sexta-feira, 31 de julho de 2009

O ARCEBISPO QUE DISSE "NO"


Um arcebispo argentino se levantou contra o manual de educação sexual elaborado pelo governo de seu país. Héctor Aguer, presidente da Comissão de Educação do Episcopado da Argentina e arcebispo da cidade de La Plata, criticou a perspectiva moral das orientações contidas no documento. Segundo ele, "entende-se [no manual] a educação sexual como o direito de fornicar o mais cedo possível e sem esquecer a camisinha", afirmou Aguer.

Preparado pelos ministérios da Educação e da Saúde argentinos, o manual, caso corresponda à crítica do arcebispo, não deve diferir muito das iniciativas brasileiras para conter as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez na adolescência. Infelizmente, soluções paliativas são comuns, embora não deem conta do problema.

Héctor Aguer propõe a abstinência - que, diga-se de passagem, é o programa divino para os solteiros -, mas seus hermanos não parecem muito satisfeitos com a sugestão. "É um retrocesso ver que existem setores que são contra esses assuntos, que têm um claro consenso democrático", reagiu María José Lubertino, presidente do Instituto Nacional contra a Discriminação (INADI). "É preocupante. Vamos analisar as declarações e que se retifique o que foi dito".

Fonte: BBC

EVERYBODY HATES PHOTOSHOP

Isabela Fontana, em foto sem retoques: exemplo de beleza possível


Vez ou outra, vazam pela internet supostas comparações entre fotos de artistas com e sem os efeitos do Photoshop. A manipulação de imagens digitais esconde pés de galinhas, verrugas, espinhas e outras coisas desagradáveis, sobretudo para as mulheres. Todavia, há o abuso de retoques. E a artificialidade contribui negativamente para uma cultura que valoriza extremamente a aparência.

Alguns protestos estão surgindo contra esta tendência. Na revista Época desta semana, comenta-se sobre o trabalho do fotógrafo alemão Peter Lindbergh. Ele fez questão de publicar fotos de mulheres por natureza bonitas, mas sem os "consertos" digitais. Outras publicações nos E.U.A e Europa compraram a ideia.

Lindbergh fez a seguinte declaração ao The New York Times: "A alteração das imagens teve um peso muito grande na forma como definimos visualmente as mulheres. Retoques excessivos não devem representar a mulher neste século." Pode ser o começo de uma nova cultura, na qual a beleza possível seja valorizada, ao contrário de uma estética absurda, que concorre deslealmente com o que há de mais belo no mundo real.
Em tempo: O vídeo abaixo, de um comercial japonês, satiriza os sacrifícios das mulheres modernas para manter as aparências (colaboração: Sedinei Kirsch)

AQUECIMENTO GLOBAL: O SURGIMENTO DE UMA RELIGIÃO


Discordar é um verbo curioso. Sua conjugação não requer maiores conhecimentos gramáticos. Somente sua vivência oferece dificuldades. Não que seja prudente dicordar de tudo, o tempo todo - aliás, nem prudente, nem sensato. Mas considero uma virtude a habilidade de discordar da maioria naquilo que se considera justo. Quando se encontra boas razões para pensar diferente, por que não fazê-lo? Basta coragem para tanto.

Posso dizer que o geólogo Ian Plimer é um teimoso convicto, pela coragem de se indispor contra ambientalistas do mundo inteiro. Enquanto a moda reclama que todos digam "amém" às premissas de acontecimento global antropogênico (causado pelo homem), Plimer discorda categoricamente. Ele defende que causas naturais sejam responsáveis pelo fenômeno conhecido como aquecimento global. Segundo reportagem do site Opinião e Notícia, basicamente, "o geólogo australiano diz que o caráter dinâmico do clima da Terra sempre foi conhecido pelos geólogos, e essas mudanças são cíclicas e aleatórias, não sendo causadas ou significativamente afetadas pelo comportamento humano."

Em seu segundo livro, "Heaven and Earth — Global Warming: The Missing Science" [algo como "Céu e Terra - Aquecimento Global: A ciência desencaminhada"] bate novamente na tecla. 30 mil cópias já foram vendidas na Austrália, e o livro dá indícios de que "esquentará" o mercado de livros na Grã Bretanha e nos E.U.A.

O julgamento de Plimer sobre a ênfase exagerada de Gore & Companhia? Que a posição defendida por eles é, em verdade, mais religiosa do que qualquer outra coisa! Se considerarmos o apoio do Vaticano ao movimento ambientalista, teremos que concordar com Ian Plimer, o homem que aprendeu a viver sob o signo do verbo discordar.

Leia também:

PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE: QUEM NÃO DEVE, NÃO TEME


Ontem finalmente aprovou-se a lei que estabelece a presunção da paternidade: nos casos em que o suposto pai se recusa a proceder com os exames comprobatórios (especialmente o de DNA), ele já é caracterizado como responsável pela criança, inclusive tendo obrigações quanto à pensão alimentícia.

Alguém poderia argumentar que, sancionada a lei, o cidadão passa a ser culpado até que se prove o contrário! Obviamente, não se trata disto. A situação a que chegamos realmente exigia medidas mais sérias, coibindo a impunidade. Com o descompromisso agregado à sexualidade, o número de filhos não planejados aumentou. Muitos homens, amantes presentes, passaram a pais ausentes - ou fugitivos, como no caso de um rapaz com que eu comecei a estudar a Bíblia, foragido da polícia por dever a pensão alimentícia (depois, passou a fugir dos estudos...).

Entrementes, tudo poderia ser evitado seguindo-se como princípio a sexualidade restrita a um compromisso monogâmico vitalício (acho que "casamento" é um nome mais simplificado; mas como desperta alergia em alguns...). Não sendo o caso, leis mais rígidas e medidas exemplares parecem ser uma solução. Ao menos, de forma paliativa.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

ESCOLAS ADVENTISTAS DO SUL E SUDESTE SUSPENSEM REINÍCIO DAS AULAS POR CAUSA DA GRIPE


Mais de 75 mil alunos de estabelecimentos da Rede de Educação Adventista nas regiões Sul e Sudeste vão começar as aulas mais tarde, no segundo semestre, por conta da gripe suína. Conforme a Rede informou na tarde desta quinta-feira, dia 30 de julho, as aulas recomeçarão somente em agosto em pelo menos 29 unidades escolares do Rio Grande do Sul, 20 no Paraná, 9 no Rio de Janeiro e 76 em São Paulo, o que inclui universidades e internatos. Na Argentina, foram canceladas todas as atividades escolares da rede adventista durante o mês de julho, o que expandiu o recesso escolar de duas para quatro semanas. Em alguns estabelecimentos de ensino do país vizinho, as aulas só voltarão no dia 3 de agosto. O motivo dessa ação é o cuidado que a instituição tem com o risco de contágio entre as crianças e os adolescentes.

Conforme o líder geral dos adventistas do sétimo dia para a América do Sul, pastor Erton Köhler, em alguns locais, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde pública, até mesmo eventos de grande porte e reuniões públicas têm sido evitados. No Peru e no Paraná, por exemplo, foram canceladas grandes concentrações de pessoas onde poderia ocorrer contaminação. “A igreja está pronta para ajudar a limitar o contágio, pois nossa preocupação é com a saúde de todos. Diante do aumento do contágio e vítimas, recomendamos cuidados em todas nossas instituições religiosas, sociais e educacionais”, comenta Köhler.


VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS: DÁ PARA CONFIAR NO SOBRENATURAL?


É aquele velho “papo”: a mocinha chega nova na cidade, sem muitos amigos e se apaixona na escola. Parece tudo muito convencional. Mas esta entrada esconde as descobertas que Isabela Swan fará ao longo da história, sendo a mais importante delas o fato de que Edward Cullen, seu namoradinho adolescente, é um vampiro.

