p. 168.
7. Fábio Konder Comparato, Ética: direito, moral e religião no mundo moderno (São Paulo, SP: Cia. das Letras, 2006), p. 67, 69.
8. Adolfo Sánchez Vázquez, Ética (Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2008), p. 277.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

À LAREIRA


Deixe-me ver, acho que ela está… Hum… onde pus
A garrafa de vinho? Está esfriando muito
Rápido – amanhã pode haver chuva. Essa luz,
Será que volta? Achei! No armário, que fortuito!…

Tomara que ela não demore. Já expus
O que penso de nosso envolvimento; o intuito
Não é deixá-la agora. Ah, não! O meu capuz
Molhado sobre a cama! Algum curto circuito

No transformador? Vem logo querida! Tive
De inventar razões para a minha esposa achar…
Opa! A lareira! Há mais lenha? Hei! Quase o declive

Me fez tomar um tombo! E essa dor? Meu peio arde.
Que estranho… Eu… A lareira… A cama… O vinho… Ar, ar!
Não! Onde há mais lenha? A porta – ela… chegou tarde!…

segunda-feira, 6 de junho de 2011

PODER E ÉTICA: STRAUSS-KHAN NA BERLINDA


O casaco escuro deu sobriedade ao senhor acompanhado por policiais. Sua fisionomia sisuda mal transparece a influência que exerceu e os recursos financeiros que ainda detém. Às 9h40 (horário de Nova Iorque), O ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn, 62 anos, chegou ao Tribunal Penal. Ao fim da sessão, a terceira desde sua prisão, ele se declarou inocente. Em frente ao tribunal, camareiras de hotéis da região que organizavam uma manifestação vociferavam: “tenha vergonha”.

No último 14 de Maio, Strauss-Khan foi acusado de crime sexual cometido contra a camareira (32 anos) de um hotel em Manhattan. Uma semana depois, o francês foi preso e permaneceu durante quatro dias em Rilkers Island, sob as grades. Mediante o pagamento da fiança (US$ 1 milhão!), Strauss-Khan teve de fazer o depósito (de US$ 5 milhões!) que lhe garantisse ficar em prisão domiciliar. Ele é vigiado 24h por dia e monitorado com um dispositivo eletrônico afixado em seu tornozelo – tudo para impedir que ele deixe os EUA. Vale lembrar que Dominique Strauss-Kahn teve de desembarcar de um avião com destino à França, quando tentava deixar o país após a acusação. Detido no aeroporto Kennedy de Nova York, ele não havia se pronunciado até hoje.

Ao se declarar inocente, o ex-diretor do FMI deixou a cargo do Justiça Americana provar se houve agressão sexual. Alguns jornais americanos divulgaram que testes conduzidos pela polícia (que não se pronunciou sobre o assunto) detectaram o sêmen de Strauss-Khan nas roupas da camareira agredida, uma imigrante cuja identidade se mantém preservada. Se confirmadas as acusações, Dominique Strauss-Kahn ficará até 74 anos na prisão.

Isso põe fim nas ambições do político socialista francês de carreira ascendente e que, segundo se especulava, concorreria em 2012 à presidência de seu país. Por mais que seu advogado, Benjamin Brafman, garanta que ele em breve estará livre das acusações, sua carreira está manchada. No luxuoso apartamento em que vive desde que se sujeitou à prisão domiciliar, Strauss-Khan amarga a demissão do FMI, pedida 4 dias depois da acusação. Além disso, seu futuro parece cada vez menos promissor.

Assumindo que o francês é, de fato, culpado de todas as acusações (o que ainda não se acha definitivamente provado), teríamos um caso grave de abuso de poder. Semelhante a outros episódios contemporâneos, a suma desse indica o quanto o poder (financeiro, político, social, etc) se revela capaz de desumanizar pessoas e reduzi-las a objeto de satisfação ou ganho pessoal. Sendo esse o caso, o político francês não teria sucumbido à tentação de comprar algo que não estava à venda, de desejar uma mercadoria que, em verdade, era mais do que manufatura – era um ser humano, com desejos próprios e não-manipulável.

