O poema abaixo não tem título. Foi escrito (se a memória não me trai) em 2001 e faz parte de uma série de 33 sonetos, sendo que somente alguns levam título. Ele reflete a perspectiva de muitas pessoas no mundo pós-moderno em que vivemos. Não vou ficar explicando, basta que você leia o poema, onde o verso alexandrino colporta outros versos, em escala crescente (de um a doze) e depois descrecente (de doze a um), terminando com um axioma sombrio.
Risca. E há luz. Luz que é vinho. A noite dói. O vento
Extrai luz. Morre a chama engolida. E divaga
Solitário. Suporta a treva sempre vaga.
Sempre o mesmo tormento o persegue. Momento
Estranho, sem paz, sem conforto. Risca atento
E a chuva desce, aflita mágoa. A chuva alaga
O olhar quando à esposa admira. O ideal se apaga,
Morre e o fósforo com ele. À garrafa, lento,
Ele vai buscar trégua. Uma trégua quem sabe
Com o mundo. Ou talvez uma trégua com a alma.
Perdera tudo, mas quer paz. Que não se acabe
O luar. Haja noite o bastante. Que caos
Esse isqueiro! Respira um pouco. Exaustão. Calma.
“– Ponto de ônibus: leito escuro para os maus.”
Leia em seu contexto original
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