Vira e mexe, vampiros voltam a mordiscar pescoços em Hollywood e hipnotizar cinéfilos. No caso de Crepúsculo, cujo roteiro se acha detalhado acima, tudo começou com uma série de livros, escritos por Stephenie Meyer, que já vai sendo considerada por alguns como a sucessora de J. K. Rowling (a escritora inglesa que fez dinheiro com a série Harry Porter e que anda meio sumida). Curiosamente, Meyer admite que sua inspiração se deu através de um sonho[1].

É certo que investir em vampiros garante sempre bons lucros para qualquer escritor e cineasta. Aliás, criaturas sobrenaturais imaginadas pelo homem parecem fascinar, principalmente em uma sociedade na qual o cientificismo admite como realidade única o mundo físico, dando uma sensação de que falta algo. Neste aspecto, a busca pelo sobrenatural seria uma alternativa às lacunas naturalistas.

Porém, toda busca pelo sobrenatural serve para complementar a experiência humana? Mesmo entre místicos sérios se verifica uma falta de critérios para avaliar as influências sobrenaturais recebidas durante experiências de transe ou similares. De forma análoga, o sobrenatural na cultura pop é dúbio – na série crepúsculo, Isabela percebe que há vampiros bons e maus. É como se a mensagem de várias mídias nos dissesse: “O que vale é uma experiência com o sobrenatural – independente do que seja exatamente o sobrenatural”.

Da ótica bíblica, este recado desperta alguns senões. Fazemos parte de um conflito entre o bem e o mal, forças invisíveis que lutam pela supremacia do mundo (Ef. 6). A Bíblia não esconde que Satanás ronda nosso planeta, na desesperada tentativa de arrastar pessoas para o seu lado (1 Pe. 5:8), usando até mesmo manifestações diversas, e cada vez mais, até seus últimos enganos (Ap. 16:13-14).

Diante de tudo isto, fique atento! Não saia por aí confiando em qualquer coisa que se revele como sobrenatural. Temos de provar os espíritos (1 Jo. 4:1). E como fazer isto? “Quando disserem a vocês: ‘Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos’, respondam: ‘À lei e aos mandamentos! ’ Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz” (Is. 8:19-20, NVI).

A única segurança está em avaliar toda e qualquer experiência – sobrenatural ou não – à luz da Palavra de Deus. Os ataques de Satanás serão fortes, porque ele sabe que estamos no crepúsculo da História. Logo a luz do Salvador nascerá, espancando as trevas. Prepare-se para isto.

[1] Joana Vasconcelos, Stephenie Meyer, A autora de "Crepúsculo", é a nova J. K. Rowling?, disponível em http://jpn.icicom.up.pt/2008/12/05/stephenie_meyer_a_autora_de_crepusculo_e_a_nova_j_k_rowling.html .

ÓSCULO DE MILTITZ


Dado ao vinho, por voga do costume,
O braço de Leão X na Alemanha,
Na sua afetação cheia de manha,
Chama à ceia o homem que em mãos tem o lume.

Ar brando o camarista espelta assume,
Gozoso, tendo por feita a façanha
De unir a nova fé à fé estranha,
As brechas rebocando com betume.

Seu conviva, o doutor que Roma odeia,
Participa efusivo dessa ceia,
Pondo a parte o pendor de homem severo.

Com mostras de afeições das mais agudas,
Mas pleno de perfídia, como Judas,
Miltitz beija o semblante de Lutero.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

SALVANDO DARWIN (OU: CONJUGANDO O INCONJUGÁVEL)



Sob o mote de terminar a briga sem fim travada em solo americano, Karl W. Giberson escreve seu livro, colocando-se na tradição de C.S. Lewis e seu Clube socrático de Oxford. Para ele, o paradoxo se estabelece a partir da consideração de que os E.U.A são um país onde boa parte dos cidadãos manifesta fé na ciência e tecnologia, enquanto seus conterrâneos se apegam a uma interpretação literal de Gênesis. As premissas de Gibersons? A Teoria da Evolução passa pelos testes de credibilidade e pode se fundir à crença em Deus.

Com este começo nada promissor, Saving Darwin: how to be a christian and believe in Evolution (Salvando Darwin: como ser um cristão e crer na Evolução) foi lançado pela Harper Collins Publishers no ano passado. A obra é prefaciada pelo Dr. Francis Collins, outro forte expoente do Evolucionismo teísta. Assim, o texto de Karl W. Giberson revela-se sintomático de uma tendência que atrai um grande número de cientistas e pesquisadores na atualidade.

Ocorre que o Evolucionismo teísta descarta as afirmações bíblicas incompatíveis com o Naturalismo Filosófico, relegando-as ao plano de "não-literais". Penso que assumir tal postura acaba dando margem a um uso seletivo da Bíblia - ou pior ainda: não faz justiça às pretenções da Palvra de Deus. Temos de nos lembrar que toda Escritura é inspirada por Deus (2 Tm. 3:16). Pelo lado da Bíblia, são inaceitáveis as asserções do Evolucionismo, quer teísta ou não.

Quanto as evidências naturais, tampouco poderia se justificar os pressupostos evolucionistas. Neste exato momento, Michel Behe e William Debimski estão aguardando alguém que refute com sucesso os argumentos do DI. Se alguém tiver mais PHDs que algum deles, e quiser tentar a sorte, vá em frente! É claro que não se trata de uma luta individual: existe uma comunidade de cientistas adeptos da Evolução (mais por acomodação filosófica) e outra que se volta para o DI. No meio-de-campo, surge o Evolucionismo teísta, desagradável para céticos e supernaturalistas, porque tenta conjugar o inconjugável. É impossível ficar em cima do muro - ele não vai permanecer em pé por muito tempo...

Leia também:
Relação entre Naturalismo Filosófico e Pós-Modernidade parte 1

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL: A PROPOSTA DE ROMA

Caricatura do papa feita por Guaico (diponível no site Brasil cartoon)

O site católico Zenit divulgou hoje que, no último dia 23, foi apresentada em Bogotá a proposta "Um Modelo Alternativo de Desenvolvimento Humano Integral” (de agora em diante, MADHI). Uma delegação do Centro Latino Americano para o Desenvolvimento, a Integração e a Cooperação (CELADIC) levou a proposta à Reunião Geral de Coordenação do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM). Mas em que consiste o chamado MADHI?

Em síntese: a MADHI é um chamado aos leigos para a cooperação dentro e (especialmente) fora da igreja, tendo em vista a promoção em vários setores da sociedade da doutrina social da igreja. Esta iniciativa visa endossar os ensinamentos do Papa Bento XVI, conforme expressos em sua encíclita Caritas em Veritate.

Isto dá bons motivos aos estudantes das profecias acreditarem, com parcimônia e bom senso, que os eventos apontam para um cumprimento cabal do quadro profético. Se for levada a sério em nível mundial, a MADHI (ou iniciativas similares) podem apressar o ritmo das coisas, culminando na hegemonia da igreja de Roma. Resta aguardar e fazer nós mesmos, cristãos portadores da última mensagem bíblica, a nossa parte, a fim de influenciar a sociedade com a Verdade.

Leia também: A crítica à Caritas in Veritate parte 1





Crítica à encíclica Spe Salvi parte 1
parte 2

RELIGIÃO TORNA OS CASAIS MAIS UNIDOS

A revista Isto É divulgou uma pesquisa com 2000 casais, apontando motivos que levam à separação. Diferença de idades, dispariedades quanto à formação acadêmica, entre outros fatores foram analisados. O que chamou a atenção é como a religião contribui para baixar o índice de divórcios. Quando ambos os parceiros não professam fé alguma, a taxa de separação corresponde a 13,6%, baixando dois pontos no caso de um dos cônjuges ser adepto de uma crença. Se ambos são religiosos, há 8,1% de possibilidade de se separarem.

SOBRE TRAVESSEIROS E SEXUALIDADE

Um conselho, tio: queime as fronhas e vá para algum parque conversar com uma mulher de verdade!