O FMI se define como uma organização presente em 187 países, visando a cooperação entre eles em vista da estabilidade financeira mundial. Pena que seu líder máximo presumidamente tenha contribuído para uma crise moral, mostrando que a maior necessidade de nosso tempo não tem que ver tanto com finanças quanto com caráter!

NO ACRE, ALUNOS SÃO CONSTRANGIDOS A ASSISTIREM VÍDEOS DO KIT ANTI HOMOFOBIA


A canalha antidemocrática, que acredita que a democracia é bacana desde que valha para seus aliados, reclama que os evangélicos são conservadores, reacionários, atrasados, sei lá o quê. Pois é… Não fossem eles, os estudantes de Rio Branco, no Acre, continuariam a ser submetidos a uma variante de abuso e assédio moral — os filmes do MEC não exatamente isso. Mais: seriam usadas como uma espécie de cobaia.

O Ministério Público precisa apurar se procede a denúncia de que salas de aula foram trancadas para que os alunos fossem obrigados a assistir aos filmes. Se isso é verdade, professores, diretores e o secretário de Educação do Estado têm de ser processados. Trata-se de constrangimento ilegal.

Não se tranca uma sala de aula nem para obrigar o aluno a assistir aula de matemática. Direito de sair da sala, ele tem a qualquer momento, arcando com as conseqüências previstas em regimento. Nesse caso, estava sendo exibido em sala um material que havia sido vetado pelo próprio Poder Executivo porque inadequado.

Reinaldo Azevedo

domingo, 5 de junho de 2011

QUEM SE IMPORTA COM A COSMOVISÃO?


Fui levado às pressas para o hospital. Sentia dores na região abdominal e nem sequer disfarçava os urros. O primeiro médico que me viu não teve dúvidas e diagnosticou: pedras nos rins – que, segundo alguns, causam dores mais fortes que as do parto. Confesso que, até ali, eu nem me dera conta da relevância dos meus rins (conquanto eles funcionassem, continuariam quase completamente irrelevantes). Não conheço pessoas que se importem com suas amídalas ou seu apêndice, antes que eles inflamem e tornem necessária a intervenção cirúrgica!

Algumas coisas são como esses órgãos citados – se funcionam dentro da normalidade, passam incógnitas. Apenas em meio a uma crise despertam nosso interesse (vez ou outra, sou dolorosamente lembrado de que meus rins existem…). O mesmo raciocínio se aplica ao padrão que orienta nossas escolhas: ele está lá, mas não nos damos conta.

As razões por trás da razão

O sociólogo polonês Zigmunt Bauman observa que poucas pessoas seriam capazes de identificar, de forma objetiva, os princípios que seguem na vida cotidiana.[1] Apesar disso, todos nós temos respostas para as grandes perguntas que fazem parte da vida. Não se trata de respostas abstratas, mas de orientações à vivência diária, assuntos que envolvem desde escolhas aparentemente pouco importantes a questões morais significativas. Nesse sentido, Heidegger diz que todos somos filósofos – não por profissão, porém no sentido de que existimos e buscamos resposta para nossa existência.[2]

Embora haja inúmeras formas de entender assuntos como Deus, nosso propósito no mundo, o que acontece depois que morremos, etc., há poucos padrões básicos de respostas a essas indagações e outras similares. Dizemos que cada conjunto de respostas forma uma grade conceitual, chamada cosmovisão ou visão de mundo (do alemão weltanschauung). Já foi dito que a cosmovisão é “a suposição fundamental que forma o pensamento e o comportamento das pessoas”[3] ou a “capacidade humana de perceber a realidade sensível”[4] (ou seja, de interpretar o mundo que nos cerca).

A cosmovisão afeta o comportamento, as decisões, os valores, os julgamentos e percepção das pessoas. Portanto, estamos falando de algo que está embutido em cada ser humano, embora muitos sequer saibam definir uma cosmovisão. Entretanto, todas as pessoas possuem uma orientação mental visível em sua vida prática. Logo, elas possuem uma cosmovisão![5]

De uma concepção cristã, é fundamental dialogar com pessoas portadoras de uma cosmovisão distinta em termos significativos para elas: “Cada ser humano é nutrido dentro de um contexto cultural. Indivíduos e comunidades interpretam o mundo por meio desse contexto. Eles avaliam novas ideias, crenças e valores por meio de sua própria cosmovisão prévia. Se somos incapazes de mostrar o evangelho e a específica mensagem dos três anjos em termos que são inteligíveis para eles, estamos falhando em dar às pessoas oportunidade de ouvir, entender e aceitar a Palavra de Deus.”[6]

Visões em conflito

Ainda assim, o choque entre visões de mundo conflitantes é inevitável, porque em um mundo plural, como o nosso, constantemente interagimos com pessoas que possuem grades conceituais distintas, razão de haver mal-entendidos, divergências, conflitos ou desentendimentos mais sérios.

