quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

PORNOGRAFIA, EROTISMO & OTHER THINGS



Desafiador falar sobre pornografia, sutilmente acariciada pela cultura. O acesso a fontes confiáveis também não se mostra fácil. Uma busca no Google leva a uma imensurável quantidade de sites que promovem e explicitam material vulgar; dificilmente se acharia uma discussão razoável.

Se é verdadeira a estimativa de que 80% de toda a internet consiste em sites pornográficos, não o afirmo, pois isto carece de convalidação; o que posso dizer é que o crescimento de sites dessa natureza parece aumentar assustadoramente. Um teste empírico: digitando no Google qualquer expressão (legítima ou chula) de conotação sexual, o resultado levará a dezenas, centenas ou milhares de páginas.

Claro que há interessados em lucrar com isso: redes de acompanhantes, a poderosa indústria do cinema pornográfico, além dos grandes portais, que oferecem “serviços” de conteúdo adulto. Quero esclarecer, antes de prosseguir, que uso o termo “adulto” por ser locus communis; entretanto, não concordo que a pornografia seja um fenômeno adulto. Comumente, ela é tão disparatada quanto os adolescentes, possuindo um efeito infantilizador.

Todavia, dizer que a pornografia é voltada para adultos se trata de um mito bem estabelecido e incorretamente aceito – inclusive por cristãos! Passo a um exemplo: descobri um blog evangélico que reproduziu (com direito a copyright ) o meu texto Quadrinhos: janela para uma sexualidade distorcida. Alguém fez um comentário pretensamente moderado, afirmando: “[…] É por isso que uma leitura como Watchmen [a qual critiquei por sua sensualidade , apoio a pedofilia e violência] não deveria passar nas mãos de quem não tem maturidade para isso. Ela não foi feita para isso, assim como um filme como Silêncio dos Inocentes ou Kill Bill não foi feito para crianças.” Pergunto: e para quem seriam feitas coisas como Watchmen? Para adultos? Eles poderiam se expor à pornografia como entretenimento?

Tudo bem que Aristóteles defendesse a virtude como moderação; mas isso não equivale a buscar um meio termo em todas as questões. Às vezes, ser por demais conciliatório significa adotar um posicionamento ambíguo. E há questões para as quais se aplica o critério de Jesus: “sim, sim”, “não, não”.

No caso da pornografia, a verdade está em reconhecer que não há filtros confiáveis. A respeito dela, vale a mesma advertência que o Ministério da Saúde faz publicar nas embalagens de cigarro: “Não há níveis seguros de consumo para essa substância.”

Persiste, porém, a preocupação de autoridades com crianças e adolescentes em face da exposição facilitada a material de conteúdo explicitamente pornográfico. Por um lado, a preocupação é louvável. Por outro, é deficiente por (a) ser parcial, e se esquecer das mensagens implícitas, em programas humorísticos, filmes e comerciais e (b) olvidar os danos que a pornografia causa aos adultos.

Muitos estudiosos da mídia pornográfica defendem-na como expressão de arte. Existe a conceituação de que pornografia tem que ver com exposição pormenorizada do intercurso sexual ou das partes íntimas do corpo humano, enquanto o erotismo seria a insinuação do ato sexual ou a exibição sutil ou sub-entendida do corpo humano.

Em filmes com enredo pornográfico, por exemplo, a mulher é geralmente a peça-chave: ela é retratada como tendo as mesmas paixões libidinosas que o homem, o que distorce a sua sexualidade própria , fazendo da figura feminina mero objeto de prazer (como bem criticou Allan Moore); já em material erótico, há um jogo indireto, que se manifesta por fantasias, envolvendo sedução e sensibilidade. Grosso Modo, pornografia atrai homens e erotismo, mulheres.

Como cristãos, devemos estar certos de que o consumo desses materiais não representa o plano divino para o homem. Claro que o sexo não é sujo ou intrinsecamente pecaminoso. A experiência da intimidade física está reservada para o casamento, dentro do qual se espera que haja todo o suporte emocional devido ao grau de compromisso integral feito entre os cônjuges sob a bênção do Criador. Infelizmente, mesmo o casamento pode ser palco de abominações e depravações sexuais, incompatíveis com aquilo que o Senhor declarou ser saudável. Contudo, mesmo essa constatação não anula a verdade de que o casamento permanece sendo o ambiente propício para a expressão da sexualidade veiculada ao amor desinteressado, autêntico.

Por isso, a banalização do sexo através da pornografia é sempre nociva, por apresentar textos, imagens, áudio-visual, etc, contendo modelos divorciados do que Deus estipulou – o sexo marital, heterossexual, voluntário, capaz de proporcionar gratificação aos parceiros, sem recorrer a coisas tais como sexo oral, sexo anal, uso de objetos que provoquem dor física (sexo sado-masoquista), ou emprego de recursos para simular a penetração e coisas do gênero.

E quanto ao erotismo? Antes de considerá-lo, lembremo-nos de que um livro da Bíblia (em especial) retrata o amor erótico com belíssimas imagens poéticas: o Cântico dos cânticos. Isso, porém, deve ser analisado com cautela, a fim de que não sirva de pretexto para uma postura permissiva. O erotismo na mídia insinua fantasias com outras pessoas fora da relação conjugal, ou recorre a acessórios temáticos (fantasias com enfermeiras, super-heróis, personagem de cinema, etc).

O erotismo saudável parte do diálogo entre o casal, quando as preferências pessoais são conhecidas e ocorrem os jogos sexuais e carícias. Num relacionamento entre pessoas cristãs, coisas simples são excitantes. Por outro lado, tem-se a impressão de que quanto mais um casal tem de fazer ou simular para que ambos se sintam excitados, mais há indícios de disfunção sexual da parte de pelo menos um dos parceiros. Na verdade, desmascaramos outro mito, o qual não merece crédito: “não existe certo ou errado entre quatro paredes, desde que os envolvidos concordem com suas próprias regras.”


Logo de início, falei da dificuldade em lidar com o assunto. Apresentei breves considerações sobre o perigo oferecido pela variedade de material pornográfico, além de mitos sobre a sexualidade aceitos por grande parte da população. Finalizo pedindo ao leitor/leitora medite na figura que escolhi: Você sabe o nome dessa flor? Sendo ela bem conhecida, é provável que você já tenha visto ou tocado nela; você teria alguma experiência relacionada à flor em questão? Quais as suas características? Como a flor ilustra a psique humana? Que compromissos você deve assumir antes de ter de encarar as tentações sexuais? Converse com Deus sobre isso.

Um comentário:

AFONSO CELSO disse...

A importâcia deste tema é propicio para os dias em que vivemos, de fato a pornografia nos meios cibernéticos e até mesmo no momento em que voce está num site limpo surge um spam de nuances pornográficas pode trazer danos a comunhao entre o ser humano e Cristo, seria propício orar antes de entrar em qualquer site, para que sempre o nome de Deus seja honrado.