É de se arrepiar. Quando li a matéria "O amor entre um japonês e um travesseiro" no blog Mulher 7X7, mal acreditei. A autora, Maria Laura Neves, comenta o caso de Nissan, um japonês quase quarentão, apaixonada por fronhas da personagem Nemu, carinhosamente chamada pelo "coroa" de Nemutan - como explica Maria Laura, o "tan" quer dizer "amorzinho" ou "querida". Pior: isto não é raro na terra do sol nascente. Marmanjos são vistos comprando fronhas de personagens e alguns até mantêm relaxões sexuais (!) com seus travesseiros. Eles as tratam como parceiras reais e até saem para passear com elas.

Sei que o adjetivo adquiriu um "ar" adolescente e, por isso, ficou degastado; mas sou obrigado a dizer que isto é sinistro! Não posso imaginar até onde isto nos levará. Eu me refiro à impessoalidade de uma cultura na qual o único deus é o progresso. As pessoas não se relacionam mais saudavelmente. Por conta disto, a indústria da pornografia continua faturando. E os feitiços não deixam de ser cultuados (sei que tem se usado o termo "feitiche"; mas sigo neste aspecto Olavo Bilac, que já notou em seu tempo a impropriedade de importarmos uma palavra do Francês, sendo que esta nasceu do termo português "feitiço").

Paulo, valendo-se de uma linguagem um tanto pitoresca, diz que o abandono da cosmovisão teísta resulta na distorção da sexualidade: "[...] também os homens, deixando o uso natural da mulher, inflamaram-se em sua sexualidade [...]" (Rm. 1:27). Entenda bem: o apóstolo não escreveu para ensinar que a mulher seja um objeto a ser usado. Com uma linguagem diferente da moderna, ele chama a tenção para o fato de que é natural que a sexualidade humana se expresse entre pessoas reais de sexos opostos. É claro que travesseiros não fazem parte da sexualidade idealizada por Deus para a família humana!

UM DIA EXTRA



Jonathan Swift não tem uma obra literária de grande expressão, mas marcou presença na Literatura mundial com o clássico "Viagens de Gulliver". Num dos momentos do livro, o cirurgião e aventureiro Lemuel Gulliver sobrevive a um naufrágio e chega inconsciente às praias do reino de Lilipute, onde vivem pessoas do tamanho de seus dedos.

Por sinal, essa desproporção causa pânico nos nativos, que resolvem prender o "gigante" com amarras antes que ele desperte. Por precaução, retiram todos os objetos “perigosos” encontrados nos bolsos do náufrago.

Dos bolsos de Gulliver assoma um relógio, engenhoca desconhecida pelos liliputianos. Eles passam a considerar o relógio como uma espécie de oráculo, por observarem que Gulliver não tomava uma decisão antes de consultar o curioso mecanismo.

Acho a passagem deliciosa e há muito reflito na forma sarcástica como ela expressa uma observação sobre a nossa cultura: o tempo é nosso oráculo. Nós não apenas o consultamos, mas vivemos em função dele. Cronometramos a vida na esperança de que, ao dividi-la e mensurá-la, possamos controlar seu curso.

Infelizmente, com que frequência nós é que somos controlados pelo tempo ao invés de ser o contrário!

A DURA SINA DE SER O SEGUNDO


Sorria para a foto, Michael Phelps

Não foi só o nadador Paul Biedermann que não acreditou. O mundo interiro ficou estarrecido quando o alemão, de 22 anos, bateu o recorde mundial dos 200 metros livre, com a marca de 1m42s00. De quebra, Biedermann deixou a estrelinha da prova, o americano Michael Phelps, comendo poeira - ou melhor, gotinhas.

Desde que o tabloide inglês News of the World pegou Phelps com a boca na botija (no caso, com a boca no bong, tubo usado para fumar maconha), uma nódula surgiu na carreira do super-nadador. Até então, Phelps era um fenômeno unânime: os chineses mal deixavam o homem-peixe caminhar pelas ruas de Pequim; pudera - naquela edição das Olimpíadas (2008) foram oito as medalhas de ouro angariadas por Michael Phelps (mais do que todas as medalhas áureas conquistadas pelos atletas brasileiras, somadas todas as modalidades!).

Agora Phelps, seis meses sem treinar, culpando seus maiôs e visivelmente decepcionado, teve de deixar a piscina e disfarçar um sorriso amarelo, sem-graça de todo. Sua frustração encheria uma piscina olímpica.

Lições de Phelps: Na hora do desânimo, nada como buscar o colinho da mamãe

Pensando bem, não deve ser fácil se ver superado. Não apenas por outrem - Phelps ficou aquém de seu próprio tempo, o que é mais duro ainda. Para aqueles que medem sua aceitação por desempenho ou popularidade, o choque se torna maior ainda.

Não é seguro confiar em suas habilidades como medida para a felicidade. Somos mais do que nosso desempenho, por mais impressionante que sejam os números que nos seguem. Uma hora o cansaço, a idade ou as circunstâncias irão diminuir nosso ritmo. Aí nos restará viver do passado ou repensar a forma como nos avaliamos.

Temos de nos lembrar que mesmo Deus não leva em conta nosso rendimento. Ao contrário: Ele nos convida ao desfrute de um relacionamento com Sua pessoa, apesar de conhecer os erros que cometemos. Deus nos convida para andar ao Seu lado, a fim de desenvolvermos uma vida íntegra (Gn. 17:1). E, acredite nisso, o Senhor deseja o melhor para cada filho. "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor, pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais", disse o Senhor através do profeta Jeremias (Jr. 29:11).

terça-feira, 28 de julho de 2009

CANÇÃO DOS MENINOS DE NAZARÉ



Fora do vilarejo, a cuidar do interesse
Egoísta, até que O assistem quando ata uma faixa
Na asa da ave avariada em vôo. Ao chão Se abaixa,
Dando à paciente que da poça a haustos bebesse.

“De que ele tem medo enfim? Por que vive desse
Jeito? Traz sempre graxa em seu braço. Acaso acha
Que é perfeito?” E ao labor prossegue: “Lenhas racha
A assoviar hinos (que a mãe fez com que aprendesse);

“Despreza o nosso interesse!” Ouve o escárnio extenso;
Do que dizem trapio, asseio há nisto e gosto,
Que a um camponês falta aparato e não bom-senso!

E enquanto a lua expulsa o azul, um grupo absorto
Espia o pranto que causaram ao seu rosto
– Jesus pega o pardal de que cuidou já morto...

VALE-CULTURA OU VALE-LIXO?

O Governo Federal tratou de mandar recentemente à Câmara dos Deputados projeto para instituir o vale-cultura. A intenção é garantir aos trabalhadores um incentivo financeiro para que consumam cultura. Na teoria, por meio de um cartão magnético, os trabalhadores poderão adquirir ingressos de cinema, teatro, museu, shows, livros, CDs e DVDs, entre outros produtos culturais. As empresas que declaram imposto de renda com base no lucro real poderão aderir ao vale-cultura e disponibilizar até R$ 50,00 por funcionário, ao mês, com direito a deduzir até 1% do imposto de renda devido. Segundo o Ministério da Cultura, os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos arcarão com, no máximo, 10% do valor (R$ 5,00).

É a primeira vez que alguma iniciativa é levada avante, que eu saiba, para alcançar diretamente a população em relação à cultura. É boa na sua concepção, mas resta saber se vai ocorrer de maneira prática. No Brasil, geralmente, leis que oferecem algo que estimule a população a pensar de maneira um pouco mais crítica e consciente não costumam avançar com força. Vamos ver se será uma lei para vigorar mesmo ou mais um item fictício a ser divulgado, depois, no próximo ano, nas campanhas eleitorais. É esperar e acreditar, mais uma vez, que alguma intenção favorável esteja por trás disso.

