sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
UM ATO DE RISCO
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
FEVEREIRO DE 2012: NOVO TERREMOTO ATINGE AS FILIPINAS

Um terremoto de magnitude 6,7 abalou a região central das Filipinas nesta segunda-feira, 6, matando ao menos 13 pessoas, afirmam as autoridades. O tremor ainda destruiu prédios e causou deslizamentos de terra que soterraram dezenas de casas e seus moradores. Pelo menos 29 pessoas estão desaparecidas.
Bullit Marquez/APSismólogo mostra a atividade sísmica perto das ilhas filipinasO terremoto ocorreu às 11h49 locais (1h49 em Brasília) e teve o epicentro próximo da Ilha dos Negros, a 20 quilômetros de profundidade, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Um grande deslizamento ocorreu na cidade de Guihulngan, de 180 mil habitantes, deixando 30 casas soterradas e 29 desaparecidos, segundo o prefeito Ernesto Reyes. "Vamos esperar pelo melhor, para que ainda haja sobreviventes", disse, acrescentando que as equipes de resgate trabalham no local.
Reyes disse que ao menos dez pessoas foram confirmadas como mortas na cidade, incluindo estudantes de uma universidade e de uma escola primária. Pessoas que estavam em um mercado que desabou também morreram. Há ao menos cem feridos.
O tremor também causou um deslizamento na cidade de La Libertad, também na província de Negros Oriental. O chefe da polícia local disse que há um número indefinido de pessoas soterradas. "Estamos pegando as ferramentas para começar o resgate. Algumas pessoas estavam gritando anteriormente", disse o oficial. Três pontes estão danificadas e estão intransitáveis.
Em Tayasan, uma cidade costeira de 32 mil habitantes e cercada por montanhas e a mais próxima do epicentro, duas pessoas morreram. Uma criança morreu quando uma igreja desabou em Jimalaud.
Os sismólogos filipinos chegaram a emitir um alerta de tsunami para as ilhas centrais, mas não houve feridos, apesar de algumas barracas montadas no litoral terem sofrido danos com ondas maiores que o costume. Houve mais de 40 réplicas e os moradores da região não voltaram para suas casas por conta dos tremores. As autoridades suspenderam o expediente e as aulas. O fornecimento de energia elétrica e os serviços de telecomunicações foram cortados em algumas áreas.
As Filipinas estão localizadas no Anel de Fogo do Pacífico, onde a atividade vulcânica e sísmica é bastante comum. Em 1990, um terremoto de magnitude 7,7 matou quase 2 mil pessoas em Luzon.
Estadão
sábado, 10 de setembro de 2011
ITAJAÍ: ESQUECIDA PELA MÍDIA, LEMBRADA POR DEUS
Como temos muitos amigos que moram na cidade, ficamos preocupados com a iminência de uma nova enchente. De fato, muitos irmãos adventistas de São Francisco do Sul, cidade onde atualmente residimos, comentaram nesse sábado sobre as primeiras notícias relativas à enchente deste ano. As duas cidades são unidas pela cultura (ambas de colonização açoriana) e pela economia que depende da atividade portuária. Assim, é comum que muitas pessoas de São Francisco tenham familiares ou conhecidos em Itajaí.

Ao que tudo indica, a enchente atual quase se equipara em estragos e vítimas a que ocorreu há três anos. Pelo menos essa informação apareceu quando minha esposa checou o site da Defesa Civil. Entretanto, para nossa surpresa, os telenoticiários não dedicaram muito tempo ao assunto. Um deles gastou cerca de dois minutos comentando o assunto. Isso nos surpreendeu. Afinal, a enchente de 2008 foi capa de revistas semanais, foi bem divulgada em diversos noticiários por algo equivalente a mais de uma semana e causou comoção nacional. Por que uma catástrofe de proporções similares passou despercebida?
É difícil explicar. Talvez por uma série de fatores. A começar pela proximidade com o aniversário do atentado ocorrido em 11 de Setembro, que monopolizou os principais veículos de informação. Ou isso se explique em decorrência do número de outras catástrofes ocorridas em território nacional (como a que ocorreu recentemente no Rio de Janeiro).
