quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Como viver biblicamente de verdade?



Certa vez, o romancista e ensaísta italiano Umberto Eco deu um palpite curioso: "Arrisco dizer que o pensamento do fim dos tempos é, hoje, mais típico do mundo laico do que do mundo cristão." Ele continua dizendo que, embora os cristãos meditem sobre o tema do fim, são os não-religiosos que são "obcecados por ele".
[1] Realmente temos acompanhado o interesse da mídia por assuntos religiosos, nem todos, necessariamente, relacionados com o fim dos tempos de forma direta. Contudo, o prisma religioso é evocado com freqüência para explicar assuntos contemporâneos.

Desde o atentado contra as torres gêmeas, o Ocidente avalia o fundamentalismo, não se restringindo à sua face islâmica – até o fundamentalismo cristão, mormente, se tornou alvo de críticas. Isso, em parte, porque essa “categoria” de cristãos, ditos "fundamentalistas", têm uma grande participação política no cenário americano, envolvendo-se em campanhas sociais contra o aborto, o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco, em prol da moralidade, etc. O fundamentalismo, enquanto estilo de vida, passou a ser questionado, como algo retrógrado, saído dos confins da Idade Média – e, portanto, incompatível com a Modernidade.

Na esteira dessa corrente anti-fundamentalismo (seja ele qual for), o jornalista americano A. J. Jacobs acaba de lançar nos USA o livro "The Year of Living Biblically" ("O ano em que vivi biblicamente"). Jacobs descreve no volume a sua experiência ao passar um ano completo tentando seguir à risca as regras bíblicas, que, segundo o próprio autor, chegam a 700.

O livro de Jacobs foi tema de uma reportagem da Superinteressante do mês de Novembro.
[2]Como não poderia deixar de ser, a matéria segue o fundamentalismo às avessas da Super, criticando, ora velada, ora abertamente, tudo o que se relacione com Bília. Desavisada ou propositadamente, o jornalista da Super faz uma caricatura do Cristianismo, em sua busca inútil por entender e seguir a Bíblia; a matéria, em si, apenas reproduz ou comenta as conclusões de Jacobs, sem oferecer, em qualquer momento uma segunda opinião sobre o assunto, agindo, assim, de forma tendenciosa.

Logo no começo da reportagem, lemos a respeito da entrevista de Jesus com Nicodemos. Numa aula de desconhecimento de interpretação bíblica, o articulista afirma que, quando Jesus disse a Nicodemos que era necessário que ele nascesse novamente, o rabino não teria entendido a mensagem; daí sua confusão quanto à possibilidade de alguém velho como ele voltar ao ventre materno. Num arremate de duvidosa lógica, a reportagem prossegue: "Se até os contemporâneos de Jesus tinham problemas com tantas parábolas, metáforas e alegorias, imagine o que não ocorre às pessoas do século 21, desacostumadas ao estilo empolado em que os livros da Bíblia foram escritos, milhares de anos atrás."

Em primeiro lugar, Nicodemos estava acostumado àquela linguagem, uma vez que os judeus se referiam aos recém-convertidos ao judaísmo como "crianças". Nicodemos não deixou de entender a mensagem de Jesus; apenas se recusou a aceitá-la. Chamar um pagão convertido de bebê era uma coisa diferente de afirmar que um respeitado mestre de Israel precisaria nascer novamente!
[3] Nestas circunstâncias, Nicodemos reagiu de forma sutilmente irônica – e a sutileza foi tamanha que confundiu o jornalista da Super.

Não estou bem certo do que, afinal, quer dizer a expressão “estilo empolado da Bíblia”, uma vez que, em Israel, a retórica não consistia em rebuscamento de linguagem, mas em clareza de pensamento. Se o problema colocado se refere à linguagem antiquada que muitas versões bíblicas utilizam (como a Almeida Antiga, em Língua Portuguesa), a consulta a traduções mais recentes, ou a paráfrases bíblicas será capaz de suprir esta necessidade. Contudo, penso não ser este o caso.

Entendo que o texto da Super esteja levantando uma impossibilidade: interpretar corretamente a Bíblia. O próprio Jacobs tem seus percalços na tentativa de cumprir as regras bíblicas: ele comeu gafanhotos, apedrejou adúlteros (com pedregulhos, por brincadeira), reprimiu a luxúria (concentrando o pensamento em sua mãe), escravizou seu secretário (não o remunerando em seu estágio), entre outras peripécias. Isto além de deixar a barba crescer durante um ano!

O ponto que Jacobs não considera é: devemos, de fato, dar a mesma atenção a todas os preceitos bíblicos? A Super se antecipa em dizer que sim, uniformizando as leis bíblicas, como se todas servissem a um mesmo propósito, demonstrando lamentável desconhecimento da História e Legislação vétero-testamentária.

A conclusão apresentada pela revista foi a de que “se os judeus aceitam como metáfora uma ordem divina e os cristãos ignoram muito do Velho Testamento – a vinda de Cristo teria anulado a necessidade de circuncisão, entre outras coisas –, quem segue a Bíblia ao pé da letra, de cabo a rabo? ‘Ninguém’, conclui Jacobs, ‘Nem os fundamentalistas’. Quem se propõe a fazer uma leitura literal da Bíblia acaba sempre escolhendo o que vai obedecer.”

O que está sendo olvidado é o fato de que, ao interpretar a Bíblia, temos que nos perguntar se estamos diante de uma Lei universal ou de uma norma aplicável a determinado tempo e lugar. Mesmo as normas encerram preceitos universais, de maneira que, embora as próprias normas caduquem, os preceitos continuam válidos.

Para exemplificar o que afirmamos: o tratamento dado ao escravo, citado na matéria, mostra como Deus se lembrou de exigir de Israel justiça para com as classes mais baixas. A evolução natural do relacionamento entre o povo e Jeová traria revoluções na estrutura social. Embora, certamente, Deus não instituíra a escravatura, Ele sancionou justiça no trato dos senhores com seus escravos, e o princípio por de trás dessas normas evoluiriam a ponto de abolir o próprio sistema de escravidão.

Para evitar confusões, como as cometidas pelo jornalista americano, é necessário que se tenha critérios. A ciência que se encarrega do estudo das regras de interpretação é a Hermenêutica. Apesar da complexidade do assunto, podemos simplicá-lo dizendo que algumas coisas são levadas em conta pela Hermenêutica: a época em que o livro foi escrito, seu provável autor, os objetivos explícitos por quem escreveu, os assuntos tratados dentro do próprio livro e a relação de um determinado livro bíblico ou de uma passagem com outros livros ou passagens bíblicos que tratem daquele mesmo assunto.

Sobre os critérios para interpretar corretamente a Bíblia, o mesmo Umberto Eco afirma que “Agostinho, em De Doctrina Christiana dizia que uma interpretação, caso pareça plausível em determinado ponto de um texto só poderá ser aceita se for reconfirmada – ou pelo menos se não for questionada – em outro ponto do mesmo texto. É isso que entendo por intentio operis [intenção do texto].”
[4]

Para quem quiser compreender a perspectiva bíblica sobre as leis é necessário ler a Bíblia de forma isenta de conclusões a priori. Embora o homem moderno sinta ojeriza diante da menos audível menção da palavra “Lei”, Deus tem um propósito com a sua lei: lei tem que ver com a vida prática, em todos os seus aspectos, razão pela qual há tantas leis na Bíblia[5] – Deus quer nosso ser inteiro, não para nos escravizar! Deus revelou suas leis para nos conduzir dentro de uma relação pessoal com ele, relação na qual o homem pode, finalmente, encontrar o propósito de sua existência.

“Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.” Romanos 15:4

[1] Umberto Eco e Carlo Maria Martini, “Em que crêem os que não crêem?” (Rio de Janeiro, RJ: Record, 2002), 6ª Ed, p. 15.
[2] Marcos Nogueira, “A Bíblia como ela é”, em Revista Superinteressante, Ed. 245, Novembro de 2007, pp. 96-99.
[3] Ellen White, “O Desejado de todas as Nações”, p. 171.
[4] Umberto Eco, “Os limites da Interpretação” (São Paulo, SP: Editora Perspectiva, 1999), 1ª ed., p. 3. Cf.: “ Como provar uma conjectura sobre a intentio operis? A única forma é checá-la com o texto enquanto um todo coerente. Essa idéia também é antiga e vem de Agostinho (De Doctrina Christiana): qualquer interpretação feita de uma certa parte de um texto poderá ser aceita se for confirmada por outra parte do mesmo texto, e deverá ser rejeitada se a contradisser. Neste sentido, a coerência interna do texto domina os impulsos do leitor, de outro modo incontroláveis.” Umberto Eco, “Interpretação e Superinterpretação” (São Paulo, SP: Martins fontes, 1997), p. 76.
[5] Walther Eichrodt, “Teologia do Antigo testamento” (São Paulo, SP: Hagnos, 2004), p. 76.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