Outro aspecto importante a ser verificado, com a promulgação dessa lei do vale-cultura, é a necessidade de a população entender o que é cultura e o que é lixo. Hoje, não é somente a televisão convencional que oferta porcaria para adultos, crianças e jovens. No cinema, no teatro, nos livros, nos CDs e DVDs há muitíssima mensagem que deteriora os valores familiares, religiosos e de uma vida simples. Mais importante do que possuir condições de usar um vale-cultura é saber utilizar o benefício com inteligência e prudência. Bom é poder ir a um museu, por exemplo, e ver a história de um estado, de uma etnia, de uma parte do que foi o Brasil do passado, outra coisa é ver filmes e peças teatrais que desmoralizam o ser humano em sua essência e não transmitem princípios dignificantes para as futuras gerações.

PAREM AS MÁQUINAS, LIGUEM OS HOMENS



Ontem, o site Opinião e Notícia divulgou a iniciativa de Alon Nirs, estudante de Economia em Tel Aviv (Israel). O rapaz recebe pedidos de oração do mundo inteiro via Twitter e os coloca por escrito nas frestas do famoso Muro das Lamentações (resquício do último templo que os judeus tiveram; foi destruído em 70 d.C., durante a invasão romana).

Cada vez mais, a tecnologia facilita as comunicações, até mesmo entre Deus e o homem. Não é o caso de pensarmos quais os limites para aplicações tecnológicas? Há exemplos toscos: já existem sites católicos que disponibilizam confessionário eletrônico - o penitente até recebe o número de Pai-nossos e Ave-Marias tem de rezar após se confessar!

O emprego de meios tecnológicos pode ampliar a divulgação do Evangelho, mas não deve substituir a interação entre o adorador e o Ser adorado. Do contrário, haverá uma mecanização da religião e ela perderá sua força vital.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

GRIPE SUÍNA SEPARA VELHOS AMIGOS

Colaborou: Noribel Reis (minha digníssima)

Leia também: contaminação

HUMOR PARA ENFRENTAR O CAOS POLÍTICO

Enquanto se fala de quebra de decoro e o próprio presidente Lula chama os senadores de "pizzaiolos" (ao passo que ele mesmo se esforça para manter Sarney no cargo), o povo brasileiro continua reagindo com bom humor à crise política. Veja o exemplo abaixo ( e não é que dá vontade de repassar a figura até chegar no próprio Bin Laden?):

Mas falando sério: qual seria a solução para moralizar a nossa política? Deixe um comentário com a sua opinião. Participe - quem sabe não seja a hora de buscarmos soluções, ao invés de apenas rir das mazelas nacionais...

QUE DIFERENÇA!

Colaboração do Pr. Paulo Orling

terça-feira, 21 de julho de 2009

QUANDO A GRATIDÃO É UMA AFRONTA

E ainda repercute o acidente provocado pelo ex-deputado Ribas Carli Filho. Seria muita pretensão de minha parte tentar dizer algo original, que ainda não foi dito em relação ao caso. Entretanto, os desdobramentos desse acidente nos possibilitam, sim, novas reflexões. E novas dores, pois o ex-deputado ainda continua a atropelar o bom senso, a ética e as noções de civilidade.

O novo fato: outdoors em Guarapuava, agradecendo a Deus por lhe ter poupado a vida, para que ele continue a sua “missão” aqui na Terra. O que dizer sobre isso? Será que o ex-deputado e agora assassino não percebeu que ele não poderá fazer mais nada de relevante nesta vida, que seja capaz de apagar o que já fez?

O ex-deputado, que se via e se portava como se estivesse acima da lei, agora se julga um ser iluminado por Deus, superior aos dois pobres infelizes que tiveram que morrer num acidente para que ele, Carli Filho, pudesse começar a sua missão de luz aqui na Terra. Para Deus, na lógica que fica implícita no outdoor, tudo o mais é irrelevante: as leis infringidas, as mortes trágicas, inclusive com corpos mutilados, o sofrimento sem fim dos familiares e amigos, a interrupção de sonhos e projetos. Somos todos uns tolos figurantes na caminhada de fé e espiritualidade de Carli Filho, o Iluminado que renasce em meio a corpos e leis estraçalhados.

Como defender o que é indefensável? Depoimentos de desconhecidos e conhecidos, reconstituição, provas clínicas e circunstanciais e o histórico de transgressão às leis comprovam cabalmente a culpa de Carli Filho. Muitos ficavam pensando: qual será a defesa que o cidadão irá utilizar? A resposta está aí, ilustres: apelo para o além. Deus vai servir como estratégia para a defesa deste criminoso. E sabem o que é pior? Muitos imbecis cairão neste engodo. Que grande político este Carli Filho! Que carreira grandiosa esse sujeito não poderia fazer ao lado de alguns semelhantes seus lá em Brasília, decanos da safadeza.

Carli agora vende, com grande margem de lucro, a imagem de um sujeito grato a Deus e às pessoas. Seu egocentrismo e insensibilidade, contudo, não lhe permitem imaginar quais são as orações feitas por muitos fiéis. E qual o conteúdo destas orações? Difícil escarafunchar a espiritualidade de cada um, mas creio que muitas orações dirigidas a Deus, neste caso, giram em torno do seguinte: “Deus, faça justiça nesse caso!”, “Deus, não permita a impunidade!”, “Oh meu Deus, conforta o coração destas famílias!”, “Deus, por que pessoas como esse ex-deputado sempre têm que sair lucrando na vida, mesmo fazendo o que é errado aos Seus olhos e aos olhos da justiça?”, “Deus, que as autoridades não acobertem esse criminoso!”, “Deus, por favor, mobilize a população e a imprensa para protestarem contra tudo isso que está acontecendo.”

Infelizmente, em certas situações na vida, externar gratidão chega a ser uma afronta. A atitude de Ribas Carli Filho, ao expor outdoors em Guarapuava, é absolutamente repulsiva. Como? Imagine, você, leitor destas linhas, se o Lindemberg Fernandes Alves resolvesse fazer um outdoor dizendo as mesmas coisas – “Agradeço a Deus pela vida e a todos que estão orando por mim” – justamente depois de ter assassinado a sua namorada, a Eloá Cristina, em outubro
de 2008; era capaz de o infeliz ser linchado na prisão. Seria exagerada a minha comparação? Pensando bem, creio que sim, pois Lindemberg não fez o outdoor, matou “apenas” uma pessoa num crime passional e não era deputado.

Infelizmente, estes outdoors em Guarapuava só evidenciam os tristes momentos em que vivemos neste país. Quem mata agradece pela vida, e a população assiste a tudo isso em plena apatia, ou com um leve mas estéril incômodo. E pensar que houve uma agência de publicidade que topou produzir algo assim. E pensar que houve funcionários que se dispuseram a colar esta blasfêmia. E pensar que muitos acharam tudo isso muito legal da parte do ex-deputado.
Com o passar do tempo, esta demonstração de “gratidão” de Fernando Ribas Carli Filho se tornará uma pérola da insensibilidade e da desfaçatez. Agora, se alguém puder mostrar a ele o desatino, sugiro um outro texto, para um outro outdoor: “Causei um mal irreparável. Vou pagar pelos crimes que cometi.”

Contrição é melhor do que gratidão, ao menos diante de todo este episódio.

Fábio Bettes

terça-feira, 14 de julho de 2009

VERDADE EM CARIDADE: A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA BENTO XVI PARA O MUNDO GLOBALIZADO - parte 1



Em cinco anos de Pontificado, Bento XVI vem se mostrando um prolífico escritor. No dia 29 de Junho de 2009, o atual líder católico-romano entregou sua terceira encíclica, veiculada apenas no dia 7 de Julho. Caritas in veritate[1], a nova carta-apostólica, homenageia a Populorum progressio, encíclica de autoria de Paulo VI (1967). Em ambas, apesar da distância histórica, o tema predominante é responsabilidade social da igreja, a qual se apoia em uma doutrina peculiar. Analisaremos brevemente as partes da encíclica atual, oferecendo alguns contrapontos, seguidos de uma avaliação geral. De antemão, afirmamos haver nas palavras de Bento XVI confirmação inequívoca daquilo que, como adventistas, sustentamos ao longo de nossa existência: a intenção de Roma de voltar a reger as nações.