De minha parte, eu registro minha preocupação com tantas pessoas queridas. Lembrei-me daqueles que tiveram de reconstruir a vida, por terem perdido tudo em 2008. Boa parte desses queridos só conseguiu se reerguer pela liberação do fundo de garantia, autorizada pelo governo federal. E agora? Que fundo de emergência virá em socorro dessas pessoas? Oro, e peço que outros se unam a mim em oração, pela segurança de tantas famílias, desabrigadas, isoladas e sem perspectivas. Que Deus, que não se esquece dos desamparados, esteja presente ao lado daqueles que mais precisarem dEle; embora esquecidos pela mídia, os Céus os conhecem.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
REALENGO: A TRAGÉDIA QUE CHEGOU AO BRASIL

domingo, 26 de dezembro de 2010
UMA CATÁSTROFE A MAIS EM 2010 - É TEMPO DE PREPARO!

A incidência de catástrofes cresce de forma assustadora, chamando a atenção da mídia. Para aqueles que creem na Palavra de Deus, nenhuma surpresa. Mas fica o alerta de que devemos nos preparar diante desses acontecimentos para o retorno de Jesus, evento para o qual as tragédias apenas servem como sinais.
terça-feira, 27 de julho de 2010
A ÚLTIMA PARADA
O portal R7 informou ter ocorrido um “surto coletivo” próximo ao palco principal, em um túnel. [1] Numa versão hodierna da torre de babel, pessoas desesperadas pediam socorro em diversos idiomas, enquanto se pisoteavam no túnel. O jornal El país, ao comentar um vídeo feito por vítimas a partir de um celular, apurou que “o aborrecimento com as autoridades, as quais descartaram que a falta de saídas, de espaço e ar causaram um ambiente de terror, constituiu o tom geral dos comentários feitos em redes sociais e dos testemunhos recolhidos” pelo próprio jornal. [2]
De fato, cresce a pressão sobre autoridades e organizadores do evento, de tal maneira que já se decidiu: a fatalidade se tornou a última edição da festa começada em 1989. Não haverá mais a Love Parade. [3]
A forma como se divulgaram as notícias foi outro fator que desagradou a população alemã. Especialmente a veiculação de fotos das vítimas, feitas pelo jornal Bild. [4] Parece que o impacto dos fatos e a comoção causada já foram suficientemente dolorosos, sem a necessidade do sensacionalismo peculiar à mídia.
Festas gigantescas que atraem pessoas de diversos lugares têm se tornado prática comum em centros urbanos ou locais abertos de fácil acesso. Em muitos casos, não há preocupação com a estrutura do evento, especialmente no quesito segurança. Ao mesmo tempo, fica a dúvida sobre o que teria causado o pânico em Duisburg: teria a própria música contribuído para o clima de histeria? Resta que as autoridades alemãs apurem o ocorrido, e novas informações venham à tona.
Num mundo que se entrega sofregamente ao prazer inconsequente, tragédias semelhantes à vista na Love Parade revelam a fragilidade tanto da vida humana quanto dos objetivos de uma geração intoxicada com diversão, orgia e escapismo. Infelizmente, para muitos daqueles que afluiram para Duisburg no último sábado, aquela foi sua última parada.
[1] Número de mortos em festival alemão sobe para 20, disponível em http://noticias.r7.com/internacional/noticias/numero-de-mortos-em-festival-alemao-sobe-para-20-20100726.html .
[2] Anna-Maria Holain, Gritar socorro en varios idiomas, disponível em http://www.elpais.com/articulo/internacional/Gritar/socorro/varios/idiomas/elpepuint/20100726elpepuint_1/Tes .
[3] Sobe para 20 número de mortos no Love Parade da Alemanha, disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,sobe-para-20-numero-de-mortos-no-love-parade-da-alemanha,586290,0.htm .
[4] Abordagem da imprensa na tragédia de Duisburg gera críticas, diposnível em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/07/abordagem-da-imprensa-na-tragedia-de-duisburg-gera-criticas.html .
segunda-feira, 1 de março de 2010
HAITI, CHILE E EUROPA: O QUE AS CATÁSTROFES REVELAM

Mal tivemos tempo para contabilizar as mortes causadas pelo terremoto no Haiti em Janeiro (estima-se que 200 mil pessoas perderam a vida com a tragédia);no sábado, o Chile também foi vítima de um terremoto de 8,8 graus na escala Richter, sendo que, até o momento, mais de 700 vítimas fatais foram apontadas. Na Europa, o número de mortos em Portugal, Espanha e França chega a 50, desde que as tempestades começaram a atingir esses países, deixando mais de um milhão de casas sem eletricidade. Poderíamos pensar igualmente nas fortes chuvas que afetaram São Paulo, no início do ano, e as fortes chuvas que afetaram a cidade de Campo Grande (MS), no último sábado.Afinal, o que está acontecendo com o clima do planeta?