Às vezes, determinada cosmovisão ultrapassa limites de famílias, clãs e países, influenciando grande massa de pessoas. Nesse ponto, tal visão de mundo chega ao patamar de espírito do tempo (zeitgeist). Essa visão de mundo mais disseminada passa a exercer controle sobre as demais, influenciando-as e as restringindo.[7]

Para entender bem como isso ocorre, pense na seguinte situação: o bairro X de uma grande metrópole é famoso por seu comércio. Depois de alguns anos de desenvolvimento urbano, surge um shopping center ali. O potencial comercial do shopping é capaz de sufocar as lojas menores, ao mesmo tempo em que será capaz de agregar em suas dependências lojas maiores que possuam perfil compatível com sua proposta. De forma similar, o espírito da época saberá agregar visões de mundo compatíveis com sua proposta, enquanto acabará encurralando no ostracismo aquelas cosmovisões que se lhe opõem.


[1]. Zygmunt Bauman, Ética Pós-moderna (São Paulo, SP: Paulus, 1997), p. 41.
[2]. Martin Heidegger, Introdução à Filosofia (São Paulo, SP: Martins Fontes, 2009), 2ª ed., p. 3, 4. No dizer de Francis Schaeffer, “a filosofia é universal em seu escopo. Nenhum ser humano é capaz de viver sem uma visão de mundo; por isso, não há ser humano que não seja um filósofo” (Francis Schaeffer, O Deus Que Se Revela [São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2002], p. 42). “Pessoas em toda parte assumem respostas a estas questões [metafísicas] e depois prosseguem em sua vida diária agindo com base naquelas suposições. Não há como fugir das decisões metafísicas [as quais lidam com estruturas para interpretar o mundo], a menos que alguém escolha vegetar – e até mesmo esta decisão seria metafísica sobre a natureza e função da humanidade” (George Knight, Filosofia e Educação: Uma introdução de uma perspectiva cristã [Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária adventista – Unaspress, 2001], p. 18.
[3]. Chaltal J. Klingbeil, Iglesia y Cultura ¿Amigas o Enemigas?, in Gerald A. Klingbeil, Martin G. Klingbeil e Miguel Ángel Núñes, Pensar la Iglesia Hoy: Hacia una eclesiología adventista – Estudios teológicos sudamericano em honor a Raoul Dederen (Libertador San Martín, Entre Rios, Argentina: Editorial Universidad Adventista del Plata, 2002), p. 353.
[4]. Fabiano de Almeida Oliveira, Reflexões Críticas Sobre Weltanschauung: Uma análise do processo de formação e compartilhamento de cosmovisões numa perspectiva teo-referente (Fides Reformata, volume XIII, nº 1, 2008), p. 33.
[5]. Para uma reflexão mais detalhada sobre a cosmovisão, veja Douglas Reis, Marcados Pelo Futuro: Vivendo na expectativa do retorno de nosso Senhor (Niterói, RJ: ADOS, 2011), especialmente o capítulo “Crer primeiro, depois ver para crer mais”, p. 31ss.
[6]. Barry D. Oliver, Can or should Seventh-day Adventist belief be adapted to culture?, in John L. Dybdahl (ed.), Adventist Mission in the 21st Century: The joys and challenges of presenting Jesus to diverse world (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association,1998), p. 75.
[7]. Fabiano de Almeida Oliveira, ibidem, p. 45.

sábado, 4 de junho de 2011

ATÉ A ETERNIDADE


Mostrou-se-me que a lei de Deus permaneceria firme para sempre, e existiria na nova Terra por toda a eternidade. Na criação, quando foram firmados os fundamentos da Terra, os filhos de Deus olhavam com admiração para a obra do Criador, e todo o exército celestial aclamava de alegria. Então foi que se lançara o fundamento do sábado. No fim dos seis, dias da criação, Deus repousou no sétimo dia de toda a obra que fizera; e abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele repousara de toda a Sua obra. O sábado foi instituído no Éden, antes da queda, e foi observado por Adão e Eva e todo o exército celestial. Deus repousou no sétimo dia, e o abençoou e santificou. Eu vi que o sábado nunca será anulado; antes, por toda a eternidade, os santos remidos e todo o exército celestial o observarão em honra ao grande Criador.