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresceremos em tudo em direção àquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef. 4:15, BJ) – eis o versículo-chave para a encíclica; desde as linhas iniciais, já se promove o desenvolvimento integral da humanidade, tendo como base o amor, a tal “força extraordinária”, a qual o papa diz impelir “as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz”. O amor e a Verdade (que o origina) são impulsos, nunca desaparecendo do coração dos homens, porque Deus os mantém ali; ambos constituem, portanto, uma vocação ligada à “iniciativa de amor e o projeto de vida verdadeira que Deus preparou para nós”. A caridade na verdade é de tal maneira identificada com a própria vida cristã que aparece como “o Rosto da sua Pessoa [de Cristo]”. Bento dá maior relevo ao tema: “A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira” [2].

Diante dos efeitos gerados pela pós-modernidade, para qual a verdade é utilitária e definida por parâmetros sócio-culturais [3], Bento dirige suas críticas ao pensamento vigente: ele clama por adesão aos valores do Cristianismo, os quais devem revelar-se tanto na esfera privada quanto na pública, a fim de que haja “verdadeira e propriamente lugar para Deus no mundo.” Convoca-se todos os homens a que sejam “sujeitos de caridade” [4].

Há um veemente apelo na Caritas in Veritate por reforma econômica, em vistas do agravamento da crise econômica mundial. Dois critérios orientadores de ação moral, lembrados por Bento, fundamentam sua ética sócio-econômica: a justiça e o bem comum. Por essas duas vias, Bento traça a rota para uma globalização que assuma “as dimensões da família humana inteira”, numa união de todos sem barreira; assim, a cidade do homem estará mais próxima da cidade de Deus, onde a união será completa [5].

As várias faces da caridade

Joseph Ratzinger habilmente conduz sua argumentação pelos seis capítulos da encíclica, desdobrando as dimensões da caridade. Na maioria das vezes, seu embasamento provém de documentos de outros pontífices.

No primeiro capítulo, o líder máximo do Catolicismo retoma as homenagens à Populorum progressio, da qual destaca o ensinamento sobre a atuação da igreja na sociedade, não restrita às atividades assistenciais ou educativas – pensa-se na igreja como promotora da “fraternidade universal quando pode usufruir de um regime de liberdade.” Ironicamente, somos lembrados pelo Apocalipse da perseguição ocorrida durante a Idade Média, na qual a igreja de Roma lutou contra os santos (Dn. 7:25; Ap. 17:5-6). Certamente que as atividades deste período constituíram empecilhos à paz, à altura daqueles censurados pela encíclica do atual pontífice!

Bento XVI ainda fala ser indispensável a perspectiva voltada à eternidade para o desenvolvimento integral do homem. Contudo, na encíclica anterior, a Spe Salvi (2007), a eternidade era confusamente definida: ao contrário de “uma sucessão contínua de dias do calendário,” eternidade seria “algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade.” [6]

Conquanto que a vida eterna, quando bem compreendida, ofereça inúmeros benefícios ao desenvolvimento cabal do indivíduo, ficam sérias dúvidas de que apenas “um instante repleto de satisfação” restaure o homem à condição de perfeição edênica; requer que se adote o Éden como parâmetro, uma vez que ali o homem era integral, isento, inclusive, da morte. Se o problema da morte, surgido com o pecado (Rm. 6:23), não for resolvido, será impossível que o homem volte a desfrutar de algo semelhante a um “desenvolvimento integral” no campo da metafísica. E uma proposta espiritual que desconsidere este ponto não terá muita diferença de uma perspectiva humanística.

Outro aspecto da encíclica que conflita com a própria visão católica: reportando-se à confiança no poder das instituições, Bento argumenta que, em tais casos, “o desenvolvimento ou é negado ou acaba confiado unicamente às mãos do homem, que cai na presunção da auto-salvação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado.” Entretanto, perguntaríamos: na época de Gregório VII, um dos papas politicamente mais influentes do Ocidente, a sociedade fomentava um “desenvolvimento mais humanizado”? Entendendo que Bento leva em conta a excessiva confiança humana, a qual credita a salvação ao esforço próprio, responderíamos: o catolicismo não produz algo semelhante? As indulgências, peregrinações e a disciplina eclesiástica não são obras meritórias que conduzem a uma auto-salvação? Esta contradição interna lança descrédito à proposta de desenvolvimento com base na “vocação transcendente de Deus Pai”, da forma retratada na encíclica.

No capítulo seguinte, discorre-se com maiores detalhes sobre a crise econômica que se iniciou com a inadimplência ligada ao mercado de imóveis nos Estados Unidos. Em vista da realidade de um mundo globalizado, com um “quadro de desenvolvimento policêntrico”, a solução para a crise só pode ser integrada, partindo de “uma nova síntese humanista.” Tem que se “preservar e valorizar” primeiramente o capital humano, rechaçado pela competitividade da indústria; os direitos dos trabalhadores têm que ser reavaliados.

Veja a segunda parte

[1] Bento XVI, Caritas in veritate, disponível em http://zenit.org/article-22072?l=portuguese. De agora em diante, apenas CIV.
[2] CIV.
[3] Uma breve avaliação da Pós-modernidade, desde seus antecedentes no naturalismo metafísicos até o panorama atual, encontra-se em Douglas Reis, Pós-modernidade à luz de 2 Pedro 3, disponível em http://outraleitura.com.br/web/artigo.php?artigo=30:Pos-modernidade_a_luz_de_2_Pedro_3. Para uma abordagem mais ampla, consultar (a) Stanley J. Grenz, Pós-modernismo: um guia para entender a filosofia de nosso tempo (São Paulo, SP: Vida, 2008), 2ª Ed; (b) Jean-François Lyotard, A condição pós-moderna (Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1998); (c) Perry Anderson, As origens da Pós-modernidade (Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor, 1999); (d) Zygmunt Bauman, O mal-estar da pós-modernidade, (Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor, 1997).
[4] CVI.
[5] Não se pode deixar de perceber aqui o uso de termos caros à teologia agostiniana. Ver Santo Agostinho, A cidade de Deus (tradução: J. Dias Pereira, Lisboa, Portugal: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 1991), volume 1.
[6] Uma crítica a Spe Salvi se acha em Douglas Reis, A esperança que confunde: a encíclica Spe Salvi vista de uma perspectiva adventista, Revista Ministério, Março-Abril de 2008

VERDADE EM CARIDADE: A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA BENTO XVI PARA O MUNDO GLOBALIZADO - parte 2



Mais uma vez se combate o relativismo, que leva a noção de equivalência entre as culturas, o qual atrapalharia o “verdadeiro diálogo cultural”. Além disto, o relativismo elimina a possibilidade de transcendência na experiência humana. E, acertadamente, a crítica de Bento XVI atinge o cerne do dilema do homem pós-moderno: acrescentaríamos que, se não há transcendência, o homem não possui nenhuma certeza quanto à validade de suas ações. Somente Deus, Absoluto e transcendente, serve de parâmetro para as ações e saberes da humanidade. Daí que o relativismo pós-moderno só pode conduzir a uma incerteza existencial e epistemológica.