OS ADVENTISTAS GOSTAM DE ADMINISTRAR A IGREJA COM MÃO DE FERRO


Quando George Knight fala sobre perigos do adventismo contemporâneo, costuma mencionar a ênfase na estrutura. Como gostamos de instituições, prédios bonitos e máquinas administrativas extremamente burocráticas. Não é só isso que nos agrada. Temos especial apreço pelo sucesso. O número de batismo, deve ser crescente! O percentual de dízimos? Aumentar. As associações? Dividirem-se. Medimos a fidelidade à missão pelo progresso da estrutura.
O risco desta percepção é colocar demasiada confiança no elemento humano. Por trás de tudo isso, ainda há um transfundo curioso: a crença de que seremos nós, com nossos esforços e disposição, com o crescimento extraordinário que alcançamos, que traremos Jesus mais cedo à Terra. Daí surgem referências a Mateus 24:24, que sofre completa descontextualização e passa a ser interpretado como se o agente determinante para a pregação fosse o homem, não Deus.
Qualquer análise mais séria do tema provaria que Deus é o agente do texto: é Ele quem prega o evangelho, não nós. Claro que o Senhor dispõe do elemento humano, mas, em última instância, Ele encerrará a pregação. Dentro da nossa mentalidade pragmática, a análise contextual do versículo não serve; é preferível a versão que transforma a pregação do evangelho em um ramo empresarial, com metas a cumprir.
Se a análise bíblica mais cuidadosa é evitada por suas implicações, que dizer de qualquer crítica às tendências que nos atrasam? O triunfalismo estabelecido não permite críticas, sugestões, muitas vozes pensantes. O que se permite é aquilo que é útil e funciona para o momento. Porém, quando a reflexão, a oração, as orientações bíblicas dão lugar ao empreendedorismo e à privatização do capital espiritual, a igreja não pode receber todas as bênçãos que o Espírito gostaria de lhe conceder.
Pode parecer duro reconhecer que estamos aquém de nossa missão por nosso zelo equivocado. Muitas vezes, entretanto, tudo sugere ser o caso. Os primeiros adventistas eram erroneamente contrários a toda forma de organização – uma infeliz herança milerita. Demorou décadas para que percebessem a necessidade pungente de terem organização suficiente que lhes permitisse desenvolver a missão. Hoje estamos em outro extremo – e todo extremo traz riscos.
Por outro lado, deveríamos nos ajustar ao que a Bíblia nos diz, sem recorrer ao pragmatismo evangélico. Somos uma igreja, um corpo organizado obediente a Cristo, ou uma espécie de empresa da fé, com suas facções, planejamento estratégico, peças de marketing e presença na mídia? Deus nos chamou para ser mais do que enxergamos. E ele, que nos destinou ao triunfo final, deseja que aproveitemos as oportunidades para conhecer o plano que reservou para nós, o mesmo que se acha revelado na Bíblia e no Espírito de Profecia. Se deixarmos de atender essas orientações, substituindo-as pelas nossas metas e sonhos, não podemos contar que Deus nos abençoe durante o processo.
A igreja, que é a menina dos olhos do Senhor, precisa operar sob as orientações dAquele que em breve voltará. E, quando isso acontecer, haverá toda a diferença do mundo.


sábado, 6 de outubro de 2007

“O SENHOR ME REVELOU QUE…” - DOIS BREVES RELATOS SOBRE COMO FALSAS REVELAÇÕES TÊM CONFUNDIDO E DESORIENTADO CRISTÃOS NA ATUALIDADE


REVELAÇÃO ATUAL X REVELAÇÃO ESCRITURÍSTICA


No ano de 1998, durante uma semana de oração que estive realizando, conheci o Serjo. Eu voltava de ônibus para a minha casa ao final da reunião. Num destes dias, eu aproveitava o trajeto para ler. Logo que percebeu que eu estava lendo a Bíblia, Serjo se aproximou e começou a fazer algumas perguntas. Ele pertencia a uma igreja evangélica, o que não lhe impediu de aceitar meu convite para juntos estudarmos a Bíblia. Marcamos então para que eu fosse em seu lar.

Apesar de haver nascido em Guarulhos, eu não conhecia o bairro Fortaleza, onde o Serjo residia. Tomei minha condução sabendo que desceria um ponto antes do final. Quando cheguei ao meu destino, o ônibus seguiu por uma estrada, até desaparecer atrás de uma montanha, na linha do horizonte. Pareceu-me estar dentro de uma cena de filme! “Aonde eu vim parar?”, fiquei pensando.

Deus conduziu a situação, de modo que pude começar os estudos com o Serjo. À medida que progredíamos, crescia sua convicção a respeito de que o sábado era o dia a ser respeitado pelos cristãos.

Um dia ele me contou que, pelo fato de sua denominação ter sido fundada há poucos anos, ainda havia reuniões periódicas para os líderes discutirem acerca de quais doutrinas poderiam ou não ser adotadas por eles. O Serjo estava disposto a participar, com o objetivo de levar a mensagem do sábado para a assembléia de líderes. Eu o previni de que ele sofreria oposição de forma geral. Ainda assim, fiz o que estava ao meu alcance para preparar o Serjo, dando-lhe o máximo de instrução bíblica sobre o tema do sábado. E orei muito! Depois de alguns dias, o resultado me surpreendeu.

No decorrer da reunião a que Serjo compareceu, um dos pastores de sua denominação, que possuía o “dom de revelação”, o abordou em particular. Diante da “revelação” do tal pastor, toda a convicção bíblica que aquele rapaz possuía caiu por terra.

É lamentável como alguns substituem a verdadeira revelação do Espírito Santo, presente nos escritos inspirados, por outra, que pretendendo ser verdade espiritual, entra em contradição com a primeira. Como acreditar em um Espírito Santo que no presente “revela” o contrário do que disse no passado? Para mim, ficou claro que o pastor que esteve com o Serjo falou por um espírito - mas, definitivamente, não pelo Espírito Santo.


MUDAM AS CIRCUNSTÂCIAS, MUDA A REVELAÇÃO

Conheci Florinda em sua casa. Uma senhora de olhar piedoso, voz sempre baixa, desgastada pelo desânimo. A sua história: Primeiro, um problema de cicatrização nos dedos do pé direito. As suspeitas da Medicina. A confirmação: Florinda deveria amputar o pé direito. Mesmo em face do risco da situação se agravar, Florinda decidiu-se por esperar. Membro de uma das mais tradicionais denominações pentecostais do Brasil, ela ouvira de um líder religioso a “revelação” de que Deus a curaria antes que precisasse passar por uma intervenção cirúrgica.


Conforme o tempo passava, o quadro de Florinda ia se agravando. Ao mesmo tempo, havia uma promessa de Deus no sentido de ela seria curada. Era estupendo o dilema moral enfrentada por aquela mulher sincera em sua fé. Em busca de uma orientação, Florinda entrou em contato com o mesmo líder religioso que lhe fizera a “revelação” inicial de que não seria necessária a cirurgia. Vendo a situação de Florinda, o homem declarou que o Senhor permitia agora que a operação se realizasse. Ocorreu que, devido à demora, além do pé, a perna direita também teve de ser parcialmente amputada.

Os casos acima mostram como a desorientação, em alguns casos, e a falácia, em outros, por parte dos líderes religiosos podem ser prejudiciais às pessoas sinceras, que se põem na dependência de seus mentores quanto às decisões pessoais, quer quando o assunto trate sobre a preservação da vida, ou de esclarecimento espiritual, ou de foro familiar, entre outros. Seja como for, muitos estão sofrendo por colocarem sua confiança em homens que não se orientam (e, conseqüentemente, não orientam as pessoas sob sua influência) de acordo com o todo da Revelação divina. Infelizmente, além desse comportamento, comum em alguns segmentos religiosos, desnortear, alienar e usar de má fé com os seus respectivos fiéis, ainda traz desonra a mensagem cristã, fazendo com que a imprensa secular questione o próprio valor da religião cristã. Ou seja, pessoas são enganadas e Deus é ofendido!

Leia também: (O Bispo) poema que descreve os abusos em nome da fé

domingo, 23 de setembro de 2007

O SENHOR DO MAR



Há umas três semanas, eu e minha esposa acordamos bem cedo. Era um domingo mormaçoso, e não havia razão para acordarmos naquele horário. Apesar de tantas coisas que tínhamos para fazer, resolvemos ir dar uma volta na praia. Esta é a vantagem de morar em uma cidade litorânea.

Deixamos o carro sob a sombra de um coqueiro e, passeando de mãos dadas, aproveitamos os primeiros bocejos do sol. Enquanto íamos afundando os pés na areia dourada, resolvemos aproveitar o clima e cantar alguns hinos do Hinário Adventista.

Os hinos que entoamos se referiam, de alguma maneira, ao mar. Eu me recordo de dois: "Ó Mestre, o mar se revolta", "Eu não me esqueci de Ti" ("Se as ondas desta vida/ destruírem tua fé") .

Aquele foi um passeio muito prazeiroso. Sentimos que o nosso dia rendeu muito mais, porque tomamos a decisão de iniciá-lo ao lado do Criador tanto das belezas naturais como dos homens.

E você? Não se esqueça: a cada dia, o Salvador o convida para iniciar o dia com Ele: "Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33

domingo, 16 de setembro de 2007

"DIVIRTA-SE E CONTRIBUA": Adventistas, playcenter e o plano divino de arrecadações


Uma amiga minha de São Paulo, Sileide, me mandou por e-mail uma notícia estranha, que compartilho com os leitores do blog:

ADVENTO PLAY – Dia do Jovem Adventista no Playcenter

Dia 21/10/2007 – Teremos um grande evento evangelístico no maior Parque da Cidade de São Paulo – o Playcenter. Neste dia, teremos um encontro para podermos louvar e ouvir a palavra de Deus, e nos divertirmos. Para isso, precisamos que você, jovem, convide um amigo não adventista para estar lá neste dia, pois será a oportunidade para ele conhecer o Jesus que um dia há de vir.

Teremos a participação de:

Quarteto Comunion
Alessandra Samadelo
Daniel Ribeiro
Rodrigo Wegner
Iveline
Grupo Família Soul
E outros...

