terça-feira, 4 de setembro de 2007

A MÚSICA SACRA DENTRO DA COSMOVISÃO ADVENTISTA: INTERPRETANDO E APLICANDO CONCEITOS DE ELLEN WHITE - Parte 2



b) A dissociação entre a escolha da música e seu efeito sobre os adoradores

Uma vez que a música parte de uma cosmovisão, ela reflete determinados princípios. Muitos cristãos modernos argumentam que a letra é quem deve dar “conta do recado”, transmitindo uma mensagem cristã, independentemente do seu gênero musical. Um argumento contra essa abordagem, conforme já vimos, é a questão da coerência no que tange aos princípios da Revelação. Se nos pautarmos pelos princípios da Bíblia e do Espírito de Profecia, deveríamos buscar música mais elevada, que possua uma clara distinção da música secular (principalmente, da música popular).

Outra razão para rejeitarmos a combinação do sagrado com o profano está no fato de que a linguagem musical, como produção cultural, é carregada de conteúdo semântico em si mesma, independente de uma “letra”. O que estamos dizendo é que a música comunica um conteúdo mesmo sem o auxílio de palavras. Em seu livro “Una teoria della competenza musicale” (Uma teoria de competência musical), Gino Stefani teoriza sobre isto:

“A competência musical se desenvolve através de dois eixos ou dimensões: a ‘dimensão artística’ e a ‘densidade semântica’. Tomando estes termos no seu sentido óbvio, sublinhamos o fato de que o tipo de competência é definido pela interseção desses dois eixos.”[1]

Ou seja, a linguagem musical é tão plena de significados quanto a linguagem escrita ou falada. Pesquisas recentes têm apontado que existe relação entre a fala de bebês e a linguagem musical, sendo ambas, segundo alguns pesquisadores, indistintas nos primeiros anos de vida.[2]

A música não somente parte de uma cosmovisão, como sua linguagem também pode moldar uma determinada cosmovisão, revolucionando toda uma cultura.[3] Isto tem comprovação se analisarmos os efeitos, em escala global, da música popular contemporânea. Como em nenhum outro período da História, podemos falar hoje de uma “cultura globalizada”, para cuja existência, sem dúvida, a música vem dando importante contribuição, como observou Wolfgang H. M. Stefani:

“Devido à sua disponibilidade e aceitação universal, a música popular foi identificada como ‘o mais importante ponto de união para a formação de uma cultura jovem internacional... baseada em gostos e valores comuns no mundo inteiro.’ Ao descrever a música popular como uma ‘poderosa força de ligação’, tornou-se evidente a preocupação com o fato de que ‘o grande consumo de músicas internacionalizadas, a maioria delas de origem anglo-americana, podem estar levando os jovens do mundo inteiro a identificar-se mais com a música globalizada e conseqüentemente com o estilo de vida e valores de outras sociedades que não os da própria cultura.’”[4]

No contexto de um culto, a música deve expressar a conceituação correta segundo os referenciais da Revelação, e influir na esfera em que a adoração coletiva aconteça de maneira a contribuir para que se atinja o fim apropriado – a glorificação de Deus. Imaginemos se, num sermão, um pregador proferisse que a ressurreição de Cristo não é um fato histórico. Sua linguagem verbal estaria prestando um desserviço ao culto, negando um aspecto fundamental da Revelação (a Verdade bíblica da Ressurreição do Senhor). A música, enquanto linguagem, também pode prestar um desserviço, negando aspectos fundamentais da natureza de Deus. Como no caso do sermão cético, a música pode formar, conseqüentemente, um conceito errado na cabeça dos ouvintes, por aquilo que ela está comunicando através de uma linguagem não verbal.

Neste ponto, entra a perspectiva teleológica sobre a música no culto (ou seja, do ponto de vista de seu propósito). A presença da música num culto cristão é distinta do uso musical feito pelo paganismo; enquanto que para os cristãos, canta-se para expressar a adoração (incluindo o louvor, a submissão, a gratidão, o rendimento ao Eterno, etc.), os pagãos cantam, dançam e usam tambores para provocar experiências de transe, necessárias para que a divindade se “conecte” aos adoradores.