O papa se engaja com a causa anti-abordo, rejeitando a mentalidade anti-natalista, a prática da eutanásia, e promovendo a liberdade religiosa (negada pelo Catolicismo durante séculos). Claro que as causas elencadas são genuinamente cristãs e sua base histórica se acha veiculada com a crença em uma criação divina. Ratzinger reconhece que “[…] O homem não é um átomo perdido num universo casual, mas é uma criatura de Deus, à qual quis dar uma alma imortal e que desde sempre amou.”[1]

Como evolucionista teísta que é, o papa admite ter Deus dirigido a evolução e que, em algum momento, dotou aquela criatura surgida de formas inferiores de uma alma imortal[2]. Claro que tal conceito distorce a narrativa Bíblica do Gênesis, além de rebaixar a humanidade. Remetendo ao dom da verdade sobre nós, o terceiro capítulo apresenta a impossibilidade de se “identificar a felicidade e a salvação com formas imanentes de bem-estar material e de ação social”, sendo a identidade humana (“a verdade acerca de nós mesmos”) “primariamente ‘dada’”, “recebida”. “Na sua sabedoria, a Igreja sempre propôs que se tivesse em conta o pecado original mesmo na interpretação dos fenômenos sociais e na construção da sociedade.”[3]

Em outro lugar, o atual pontífice já declarou que a origem do mal é um fato que “permanece obscuro”; quanto ao episódio de Gêneses, “Podemos adivinhar[a origem do mal], não explicar; nem sequer podemos narrá-lo como um fato junto a outro.”[4]

Neste ponto, reaparece a compreensão equivocada sobre as origens, a qual afeta o entendimento sobre o surgimento do pecado: primeiro, o dogma do pecado original (pelo qual somos culpados pelo pecado de Adão), o que contraria a culpa individual (Ez. 18:20). Pecado original existe – mas não no sentido de culpa por procuração ou mesmo culpa hereditária; a Bíblia nos fala de um ato histórico cometido por um Adão histórico, a partir do qual a humanidade herdou a condição corrompida (Rm. 5:12), a infecção do curvato em se, no dizer de Lutero. Segundo, nota-se o descrédito com a narrativa bíblica, sendo que ela sequer merece ser considerada histórica. Claro que se torna impossível entender a doutrina bíblica do pecado com o obstáculo formado pelos dois fatores mencionados.

O capítulo termina louvando o dom do trabalho e retomando considerações sobre a necessidade de desenvolver o princípio de caridade em verdade no campo econômico: “Não devemos ser vítimas dela [da globalização], mas protagonistas, atuando com razoabilidade, guiados pela caridade e a verdade.”[5]


Preocupações sociais e ecológicas: o que há por trás delas?

Sob o título “desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, ambiente”, Bento avalia em seu quarto capítulo a mentalidade ocidental hedonista e procura restaurar o conceito de matrimônio; para o papa alemão: “[…] torna-se uma necessidade social, e mesmo econômica, continuar a propor às novas gerações a beleza da família e do matrimônio, a correspondência de tais instituições às exigências mais profundas do coração e da dignidade da pessoa.”[6]

O desenvolvimento econômico recebe também atenção do líder católico, que propõe uma economia mais humana, na qual a ética deixe de ser um mero adjetivo, para se tornar real e atrelada ao homem, feito à imagem de Deus.

A seguir, ele trata das preocupações ambientais, enfatizando uma acepção adequada do mundo físico como obra divina que revela algo de seu autor (Rm. 1:20). O que alguns cristãos do segmento reformado chamam de “mandato cultural” aparece na carta – a obrigação dada a Adão de zelar pela criação, a qual se impõe a nós, orientando a interação entre homem e natureza (Gn. 2:15). Aliás, vale lembrar que justamente tal percepção impede que o homem chegue a “considerar a natureza um tabu intocável ou, ao contrário, por abusar dela.” Por um lado, se evita que a natureza seja posta acima do homem, e, por outro, que se vise a “completa tecnicização”[7].

Em suma, preservar a natureza ganha status de problema moral da sociedade. Bento tem atualmente levado isto a sério, levantando a bandeira ecológica, a ponto de o Vaticano participar neste ano de iniciativas como “A hora da Terra”[8]. Parece-nos que o senso de oportunismo motiva os recentes pronunciamentos ecológicos do papa – afinal, um maior número de pessoas se une em torno desta causa, o que dá ao Vaticano a oportunidade ímpar de prover uma liderança espiritual do movimento que rompe fronteiras no século XXI.

No quinto e mais importante capítulo da encíclica Caritas in Veritates, o sucessor de João Paulo II menciona a alienação que isola indivíduos e povos, ou seja, faz-se referência à própria dificuldade de amar. A superação disto passa pela adoção de uma visão metafísica do relacionamento com as pessoas; longe de baixar guarda ao relativismo, Bento enfoca um relacionamento genuíno, que “encontra um decisivo esclarecimento na relação entre as Pessoas da Trindade na única Substância divina”, remetendo-nos ao texto de João 17:22 [9].

Deve haver diálogo e troca de pensamento entre crentes e não-crentes, incentivada pela ação eficaz da “caridade na sociedade”, a qual, por seu turno, surge do colóquio entre fé e razão. A Caritas in Veritates admite cooperação entre povos diferentes (princípio da subsidiariedade) como forma de nortear a globalização. A cooperação deve ocorrer em níveis econômicos, mas também culturais. Isto sem abrir mão das bases cristãs, na luta contra o relativismo (e um enfoque novo é dado ao tema, no escopo da educação).

No ponto alto deste documento, o papa Bento XVI faz a afirmação mais ousada, quando constata que os efeitos da crise econômica mundial requerem “a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial”, a qual “deverá regular-se pelo direito, ater-se coerentemente aos princípios de subsidiariedade e solidariedade, estar orientada para a consecução do bem comum, comprometer-se na realização de um autêntico desenvolvimento humano integral inspirado nos valores da caridade na verdade.” Bento assinala igualmente que esta Autoridade precisaria contar com um reconhecimento universal [10].

Que outra Autoridade seria esta, senão a própria Igreja Católica, que, inclusive ofereceu aos Estados Unidos seus serviços de “Autoridade moral”[11]? As pretensões do Catolicismo não mudaram. Sabemos que em breve a “ferida mortal”, desferida por Napoleão (em 1798), será totalmente sanada; a besta (símbolo do poder da igreja romana) reviverá e com admiração “a terra inteira [seguirá] a besta” (Ap. 13:3-4, BJ).

No último capítulo são feitas novas ponderações sobre a globalização e se comenta sobre questões de bioética. A visão naturalista do homem é criticada, à luz do pressuposto de uma alma imortal – o qual contraria claramente o ensinamento bíblico (Gn. 2:7; Sl. 115:17; Ec. 9:5,6,10; Hb. 9:27). Outro contra-senso aparece na evocação de Maria, e das expressões de louvor associadas com ela.

Conclusão

Sem dúvida, os adventistas concordam que “verdade em amor” faz falta no mundo. Os cristãos têm um amplo campo de atuação social que precisa ser retomado. Entretanto, questionamos a falta de base bíblica e distorções do livro cristão que foram cometidas para dar suporte a algumas alegações do papa Bento XVI. Sobretudo, percebemos um sentimento reinante na encíclica de autopromoção de uma espiritualidade politizada, que se eleva como autoridade mundial, nos moldes daquilo que se viu no Ocidente durante a Idade Média. Mais do que nunca, o estudante das profecias pode reconhecer que o “tempo está próximo”.


[1] CIV.
[2] O mesmo conceito se acha expresso por Dinesh D’Souza, em A verdade sobre o Cristianismo: Por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável (Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2008), p. 167.
[3] CIV.
[4] Para ler a declaração completa, bem como seu contraponto: Douglas Reis, “Pecados nada originais”, disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2008/12/pecados-nada-originais.html.
[5] CIV.
[6] Idem.
[7] Ibidem. Para entender como a visão cristã da natureza contribuiu para o desenvolvimento da ciências, confira: Nancy R. Pearcey e Charles B. Thaxton, A alma da ciência: fé cristã e filosofia natural (São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2005).
[8] Ver: (a) Douglas Reis, A hora da Terra: a hora da profecia? disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2009/03/hora.html; (b) idem, O Vaticano na escuridão, disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2009/03/o-vaticano-na-escuridao.html.
[9] CIV.
[10] Idem.
[11] Ver Douglas Reis, Auxílio listra: serviço de autoridade moral, disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2008/04/auxlio-lista-servios-de-autoridade.html.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CRUZEIRO EM CORES

Veleja. À crosta d’água rompe um bando
De barbatanas. Sobre esse indivíduo
Fúmeo caleidoscópio observa quando
Sangrando singra o mar o globo ocíduo.