A quantidade de passaporte é limitada. A compra antecipada garantirá sua entrada e você terá um desconto levando seu amigo. O valor do passaporte é R$22,00 ( incluindo a oferta de R$1,00 para a construção do templo Adventista do Jd. Dos Ipês). Se preparem.



Nota: Vamos deixar a Revelação dar o veredito sobre o assunto:


"Se os professos cristãos levassem fielmente a Deus os seus dízimos e ofertas, o divino tesouro estaria repleto. Não haveria então ocasião para recorrer a quermesses, rifas ou reuniões de divertimento a fim de angariar fundos para a manutenção do evangelho. " Atos dos Apóstolos, p. 338

"Para a obtenção de dinheiro para fins religiosos, a que meio recorrem muitas igrejas? A vendas, comidas, quermesses, e até a rifas e coisas semelhantes. Freqüentemente, o lugar consagrado para o culto divino é profanado por festanças em que se come e bebe, compra e vende, e as pessoas se divertem. Dessa forma desaparece na mente dos jovens o respeito à casa de Deus e a Seu culto. Enfraquece o domínio próprio. O egoísmo, o apetite e o amor à ostentação são estimulados e fortalecem-se com a prática." Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 328.
"Vemos as igrejas dos nossos dias incentivando festejos, glutonaria e dissipação por meio de ceias, quermesses, danças e festivais realizados com o fim de ajuntar meios para a tesouraria da igreja. Eis um método inventado por mentes carnais para conseguir recursos sem sacrifício." Conselhos Sobre Mordomia , p. 201.
"Nesta maré de mundanismo e busca de prazeres, a abnegação e sacrifício por amor de Cristo acham-se quase inteiramente esquecidos. 'Alguns dos homens e mulheres ora em vida ativa em nossas igrejas foram ensinados, quando crianças, a fazer sacrifícios a fim de se habilitarem a dar ou efetuar alguma coisa para Cristo.' Mas, 'se são necessários fundos agora, ... ninguém deve ser convidado a contribuir. Oh, não! fazei uma quermesse, representações, espetáculos, jantares à antiga, ou alguma coisa para se comer - algo que divirta o povo'. O Grande Conflito, p. 387.
Leia também:

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A MÚSICA SACRA DENTRO DA COSMOVISÃO ADVENTISTA: INTERPRETANDO E APLICANDO CONCEITOS DE ELLEN WHITE - Parte 4



Já tendo colocado nossa posição sobre o que tem feito os adventistas brasileiros, de forma generalizada, a admitirem um novo paradigma na adoração, trataremos a seguir das “observações pontuais” que o Pr. André Gonçalves fez no final de sua resposta a LG. Apresentaremos suas palavras ipsis litteris, inclusive, obedecendo à numeração que o autor usou, seguidas de nossa posição :


1. “Uma música santa não pode ser identificada com ritmos populares (samba, rock, axé, hip hop, sertanejo, pop, entre outros), que transmitem sentimentos e ideais mundanos (como sensualidade, protesto, revolta, satisfação egoísta, etc.).”

Essa afirmação é apresentada sem comprovação. O uso do tal do ‘senso-comum’ é um meio medíocre de argumentar.

Já argumentamos anteriormente sobre a influência da cosmovisão na música (veja o tópico “A subjetividade de critérios filosóficos/teológicos para nortear a música cristã contemporânea"). Se adoramos a um Deus santo, tenderemos a desenvolver uma espécie de adoração cuja forma seja compatível com a reverência requerida diante de Sua santidade. Em contrapartida, ao admitirmos conceitos baseados em nosso critério pessoal ou focando em nossa satisfação, a cosmovisão desenvolvida será contrária à adventista, e, conseqüentemente, nossa adoração será diferente da que se espera como resultado da vivência propriamente adventista. Que a presença de seres santos é incompatível com determinados tipos de música popular fica evidente pelo texto seguinte:

“Voam anjos em torno de uma habitação além. Jovens estão ali reunidos; ouvem-se sons de música em canto e instrumentos. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas que é que ouvis? Um cântico, uma frívola canção, própria para o salão de baile. Vede, os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela habitação são envolvidos pelas trevas. Os anjos afastam-se da cena. Têm a tristeza no semblante. Vede como choram! Isso vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado, e especialmente em ______.”
1

Como se vê, nossa argumentação se vale de provas, não do “senso-comum”.2

2. A nota de rodapé nº. 10, com a qual eu concordo, que diz que “Assim como o jazz, que a influenciou, a Bossa Nova pode ser considerada uma linguagem, uma maneira de pensar e fazer música. Por ser uma concepção musical não redutível a um determinado gênero, comporta manifestações variadas: sambas (Tem dó, de Baden Powell e Vinícius de Moraes), marchas (Marcha da quarta-feira de cinzas, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes), valsas (Luiza, de Tom Jobim), serestas (O que tinha que ser, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes), beguines (Oba-lá-lá, de João Gilberto) etc.” “Bossa Nova: uma batida diferente” em http://www.dianagoulart.pro.br/english/artigos/bossa.htm), mas percebo um uso de poucas citações para comprovar uma idéia. Qualquer estudo mais sério mostraria com clareza as várias origens da Bossa Nova que inclui o Jazz, mas que vai bem além disso, já que a própria Bossa Nova influenciou o Jazz também. A Bossa Nova está para o Jazz como o Jazz está para a Bossa Nova. Isso significa que são linguagens musicais equivalentes e não ramificações uma da outra. Esse tipo de embasamento permeia todo o artigo. É uma forma superficial de argumentação e característica de um estudo apologético em vez de um estudo pela busca da verdade.


Queremos primeiramente perguntar: se André concorda com as informações da nota de rodapé n° 10 de LG, porque, a seguir, ele as contesta? Não teria sido melhor dizer que “concorda parcialmente”? André se olvida de que o objetivo de LG não é rastrear a história do desenvolvimento musical da Bossa-nova, mas mostrar como este gênero popular é inadequado para ser usado no louvor. O ponto central é perdido de vista (talvez como forma de minar minha argumentação ou por falta de maior esclarecimento por parte do Pr. André). No demais, o texto simplesmente coloca o papel do jazz de ter influenciado a Bossa em seu início, o que seria de se esperar, uma vez que o jazz surgiu primeiro!

Mas, pelo que escreve, André estaria assumindo que podemos usar música popular (como os exemplos que citei) na adoração? Cabe a ele responder.

3. “Como a santidade divina pode ser devidamente representada por um ritmo popular, também usado em canções seculares frívolas?” Perguntas retóricas aliada a adjetivos que demonstram opiniões pessoais sempre serão tentativas simplórias de manipular o dito ‘senso comum’, senso que pelo fato de ser utilizado pode ser atestado como mediocridade, já que carece imparcialidade e argumentos fundamentados. Nunca esqueçamos que este ‘senso comum’ já foi utilizado muitas vezes para perseguir uma minoria pensante (e muitas vezes esclarecida) na história deste mundo e este mesmo trará a perseguição de uma minoria no fim dos tempos.

Na retórica, chamamos esta técnica de argumentação, que consiste em usar perguntas e apresentar respostas, de “diatribe”. Se esse recurso é inválido, temos de censurar o próprio apóstolo Paulo que o usa em excesso (p. ex.: Rom. 3:31, 8:31-39). A própria Ellen White utiliza o recurso; vejamos dois exemplos:

“Aqueles Cujo Coração Está no Esforço - Em seus esforços para alcançar o povo, os mensageiros do Senhor não devem seguir as maneiras do mundo. Nas reuniões realizadas, não devem depender de cantores do mundo nem de exibições teatrais para despertar o interesse. Como se pode esperar que aqueles que não têm nenhum interesse na Palavra de Deus, que nunca leram Sua Palavra com sincero desejo de lhe compreender as verdades, cantem com o espírito e entendimento? Como pode seu coração estar em harmonia com as palavras do canto sagrado? Como se pode o coro celeste unir a uma música, que é meramente uma forma?”
3

“Apenas Canto Suave e Simples - Como pode Deus ser glorificado quando confiais para o vosso canto em um coro mundano que canta por dinheiro? Meu irmão, quando virdes essas coisas em seu verdadeiro aspecto, só tereis em vossas reuniões apenas o canto suave e simples, e pedireis a toda a congregação que se una a esse canto. Que importa, se entre os presentes há alguns cuja voz não é tão melodiosa como a de outros! Quando o canto é de molde a que os anjos se possam unir com os cantores, pode-se causar no espírito uma impressão que o canto de lábios não santificados não pode produzir."4

Se o uso da diatribe qualifica “tentativa simplória de manipular o senso comum”, então tanto Paulo quanto Ellen White estariam munidos de más intenções?


4. Uma citação do renomado e polêmico músico Karlheinz Stockhausen sem qualquer alusão ao contexto em que foi feita já demonstra uma falta de cuidado com interpretação e exegese, independente do tipo de fonte citada. Pela maneira com que o autor cita e menciona músicos e música em geral fica evidente que o seu conhecimento de história da música e da própria matéria da música são de fato bastante limitados. Isso não significa que ele não possa argumentar a respeito da mesma, no entanto deveria restringir-se a lidar com o que poderia estar ao seu alcance que, no caso, poderia ser a Bíblia e os escritos de Ellen G. White. Se aventurando num campo desconhecido ele corre o risco de comprometer a sua argumentação em campos em que seja instruído por demonstrar tamanho despreparo e ignorância em assuntos abordados que claramente estão além do seu conhecimento. Só a citação Stockhausen já deixa isso abundantemente claro. Aconselho que pelo menos se conheça um pouco a quem se cita. Neste caso específico, a vida, a música e a obra de Stockhausen e a citação do mesmo constatam o que popularmente poderíamos chamar de um ‘tiro pela culatra’ para toda a argumentação do autor, pois Stockhausen é ícone de renovação e evolução da estética musical a tal ponto que duvido que o autor consiga ouvir uma obra completa dele com apreciação. Eu pelo menos não consigo.

