quinta-feira, 31 de julho de 2008

O MAL


Seus passos sufocam a garganta de cada homem, dia e noite, sempre, numa caminhada sobre nossos corpos. E pior. Ele caminha sobre nós e dentro de nós. O mal pode ser lido na manchete de cada jornal. Ele pode ser encontrado nas embalagens dos alimentos. Nas vitrines das lojas. Nas atitudes no trânsito. O mal é universal, mas, estranhamente, a raça dominada por ele aceitou seu julgo. Parece que o mal constitui uma fonte de satisfação, não algo secreto e velado, mas uma estampa, algo que pode ser visto à luz do dia.

É preciso resistir a ele. Trata-se de uma questão de sobrevivência. Ao mesmo tempo, vencer o mal é tarefa irrealizável. Em sua força e capacidade, homem algum jamais esteve perto de resistir aos maléficos encantos.

Apenas a energia salvadora que o Céu depositou na cruz, em forma de amor desprendido, pode eliminar as cicatrizes que o pecado deixou na crueza de nossas almas. O mal não resiste ao senhorio daquele que é, Ele próprio, o Supremo Bem.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O CAMINHO DA PRUDÊNCIA


Imagine um maluco ultrapassando simultaneamente dois caminhões, em plena BR 101, num trecho em que existe uma dupla contínua (linha que indica que ultrapassagens são proibidas). Pense, então, que no meio da ultrapassagem, o maluco em questão enxerga um posto da Polícia Rodoviária.

Bem, o maluco era eu!

Enquanto eu estava no acostamento, fiquei pensando em como minha primeira viagem interestadual perfeita perdeu seu brilho. O policial foi muito educado e eu não reclamei de nada. Afinal, nenhuma coisa que eu dissesse justificaria minha atitude. Enquanto esperava o policial voltar, resolvi abrir a minha Bíblia, ali mesmo. Na seqüência do plano devocional que sigo, deveria ler naquele dia o texto de Provérbios 16. E, por incrível que possa parecer, Deus falou claramente comigo.

Note o que afirma o verso 5 do texto:

“O insensato faz pouco caso
da disciplina de seu pai,
mas quem acolhe a repreensão
revela prudência.”

Prudência. Ela é necessária não apenas no trânsito. Trata-se de um requisito para alcançar um nível mais elevado nos relacionamentos interpessoais. A pessoa prudente evita se envolver em situações de risco desnecessário ou fazer escolhas por atividades de caráter duvidoso.

A verdadeira prudência é derivada da sabedoria que vem do Alto. Quando o Senhor Deus dirige a nossa vida, aprendemos a agir de forma sensata, baseando nossas ações em princípios seguros e não nos impulsos do momento.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

PERDEU A GRAÇA


Morreu Dercy Gonçalves, no último dia 19, ícone do humor brasileiro. Escrachada, despachada, boca suja. Igualzinha a toda uma geração de humoristas, que fizeram (ou fazem) rir os brasileiros com situações cabeludas e palavrões ditos sem o menor pudor. Justamente entre estes artistas, coube a Dercy a(des) honra de ser a precursora, a debutante. Agora, a papisa do humor se despede no auge de seus 101 aninhos.

Mas uma fila inumerável de tietes se levantou para exaltar as glórias de Dercy. Elogiou-se a sua coragem por ter atravessado tantas dificuladades para alcançar o sucesso no teatro e na TV. Gravações inéditas de apresentações suas surgiram e todas as vozes se ergueram para brindar Dercy.

E se Dercy, ao invés de ser a mulher que foi, tivesse dedicado sua vida como missionária em alguma cidade do sertão nordestino? Ela teria viajado quilômetros sob o lombo de jumentos, visitando casas afastadas. Os fazendeiros reuniriam a família para que a "irmã Dercy" os abençoasse, lendo-lhes trechos das Escrituras. Aprenderiam com ela os mais inspiradores hinos. Suas orações os comoveriam. Se a nossa Dercy hipotética vivesse tanto quanto viveu a real, ainda estaria, com as 101 primaveras de experiência, pregando e testemunhando nos auditórios mais diversos. Contudo, e quando chegasse ao final?