Essa conexão entre adorador e ser adorado se torna necessária porque o deus (ou deuses) segundo o paganismo é uma entidade imanente, identificada com a natureza parcialmente (o deus das pedras, das águas, do céu, da colheita) ou totalmente (como no panteísmo, onde Deus se torna uma essência difusa imiscuída na criação). Dorneles explica que:

“A relação direta entre espírito (mundo sagrado) e o homem e a natureza (mundo profano), quer seja pela gênese dos espíritos como descendentes dos humanos, quer seja pelo fenômeno de possessão, influencia a aproximação, senão a integração entre o sagrado e o profano.” [5]

Se Dorneles estiver correto em sua observação, como o modelo pagão de adoração, que admite a “integração entre o sagrado e o profano” passou a ser seguido pelos modernos seguidores de Cristo?

Na tradição protestante, houve uma luta contra a visão católica, na qual Deus era apresentado como inacessível, de onde vinha a necessidade de muitos mediadores (os sacerdotes, os santos, os anjos, a virgem Maria) para representar o homem diante desse Deus. Contudo, em algum momento o pêndulo correu para o outro lado: um Deus representado como presente e interagindo constantemente com o ser humano, como no moderno pentecostalismo.[6] Esse “Deus do Aqui e agora” é um Deus com quem se barganha e de quem se pode solicitar ou mesmo exigir bênçãos materiais. Ele também Se manifesta por meio de “dons” (glossolalia), milagres (curas) e revelações.[7]

O cristianismo pentescostal deriva sua ênfase no emocionalismo como demonstração da bênção de Deus da visão wesleyana de uma “concepção imediata da salvação”, dentro da qual os sentimentos servem de “termômetro da experiência espiritual”.[8] Neste contexto, a música emocional e de características populares é fundamental para levar cada adorador a um estado de experiência que lhe permita “sentir” Deus e receber Suas bênçãos e dons. Há muitas aproximações entre os cultos carismáticos/pentecostais e cultos praticados pelas religiões tradicionais na África.[9]

Na história do adventismo, certos “ventos” pentecostais sopraram em determinados momentos. O episódio mais conhecido é o que envolveu o “Movimento da Carne Santa”. Através de um relato in loco, observemos como o uso de música popular foi fundamental para fomentar o “clima” necessário a fim de levar os envolvidos à experiência de transe, similar a que se dá entre os pentecostais modernos:

“Eles têm um grande bumbo, dois tamborins, um contrabaixo, dois pequenos violinos, uma flauta e duas cornetas. Seu livro de músicas é ‘Garden of Spices’ e tocam músicas dançantes com letra sagrada. Nunca usam nosso próprio hinário, exceto quando os irmãos Breed ou Haskell pregam, então eles iniciam e terminam com um hino de nosso hinário, mas todos os outros são do outro livro . Eles gritam ‘Amém’, ‘Louvado seja o Senhor’ e ‘ Glória a Deus’, como acontece nos cultos do Exército de salvação. Isso causa aflição. As doutrinas pregadas correspondem ao resto.O pobre rebanho está verdadeiramente confuso”[10]

A introdução de um tipo de adoração próxima a dos movimentos pentecostais levou um grupo oriundo do adventismo a ter “experiências” pentecostais. Com base nesta fatídica experiência, nos perguntamos se, ao copiarmos as músicas cristãs contemporâneas e as empregarmos em nossa adoração, não correríamos o risco de ser influenciados por tais músicas de tal maneira que nosso culto se modifique, o que inevitavelmente interferiria, a longo prazo, em nossa conceituação do Ser adorado?

Alguns dos cristãos que utilizam a música gospel contemporânea para garantir o “clima” de seus cultos são altamente influentes nos círculos evangélicos. Citamos, por exemplo, a conhecida cantora e compositora do ministério “Hillsong”, Darlene Zschech, autora do conhecido hino “Shout to The Lord”, traduzido e cantado em várias línguas ao redor do mundo.[11] Embora expresse em seu livro que não concorda que a adoração apenas trate de “provocar emoções nas pessoas para prepará-las para um culto guiado pela emoção”[12], Zschech descreve como utiliza o grito nos momentos em que “dirige o louvor”, não “para tentar fazer as pessoas ficarem empolgadas, nem ‘estimuladas’’, mas de maneira a incentivar “as pessoas a por a fé em ação, a clamar e mudar a atmosfera que envolve a vida delas.” Por isso, ela descreve seu grito como “um grito de fé”.[13] O mais curioso são as expectativas de Darlene Zschech para o futuro:

“Tenho uma convicção pessoal a respeito de criar a próxima geração de músicos adoradores nas coisas de Deus […] fornecer-lhes uma plataforma espiritual rica de onde se lancem, vendo-os explorar o que jamais ousamos.” [14]