Não é preciso argumentar muito no sentido de desfazer o palavrório contido na observação. Basta esclarecer que cito Stockhausen para fundamentar uma verdade universalmente aceita (a de que a música “tem o poder de influenciar nossa cultura, comportamento, ideologia e sentimentos”) e não porque eu concorde com ele em todos os pontos. Semelhantemente, cito uma frase de Darlene Zschech (“Aquilo com que você se deleita transparece quando dirige o louvor.”)
5 para estabelecer que nossa cosmovisão (incluindo nossos gostos pessoais) transparecesse em nossa forma de adorar; é claro que não concordo com a visão cúltica de Zschech, nem vejo que uma anuência cabal com suas opiniões seja condição sine quan non para citar o que ela afirma de válido e útil dentro de meu contexto.

André, ao introduzir este estranho critério para o uso de citações, pelo qual seríamos obrigados a citar autores com os quais concordássemos plenamente, compromete até os apóstolos bíblicos Paulo e Judas, posto que tais autores canônicos utilizam citações de escritores pagãos (Paulo cita uma frase de Arato, Phaenomena, em Atos 17:5) e apócrifos (Judas menciona uma passagem do livro de Enoque ao se referir a “assunção de Moisés”)
6.
Confirmado o critério do Pr. André, ou ambos os apóstolos não “conheciam a quem citavam” ou concordavam plenamente com eles, razão pela qual deveríamos canonizar os escritos por eles referidos (incluindo as obras de um poeta grego e o livro de Enoque em nossas Bíblias!).

5. A declara[ç]ão sobre a inegável semelhança entre ‘Coração do Pai’ com Anytime do Brian McKnight. Mas o autor do artigo pelo menos tomou o tempo para entrar em contato com o compositor da música, Lineu F. Soares para tirar esta dúvida? Senão esta afirmação caracteriza prepotência e beira ao perjúrio.

A minha afirmação não poderia caracterizar “prepotência” ou beirar “ao perjúrio”, porque esta constatação (sobre a semelhança entre as duas canções) parte de uma observação não-técnica ou de caráter definitivo (demandas sobre autoria musical, plágio e uso indevido não são assunto para artigos, mas tribunais, e mesmos estes passam, não raramente, 10 ou 20 anos para resolver tais pendengas). No demais, qualquer pessoa pode, à vontade, contrastar as músicas ("Anytime" e "Coração do Pai"), notando suas semelhanças e diferenças.

O foco, entretanto, não é o mero cotejo entre as melodias e, sim, até que ponto uma música sacra poderia ser identificada com outra, de caráter secular e popular? André não fez sequer menção à outra música de que tratei, “Serei o seu anjo”, gravada por Leonardo Gonçalves em dueto com Tatiana Costa, a qual se baseia em um sucesso pop-romântico de Celine Dion. Acredito que nem André se arriscaria a defender o indefensável.

Um adendo: há um consenso de que o plágio só é caracterizado pelo uso de oito compassos completos, ainda que não haja um texto legal sobre o assunto que especifique o número de compassos, sendo “muito difícil definir até que ponto apenas foi uma coincidência de seqüência ou houve intenção de se copiar algum trecho.” Em todo caso, “A mesma melodia (usando-se os mesmos acordes da melodia original ou não) é um plágio.”
7

6. A citação dos ditos ‘genéricos’, já que o artigo trata do Leonardo, se torna, no mínimo, inadequada sendo que ele não possui influência direta sobre eles, muito menos controle.


“É para nós de suma importância que circundemos a alma com a atmosfera de fé. Cada dia estamos decidindo nosso próprio destino eterno em harmonia com a atmosfera que circunda a alma. Somos individualmente responsáveis pela influência que exercemos, e conseqüências que não vemos resultarão de nossas palavras e ações.”
8
7. A citação nº. 13, que discordo de forma veemente: “O teor da polêmica envolvendo o trabalho de Leonardo Gonçalves está no uso constante da técnica do melisma”. Creio que os melismas constituem a razão superficial que de fato advém de uma séria de outras preocupações e sensações sejam elas conscientes ou inconscientes. A grande polêmica já foi abordada, aparentemente inconscientemente, pelo autor do artigo. Trata-se do uso da cultura contemporânea para louvar a Deus. Isso, no entanto, não é algo novo. Quero fazer referência a um excelente artigo ‘O Compositor Cristão no Tempo’ que li muito recentemente no blog do Joêzer (http://notanapauta.blogspot.com/). Vale a pena lê-lo, pois foi feito baseado em pesquisa de fatos reais da história da música. Longe de mim comparar o Leonardo com Bach ou Händel, mas quero demonstrar que este é o verdadeiro debate e que é mais antigo do autor parece perceber.


Comecei meu trabalho pesando a rápida ascensão da carreira de Leonardo Gonçalves com as críticas ao seu trabalho. Por isso afirmei a certa altura que o que mais atrai polêmica (dividindo o público entre fãs ardorosos do artista e seus opositores) é o emprego da técnica do melisma. Obviamente, o assunto do emprego do melisma não é o teor de meu trabalho e sim de muitas das críticas que Leonardo Gonçalves recebe. Sobre música e cultura já discutimos anteriormente no corpo deste artigo. Uma nota: eu e milhares de apreciadores da música sacra agrademos a André por não comparar seu irmão Leonardo a “Bach ou Händel”.

8. A nota de rodapé 13: “Melisma em música é a técnica de alterar a nota (sensação de freqüência) de uma sílaba de um texto enquanto ela está sendo cantada. A música cantada neste estilo é dita melismática, ao contrário de silábica, em que cada sílaba de texto é casada com uma única nota. A música das culturas antigas usavam técnicas melismáticas para atingir um estado hipnótico no ouvinte, útil para ritos místicos de iniciação (Mistérios Eleusinianos) e cultos religiosos. Esta qualidade ainda é encontrada na música contemporânea indu e muçulmana. Na música ocidental, o termo refere-se mais comumente ao Canto gregoriano, mas pode ser usado para descrever a música de qualquer gênero, incluindo o canto barroco e mais tarde o gospel. Geralmente, Aretha Franklin é considerada uma das melhores empregadoras modernas desta técnica.” http://www.babylon.com/definition/melisma/Portuguese” A citação nº. 13 é correta, porém incompleta. O autor provavelmente nunca notou a quantidade imensa do uso do melisma no Oratório do “Messias” de Händel e muitas outras obras musicais que, pelo estilo, o próprio autor deve considerar sacras. O uso de melismas não se limita ao querer criar um estado “hipnótico” no ouvinte. Esse estado surge em um contexto musical específico quando o músico controla a situação para tal. Os melismas pouco influenciam neste estado. Ritmos como os praticados em terreiros e imitações conscientes ou inconscientes dos mesmos podem levar a este estado de transe.
André se olvida do fato de que o uso do melisma na música sacra é distinto de como Mariah Carey a emprega, por exemplo. Não é o uso de melisma que torna a música sacra ou profana; mas, da forma como vem sendo empregado o recurso, não é muito difícil associá-lo com a música secular negra contemporânea, conforme eu já havia mencionado em LG. Ocorre que, no canto gregoriano ou em outros gêneros sacros, o melisma enfatiza e destaca a palavra, na moderna música popular, ele evidencia a emoção, às vezes de um modo exagerado (herança das experiências africanas de culto, que são imanentes).

9 - Creio que o autor do artigo finalmente fez a pergunta chave logo após a citação nº. 16. “Seria legítimo empregar elementos claramente identificados com a música secular para louvar a Deus?” Faço referência mais uma vez ao excelente artigo do Joêzer Mendonça cujo link já foi colocado acima. Creio que muitas vezes aquilo que o atual ‘senso comum’ considera ser o epítome da música sacra (cito aqui como exemplos J. S. Bach, G. F. Händel e, que os músicos me perdoem e entendam, The Kings Heralds) enfrentou sérias controvérsias na época de surgimento e criação por estar próximo demais do padrão musical contemporâneo. A divisão da música em três tipos como ‘música erudita’, ‘música folclórica’ e ‘música popular’ se torna insustentável diante da complexidade de definição de estilos musicais e suas origens. Citações curtas sem aprofundamento e tiradas do contexto facilmente podem ser usadas para criar falsos silogismos (ditos silogismos dialéticos ou retóricos).

Estou persuadido de ter apresentado razões mais do que suficientes para discordar deste último parágrafo no decorrer de meu presente artigo. André, ainda que expondo de forma sincera seu raciocínio, deixa escapar um relativismo que não se conforma com o pensamento adventista, dentro do qual a música não é mero fenômeno dentro de limites sócio-culturais ou mesmo antropológicos; na Criação, os anjos cantavam (Jó 38:7), indicando que, desde o princípio esta forma de adoração é independente da experiência (e até anterior à própria existência) dos seres humanos. Não é bíblico tratarmos a música apenas como manifestação de cultura, porque princípios de adoração estão em jogo.