Ellen White, Primeiros Escritos, p. 217.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

PEQUENA ODE AO ÓDIO


Levantou-se e percebeu,
Na ante-sala cerebral,
Aquele atro camafeu,
Força irresistível de um mal.

Odiou as farpas solares
E o perfil do céu risonho.
Nada comeu – só pesares
E as migalhas de algum sonho.

Desceu a escada crua,
Tendo ódio ao elevador;
E ébrio na esquina da rua,
Pedalava a sua dor.

Foi ao parque odiar as aves,
A verter o olhar no lago,
Numa transfusão de ais suaves,
Embora odiasse em tom vago.

E, embalsamando o seu rosto,
O tédio lhe descompunha…
Por afeição ao desgosto,
Terminou roendo a unha.

A MARCHA (IMPERCEPTÍVEL) DOS PINGUINS


Uma equipe internacional de cientistas desvendou o mistério de como os pinguins aguentam o frio quando estão em grandes grupos.

Um vídeo gravado durante o inverno na Antártida capturou durante várias horas a movimentação em ondas no grupo de pinguins.

Ao acelerar as imagens, os cientistas descobriram que as aves se movem de forma quase imperceptível pelo grupo, para que aqueles da ponta, possam se esquentar também. O estudo foi publicado na revista especializada Plos One.

Revezamento

Os pinguins imperadores conseguem sobreviver ao inverno formando grandes grupos e os cientistas sempre se perguntaram como os pinguins nas pontas do grupo se mantinham quente como os do centro.

"Os pinguins precisam se agrupar ou então perderão energia. Se o grupo for muito solto, os pinguins congelam. Mas, se o grupo for muito apertado, eles não conseguem se mover", disse o líder da pesquisa Daniel Zitterbart, da Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, à repórter da BBC Rebecca Morelle.

O grupo de pinguins foi filmado em Dronning Maud Land, na Antártida, onde as temperaturas podem cair a menos 45 graus e os ventos chegam a 180 quilômetros por hora.

Durante este período, os pinguins imperadores machos ficam em grupos não apenas para manter o calor, mas também para incubar os ovos, já que as fêmeas vão para o mar nesta época.

As câmeras fizeram imagens da colônica a cada 1.3 segundo durante horas para capturar o movimento do grupo.

"A colônia fica parada a maior parte do tempo, mas, a cada 30 ou 60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a se mover aos poucos", disse Zitterbart.

"Isto faz com que os pinguins que cercam o grupo se movam e, de repente, este movimento atravessa a colônia como uma onda."

O movimento coordenado do grupo é tão sutil, que é imperceptível a olho nu, mas, em imagens gravadas durante um período mais longo, é possível ver o impacto destes movimentos na estrutura da colônia.

As imagens também revelaram que, enquanto a onda atravessa a frente do grupo, alguns pinguins que estão na área saem da colônia e vão para a parte de trás do agrupamento.

Isto significa que, durante várias horas, os pinguins usam as ondas para viajar pela colônia e ter a chance de dividir um pouco de calor.

BBC Brasil

Ao ver esta notícia, dei-me conta de quantos mistérios espetaculares a natureza ainda nos reserva! Sem dúvida, uma inteligência superior coordena esses acontecimentos, atuando nos bastidores da chamada "luta pela sobreviência". Há aproximados 3500 anos, o livro de Jó relatava em seu clímax o impressionante diálogo entre Deus e Jó. As perguntas que o Criador dirigiu ao sofredor são terríveis e desafiadoras: "Onde você estava quando lancei os alicerses da terra? [sic] E os seus fundamentos, sobre o que foram postos?" (Jó 38:5-6, NVI). Todos os detalhes do mundo natural foram arquitetados por Deus e, mesmo com a entrada do pecado, que desfigurou a obra original, ainda é possível ver beleza na imensidão da natureza. Mas o melhor é que o Deus que cuida dos pinguins afirma que se importa muito mais conosco, seres humanos tão egoístas e preocupados! Afinal, nos diz o Senhor, "Não têm vocês muito mais valor do que [eles]?" (parafraseado de Mt 6:26, NVI).