Tanta destruição chega a fomentar pânico. Ou, ao menos, deveria inspirar alguma comoção. Mas parece que nem dá tempo. Mal uma tragédia cai na bca do povo, e a mídia já notifica outra ocorrêcia funesta. As imagens são, todas elas, chocantes: carros esmagados, asfaltos despedaçados, casas em ruínas, pessoas gritando ou procurando os familiares entre os escombros. 2010 mal começou e milhares de vidas foram perdidas em grandes tragédias naturais. O próprio termo, apesar de se referir a eventos climáticos, não me parece, por um lado, próprio, afinal, é estranho associar a morte de tantas pessoas ao adjetivo “natural”.
De fato, algo deve estar acontecendo e não se enquadra na normalidade. Não digo pela incidência de fenômenos da natureza (embora creia que eles não existissem em um mundo sem pecados, bem sei que ao longo da história eles se repetiram com poder devastador); o que me preocupa é a frequência. Mais do que nunca ouvimos de tragédias tão dramáticas numa sequência tão frenética. Parece que já podemos advinhar que na próxima semana no Japão ou Havaí virá outro terremoto, tsunami ou tempestade esmagadores…
Quando lemos Mateus 24, Jesus nos fala ali sobre os sinais que antecederiam Sua vinda. O texto compara o ciclo de crises que o mundo enfretaria às dores de uma parturiente. Disso eu entendo – afinal, tenho crises renais! As dores aumentam insuportavelmente, mas, de repente, cessam. Depois, as contrações retornam com maior intensidade, e cessam. Finalmente, quando a dor se torna insuportável, é a hora de um bebê vir ao mundo!
A má notícia: nada melhorará. Catástrofes se sucederam, causando pavor e destruindo vidas. A boa notícia: tudo isso não é o fim, mas aponta para o retorno do Messias Carpinteiro, o Senhor Jesus. Devemos atentar para essas coisas com a consciência de que o mundo está com a data de validade vencida. Jesus está voltando e devemos nos preparar para encontrá-Lo. Enquanto ainda estamos vivos – até por que ninguém sabe em que lugar acontecerá a próxima tragédia…
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
IGREJA ADVENTISTA EM GUARULHOS SE MOBILIZA PARA AUXILIAR FLAGELADOS PELA CHUVA


Mas Reginaldo se comoveu.
O irmão Reginaldo Cardoso é ancião jovem da Igreja Adventista de Bela Vista, sede de um distrito pastoral em Guarulhos, na grande São Paulo. Após acompanhar as notícias trágicas, ele ficou impressionado, e mais ainda quando, ao abrir sua Bíblia para o estudo diário, se deparou com Mateus 25:40, que diz: “Ao que lhes responderá o Rei: Em verdade vos digo que, quando o fizeste aum destes pequeninos irmãos, a mim o fizeste.” Naquela hora, Reginaldo ouviu Deus lhe dizendo: “Faça algo!” E ele fez.

Na sexta-feira daquela mesma semana, ele convocou uma reunião emergencial com outros líderes da igreja, obtendo imediato apoio. No sábado seguinte, iniciou-se o projeto “Ajuda aos desabrigados”. Os líderes mobilizaram a igreja durante o culto para se engajar no plano de ação: veiculou-se um vídeo, mostrando a situação de pessoas afetas pelas enchentes, e a comunidade levantou uma oferta especial em favor das vítimas, no valor de R$1.150,00
À tarde, houve um comparecimento em massa de membros da igreja, que fizeram um mutirão solidário pelas proximidades da igreja. O irmão reginaldo também promoveu a campanha no condomínio onde reside, colocando duas caixas nas quais ficaram armazenadas as doações. Um dos moradores doou 5 cestas básicas e muitas outras doações ainda estão chegando. Outros membros da igreja estenderam a campanha em seus locais de trabalho e vizinhança.
No total, foram recebidos quase 5 mil peças de roupas e cerca de 500 Kg de alimentos. A unidade da ADRA sediada na igreja Adventista de Pq. Meia Lua, em Jacareí (SP), receberá as doações no próximo dia 17 de Janeiro.