O fato de que músicos cristãos sofreram confrontação no passado, indica, ao menos, que houve mudanças na forma de entender e produzir música, o que, per si, não é necessariamente ruim. A música, como toda arte, é passível de evolução, desde que os princípios da Revelação, em se tratando de música sacra, sejam praticados coerentemente. Não devemos esperar que os “bons tempos” do passado voltem; todavia, devemos cobrar que nossos músicos sejam integralmente ligados a Deus para produzir e apresentar música nova, compatível com a adoração, coerente com o período em que vivemos, sem ser conivente com o padrão mundano.


Conclusão


De tudo quanto apresentamos, nosso pensamento se volta para a premente necessidade de que o padrão bíblico para a adoração seja mais bem compreendido pelo adorador adventista; portanto, incentivamos aos pastores e líderes locais, bem como aos diretores de nossas instituições, e mesmo aos membros esclarecidos de nossa denominação, enfim, a todos que temem a Deus, que estudem cautelosamente e com humildade tudo quanto envolva a adoração, em geral, e a música, em particular.

Enquanto critérios subjetivos (e mesmo relativistas) dominarem o cenário do adventismo brasileiro no que se reporta à música (apresentada durante os cultos, congressos, reuniões de líderes, concílios e grandes eventos ou veiculada em programas de rádio ou televisão), dificilmente poderemos estar à altura de nossa comissão, porque teremos perdido nossa identidade como povo peculiar de Deus.

Sentimos ser o tempo de nos mobilizarmos para estudar maneiras de crescer enquanto adoradores: grupos de estudo ou comissões especiais devem ser formados nas igrejas, reunindo-se pelo tempo que acharem conveniente para formar uma declaração local ou distrital sobre o assunto, a qual deverá ser expressa na forma de princípios claros e bem definidos. Tal declaração tem ainda de ser apresentada à igreja e votada pela comissão. Uma vez que a determinada igreja ou distrito pastoral adquira a sua compreensão da adoração, esta visão precisa ser compartilhada sistematicamente, para que haja uma reeducação do adorador que freqüentar a congregação ou distrito.

Em cima desta visão, poderemos fortalecer um sólido ministério musical dentro do contexto distrital, incentivando financeiramente pessoas que tenham talento para a música para que completem sua formação em conservatórios ou adquiram instrumentos. Esse ministério, sem dúvida, enriquecerá o culto de adoração e permitirá que os talentos que Deus concedeu não apenas sejam bem aproveitados, mas também corretamente direcionados. Músicos cristãos recebendo apoio de suas congregações é fato mais comum do que nos pareça. Para isto, basta termos um propósito bem definido e uma visão bem fundamentada sobre como dirigir a adoração em nossos cultos.

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2


Agradecimentos


Em especial, agradeço a Levi de Paula Tavares e Adrian Theodor Schartner Corbó, que são, respectivamente, gerenciador e colaborador do site Musica Adoração (
http://www.musicaeadoracao.com.br), que pacientemente leram o artigo, apresentando sugestões, indicando citações e confrontando minhas idéias; aos pastores Ademar Paim e Isaac Malheiros, por generosamente disponibilizar materiais usados na pesquisa biográfica para este trabalho; aos jornalistas Michelson Borges e Diogo Cavalcanti por me indicarem as pessoas adequadas para esclarecimento de detalhes técnicos. Acima de tudo, a Deus, pela beleza de Sua Revelação e pelo poder de nos capacitar a compreendê-la a cada dia mais. O presente artigo reflete as convicções de seu autor, o qual se responsabiliza pelos conceitos formulados, e não necessariamente a opinião daqueles que contribuíram, de uma forma ou de outra, para a sua realização.
Para ler outras partes deste artigo:



1 Mensagens aos Jovens, p. 295, grifos supridos.2 Em contrapartida, o Pr. André, que questionou tanto o aspecto biográfico, não usou sequer uma referência para embasar suas convicções.3 Testimonies, vol. 9, p. 143.4 Carta 190, 1902.5 Cf.: Citação número 10 do presente artigo.6 Para entender a melhor o uso dessas citações pelos escritores bíblicos citados, indicamos a leitura de Gleason Archer, “Enciclopédia de dificuldades bíblicas”, (São Paulo, SP: Editora Vida, 1997), pp. 461 e 462.7 Essas informações foram gentilmente fornecidas pelo maestro José Newton da Silva Júnior, diretor de produções artísticas da Casa (Musicasa), em e-mail ao autor.8 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, Vol. 2, pp. 433 e 434, grifos nossos.

sábado, 8 de setembro de 2007

A MÚSICA SACRA DENTRO DA COSMOVISÃO ADVENTISTA: INTERPRETANDO E APLICANDO CONCEITOS DE ELLEN WHITE - Parte 3



c) O reducionismo, tanto na abordagem histórica do contexto cultural no qual Ellen White estava inserida quando escreveu sobre a música, quanto na aplicação atual do que ela escreveu.

Para compreendemos melhor a questão da importância da Revelação na adoração, é necessário notarmos que, para os adventistas, o mundo é visto como caminhando para um fim irreversível; nestes últimos dias da História da Terra, Deus tem, então, preparado um povo, dando a ele um cabedal de verdades que devem ser anunciadas a todo mundo. A mensagem da obra de Cristo no Santuário, parte deste sistema e eixo integrador do corpo de verdades para o tempo do fim, deve atrair nossa consideração nesses últimos dias. Como afirma Ellen White:

“Encerrando-se o ministério de Jesus no lugar santo, e passando Ele para o lugar santíssimo e ficando de pé diante da arca, a qual contém a lei de Deus, enviou um outro anjo poderoso com uma terceira mensagem ao mundo. Um pergaminho foi posto na mão do anjo e descendo ele à Terra com poder e majestade, proclamou uma terrível mensagem de advertência com a mais terrível ameaça que já foi feita ao homem.Esta mensagem estava destinada a pôr os filhos de Deus de sobreaviso, mostrando-lhes a hora de tentação e angústia que diante deles estava.Disse o anjo: ‘Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus’ Apocalipse 14:12. Ao dizer estas palavras, aponta para o santuário celestial. As mentes de todos os que abraçam esta mensagem são dirigidas ao lugar santíssimo, onde Jesus está em pé diante da arca fazendo intercessão final por todos aqueles por quem a misericórdia ainda espera, e pelos que ignorantemente terão violado a lei de Deus.”[1]

Perceba que a doutrina da purificação do santuário, justamente por ser tanto crucial para a integração da verdade (juntamente com as três mensagens angélicas, também referidas no texto), quanto por servir de advertência de que “a hora da tentação e angústia” está se aproximando, deve ocupar a consideração das “mentes de todos os que abraçam esta verdade.” O processo de aquilatar a grande Verdade da obra de Cristo no Santuário Celestial acontece na mente.

Diante da importância do papel da mente para a compreensão da verdade, surge uma série de admoestações inspiradas para cuidarmos da mente: principal, mas não unicamente, Ellen White trata dos cuidados que os adventistas têm que ter com a alimentação. Hábitos errôneos, compreendendo o comer em demasia, não seguir um regime apropriado, são responsáveis pelo “entorpecimento” e “embotamento” da mente, impedindo-a de apreciar as grandes verdades para os presentes dias.[2] Propriamente dentro deste contexto, surge a afirmação “Com a mente servimos ao Senhor”[3]

Contudo, como relacionar o cuidado que devemos manifestar no que toca à mente com o curso que a música vem tomando no moderno adventismo?

Anteriormente, mencionamos o movimento da “Carne Santa”, uma heresia que surgiu no meio do adventismo. Aquela experiência serve não apenas como um exemplo histórico da maneira pela qual tendências pentecostais se insurgiram na denominação adventista, mas fornece um síloge do futuro paradigma na adoração adventista. Notemos o que Ellen White comenta:

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. […]


“Não entrarei em toda a triste história; é demasiado. Mas em janeiro último o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venha a perder sua força e influência."
[4]

No contexto dos últimos dias, Ellen White afirma que manifestações como a ocorrida em Indiana serão a regra, não a exceção. De alguma forma, “gritos”, “tambores”, música” e “dança” acompanharão o repertório de nossa música. Obviamente, a autora relaciona essa mudança de valores musicais como um estratagema de Satanás, para confundir “os sentidos dos seres racionais”. Essa aproximação satânica com a maneira pagã de adorar seria considerada “operação do Espírito Santo”.

Já consideramos nos tópicos anteriores os fatores que têm permitido, paulatinamente, a ocorrência desse fenômeno de mudança paradigmática entre os adventistas. Somente a Revelação poderia reorientar nossa concepção musical dentro da perspectiva de nossa singularidade como movimento profético. Entrementes, a Revelação tem sido desconsiderada, mesmo no meio denominacional.