Dado o número de versões que os músicos adventistas têm feito de hinos modernos, de outros segmentos cristãos, não estamos, mais do que nunca, correndo o risco de assimilar a cultura religiosa de nossa época, esquecendo-nos de que temos uma identidade singular, da qual, caso abramos mão, não teremos condições de reclamar as bênçãos de Deus para cumprir a nossa comissão? A música, aos poucos, vai sendo responsável pela mudança paradigmática no culto adventista. Como eu havia observado em LG:

“Parece incrível, mas veremos em nossas igrejas uma operação maligna, desvirtuando o propósito do próprio culto, tornando-o em uma experiência emocionalmente histérica, bastante parecida com a que encontramos em alguns cultos pentecostais. Fico me indagando se a influência da Black Music, originária das tradições pagãs da África, aonde a experiência de transe faz parte do culto, não pode estar envolvida com a mudança de paradigma musical que já vem ocorrendo, e que levará à confusão dos ‘sentidos dos seres racionais’.”

É claro que, olhando os eventos dentro do contexto de um grande conflito cósmico, entre Cristo e Satanás, a compreensão adventista das profecias nos leva a pensar na relação de toda essa mudança com o fortalecimento do movimento ecumênico. Creio que Wolfgang H. M. Stefani, melhor do que ninguém, observou esta relação já insinuada e que continua em crescente marcha:

“Parece evidente que a fim de unir socialmente todas as nações para seu engano final, nosso arquiinimigo não pode depender unicamente de ideologias políticas, acordos econômicos e mesmo de interpretações teológicas. Pode ser que ele esteja cuidadosamente planejando e desenvolvendo um ‘aderente social’ em forma de música, algo que propicie condições para unir e organizar socialmente os habitantes do mundo – comprimindo-os em um molde.

"Será que, ao se promover um estilo musical global homogeneizado – estilo cada vez mais visível na cultural musical cristã – não estaria sendo preparado um palco para uma reação de identidade religiosa global? Tal reação permitira que pessoas de todas as nações, de todos os antecedentes religiosos, viessem a dizer: ‘Sim, esta é a minha música, assim sou eu... esta é a minha música pelo fato de ela me tornar feliz e religioso, e sou parte dela; agora me sinto em casa’”[15]

A única salvaguarda para os adventistas (e para todo adorador sincero) será apegar-se à Revelação; do contrário seremos “engolidos” pelas tendências globais da música cristã. Mas, infelizmente, em muitas áreas, incluindo a música, a Revelação é relativizada, produzindo um efeito tal que beira ao ceticismo ou a negação de seu caráter normativo para a experiência do crente. Essa preocupação será abordada em nosso próximo tópico.