“Uma coisa que aprendi é que, quando olho os sinais da volta de Jesus apenas como um cumprimento de uma profecia, nada vai mudar em minha vida; mas se vejo esses sinais como uma oportunidade que Deus me concede para amenizar, um pouco que seja, a dor de muitos, então consigo ver Deus em tudo que fazemos pelo proximo”, conclui o jovem Reginaldo.
Leia também:
"CHOVE CHUVA": MINHA EXPERIÊNCIA COM UMA ENCHENTE
ITAJAÍ: NOTÍCIAS DE UM MICROCOSMO
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
MILTON EM PORTUGUÊS
Provavelmente, uma das tarefas mais árduas e ingratas seja traduzir poemas. Os melhores poetas exploram as peculiaridades de sua língua, produzindo efeitos dificilmente transponíveis para alheio idioma.
Já traduzi alguma coisa do Francês, como treino. Agora, me aventuro pelo Inglês. A dificuldade é maior, uma vez que a língua de Shakespeare é muito mais concisa do que a de Camões (e também em relação à de Leconte de Lisle).
Aliás, já que cito grandes autores, vale dizer que escolhi simplesmente um dos mais ilustres escritores ingleses: John Milton, autor de Paradise Lost. Seu soneto original, On the Late Massacre in Piedmont, é decassílabo e já se encontra em Português, vertido por Isolina Waldvogel, o maior poeta adventista de todos os tempos.
Justamente as opções estéticas de Isolina na tradução de Milton revelam as dificuldades do ofício, o que comentávamos antes. Por exemplo: seguindo um caminho comum, a brasileira usa o alexandrino para comportar o decassílabo inglês. Ela também não se atém ao esquema métrico original, muito menos se furta de interpretar o fraseado peculiar de Milton, nos trechos em que a métrica a obriga a isso.
Diferentemente, minha tradução parte do decassílabo e segue as disposições de rimas miltonianas (que, aliás, fogem do padrão elizabetano do soneto, para seguir o soneto italiano, bem familiar aos leitores luso-brasileiros). O tom das traduções é bem distinto. Isolina é mais melodiosa, evitando os enjabemants do original, enquanto a minha tradução é mais entrecortada, brusca às vezes. Milton encontrou um ritmo mais equilibrado se o cotejarmos ao das duas versões. Procurei ser conciso (até em virtude de o “espaço” disponível no decassílabo ser menor) e o mais fiel ao modo de escrever de Milton.
Claro que fidelidade total seria impossível; no entanto, procurei fazer algo equivalente, num exercício de recriação do poema. Um exemplo disto está no conjunto “stocks/stones” (v.4) usado por Milton, que se constitui de uma paronomásia graciosa. Traduzir literalmente "toras (de madeira)/rochas" não produz o mesmo efeito. Isolina interpreta a expressão, empregando a forma enxuta “ídolos”, que não foge à caracterização da idolatria proposta pelo poema original. Quanto a mim, procurando acompanhar Milton, verti os termos para “lenha/penha”, criando um equivalente linguístico, tanto em significado, quanto em efeito sonoro.
Obviamente, nenhuma tradução é perfeita ou isenta de correções. Mas, com seus méritos e defeitos inerentes, tanto eu quanto (imagino) Isolina tencionamos comunicar a beleza da poesia religiosa de um dos mais relevantes autores ingleses; apesar de partir de um caso real de perseguição religiosa, Milton dá grandiosidade ao tema, fugindo do reles denuncismo para acrescentar uma perspectiva escatológica, apoiada tanto na vingança futura do Senhor, como no triunfo da verdade. Somente este enfoque já justificaria o trabalho para traduzir o seu belíssimo soneto.
On the Late Massacre in Piedmont
Avenge, O Lord, thy slaughtered Saints, whose bones
Lie scattered on the Alpine mountains cold;
Even them who kept thy truth so pure of old,
When all our fathers worshiped stocks and stones,
Forget not: in thy book record their groans
Who were thy sheep, and in their ancient fold
Slain by the bloody Piemontese, that rolled
Mother with infant down the rocks. Their moans
The vales redoubled to the hills, and they
To heaven. Their martyred blood and ashes sow
O'er all the Italian fields, where still doth sway
The triple Tyrant; that from these may grow
A hundredfold, who, having learnt thy way,
Early may fly the Babylonian woe.