Faz-se necessário nos determos em um exemplo recente da história do Adventismo para percebermos o desenvolvimento de alguns conceitos responsáveis pelo desprestígio da Revelação. Uma das maiores crises que a Igreja Adventista enfrentou foi desencadeada quando Desmond Ford, um proeminente teólogo adventista, questionou a doutrina do santuário. Ele apresentou suas dúvidas de forma pública inicialmente em 27 de Outubro de 1979, em uma palestra sobre Hebreus 9 e suas implicações para a doutrina adventista, no Pacific Union College.[5] Diante da repercussão do fato, foram concedidas seis meses a Ford pela Associação Geral, a fim de que desenvolvesse e apresentasse suas idéias. O trabalho de Ford rendeu um texto de quase 1000 páginas que foi debatido entre teólogos adventistas, sendo possível encontrar muitas publicações sobre o ocorrido, bem como refutações à posição de Ford.[6]

O curioso é que, para sustentar sua nova compreensão sobre o santuário, Ford teve de reinterpretar os escritos de Ellen White, que para ele passaram a ser vistos como incorporando muitos dos erros de contemporâneos adventistas da autora, mais preocupados em prover uma explicação para o desapontamento do que em buscar uma perspectiva bíblica. Ellen White teria, para Ford, somente a finalidade de aconselhar de forma pastoral, sem autoridade doutrinária.[7]

Ford, certamente, não foi quem primeiro duvidou da autoridade profética de Ellen White, contudo, ele trouxe uma nova e perigosa abordagem restritiva da Revelação, limitando sua funcionalidade ao patamar “pastoral” (admoestativo). Mesmo em congregações brasileiras, nas quais geralmente o criticismo histórico raramente é encontrado, muitos dos livros de Ellen White são tratados como meros “conselhos”, como se a obediência voluntária àqueles aspectos da Revelação encontrados em tais livros não fosse relevante para a salvação ou desenvolvimento da vida cristã, mas meramente “opcional”.

O que ocorreu no caso de Ford ilustra a racionalização que tendemos a fazer quando nossa compreensão não se conforma com o que a Revelação apresenta sobre determinado assunto. Em uma esfera menor e, geralmente, de forma inconsciente, passamos a atribuir um valor reduzido ao que o profeta pronunciou ou acomodar sua mensagem às nossas preferências, sendo seletivos em relação ao que ele comunicou.

Infelizmente, no campo da adoração, que constitui um “tabu” entre os adventistas, os conselhos de Ellen White ainda são pouco explorados, e, lentamente, uma concepção popular, de influência marcadamente mais evangélica, vem substituindo os princípios especificamente adventistas. Quando estudamos os conselhos da mensageira do Senhor, reagimos inconscientemente a eles, no sentido de “enquadrá-los” em nossas preferências.

Como já vimos, entre os evangélicos é comum aceitar a fusão entre música secular e letra religiosa, embora este não seja um princípio coerente com nossa filosofia de culto. No entanto, André Gonçalves, em seu comentário a LG se aproxima da posição evangélica quando afirma:

“[…]Utilizar as palavras que a irmã White usou após uma experiência de arrebatamento para o Céu para nortear a música em termos específicos e técnicos é descontextualizar completamente o que ela escreveu.

“Usar as palavras dela, como ‘harmonia’, ‘dissonância’, ‘acordes perfeitos’, entre outras, todas, de fato, plenas de significado e intenção por parte da autora, e supor que o significado destas mesmas palavras seja equivalente ao uso das mesmas palavras hoje em dia é, no mínimo, ingênuo e provavelmente reflete uma ausência profunda de conhecimento das regras mais fundamentais de exegese.”[8]

Se bem compreendi sua afirmação, André Gonçalves está dizendo que o que Ellen White escreveu não tinha o objetivo de orientar a música em seus aspectos técnicos, principalmente porque os termos usados pela autora não encontram uma correspondência direta e simples. Cabe perguntar, em primeira estância, qual o objetivo de Ellen White fornecer conselhos sobre música se eles não servem para nortear a música de forma precisa? Evidentemente, esse mesmo tipo de raciocínio poderia ser estendido às outras áreas em que ela escreveu: como poderíamos aprender de seus conselhos na área pedagógica, se eles não se expressam em termos precisos (e/ou técnicos)? Se, enfim, estendêssemos este tipo de interpretação a tudo quanto entendemos ser a Revelação de Deus através de Ellen White, chegaríamos inevitavelmente à conclusão de que a mesma Revelação é despropositada, uma vez que seu caráter é impreciso e, portanto, indigno de confiança.


A essa altura, seria proveitoso saber o que André propõe como forma de interpretar o legado profético de Ellen White. No parágrafo posterior, André então fornece um modelo hermenêutico:
“Alguns ao contextualizarem textos da Bíblia ou da irmã White destituem esses mesmo textos de relevância para os nossos dias. Isso se torna tão perigoso quanto o uso completamente descontextualizado. O equilíbrio entre os dois é o ideal e não quero que isso soe como chavão simplório e, portanto, vou tentar explicar.

“Entender o que um texto quer dizer para a sua própria época nos ajuda a entender se o texto trata de uma aplicação de um princípio, cujo princípio pode ser encontrado através de dedução e, neste caso, oração, ou se ele trata de uma idéia imutável, portanto, um princípio. Não consigo resistir à tentação de utilizar um chavão neste momento: Todo texto fora do contexto advém de um pretexto.”
[9]

Ele argumenta que a contextualização excessiva dos textos de Ellen White tira a relevância do que a autora escreveu para a nossa época, enquanto a não-contextualização é igualmente “perigosa”. André Gonçalves passa a propor um “equilíbrio” entre as duas práticas. De início, a idéia soa um tanto estranha: como seria possível um equilíbrio entre a excessiva contextualização e a não-contextualização? Teríamos, então, de objetivar uma “meia-contextualização”? Parece-nos que o autor, no decorrer de seu comentário, se expressa com maior clareza, referindo-se a um estudo meticulosamente comparado entre o que Ellen White afirmou dentro de seu contexto, buscando extrair princípios para a adoração atual.


Em LG, devido ao nosso propósito, analisamos alguns textos de Ellen White, conservando em mente sua aplicação literal mais clara, sem entrar em detalhes quanto ao contexto histórico, por uma questão de espaço, e por não ser o que nos propusemos a fazer. Embora a abordagem tencionada seja válida, um criterioso exame de como André Gonçalves empregou o método que ele mesmo propôs nos revela o reducionismo, talvez inconsciente, da contextualização dos escritos de Ellen White. Gonçalves restringe todo o cenário musical norte-americano no século XIX à influência do “Bel-canto”, estilo italiano característico da música lírica (especialmente óperas).
[10]

Para resgatarmos o contexto em que Ellen White escreveu, temos necessidade de buscar entender que o século XIX constiuiu-se de uma era de despertamentos religiosos em solo americano. Ainda em 1800, Francis-Asbury, considerado o primeiro pregador itinerante, iniciava as reuniões campais de reavivamentos, chamadas de “Camp meetings”.[11] Visando alcançar o povo individualista e isolado que vivia na fronteira, os evangélicos daquela época mudaram sua abordagem, focalizando na “experiência de conversão profunda” para promover novas conversões. Na dinamicidade do processo, a religião passou a ser redefinida “em termos de emoção, no mesmo tempo que contribuía para negligenciar a teologia, a doutrina e o elemento cognitivo da crença.” Notoriamente, essa mudança no paradigma religioso levou a uma reestruturação do sistema de culto, que passou a incorporar “linguagem simples do povo e músicas populares”. [12] Note esta descrição de tais reuniões:


“‘Tenho visto presbiterianos, metodistas, quacres, batistas, anglicanos e independentes, todos tomados de sacudidelas; cavalheiros e damas, negros e brancos, velhos e moços, ricos e pobres sem exceção. […]
“Era a noite que o frenesi reavivamentista alcançava a intensidade máxima. Ao clarão das fogueiras que rodeavam o campo, os pregadores iam por entre a turba exortando aos pecadores a arrependerem-se para escapar do fogo do inferno. O canto se avolumava, transformando-se em portentoso rugido, os brados abalavam a terra, homens e mulheres sacudiam-se, saltavam ou rolavam pelo chão até que desmaiavam e tinham de ser carregados. Entre soluços, gemidos e gritos homens e mulheres apertavam as mãos uns dos outros e davam vazão a todas as suas frustrações e emoções em grandes transportes vocais que culminavam no ‘êxtase do canto’.”
[13]

A influência da música cantada nos camp meetings atravessou o movimento milerita e demorou até ser sistematicamente rejeitada pelos primeiros hinários adventistas[14]. Reapareceu, contudo, durante o episódio da Carne Santa, que, à luz da História do evangelicalismo americano se torna ainda mais verossímil.

Na área secular, a influência da agitação religiosa também ajudava a criar um novo gênero, que marcaria a musicalidade norte-americana: o jazz. O homem negro, trazido da África como escravo, foi inserido no contexto musical americano, misturando a sua musicalidade primitiva àquela que encontrou no continente novo. Nos campos do Sul dos Estados Unidos, os escravos se comunicavam através dos “hollers”, gritos que funcionavam como uma espécie de sonar, e do qual várias canções se desenvolveram. Dentro desse cenário musical, a figura do “griot” desempenha importante papel: nas tribos da costa ocidental da África, eles ocupavam uma função social e religiosa de destaque.
[15] A adesão da tradição musical africana no movimento reavivamentista desenvolveu um novo tipo de música profana, como observamos em LG:

“A Black Music nasceu dos antigos Negro-spirituals, canções folclóricas de fundo religioso, cantadas pelos escravos africanos nos Estados Unidos. Os spirituals não apenas deram origem ao gospel, mas a uma gama de estilos negros.”