Provavelmente, a irmã Dercy constasse na seção "Falecimentos" da Revista Adventista. Alguém, dez anos depois, talvez se animasse a contar a vida de inspiração de Dercy em um livro, recheado de comoventes testemunhos. Ainda assim, o Brasil não pararia para prestar a atenção. As homenagens iriam se restringir à mídia evangélica, enquanto milhões de brasileiros continuariam a levar suas vidas, sem qualquer sentimento de perda.

Parece-me que o senso de valorização da sociedade estrapola o quadro de "moralidade invertida". Cada vez mais, a degenaração causada pelo pecado corrompe o que restava dos ditos valores cristãos. Hoje o pecado é um termo técnico usado em algumas igrejas. O restante das pessoas ri do que um dia foi considerado assunto sério; isso sem contar nos aplausos dirigidos àqueles que fazem a massa rir do pecado.

Para os cristãos remanescentes, atrelados a um senso de responsabilidade perante Deus, que os incumbiu de viver a Verdade, o mundo perdeu a graça. Em todos os sentidos.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

MINÚCIAS DA ENTREGA


Pai! (o ar da montanha, castigo para brônquios tão velhos!, agora fingir prazer costumeiro é ainda mais asfixiante, olhar aqueles olhos inocentemente surrupiados de sua mocidade, uma mocidade que ele próprio esperou viver para ser testemunha… Deus, por quê? Teria amado inconscientemente em demasia o seu mais vigoroso galardão? Esquecera-se do Doador, por isto era provado, numa idade tão decrépita?).
Pai! (que direi para ele, sobre um cordeiro que não existe, que não foi trazido junto como das vezes anteriores? Com que sentimento meu filho absorverá a notícia, de que o cordeiro não é outro, senão ele?!)
– Não compreendi, meu pai; o senhor me afirma que o Deus, de cujos ensinos tenho ouvido desde o colo, um Deus de amor, pede a mim por sacrifício?! Serei eu, pai, a oferta a ser imolada? Eu, o cordeiro agradável a Jeová? Serei eu? Que posso dizer, além de aceitar o que o Deus Eterno ordenou a ti, como hoje me falas?
O vento declinava, sem satisfação, numa ocasião de ocaso escasso. As cores sangravam timidamente, num crepúsculo que ameaçava chorar. Abraão, barba ao vento, desferia o golpe no ar, como num ensaio desmaiado. Oscilava ou a idade o fazia tremer?
– Abraão, já basta, porque sei que você me ama. Detenha o cutelo, porque me amaste a ponto de entregar teu filho, o teu único.
A palidez nos lábios vociferando contra. Apinhadas. As ruas, todas manchadas pelo tecido revolto de corpos agitados. Ao final de uma rua estreita, patíbulos alçados, homens expostos. Os arquejos, a asfixia, o sangue, os insetos, os motejos que a populaça dirige. A cruz dói.
Não existe outro. Só um Cordeiro. Um que deve morrer. Um que substituirá a humanidade. Seu Pai chora ao Lhe desferir o golpe em lugar de no pecador. Ele é o coração da oferta. A vida está em Seu corpo encharcado das texturas da sepultura. Uma oferta sem limites quanto à exuberância do amor!…


quinta-feira, 17 de julho de 2008

FALTA DE HONESTIDADE INTELECTUAL ENTRE CRISTÃOS

Jesus, o Mestre moral mais influente da Humanidade, nos ensinou que a mentira provém do diabo (Jo 8). Isto inclui todas as formas de engano: desde o simples logro à falsidade ideológica. Nem a farsa mais banal escapa. Não há mentira branca, porque, aos olhos do Pai, todo engano não passa de uma mancha negra.