(Trad. Isolina Waldvogel)
Cujos ossos jazem nos Alpes espalhados,
Aqueles que a verdade Tua amaram tanto,
Embora os pais houvessem ídolos louvado.
Não os esqueças, pois Teu livro relatadas
Traz as angústias dessas Tuas ovelhinhas
No montanhês redil outrora trucidadas,
Lançadas rocha abaixo – mães com criancinhas
O vale seu gemido ecoava aos altos montes,
E as cinzas desses mártires predestinados
Cobriam vastos campos, lá no Piemonte,
Por tríplice, cruel tirano dominados.
Surjam das cinzas multidões de seguidores
E fujam cedo aos babilônicos horrores.
(Trad. Douglas Reis)
Ossos nos Alpes veem-se em cada canto
– Tinham áurea a verdade há muito, enquanto
Louvavam lenha e penha os nossos pais.
Lembra-te: anota em Teu livro os seus ais,
Que eram Tua grei, mas dos montes tanto
Mães quanto filhos se jogou. Que o pranto
Ressoe destes vales tão brutais
Pelo Piemontes todo e dali para
O Céu. A cinza e o sangue do martírio
Enchem a Itália, e abalam a tiara
Tripla do opressor; dê o sangue empíreo
Noutra grei, que o conheça e em senda clara
Fuja do babilônico delírio.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
NOVO TSUNAMI, NOVAS VÍTIMAS

sábado, 29 de novembro de 2008
ITAJAÍ: NOTÍCIAS DE UM MICROCOSMO

segunda-feira, 24 de novembro de 2008
"CHOVE CHUVA": MINHA EXPERIÊNCIA COM UMA ENCHENTE
Contrariando a máxima segunda a qual “ninguém é uma ilha”, vários municípios catarinenses foram vitimados por enchentes, ocasionadas pelas fortes chuvas que sobrevieram à região.
No sábado à noite, durante uma programação regional da igreja, fiquei sabendo da gravidade do problema das enchentes. O presidente da Associação Catarinense dos Adventistas, Pr. Lorival Gomes, informou-nos da situação do município vizinho de Joinville; o Colégio Adventista Central da cidade já fora afetado pelas enchentes e houve perda de recursos. Confesso que, até então, ainda era impossível prever o que me aconteceria. Averiguamos, mais por curiosidade, através da internet, a situação calamitosa de cidades vizinhas, como Brusque, Blumenau, Joinville, etc.
Na manhã seguinte, um de meus amigos, o professor Jean Benassi, que trabalha no mesmo colégio que eu, ligou para minha casa. Ele precisava do telefone do diretor (cuja residência fica em cima da minha), porque seus irmãos estavam desabrigados e ele próprio temia ficar ilhado. Quase em seguida, uma das coordenadoras da escola nos ligou, recomendando que deixássemos nosso veículo em frente à prefeitura. Ela já havia tomada a mesma medida, prevendo que a água do rio entrasse em sua casa.
Ainda incrédulos, eu e minha esposa consultamos o diretor e a dona da casa em que moramos. Dona Terezinha, moradora antiga da cidade, nos garantiu que a água poderia subir ao nível da metade de nosso quintal, sem, contudo, chegar a entrar em nossa casa (que é mais alta do que as demais da rua).
Eu e minha esposa fizemos um “tur”, verificando as ruas próximas a nós que estavam afetadas. Voltamos para casa e logo o pesadelo ganhou contornos realísticos.
O nível da água começou a subir em nossa rua. Ficamos na casa do diretor do Colégio Adventista de Itajaí, Pr. Sonir Brum. Acompanhamos durante boa parte da tarde e noite a cobertura da TV Brasil Esperança, emissora local, sobre os resultados da enchente na cidade.
Vimos lanchas socorrendo idosos em bairros nos quais a água invadiu completamente as residências. Abrigos indicados pela Defesa Civil eram recomendados à população, que ouvia a instrução: “Se a água subir, levante os móveis e saia de casa”.
O apresentador Delísio cobrava a todo instante a prontidão das autoridades – bombeiros, Defesa Civil, Prefeitura –, além de convocar voluntários para socorrer os telespectadores que ligavam dando seus endereços e contando de sua situação. Fomos informados de saques feitos às casas que eram deixadas pelos moradores temerosos. Políticos eram contatos para dar a desculpa rotineira: “Eu não sabia…”
Neste contexto, eu e minha esposa ficamos decidindo o que faríamos com nossos móveis. Se por um lado, tínhamos a garantia de Dona Terezinha de que a água não entraria em nossa casa, acompanhávamos o nível da água subir, chegando mesmo a invadir nosso quintal progressivamente. Não parava de chover desde sábado à noite.