A afinidade entre a música africana e a dos movimentos cristãos norte-americanos ultrapassou o período dos reavivamentos e se perpetuou nos movimentos pentecostais. Dorneles observa:
“O pentecostalismo, possuído pela ênfase na experiência tangível da salvação, encontrou nos elementos culturais africanos uma forma adequada de expressão. Essa forma incorporada ao culto abre espaço para uma liturgia emocional e corporal”
[16]

A música profana da época recebeu direta influência da música negra, como também de várias outras culturas, que foram se imiscuindo, para criar as condições necessárias ao surgimento do Jazz. Com efeito:


“A ópera francesa, a canção popular, a música napolitana, os tambores africanos […], o ritmo haitiano, a melodia cubana, os refrões satíricos dos crioulos, os spirituals e os blues americanos, o ragtime, a música popular da época – tudo isso se fazia ouvir lado a lado nas ruas [de New Orleans].”
[17]

É digno de nota a relação, tanto devido à proximidade geográfica, quanto à afinidade de ritmos entre o jazz e a música latino-americano (“o ritmo haitiano” e “a melodia cubana”). A História das Américas releva que os negros estiveram lado a lado com os conquistadores espanhóis, sendo que em “alguns casos, até os próprios líderes coloniais eram negros, como Estebanico” e “Juan Valiente”, que fizeram expedições às terras que hoje pertencem, respectivamente, ao México e ao Chile. “Entre 1502 e 1518, centenas de negros emigraram” para as Américas; os colonos negros, que moravam antes na Península Ibérica, já haviam “substituído a cultura africana original pela cultura moura (árabe)”, isto porque os árabes dominaram a Espanha desde o século VIII, e o ano em que Colombo partiu (1492) também havia marcado a queda do último “bastião dos mouros”. Quando a Espanha chegou a primazia no tráfico de escravos, estes provinham da África ocidental, “países com distintos padrões de cultura árabe”. Na Espanha, a tolerância aos costumes dos escravos era maior, por haverem influências árabes tanto na cultura espanhola como na de seus escravos africanos. A presença de elementos árabes nas culturas africanas e latino-americanas contribuiu para a formação de gêneros tipicamente norte-americanos, como o blues e o jazz. E o processo de “incrementação” da música negra nos Estados Unidos se deu ainda no século XIX.[18]


Tais informações históricas tornam-se úteis para entendermos as origens da música em desenvolvimento no período no qual foram dadas as advertências inspiradas, como a que consta no seguinte texto de Ellen G. White:

“Foi-me mostrado que a juventude necessita assumir posição mais alta e fazer da Palavra de Deus sua conselheira e guia. Solenes responsabilidades repousam sobre os jovens, as quais eles levianamente consideram. A introdução de música em seus lares, em vez de incitá-los à santidade e espiritualidade, tem sido um meio de desviar-lhes a mente da verdade. Canções frívolas e peças de música popular do dia parecem compatíveis com seus gostos. Os instrumentos de música têm tomado o tempo que devia ter sido dedicado à oração. A música, quando não abusiva, é uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição. Ela estimula, mas não comunica a força e a coragem que o cristão só pode encontrar no trono da graça enquanto humildemente faz conhecidas suas necessidades e, com fortes clamores e lágrimas, suplica força celestial para se fortificar contra as poderosas tentações do maligno. Satanás está levando cativa a juventude. Oh, que posso eu dizer para levá-los a quebrar seu poder de sedução! Ele é um hábil sedutor para levá-los à perdição.”
[19]

Quando Ellen White comenta os efeitos danosos que a “música popular” de seus dias causava sobre os jovens, desviando-lhes “a mente da verdade”, temos de entender sua orientação dentro de uma “época em que o ‘jazz’ começava a se generalizar.”[20] Mais uma vez, a preocupação é com a mente e com suas condições de receber, entender e aceitar o conjunto de verdades que Deus tem para o tempo do fim.


Merece a nossa atenção o fato de no século XIX, a cultura musical, tanto a religiosa quanto a secular, sofreram inúmeras influências, rompendo antigos padrões. É claro que o surgimento de uma atitude descompromissada se comparada às convenções estabelecidas dentro do protestantismo histórico em detrimento do sincretismo entre culturas influenciadas pelo emocionalismo cúltico, também foi um fenômeno perfeitamente explicado pelo surgimento do Romantismo, que se insurgia contra a autoridade, quer no âmbito particular ou público. “Este espírito foi incentivado pela Revolução Francesa”, responsável por muitos dos princípios da modernidade. Agora, a “partir de uma perspectiva protestante, a música se tornou carregada de emocionalismo”, perdendo de vista qualquer senso de responsabilidade.
[21]

Assim, tornava-se ainda mais imperativo que Deus fornecesse informações concretas para o povo adventista, vivendo instantes antes do advento, a fim de não lhes deixar a mercê de critérios subjetivos, uma vez que tais critérios os levariam a cultivar uma qualidade de música tão emocional como os evangélicos contemporâneos deles. No entanto, é justo perguntarmos: O que de prático podemos mensurar dos conselhos de Ellen White a respeito da música? Teria sido ela clara o suficiente ao abordar o assunto, ou deu orientações que pudessem ser interpretadas de formas diversas, até mutuamente excludentes?


É certo que não há de se esperar uma linguagem musical técnica nos escritos de Ellen White, tendo em vista que a autora não tinha formação musical, e não escreve pensando apenas naqueles que são músicos profissionais; contudo, o cunho de seus escritos reflete uma filosofia musical que (caso aceitemos o fato de ela ser a “mensageira do Senhor”) expressa a vontade de Deus para o Seu povo. Samuel Krähenbühl argumenta:

"Algumas pessoas podem afirmar em tom irônico que Ellen não nos deixou partituras. Mas reflitamos: seus conselhos foram em sua maioria de cunho filosófico. Entretanto, a Música Filosófica está intimamente relacionada com a Música Notação."
[22]

Inferimos, portanto, que a Revelação de Deus a Ellen White abrange princípios, que o músico cristão se preocupará em seguir. Emily Akuno, professora adventista de música, cuja influência é reconhecida no Quênia, seu país de origem, afirma:

“[…] Como adventista, quero usar a música para transmitir valores corretos. Para atingir esse objetivo, uso os dons que Deus me concedeu para ensinar meus alunos de tal modo que possam fazer decisões sábias na utilização de seus talentos musicais. Minha fé também me orienta e ajuda na escolha das músicas que utilizo. Isso não significa que trabalho apenas com música sacra, mas deixo meus valores cristãos influenciarem minha perspectiva de música, tanto a sacra como a secular, clássica ou contemporânea.”
[23]

A despeito de não utilizar linguagem musical técnica, os princípios encontrados na Revelação de Deus à Ellen White abrangem a todos, inclusive os músicos profissionais, que devem se pautar pelos mesmos princípios, ao compor, interpretar, tocar ou reger a música durante o culto. Entre os seus escritos, encontramos um testemunho de Ellen White a um regente, que, embora fosse possuidor de “conhecimento musical”, possuía uma “formação em música foi do tipo a adequar-se mais ao palco do que ao solene culto de Deus”. Ela lhe advertiu que “qualquer excentricidade ou peculiaridade cultivadas [no canto] atrai a atenção ao do povo e destrói a impressão séria e solene que deveriam ser o resultado da música sagrada. Qualquer coisa excêntrica e estranha no canto deprecia a seriedade e caráter sagrado do serviço religioso.” Especificamente, Ellen White se refere à sua “voz alta e estridente”, ao seu excessivo “movimento corporal durante o canto” e ao fato de que o referido “irmão” “tem se tornado desencorajado e não quer fazer nada” quando se vê questionado.[24] Por esse exemplo, fica notório o fato de a Revelação situa-se acima da autoridade meramente acadêmica, o que vale para qualquer área em geral e, em nosso caso específico, para a área musical.


Das orientações de Ellen White, estudiosos adventistas têm extraído diversas características da música cristã, que, embora não sejam exaustivas, nos ajudam a ter critérios mais concretos. Enquanto André Gonçalves entende que o “grande princípio que permeia as palavras da irmã White”, no que diz respeito à música, seja que toda “música cantada deve focar em primeiro lugar a clareza da mensagem”, outros autores tem destacado, quer de forma literal, quer por dedução e aplicação indireta, entre outros diversos fatores, os seguintes: cantar de forma harmoniosa e dominada, fazer uso da expressão correta (sem “chiados”, voz “rouquenha” ou de forma gritada, comuns aos músicos populares), não usar dissonâncias não resolvidas (como na música popular ou erudita contemporânea), empregar música solene, evitar todo tipo de estridência vocal, não fazer da música um ato de exibição teatral (como nas óperas), preparar-se adequadamente para dirigir ou apresentar a música na igreja (sem restringi-la a alguns poucos), não utilizar música muito ritmada (cujo ritmo seja facilmente identificado com algum gênero popular), cantar com espírito e entendimento.
[25]
Gonçalves ainda insiste que é “complicado classificar música, especialmente música sacra.” Nossa preocupação é se este tipo de afirmação poderia estar refletindo uma abordagem “liberalista” da música, sob a alegação de “ser difícil” definir o que é sacro ou não, razão pela qual deveríamos buscar santidade apenas em termos pessoais, não musicais.[26] Esta abordagem, ainda que seja muito cômoda, não nos parece convincente ou mesmo mostrar coerência, em face aos conceitos de Ellen White e a maneira pela qual têm sido interpretados pelos adventistas ao longo da história denominacional. Cabe essa consideração:

"A capacidade de discernir entre o que é reto e o que não o é, podemos possuí-la unicamente pela confiança individual em Deus. Cada um deve aprender por si, com auxílio dEle, mediante a Sua Palavra. A nossa capacidade de raciocinar foi-nos dada para que a usássemos, e Deus quer que seja exercitada."
[27]

O primeiro documento oficial dos adventistas do sétimo dia sobre a música afirma, a certa altura, que o cristão:


"Considerará músicas como "blues", "jazz", o estilo "rock" e formas similares como inimigas do desenvolvimento do caráter cristão, porque abrem a mente a pensamentos impuros a levam ao comportamento não santificado. Tais tipos de música têm uma direta relação com o ‘comportamento permissivo’ da sociedade contemporânea. A distorção do ritmo, da melodia, e da harmonia como empregados nestes gêneros de música e sua excessiva amplificação, embotam a sensibilidade e finalmente destroem a apreciação por aquilo que é bom e santo."
[28]