Há algumas semanas descobri que um blogueiro cristão vinha reproduzindo os textos postados aqui. Até aí, nenhum mal. Acontece que o cidadão fez, em alguns casos, uso de certas matérias sem creditar ou oferecer um link para o local original em que estavam.

Mais do que depressa, entrei em contato com o indivíduo, pedindo explicações. Por quatro vezes, me ofereci para um diálogo. Disse que não me importava que meus textos fossem republicados, desde que fossem atribuídos a mim, o autor, o que é justo e prática comum entre os blogueiros. O silêncio manteve-se, por quase um mês, como a única resposta...

Quem quer que poste num blog qualquer texto do qual não seja autor, no mínimo estará prevendo que o leitor tomará aquele texto como de sua autoria, pelo fato de não haver indicação de fonte; ou seja, o blogueiro que "importou" o texto passará por seu autor. Ora, isso é desonestidade intelectual, e constitui desrespeito ao verdadeiro autor. Para não falar da possibilidade de se considerar a prática como plágio!

Gostaria imensamente que o referido cidadão, que se apresenta como Hugo Campos Netto, e se define como um cristão que aguarda pela volta de Jesus, repensasse sua conduta: que, ou creditasse os textos que importou, ou os tirasse de seu blog.

Aconselho ainda aos blogueiros cristãos que ficassem atentos ao uso de suas matérias em outros blogs e contextos, que podem, até mesmo, deturpar suas intenções originais. É preciso, como discípulos de um Mestre defensor da Honestidade Absoluta, não tolerarmos nenhuma prática mentirosa, da forma como for, no lugar que for. Inclusive em nossos blogs.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

MUNDO FRAGMENTÁRIO

O poema abaixo não tem título. Foi escrito (se a memória não me trai) em 2001 e faz parte de uma série de 33 sonetos, sendo que somente alguns levam título. Ele reflete a perspectiva de muitas pessoas no mundo pós-moderno em que vivemos. Não vou ficar explicando, basta que você leia o poema, onde o verso alexandrino colporta outros versos, em escala crescente (de um a doze) e depois descrecente (de doze a um), terminando com um axioma sombrio.




Risca. E há luz. Luz que é vinho. A noite dói. O vento
Extrai luz. Morre a chama engolida. E divaga
Solitário. Suporta a treva sempre vaga.
Sempre o mesmo tormento o persegue. Momento


Estranho, sem paz, sem conforto. Risca atento
E a chuva desce, aflita mágoa. A chuva alaga
O olhar quando à esposa admira. O ideal se apaga,
Morre e o fósforo com ele. À garrafa, lento,


Ele vai buscar trégua. Uma trégua quem sabe
Com o mundo. Ou talvez uma trégua com a alma.
Perdera tudo, mas quer paz. Que não se acabe


O luar. Haja noite o bastante. Que caos
Esse isqueiro! Respira um pouco. Exaustão. Calma.
“– Ponto de ônibus: leito escuro para os maus.”




Leia em seu contexto original

quinta-feira, 3 de julho de 2008

OS CÉUS PROCLAMAM A GLÓRIA DE DEUS: EXPLORANDO AS RAZÕES BÍBLICAS PARA PRESERVAR O MEIO AMBIENTE


Seria desnecessária qualquer consideração prolongada sobre o interesse de nosso século recém-inaugurado acerca da questão ambiental: este assunto se faz presente nos diversos campi universitários, na mídia, na política de trabalho das indústrias, nos projetos governamentais – enfim, este é um tema integrado ao cotidiano de qualquer cidadão, do mais simplório ao mais elitizado.

