domingo, 19 de junho de 2011

HÁ PAZ SOB AS OLIVEIRAS DE AZINHAGA?


Finalmente em paz, poderíamos dizer. No último sábado, as cinzas do escritor português José de Saramago, falecido há um ano, foram depositadas à sombra de uma oliveira, em sua cidade-natal, Azinhaga. O escritor, dos mais fecundos e premiados entre os cultores da língua de Camões, era conhecido por suas polêmicas: foi comunista ardoroso (dos poucos a não se desiludirem com as ideias de Marx) e ateu não menos ardoroso.

Por essas razões, fica a reflexão: um dia, Saramago terá de se levantar e enfrentar as consequências de sua vida – afinal, isso acontecerá com todo ser humano segundo a Bíblia, livro que ele ridicularizou em Caim (um de seus últimos romances). Todos seremos julgados (Ecl 12:14; Hb 9:27). O que será, então, de Saramago na manhã de sua ressurreição?

Talvez seu exemplo ecoe na vida de Christopher Hitchens. O jornalista inglês, também conhecido pelo seu ateísmo militante, sofre de câncer no esôfago. Mas nem ele, ou o falecido Saramago, abandonou suas convicções anti-cristãs em seus momentos finais (no caso de Hitchens, ainda há esperança!).

Muitos criticam conversões de pessoas em idade avançada ou mesmo em casos de doenças terminais. Atribuem a tais guinadas súbitas de visão a um temor irracional da morte. Mas sequer o sofrimento aproxima algumas pessoas de Deus – talvez nada as aproxime, porque decidiram, contra argumentos e circunstâncias, fecharem-se em sua crosta de ceticismo. São imunes aos apelos do amorável Espírito de Deus.

Parece, portanto, que não apenas sofrimento ou morte servem como fatores para explicar uma conversão. Há algo mais. A vontade tem de se render à influência benfazeja do sobrenatural, do Deus que habita uma esfera além do conhecido, mas que Se revelou – não apenas para que todos em geral o pudessem conhecer, mas o fez e faz de forma específica, individual. Cada homem e mulher tem sua oportunidade. Acredito que Saramago teve a sua. E caso ele não a tenha aproveitado, é de se questionar se, de fato, descansa em paz…

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