[1] Gino Stefani, “Una teoria della competenza musicale. In: Il segno della musica” (Palermo: Sellerio Editore, 1987), p. 15-35. [Versão em inglês publicada no mesmo ano como “A theory of musical competence”, Semiotica, 66-1/3 (1987): 7-22, publicado em http://www.musicaecultura.ufba.br/artigo_stefani_08.htm. Stefani fala de competência musical em termos de “um conjunto de níveis de códigos [dentro dos quais são analisados os eventos sonoros com o que se relaciona a eles ]”.[2] Beatriz Ilari, “A música e o desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e mitos”, disponível em http://www.rem.ufpr.br/REMv9-1/ilari.html, acesso: 21 de Agosto de 2007. A mesma autora observa que “[…] a música e a linguagem compartilham algumas propriedades acústicas como altura, ritmo e timbre, que podem ser traçadas no decorrer de toda a vida.”[3]Falando sobre a influência do reggae na sociedade soteriopolitana, a partir da década de 70, Cunha afirma: “Mas foi principalmente com o advento do reggae na cidade[Salvador, BA] - tocado em bailes da periferia, feiras, reuniões e ensaios de blocos afro desde o final da década de 70 - que tudo começou. A música reggae tem se caracterizado, conforme Nettleford (apud Owens,1989:xi), por ser uma espécie de ‘púlpito secular’. Todavia, o reggae não se resume a tematizar as pregações acerca da fé no Messias Negro e na África/Etiópia como lugar da redenção: ele fala dos ‘sentimentos’ do rasta. Ao mesmo tempo, a música funciona como elemento ‘sugestivo’, ao suscitar a adoção de práticas a ela relacionadas no imaginário da juventude.”, Olívia Marinha Gomes da Cunha, em “Fazendo a coisa certa”.[4] Wolfgang H. M. Stefani, “Música: Força Ecumênica?”. (Tatuí, SP, Casa Publicadora Brasileira, Revista Adventista, ago, 2000). Também na internet: http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/musica_ecumenica.htm. Ele está citando Deanna Campbell Robinson et. Al., “Music at the Margins: Popular Music and Global Cultural Diversity” (London: Sage Publications, 1991), X – XI.[5] Vanderlei Dorneles, “Cristãos em busca do êxtase” (Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2006), 3ª Ed, p. 9. O trabalho de Dorneles é, muito provavelmente, a mais rica contribuição na área da adoração de um autor nacional.[6] Para maiores detalhes, consultar Wolfgang Stefani, “Música sacra, cultura e adoração”.[7] Não apenas os cristãos pentecostais partilham desta concepção. Os católicos carismáticos também fundamentam sua experiência na busca do êxtase. Note o seguinte relato: “Aqui me refiro, mais especificamente, a um episódio que pude observar durante reunião promovida pelo grupo de oração carismático ‘Glória a Ti Senhor’, da Paróquia de São Francisco Xavier, em bairro da periferia de Belém (PA). De 3 a 4 de julho de 1999, participei de uma ‘Oficina de Dons' promovida por esse grupo de oração, que se realizou num fim de semana, no auditório de uma escola de primeiro grau no bairro onde se situa a paróquia. A oficina se constituía de pregações realizadas por um jovem, pertencente a outro grupo carismático, especialmente convidado, destinando-se, sobretudo, ao núcleo do ‘Glória a Ti Senhor’ e a um pequeno grupo de recém-ingressos. Estes últimos há poucas semanas haviam participado de outra reunião, chamada ‘Querigma', ou ‘1o Seminário de Vida no Espírito’, durante a qual os mesmos foram selecionados como pessoas que ou receberam os chamados ‘dons do Espírito’ ou demonstraram ser propensas e estar desejosas de recebê-los. Muitas partes da oficina eram especialmente destinadas a esses neófitos e visavam, sobretudo, ensinar-lhes técnicas corporais capazes de propiciar ou facilitar a chamada ‘efusão do Espírito'. Chamou-me atenção, sobretudo, a técnica que foi denominada pelo jovem pregador de ‘bailar no Espírito’, ensinada na tarde do segundo dia do encontro. Tocando ao violão uma música suave, o mesmo sugeriu que todos, de pé, cada um por si e de olhos fechados, começassem a dançar, ‘entregando-se ao Senhor’, até que a maioria dos participantes, inclusive os neófitos, entrou em êxtase e ficou, então, bailando com o Senhor, de modo que, em pouco tempo, vários caíram ao solo – o que também se chama de ‘repouso no Espírito’.” Raymundo Heraldo Maués, ''Bailando com o Senhor'': técnicas corporais de culto e louvor (o êxtase e o transe como técnicas corporais) (São Paulo, SP: 2003), revista de Antropologia, vol. 46, n° 1, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012003000100001&script=sci_arttext&tlng=en, grifos supridos. Mais a frente, Maués afirmará que a glossolalia (ou o falar em línguas), praticada pelos carismáticos (e, acrescentaríamos, pelos pentescostais) é “um fenômeno muito mais amplo”, usado inclusive na música “profana”; ele faz aproximações entre os carismáticos e pentecostais e o xamanismo.[8] Dorneles, p. 87.[9] Não nos deteremos neste assunto, mas os interessados encontrarão ampla documentação sobre as comparações entre cultos pentecostais e africanos na obra de Dorneles.[10] Relatório de S. N. Haskell a Sara McEntenfer, 12 de Setembro de 1900, citado em Ellen White, “Música: Sua influência na vida do cristão”, p. 37. No mesmo contexto, há esse outro relato: “Eu assisti à reunião campal em setembro de 1900, que se realizou em Muncie, onde presenciei em primeira mão o excitamento fanático e as atividades destas pessoas. Havia numerosos grupos de indivíduos, espalhados pelo acampamento, ocupados em discutir, e, então, quando os fanáticos conduziram os serviços em um grande pavilhão, envolveram-se em um alto grau de excitamento pelo uso de instrumentos musicais, tais como: trompetes, flautas, instrumentos de corda, tamborins, um órgão e um grande surdo. Eles gritavam e cantavam suas músicas ritmadas com o auxílio de instrumentos musicais. Muitas vezes, após essas reuniões matinais, ao se dirigirem para a tenda-refeitório, eu os vi tremerem completamente como se tivessem contraído paralisia.” Relatório de Burton Wade a A. L. White, 12 de janeiro de 1962, idem, p. 38. O Exército da Salvação, citado no primeiro depoimento, surgiu na Inglaterra, sendo, até a atualidade, uma das mais tradicionais igrejas pentecostais.[11] “Shout to The Lord” recebeu uma versão, “Cante ao Senhor”, e foi incorporado ao CD do Ministério Jovem de 1999 e continua fazendo parte de coletâneas adventistas até o presente.[12] Darlene Zschech, “Adoração Extravagante”, p. 122[13] Idem, p. 57 e 58, grifos meus.[14] Idem, p. 156.[15] Wolfgang H. M. Stefani, “Música: Força Ecumênica?”. Se a prórpria “modernidade religiosa“[…] leva a um ecumenismo de valores, na medida em que respeita todas as religiões” (Carlos Eduardo Sell e Franz Josef Brüseke, “Mística e Sociedade” pp. 190), não poderíamos esperar que as músicas religiosas modernas expressassem o tipo de atitude respeitosa o suficiente a ponto de promover ideais ecumênicos, como, por exemplo, a ênfase na espiritualidade subjetiva preferida a uma religiosidade mais concreta, apoiada em uma tradição objetiva?