À encosta a nau dirige-se, indo a mando
Do Poeta de argonáutico resíduo.
Em crisópraso o glauco se tornando:
Brilha o nácar do céu, sôfrego e assíduo.



Beija a pele arenosa do nadir
O oleado casco e ancora, vendo a hulha
Da lua a outras praias invadir.

Na efervescente dança das faísca,
Aparecem, logo onde a onda marulha,
Sem burqas, rindo, mil pedras mouriscas.

domingo, 12 de julho de 2009

ABSOLUTOFOBIA NO REINO DO RELATIVISMO

Por Isaac Malheiros

Tudo é relativo?

Uma menina de dois anos foi condenada à morte na Amazônia, por não ter se desenvolvido fisicamente. A indiazinha Hakani ficou órfã, pois os pais se negaram a matá-la conforme a lei dos suruwahás e tomaram o veneno destinado a ela. O irmão mais velho ficou como responsável pela execução. Enterrou-a viva, mas alguém ouviu o choro abafado e a resgatou. Então foi escalado o avô, que atirou uma flecha na menina, mas vendo o sofrimento da pequena, suicidou-se. Hakani foi abandonada pela tribo, mas resistiu e sobreviveu como indigente comendo restos de comida e insetos por três anos. Então um irmão a levou a um casal de missionários que finalmente a resgatou e cuidou da menina[1].

Apesar do relato dramático, há quem não veja nada de errado no infanticídio. A justificativa: relativismo e respeito à cultura indígena. Sob a ótica relativista, os direitos humanos não poderiam ser aplicados aos indígenas, pois não fazem parte de sua tradição cultural e valores. Toda e qualquer prática e valor cultural são legítimos e devem ser preservados, pois o conceito de “certo” e “errado” é relativo àquela cultura. Em outras palavras: a morte de Hakani estaria justificada na Floresta Amazônica, mas seria crime numa cidade.

Certo ou errado: isso é sempre relativo? O relativismo é o pensamento que nega a existência de padrões absolutos, universais e imutáveis. Um relativista não crê na existência de verdades absolutas.

Infelizmente, esse pensamento tem encontrado eco entre cristãos. “Deus não é cristão” e “todos deveriam conhecer o Dalai Lama”, aconselhou Desmond Tutu numa reunião ecumênica em Porto Alegre[2]. Essas palavras e fatos não representariam preocupação, não fosse o cenário ecumênico e relativista em que surgiram. O antigo chavão “todos os caminhos levam a Roma” foi ampliado para “todos os caminhos levam a Deus”.[3].

Em nível individual, o relativismo manifesta-se na defesa de práticas contrárias aos princípios bíblicos (sexo pré-marital, intemperança, diversões impróprias, pornografia), justificadas com clichês como “eu acho que cada um, cada um”. No mundo físico, obviamente, existem absolutos: um poste diante de um carro em alta velocidade ou o chão num salto sem pára-quedas. Mas o mundo das crenças e convicções está submerso num mar de relativismo [4], gerando uma religião individual, self-service, com princípios maleáveis, ao gosto do “cliente”.
O relativismo atingiu até mesmo o ateísmo. O chamado neo-ateísmo não afirma categoricamente que Deus não existe. O que se afirma hoje em dia é que “provavelmente Deus não existe”[5]. A histórica distinção entre agnosticismo e ateísmo foi suavizada, pois o ateísmo deixou de ser encarado como um tipo de verdade absoluta[6].

A situação atual está bem descrita em Juízes 21:25: “Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. Onde não há um padrão objetivo, a subjetividade (opinião e gosto pessoal) torna tudo lícito e desfaz a fronteira entre certo e errado.

A Verdade Absoluta existe

No entanto, não há lógica no pensamento relativista. Se você disser que “não existe verdade absoluta”, então a sua própria frase não é verdadeira. Você precisa provar que é absolutamente verdade que não exista verdade absoluta.

Porém, se o seu argumento estiver certo, ele refuta a si mesmo. E se ele estiver errado, então existe verdade absoluta. A existência da verdade absoluta traz esse problema: você teria que afirmá-la para negá-la. Para acabar com ela, você teria primeiro que concordar com ela. Ou seja: pra você estar certo, você teria que estar errado! Essa confusão demonstra o que é um mundo filosófico e intelectual sem Deus.

O relativismo dá a falsa impressão de que é possível todos estarem certos. Mas há opiniões tão contraditórias que admitir que talvez todos estejam certos é um absurdo ilógico [7]. Respeitar as opiniões diferentes não significa admitir que “tanto faz, pois todos estão certos”[8].

O curioso é que o relativismo está tão cristalizado que tem se tornado uma forma de absolutismo dogmático: se você tem opiniões bem definidas sobre Deus e a Bíblia, logo sentirá que nem tudo é “relativo” e receberá rótulos como “fundamentalista”, “fanático” ou “intolerante”. Ser relativista se tornou uma verdade absoluta e “não tenha dogmas” se tornou um dogma relativista – nada mais contraditório!

O conceito de Verdade Absoluta é bíblico

A Bíblia lida com verdades absolutas: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3:6).

A sua lei é eterna, bem como suas Palavras (Mt 24:35). Deus estabeleceu a diferença absoluta e não-relativa entre a luz e as trevas: “Deus é luz e nele não há treva alguma” (1 Jo 1:5)). E deixa bem claro que quem não segue sua Palavra está nas trevas (Is 8:20).

Um adventista não deveria pensar que ser cristão é apenas uma questão de opinião pessoal. Em termos espirituais, só existem duas classes de pessoas: os filhos da luz e os filhos das trevas. E, ao contrário do que prega o relativismo, é impossível que luz e trevas estejam com a razão ao mesmo tempo. Cristãos relativistas não poderiam ser sal da terra e luz do mundo relativizando o sal e a luz (Mt 5:13 e 14).

Deus tem um padrão, e não deixa a definição ao sabor das opiniões pessoais: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo” (Is 5:20). Longe de ser uma questão subjetiva, ser cristão é ter a Bíblia como Palavra de Deus, única regra de fé e prática para a vida inteira.

A Verdade Absoluta é essencial

No outro extremo do relativismo está o dogmatismo antibíblico, que usa as Escrituras apenas para endossar opiniões humanas. Versos bíblicos descontextualizados e citações distorcidas dos Testemunhos de Ellen White não tornam opiniões humanas um “assim diz o Senhor”.

Não é relativismo discutir se Kaká é melhor que Cristiano Ronaldo, discutir reformas e mudanças na liturgia (dentro dos parâmetros bíblicos), ou (para citar um exemplo teológico) discutir a correta identificação das “sete cabeças” de Apocalipse 17[9]. Esse temas não são essenciais. A verdade absoluta não nega a diversidade e a individualidade, mas nos liberta de dogmas humanos (Jo 8:32).

O problema surge quando, na tentativa de sufocar o relativismo, fossilizam-se tradições e normas em torno de princípios legítimos, gerando confusão entre o que é essencial e o que é periférico no cristianismo. Por isso, identificar o que são princípios bíblicos inegociáveis e o que são assuntos secundários é de extrema importância [10]. Vale o clássico princípio popularizado por Agostinho de Hipona: “No essencial, unidade; no acidental, diversidade; em tudo, caridade”.

A Verdade Absoluta exige posicionamento

A verdade absoluta é Cristo e Sua Palavra (Jo 14:6). Não somos guiados pelo relativismo nem pelo dogmatismo humano, mas pelo claro e absoluto “assim diz o Senhor” (Pv 3:5).

Se Pilatos nos fizesse a pergunta “o que é a verdade” (Jo 18:38), mas dessa vez ficasse para ouvir a resposta, responderíamos com um “assim diz o Senhor” ou com um “eu acho que”?

Por que teríamos que aceitar qualquer versão do relativismo? É apenas um retrato do fracasso humano em fazer, sem Deus, afirmações verdadeiras sobre questões essenciais da vida. O relativismo é um pacote amorfo de contradições e confusões.

