No
último sábado 31/01, Luciano Huck surpreendeu em seu programa: o global levou a
artista gospel Ana Paula Valadão e sua trupe do Diante do Trono. Após o Festival
Promessas, ocorrido no dia, parece que o sinal está verde para a
participação de artistas gospel na maior emissora nacional. Claro que, se a fé
move montanhas, a audiência que tais grupos proporcionam remove quaisquer
preconceitos globais.
A
Globo dá espaço aos evangélicos como deu ao Axé na década de 1990: por ser
novidade e por saber da popularidade que tais grupos têm. Na apresentação,
Luciano Huck repetiu que a artista Ana Paula já vendera 7 milhões de discos,
quase justificando a presença dela em um ambiente, digamos, mundano.
Valadão
não fez de rogada: disse que seu sucesso era resultado da sede por algo
diferente, uma sede que Jesus satisfaz. Seria essa a explicação para seu
sucesso ou toda mídia por trás da Igreja Batista da Lagoinha, denominação que
promoveu a artista? O uso de ritmos populares e jargões cúlticos nos shows de
Ana Paula também se acha em sintonia com as crenças neopentecostais, movimento
que só cresce no Brasil. Se o Jesus da teologia da prosperidade, da “unção de
leão”, dos milagres suspeitos e da “marcha para Jesus” é o mesmo que
encontramos no Evangelho, aí já é outra história.
Eu
creio que talvez esse Jesus, que faz tanto sucesso, seja incompatível com
aquele da Bíblia; afinal, ele não possibilita uma transformação tão efetiva,
nem um compromisso com a Verdade – isso porque, mais do que nunca, a ignorância
em relação à Bíblia é aterradora no meio evangélico. Os pastores promovem um
verdadeiro “coronelismo da fé”, declarando-se autoridade máxima,
inquestionável. Estudar a Bíblia mesmo, o que levaria alguém a se saciar com a
água que Cristo oferece (Jo 4:10, 13-14), isso se vê muito pouco. Os
evangélicos, triste constatação, vivem mais de suas experiências fantásticas,
do “louvorzão”, da profecia dita pelo servo escolhido e das unções, do que da
palavra eterna do Deus vivo.
Também
não creio que o Jesus que está presente nos shows gospel seja indispensável;
ouso dizer que os próprios evangélicos acreditam que ele não faça tanta
diferença. Um exemplo? Luciano Huck disse que seu programa é aberto a todas as
crenças e cores e que a sua própria família seria assim: ele, judeu, sua
esposa, a apresentadora Angélica, católica e sua sogra, evangélica. Ele ainda
prosseguiu, afirmando que o Brasil é assim, ao que Ana Paula endossou, dizendo
que todos têm seu espaço. E a soberania de Jesus, como fica? Foi um
momento de mal disfarçado ecumenismo, diálogo de quem não tem muita convicção
naquilo que crê. Um evangelho assim tão insípido deve continuar aparecendo
bastante na televisão – afinal, ele não incomoda ninguém mesmo.
6 comentários:
Olá, editor do blog.
Só passei para dar parabéns pelo quanto você ajunta no reino de Deus.
Plena sabedoria, um fariseu em potencial! Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.
Seja bem-vindo ao blog, Valter.
Eu discordo do que vi, e dei minhas razões. Você me criticou, mas não foi capaz de refutar o que disse ou apresentar seus motivos. Estou esperando...
Otima postagem! Deus te abençoe.
O que o dito Valter diria se eu dissese que ele é um saduceu em potencial? E que ele representa uma grande massa de crentes sem fundamentação bíblica, que se movem aos ventos dos modismos? Eu também estou esperando a justificativa dele em criticar esse artigo que diga-se de passagem foi muitoe bem articulado. Parabéns ao Questão de Confiança... Ah: antes que eu me esqueça, todos somos fariseus em potencial. E são aqueles que negam essa realidade os mais perigosos.
Pr Douglas, há muito tempo leio o seu blog, mas é a primeira vez que me manifesto! Parabéns por sua coragem. Já preguei uns 4 sermões baseados no que leio no seu blog. Siga com sua honestidade intelectual em criticar unanimidades (mesmo que sejam adventistas). Que Deus continue a iluminar sua mente.
Parabens pelo artigo.
A religião pessoal, entre nós como um povo, acha-se pouco valorizada. Há muita fama, muito equipamento, muita promessa; mas algo mais profundo e mais sólido precisa ser introduzido em nossa vida religiosa.Testemunhos Seletos - Volume 2 pag 340.
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