Se este documento se apóia em princípios da Revelação, porque hoje assistimos apresentações musicais com os ritmos mencionados (“blues”, “jazz”, “rock” e “formas similares”) realizadas por cantores adventistas? No decurso de trinta anos, o tipo de música que antes destruía “a apreciação por aquilo que é bom e santo” passou a ser ele mesmo bom e santo? Esta mudança não indicaria uma rejeição sistemática, embora não-voluntária ou consciente, dos princípios revelados? Os líderes da Igreja Adventista na América do Sul coadunam com o pensamento de que não podemos nivelar nossa concepção musical pelos gêneros populares. Tanto que aprovaram um documento em anexo às orientações mundiais para orientar a música no território sul-americano. No que tange à música propriamente dita, os princípios são assim colocados:


“II. A Música

1 - Glorifica a Deus e ajuda os ouvintes a adorá-Lo de maneira aceitável.
2 – Deve ser compatível com a mensagem, mantendo o equilíbrio entre ritmo, melodia e harmonia (I Crônicas 25:1, 6 e 7).
3 - Deve harmonizar letra e melodia, sem combinar o sagrado com o profano.
4 - Não segue tendências que abram a mente para pensamentos impuros, que levem a comportamentos pecaminosos ou que destruam a apreciação pelo que é santo e puro."A música profana ou a que seja de natureza duvidosa ou questionável, nunca dever ser introduzida em nossos cultos". – Manual da Igreja, pág. 72.
5 - Não se deixa guiar apenas pelo gosto e experiência pessoal. Os hábitos e a cultura não são guias suficientes na escolha da música. "Tenho ouvido em algumas de nossas igrejas solos que eram de todo inadequados ao culto da casa do Senhor. As notas longamente puxadas e os sons peculiares, comuns no canto de óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir os simples cantos de louvor entoados em tom natural." – Ellen White, Manuscrito 91.
6 - Não deve ser rebaixada a fim de obter conversões, mas deve elevar o pecador a Deus. (Ver Evangelismo, pág. 137.) Ellen White diz que "haveriam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça... gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isto é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo." – Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 36.
7 - Provoca uma reação positiva e saudável naqueles que a ouvem.”
[29]

Com esses dados, somos levados a crer que a Igreja Adventista do Sétimo Dia possui uma filosofia musical distinta, a qual não é oriunda tão somente de sua tradição religiosa, todavia provém do mesmo Deus que convocou os adventistas como povo remanescente, para transmitir a última e solene advertência, dentro da qual se inclui o convite à verdadeira adoração e a rejeição à adoração falsa. Relativizar a música, que se enquadra na adoração, é, no mínimo, desconsiderar o aspecto da Revelação que incluí o referencial sobre o assunto, ou, na pior das hipóteses, rejeitar o que Deus revelou por ser contrário ao nosso gosto, formação ou opinião. Em tudo quanto envolve a vida cristã, é necessário todo o cuidado e submissão à vontade do Senhor, porque o verdadeiro cristão é aquele que vive de “toda a palavra que procede da boca Deus” (Mat. 4:4, NVI).
[1] Primeiros Escritos, p. 254, ênfase suprida. Tive a atenção chamada para este texto pelo Pr. Sidionil Biasi, durante suas palestras no Concílio pastoral da Associação Catarinense do segundo semestre de 2007.[2] Há uma imensa quantidade de textos que tratam da alimentação dentro das preocupações mencionadas. Seria impossível, dentro desse espaço, fazer alusão a todos, mas, em especial, mencionamos Conselho sobre saúde, p. 577 e Carta 27, 1972, citada em Mente Caráter e personalidade, vol 2, p. 392.[3] Temperança, p. 14.[4] Mensagens Escolhidas, vol. II, p. 36 e 37.[5] A palestra está disponível em http://www.goodnewsunlimited.org/library/1979forum/part1.cfm e http://www.goodnewsunlimited.org/library/1979forum/part2.cfm.[6] Em especial, consultei um trabalho de conclusão de curso, da autoria de Glauber S. de Araújo, intitulado “Desmond Ford e a doutrina do santuário: análise comparativa de duas fases distintas”, disponível em http://www.unasp.br/kerygma/pdf/tcc5_glauber_revisado.pdf.[7] Idem, pp. 53-55.[8] André Gonçalves, em comentário à LG.[9] Idem.[10] Admitimos que a ópera fazia parte do contexto muiscal de Ellen White; mas não era o único tipo de música disponível. “A ópera e o Lieder alcançavam seu apogeu, bem como as sinfonias e os concertos. Tais atrações eram apresentadas nos melhores teatros. Era o que chamamos de ‘música popular’ da época.” Samuel Krähenbühl, “Ellen G. White: Autoridade em Música?” Revista Adventista, março 1999, p. 11; também disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/egw/autoridade_musica.htm. Acesso: 3 de Setembro de 2007. Krähenbühl chega a relacionar, adiante, o movimento da “Carne Santa” ao surgimento do jazz.[11] Dario Pires de Araújo, “Música Adventismo e Eternidade”, p. 14.[12] Nancy Pearcey, “Verdade Absoluta”, p. 296.[13] Gilbert Chase, “Do Salmo ao Jazz” (America’s music), p. 193, citado por Dario Pires de Araújo, idem.[14] Em 1843, no auge do Milerismo, Joshua Himes, importante colaborador e responsável pela “arrancada” evangelística de William Miler, publicou “The Millenial Harp”, uma coletânea com mais de cânticos, moldados pela tradição reavivamentista. Entre o grupo que posteriormente se chamaria “Adventistas do Sétimo Dia”, a herança reavivamentista foi sendo depurada; na segunda coletânea adventista, organinada por James (Tiago) White, “Hymns and Spirituals Songs for Camp- Meetings and Other Religious Gatherings”, ao invés do que o nome possa sugerir, o paradigma musical das antigas reuniões de reavivamento deixou marcas insignificantes. Cf.: Dario Pires de Araújo, idem, p. 20-22.[15] Roberto Muggiati, “Blues: da lama à fama” (São Paulo, SP: Editora 34, 1995), 1ª reimpressão, p. 10 e 11.[16]Dorneles, p. 88[17] François Billard, “A vida cotidiana no mundo do Jazz” (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001), p. 17. No mesmo contexto, o autor liga o surgimento do jazz ao carnaval de rua de New Orleans.[18]Gunnar Lindgren, “Las raíces árabes del Jazz y los Blues”, disponível em: http://64.233.169.104/search?q=cache:TpOpzqMQ2RkJ:www.unesco.org/imc-OLD/mmap/pdf/prod-lindgren-s.pdf+%C3%A1rabe+%2B+melisma&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=4&gl=br, acesso: 29 de Agosto de 2007.[19] Ellen G. White, Testimonies, vol. 1, págs. 496 e 497, grifos supridos.[20] Dario Pires de Araújo, idem, p. 45.[21] Adrian Ebens “A Música na Adoração: Fontes para um modelo cristão de música na adoração”, publicado em http://www.musicaeadoracao.com.br/livros/musica_adoracao/index.htm, acesso: 10 de Agosto de 2007.[22]Samuel Krähenbühl Fonte, “Ellen G. White: Autoridade em Música?”.[23] Emily Akuno, “Diálogo com uma professora adventista no Quênia”; entrevista cedida a Hudson E. Kibuuka (Silver Spring, MD: CAUPA, 2006), vol. 18, n° 3, p. 18.[24] “Ellen White, Manuscript Releases Volume 5, Manuscript nr. 306 – Music, p. 194 – 197 ("Testimony Concerning Brother Stockings," circa 1874.) disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/egw/testemunho_regente.htm, sob o título “ Testemunho a um Sensível Regente de Coro”.[25] Muitas compilações, resumos e estudos foram feitos; os interessados podem encontrar um catálogo de materiais sobre o assunto em http://www.musicaeadoracao.com.br/egw/index.htm; para uma síntese geral, poderá ser consultado Horne P. Silva, "Adoração Aceitável", Ministério, ano 73, n° 3, Mai./Jun. 2002, disponível em sob o título “Música Aceitável”, em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2007/07/msica-aceitvel.html.[26]“A música é um elemento mas os artistas e compositores não são neutros. Ou você é de Deus ou do inimigo.”, Flávio Santos, “Músicos Cristãos: Ministros ou Artistas?”, em http://www.flaviosantos.com.br/artigos/ministros.htm. Se a música é um elemento, podemos concluir que ela não é importante em si mesma,ou que, desde que a letra seja “religiosa”, o tipo de música não mereça consideração alguma; mas o uso que dela fizermos dependerá de nossa integridade enquanto cristãos. Obviamente, rejeitamos esta concepção, considerando os tópicos anteriores deste artigo.[27] E. G. White, Educação, p. 231.[28] “Filosofia Adventista de Música”(Diretrizes Relativas a uma Filosofia de Música da Igreja Adventista do Sétimo Dia), Assocação Geral – IASD, Concílio Outonal – 1972, disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/documentos/filosofia.htm.[29]“Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música” (Documento Oficial da Associação Geral, votado no Concílio Anual em 13 de outubro de 2004, com o acréscimo de um adendo elaborado pela Divisão Sul Americana da IASD, com diretrizes específicas para as Igrejas da América do Sul)”, disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/documentos/filosofia_dsa.htm.