quinta-feira, 3 de julho de 2008

OS CÉUS PROCLAMAM A GLÓRIA DE DEUS: EXPLORANDO AS RAZÕES BÍBLICAS PARA PRESERVAR O MEIO AMBIENTE


Seria desnecessária qualquer consideração prolongada sobre o interesse de nosso século recém-inaugurado acerca da questão ambiental: este assunto se faz presente nos diversos campi universitários, na mídia, na política de trabalho das indústrias, nos projetos governamentais – enfim, este é um tema integrado ao cotidiano de qualquer cidadão, do mais simplório ao mais elitizado.

Ocorre que dentro de ambientalismo se abrigam diversas tendências, algumas delas fundamentadas em crenças e carregadas de valores antagônicos à moral cristã. Um exemplo está na difundia “hipótese de Gaia”, que entende o próprio planeta como um sistema vivo, “[…] uma entidade complexa que envolve a atmosfera terrestre, a biosfera, os oceanos e o solo”.[1]

A despeito de encontrarem motivações ou filosofias antagônicas, cristãos tem se engajado na luta pela preservação o meio-ambiente. O próprio líder máximo da Igreja Católica tem manifestado sua preocupação com as políticas ambientais.

Encontra-se, em uma das afirmações do livro bíblico de Salmos, uma justificativa para nos preocuparmos com o meio-ambiente: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.” Sl 19:1. Não raro, a Bíblia dá ao céu a função de elemento revelador, seja da culpa humana após o julgamento do ímpio (Jó 20:27) ou, num fraseado bastante próximo ao do Salmo 19, da justiça divina (Sl 97:6). De alguma forma, o salmista transmite a idéia de que algo a respeito do próprio Deus transparece através daquilo que ele Criou (mundo físico).

A idéia é enunciada também nas páginas do Novo Testamento. O apóstolo Paulo afirma: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas.” (Rm 1:20). “Assim como nós podemos aprender muito de um escritor por meio do estudo de sua obra, ou de um pintor, por meio de sua pintura, então, nós podemos igualmente aprender de Deus por meio de Sua obra, Sua criação”[2]

Pelo que se infere da matéria bíblica citada, preservar a natureza é preservar o conhecimento de Seu autor. Ellen White, cujos escritos servem de base para a nossa Compreensão Adventista sobre o mundo (juntamente com as Escrituras), comenta a importância da Natureza para se conhecer o Seu autor:

“O livro da Natureza, que estendia suas lições vivas diante deles [de Adão e Eva], ministrava uma fonte inesgotável de instrução e deleite. Em cada folha da floresta, ou pedras das montanhas, em cada estrela brilhante, na terra, no mar e no céu, estava escrito o nome de Deus. […]” [3]

Além do conhecimento sobre Deus estar disponível (ao menos parcialmente) em Sua Criação, os cristãos têm uma segunda razão básica para cuidar da natureza: o próprio Criador ordenou que o homem cuidasse do mundo recém terminado, o que, aliás, se incluía inicialmente no propósito divino para o gênero humano (Gn 1:26).

Tendo em mente esses dois motivos básicos (dos quais outros poderiam ser derivados), torna-se capital que busquemos, portanto, harmonizar o estudo da Natureza com a obrigação de cuidar dela.

E relevante a tomada de consciencia de que o planeta não corre o risco de ser destruído, como muitos ambientalistas costumam alardear; embora alguns dados sejam alarmantes, mais uma vez considerando o tema de uma perspectiva bíblica, chegamos a inevitável conclusão de que será a intervenção divina que destruirá o mundo físico de forma direta, a fim de poder restaurá-lo à sua perfeição edênica (II Pe 10; Ap 21: 1, 22-26; 22:1-5).

Em decorrência do que afirmamos anteriormente, somos levados a crer que, através do desenvolvimento da mensagem bíblica, alem de sua adequada aplicaçao, daremos, enquanto cristãos, uma contribuição enquanto cidadãos capazes de responder aos problemas ambientais de uma perspectiva cristã, aptos a defender a natureza pelas razões coerentes com o que as Escrituras apresentam, sem se esquecer da esperança de fazerem parte de um ecossistema restaurado no porvir.

[1] Marina de Lima Tavares, “A Terra é viva? Hipótese Gaia e definições da vida” Monografia de Bacharelado em Biologia, Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, 2000. Disponível em http://www.gphfecb.ufba.br/Portugues/Textos/Monografia_Marina.pdf. Acesso: 19 de ju. 2008.
[2] Bob Deffinbaugh, “No Excuse for the Heathen”, disponível em http://www.bible.org/page.php?page_id=1167. Acesso em: 2 jul. 2008.
[3] Ellen G. White, “Educação” (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 8ª ed., p. 21.

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