Ocorre que dentro de ambientalismo se abrigam diversas tendências, algumas delas fundamentadas em crenças e carregadas de valores antagônicos à moral cristã. Um exemplo está na difundia “hipótese de Gaia”, que entende o próprio planeta como um sistema vivo, “[…] uma entidade complexa que envolve a atmosfera terrestre, a biosfera, os oceanos e o solo”.[1]

A despeito de encontrarem motivações ou filosofias antagônicas, cristãos tem se engajado na luta pela preservação o meio-ambiente. O próprio líder máximo da Igreja Católica tem manifestado sua preocupação com as políticas ambientais.

Encontra-se, em uma das afirmações do livro bíblico de Salmos, uma justificativa para nos preocuparmos com o meio-ambiente: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.” Sl 19:1. Não raro, a Bíblia dá ao céu a função de elemento revelador, seja da culpa humana após o julgamento do ímpio (Jó 20:27) ou, num fraseado bastante próximo ao do Salmo 19, da justiça divina (Sl 97:6). De alguma forma, o salmista transmite a idéia de que algo a respeito do próprio Deus transparece através daquilo que ele Criou (mundo físico).

A idéia é enunciada também nas páginas do Novo Testamento. O apóstolo Paulo afirma: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas.” (Rm 1:20). “Assim como nós podemos aprender muito de um escritor por meio do estudo de sua obra, ou de um pintor, por meio de sua pintura, então, nós podemos igualmente aprender de Deus por meio de Sua obra, Sua criação”[2]

Pelo que se infere da matéria bíblica citada, preservar a natureza é preservar o conhecimento de Seu autor. Ellen White, cujos escritos servem de base para a nossa Compreensão Adventista sobre o mundo (juntamente com as Escrituras), comenta a importância da Natureza para se conhecer o Seu autor:

“O livro da Natureza, que estendia suas lições vivas diante deles [de Adão e Eva], ministrava uma fonte inesgotável de instrução e deleite. Em cada folha da floresta, ou pedras das montanhas, em cada estrela brilhante, na terra, no mar e no céu, estava escrito o nome de Deus. […]” [3]

Além do conhecimento sobre Deus estar disponível (ao menos parcialmente) em Sua Criação, os cristãos têm uma segunda razão básica para cuidar da natureza: o próprio Criador ordenou que o homem cuidasse do mundo recém terminado, o que, aliás, se incluía inicialmente no propósito divino para o gênero humano (Gn 1:26).

Tendo em mente esses dois motivos básicos (dos quais outros poderiam ser derivados), torna-se capital que busquemos, portanto, harmonizar o estudo da Natureza com a obrigação de cuidar dela.

E relevante a tomada de consciencia de que o planeta não corre o risco de ser destruído, como muitos ambientalistas costumam alardear; embora alguns dados sejam alarmantes, mais uma vez considerando o tema de uma perspectiva bíblica, chegamos a inevitável conclusão de que será a intervenção divina que destruirá o mundo físico de forma direta, a fim de poder restaurá-lo à sua perfeição edênica (II Pe 10; Ap 21: 1, 22-26; 22:1-5).

Em decorrência do que afirmamos anteriormente, somos levados a crer que, através do desenvolvimento da mensagem bíblica, alem de sua adequada aplicaçao, daremos, enquanto cristãos, uma contribuição enquanto cidadãos capazes de responder aos problemas ambientais de uma perspectiva cristã, aptos a defender a natureza pelas razões coerentes com o que as Escrituras apresentam, sem se esquecer da esperança de fazerem parte de um ecossistema restaurado no porvir.

[1] Marina de Lima Tavares, “A Terra é viva? Hipótese Gaia e definições da vida” Monografia de Bacharelado em Biologia, Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, 2000. Disponível em http://www.gphfecb.ufba.br/Portugues/Textos/Monografia_Marina.pdf. Acesso: 19 de ju. 2008.
[2] Bob Deffinbaugh, “No Excuse for the Heathen”, disponível em http://www.bible.org/page.php?page_id=1167. Acesso em: 2 jul. 2008.
[3] Ellen G. White, “Educação” (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 8ª ed., p. 21.