Um comentário:

Unknown disse...

Ao final de assíduo estudo, leitura de retrospectos, contextos, "posts" anteriores, só posso dizer: ufa...que trabalhão...
Parabéns, meu amigo, pelo estudo, e também por agir de forma tão equilibrada na resposta ao André...tanto ele quanto seus irmãos, mãe, tias,tio, primos...toda família está viceralmente envolvida com a música. E olha que já faz um tempão, hein? Lembro-me do "Pai Gonçalves" nos Arautos do Rei...
Desculpe pela abordagem um tanto quanto informal, apesar do calor de formalidades que um debate como o presente nos propõe, mas é essencial que ocorra, pois a meu simplório ver ainda nos falta avançar rumo ao equilíbrio nesta arena de sons, ritmos e letras. Não dá mais prá aceitas que música é tão subjetivo que deve ser pautada por seus efeitos e implicações individuais. Não me considero músico. Estudo desde os 4, 5 anos...até arranho um pianinho, teclado...um violão...desafino no trombone e sonho em me aventurar pelo populesco sax. Na voz, prefiro ouvir a cantar, a não ser que role uma harmoniazinha...quartetão?? Estamos aí...mas nada sério. Como leigo, e ser humano, tenho de admitir que passo por momentos diferentes quanto ao humor, à motivação, aos sentidos que nos interpretam a realidade de forma tão "embaçada". Gosto especialmente de músicas que me alegrem; também daquelas que geram reflexão, que evocam sentimentos puros de perdão, comunhão...
Não quero prolongar demais, portanto vou ao ponto: (também, tenho mais o que fazer, não é mesmo?.kkk) Temos procurado desesperadamente uma experiência com Deus, seja através de bons sermões, seja através da música (esta mais acessível de modo geral, e essencialmente aos jovens como nós...); Ouço com freq. o desejo que as pessoas têm de serem "tocadas"...mas tenho percebido que no campo musical temos buscado um paliativo para esta "experiência", através de um excessivo estímulo à emoções superficiais - que não oferecem mudanças reais, transformação que "o contemplar" deveria gerar. Em nossa busca desesperada por nos encontrarmos em Deus, e Ele em nós, acabamos por nos perder em nós mesmos...
O que nos é necessário, como sempre foi, em especial neste momento "morninho" demais - laodiceanos de plantão que me entendam - NASCER DENOVO.
Acho que a este ponto congruem todas as expectativas e projeções tanto soteriológicas quanto experimentais; tanto eclesiológicas quanto escatológicas. (falando direitinho, nossos desejos por salvação - a "eternidade" que nos foi plantada no coração, por auto-aceitação, por aceitação social e por aceitação final - redenção.)
Ahhh...como eu preciso nascer denovo...como eu preciso buscar a Deus na simplicidade de uma leitura da Bíblia em família, dos hinos cantados meio fora de compasso, até um pouco desafinados, muito diferentes dos shows que impressionam os sentidos, mas não têm mudado o coração, têm?