quinta-feira, 2 de junho de 2011

PESQUISA REVELA: DIVÓRCIO ATRAPALHA ESTUDO DAS CRIANÇAS

O divórcio dos pais afeta profundamente a vida escolar dos filhos pequenos, segundo conclusões de uma pesquisa americana. De acordo com o estudo, as crianças sofrem uma queda em seu desempenho acadêmico, além de desenvolverem dificuldade para se relacionar com os colegas. Os pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison fazem, portanto, um alerta: é preciso que os pais redobrem a atenção dispensada aos filhos nesse delicado momento da vida familiar.

A pesquisa acompanhou cerca de 3.500 crianças de quatro anos. A experiência durou cinco anos e, por meio dela, foi possível comparar o desenvolvimento emocional de crianças cujos pais se divorciaram daquelas cujos pais permaneceram casados.

O resultado mostra que as crianças de pais em processo de divórcio sofrem de ansiedade, solidão e tristeza. Por isso, se distanciam dos amigos e passam a ter dificuldades em acompanhar o ritmo acadêmico. Com isso, veem suas notas despencarem. A boa notícia é que a situação tende a se estabilizar com o passar do tempo e da estabilização da separação.

Entre as causas desse situação estão o stress causado pelo desgaste da relação entre os pais, que passam a brigar na frente dos filhos pequenos. Discussões sobre guarda e pensão também causam prejuízos sobre as crianças, dizem os pesquisadores.

A pesquisa foi publicada no periódico especializado American Sociological Review.

Site de Veja

Na convivência com crianças e adolescentes, posso ver isso na prática. Em geral, os alunos que apresentam maiores dificuldades, tanto academicamente, quanto em questões disciplinares, proveem de lares desestruturados. Além do impacto que o divórcio traz aos jovens em formação, existe também a falta de um relacionamento aberto entre eles e seus pais. Ouvi por estes dias um desabafo: “como gostaria que meus pais me dessem carinho e atenção!” Não é à toa que adolescentes buscam amizades virtuais: muitos deles (não todos!) querem compensar a falta de afeto em seu lar.

PAPA ENFATIZA MARIOLATRIA



Ao longo de seu pontificado, Bento XVI vem endossando doutrinas tradicionais católicas, a fim de contrapor-se ao relativismo imperante. Particularmente, defendo um cristianismo de oposição, que desafie o zeitgeist pós-moderno. Entretanto, a sobrevivência da fé na cruz depende de um resgate de sua base, a compreensão bíblica. O movimento que se vê no catolicismo do papa caminha em direção oposta: ao reafirmar suas crenças tradicionais, ele recorre à tradição, que em muitos pontos solapa e distorce a Bíblia.

No último dia de Maio, por exemplo, Bento XVI recebeu uma delegação da congregação mariana Mariä Verkündung (Maria Anunciada) de Ratisbona (Alemanha). Conforme informou o site Zenit, o papa resumiu sua posição enunciando que “A catolicidade não pode existir sem uma atitude mariana”, porque “ser católicos quer dizer ser marianos, que isso significa o amor pela Mãe, que na Mãe e pela Mãe encontramos o Senhor”.

Parte da argumentação do pontífice é puro ilusionismo exegético: ele busca nos mover da devoção que Maria demonstrou pelo Salvador à devoção dirigida à própria Maria (sem respaldo bíblico). Bento ainda destaca que a fé em Maria não se apóia no passado, e, sim, olha para o futuro.

Ironicamente, ao lutar contra o relativismo, o papa o estabelece, porque defende uma interpretação baseada em meras opiniões humanas (base do relativismo); afinal, como ele poderia apelar à Revelação se ela considera a adoração a qualquer coisa, exceto Deus, como idolatria (ex 20: 4-5; Sl 115:4-8; Is 46)?