Os carros, por precaução, foram colocados na parte superior do quintal, para evitar possíveis avarias com a subida do nível da água.
A igreja Adventista central de Itajaí tornou-se um posto para atender os desabrigados, sob os cuidados da ADRA. O pastor Paulo Predebom, distrital de São Vicente, o outro distrito da cidade de Itajaí, arrumou um caminhão para fazer mudanças das famílias mais atingidas pela crise.
Acabamos indo dormir. A preocupação nos levou a acordar de hora em hora, durante madrugada, para acompanharmos o avanço do nível da água. Lá pelas 4 da madrugada, percebendo que corríamos o risco de ver nossa sala alagada, chamamos nossos amigos e erguemos os móveis. A geladeira ficou postada sobre as quatro cadeiras da cozinha, enquanto os dois sofás foram apoiados em quatro outras cadeiras emprestadas. Somente depois disto, pudemos dormir em relativa paz.
Pela manhã, o Pr. Sonir e o Emerson, diretor de disciplina do colégio, saíram para ver a situação da escola. O Emerson passara a noite na casa do diretor, e ambos já haviam visitado o colégio várias vezes ao longo do domingo, sem detectar a menor probabilidade de a enchente atingir a instituição. Porém, ao saírem de casa, com a água batendo em suas cinturas, acabaram encontrando uma triste realidade: a área da Educação Infantil, juntamente com os laboratórios (de Ciências e de Informática) e a cozinha do colégio, estavam com mais de um metro de água. Computadores, a geladeira, os materiais das salas – tudo foi perdido, devido à vala próxima que transbordou, trazendo suas águas fétidas para a área mais baixa do colégio.
Próximo das dez da manhã, eu e minha esposa levamos o colchão, roupas, alimentos e materiais de escola para a casa do Pr. Sonir e sua família. As gavetas mais baixas foram postas no estrado da cama. Já estávamos sem energia elétrica.
Passamos o dia recebendo ligações de parentes e amigos, informando e sendo informados sobre a situação dos moradores de Itajaí. Tínhamos alimento abundante, pela Providência divina. Infelizmente, víamos transeuntes vagando com seus apetrechos, enquanto outros deixavam a vizinhança sem muita expectativa de salvar seus pertences.
Acompanhávamos o trânsito de pessoas pela rua, tendo que atravessar a água quase à cintura. Botes salva-vidas, lanchas, caiaques e Jet-sky transitavam por nossa rua, agitando uma marola repugnante. O reflexo da água, sob o sol que abriu, era visto serpenteando pelas paredes das casas, como se a rua toda se tornasse uma imensa piscina marrom. O nível da água em nosso quintal era rigorosamente fiscalizado através das lajotas que levam da garagem a minha porta: contávamos quantos lajotas ainda faltavam para a água chegar à porta de casa.
Somente à tarde, a água invadiu minha casa, através de uma infiltração localizada no pequeno escritório. Como a sala fica em um plano mais alto que o restante dos cômodos, era justamente a sala que ficou incólume ao líquido podre e habitado por baratas. Minha esposa teve de me convencer (e ela pode dizer que não foi fácil) a retirar nossos criados-mudos do quarto e levá-los para a sala enxuta.
Somente a partir de umas 17 horas, começou o recuo da água. A energia elétrica voltou quatro horas depois. Recebemos as primeiras informações: de toda a Santa Catarina, colocada sob estado de emergência pelo governador Fernando Henrique no sábado, Itajaí fora a mais afetada, com cerca de 90% da cidade tomada pela enchente. E os relatos comoventes continuam: agora a pouco homens uniformizados retiraram uma mulher em serviço de parto em um edifício vizinho de onde estamos (minha esposa e a Profª Eude Bahia acompanharam a empreitada, saldada com palmas por populares).
Ainda não sabemos o que nos acontecerá. Só tenho a agradecer a Deus pelos cuidados dispensados a minha família e amigos. Também conto com as orações e apoio material a todos aqueles que perderam tudo naquela que pode ser a mais trágica enchente a afetar o estado catarinense. Oramos para que Deus cuide de vidas que podem se perder sem tempo para conhecê-Lo.