Nós cristãos não devemos ter parte nisso, pois temos base sólida e firme nas Escrituras. Não aceitamos nenhuma espécie de relativismo, pois existe verdade absoluta em temas essenciais. Sendo assim, posicione-se!
Issac Malheiros é pastor-capelão do Colégio Adventista de Indaial (SC) e escreve com exclusividade para o Questão de Confiança.

[1] http://hakani.org/pt/historia_hakani.asp
[2] http://www.achanoticias.com.br/noticia.kmf?noticia=4301589 , acessado em 5 de Fevereiro de 2009.
[3] De acordo com a Bíblia, Jesus é o único caminho a Deus (Jo 14:6).
[4] William G. Johnsonn, “Awash in a sea of relativism”, Adventist Review, Agosto de 1997, p. 5.
[5] Mensagem de campanha publicitária em ônibus na Inglaterra. http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u458981.shtml
[6] Dawkins, Richard. Deus, um delírio (São Paulo: Companhia das Letras, 2007), pp. 80, 212 e 213. [se você já citou as páginas e frases especificamente, não precisa citar desta primeira menção]
“Acho que Deus é muito improvável e levo minha vida na pressuposição de que ele não está lá”, 80.
“Deus não existe quase certamente”, 212 e 213
[7] É impossível, por exemplo, espíritas e adventistas estarem simultaneamente corretos sobre o estado dos mortos.
[8] É claro que existem assuntos não-essenciais e questões de consciência, nos quais podemos discordar sem comprometer as crenças fundamentais.
[9] O Comentário Bíblico Adventista considera que a evidência é insuficiente para garantir uma identificação dogmática delas. Isso significa que a questão está aberta à discussão. “Siete cabezas" [Ap 17:9]. Comentario biblico Adventista del Séptimo Dia. Editado por . F. D. Nichol. (Boise: Pacific Press, 1985). 7:866.
[10] Ellen White aconselha a não perdermos tanto tempo em “questões de difícil compreensão, que afinal de contas não têm importância vital”, pois essas coisas tendem a “desviar a mente das verdades vitais para a salvação da alma”. White, E.G. Evangelismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), p. 182.

sábado, 11 de julho de 2009

PASTORES BRASILEIROS MARCAM PRESENÇA EM CONCÍLIO DE CAPELÃES DA UNIÃO AUSTRAL


Capelães do Sul do Brasil acompanhados pelos pastores Carlos Mesa (líder de Educação da DSA, 1º à esquerda), Gary Councell (Líder mundial de capelães, 2º à esquerda) e Mario Ceballos (Líder associado de capelania da AG, 4º à direita)

Com o título "Sembrando para el futuro" ("Semeando para o futuro"), realizou-se na cidade de Foz do Iguaçu (PR) o I Concílio de capelães institucionais, preceptores e diretores de escola da União Austral, no período de 9 a 11 de Julho.

Formada por Uruguai, Argentina e Paraguai, a união há muito sonhava com o evento, que foi seu primeiro e último concílio desta natureza: isto porque em 2010 a Argentina terá sua própria união, enquanto os demais países terão cada qual uma união-missão.

Uma vez que o concílio se realizou no campo da União Sul Brasileira, os seguintes pastores adventistas ligados à área educacional foram selecionados por suas respectivas associações para assistirem o concílio: Eduardo Bonfim, Tiago Cordeiro da Silva, Amilton Luis de Melo, Cleyton Francisco Oliveira Araujo (Associação Norte-Paranaense); Isaac Malheiros, Paulo Orling, Douglas Reis, Marcos Romano (Associação Catarinense); Stanley Teixeira (Associação Sul-Rio-grandense).

"Que a partir deste encontro entre quatro países, desenvolvam-se melhores condições para o ministério da capelania adventista", expressou o Pr. Carlos Mesa, diretor de Educação e do ministério de capelania da Divisão Sul-americana.

Além do pastor Mesa, outras autoridades da Igreja compareceram ao concílio. Representando a Associação Geral dos adventistas, vieram ao evento os pastores Gary Councell e Mario Ceballos, respectivamente, diretor e diretor-associado do ministério de capelania adventista mundial.

Com experiência de trinta anos dedicados à capelania militar, o Pr. Councel falou sobre os desafios da capelania em um mundo que não tem mais a igreja como referência. Ele alertou ainda sobre os riscos da síndrome de Burnout, que afeta pessoas ligadas a atividades públicas e extressantes - características nas quais certamente se incluem capelães, quer hospitalares, quer educacionais.

Mario Ceballos destacou a influência a longo prazo, exercida pelo ministério da capelania. Para ele, apesar do líder espiritual de uma instituição ser o seu diretor (o que vale tanto para clínicas, como escolas), o capelão deve auxiliar a manter a espiritualidade, o que se traduz em sustentar a missão e a visão do corpo institucional.

No sábado pela manhã, houve no horário do culto um emocionante batismo da juvenil Valentina. A menina de 10 anos tomou sua decisão pela influência de seu capelão escolar. Seus pais também vieram exclusivamente para assistirem a cerimônia.

Para o Pr. Isaac Malheiros, capelão do colégio adventista de Indaial (SC), foi marcante "o contato com os pastores de outras culturas" e poder "ver os milagres que Deus tem operado em toda a divisão Sul-Americana."

ALEGRIA, RESULTADO DE COMUNHÃO


A cada sinal vermelho, era como se fosse um parto. Primeiro, porque significava um minuto de espera. E quando se está atrasado, todos os minutos contam. Segundo, porque eu e minha esposa compráramos o carro havia poucas semanas. Desde as aulas na autoescola, eu não sabia mais o que significava estar atrás de um volante. Por isso, a cada sinal vermelho, eu sabia que tinha que parar e ter de esperar o sinal verde; mas, justamente aí, ao dar a partida, o carro "morria". Em todos os semáforos. Sem exceção.

Seria cômico. Se a senhora no banco de trás não estivesse prestes a entrar em pane. Eu e minha esposa tentávamos acalmá-la. Seus dentes não conseguiam deixar de lado as unhas. Olhava para o pulso esquerdo, acompanhando o movimento do ponteiro. E a rodoviária parecia estar além dos Andes.

Eu sentia um misto de desespero e diversão. Seria cômico, se não fosse pela senhora no banco de trás. A aventura chegou ao fim. Naquela noite, minha mãe perdeu o ônibus. Porém, conseguiu um outro que a levaria a São Paulo. E eu voltei para casa. Sem a pressão do tempo. Ainda "morrendo" a cada sinal verde.

Estranho como rimos nas horas mais inapropriadas. Rimos de alguém que escorrega e cai. De um ciclista que perde o equilíbrio durante uma curva. De quem tromba com um poste a sua frente. Ou quando tudo dá errado e nos atrasamos em levar a mãe à rodoviária. Rimos do trágico, do infame, do grotesco, do injusto.

Pergunte a um humorista o que faz o seu programa dar ibope. Os quadros têm que falar sobre maridos enganados. Satirizar homossexuais. Conter expressões com duplo sentido. Expor transeuntes a humilhações. Ridicularizar pessoas públicas. Os televisores são ligados porque as pessoas querem rir dessas situações. Rir nas horas inapropriadas. Rir das coisas inapropriadas.

Talvez mais do que rir, as pessoas procuram diversão. As boates trabalham a todo vapor. As danceterias e bares noturnos lucram oferecendo descontração a granel. As repúblicas seguem a receita de amenizar os períodos árduos de estudo com festas que atravessam a madrugada. Candidatos atraem o eleitorado organizando showmícios. Qualquer festinha de aniversário de uma criança de cinco anos precisa de um DJ presente.

Você vê a fila de carros em frente a clubes noturnos? Pode apostar que aquela gente vai passar horas muito movimentadas. Os hits da noite impedem que alguém fique escorado em alguma parede. Não, ninguém fique parado! É hora de dançar e curtir. Pular e gritar. A noite não é uma criança?