quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
ADVENTISTAS E CINEMA: UMA VELHA QUESTÃO
Nesse pequeno ensaio, me proponho a responder à pergunta:
há razões bíblicas para não frequentar o cinema? Antes de analisar a questão,
tem de se admitir que o problema não é simples. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia (doravante IASD) sustente que o cinema constitua um ambiente mundano, conclamando seus fiéis
a não frequentá-lo, faz décadas que objeções por parte de alguns de seus
próprios membros vem sendo feitas a isso. Em sua maioria, defensores e
contrários à prática usam a mesma classe de argumentos, os quais se baseiam na cultura
e em detalhes técnicos do próprio cinema como mídia.
Aqui a abordagem não seguirá esse caminho. E por um motivo bem simples: não é a cultura ou a ciência que determina o que deve ser praticado pelo cristão. Se fosse, a base de nossa fé seria insegura e mutável. Como adventistas, acreditamos em três princípios-guias (ou pressupostos) para orientar nossa experiência e escolhas: sola Scriptura (somente as Escrituras), tota Scriptura (as Escrituras em sua totalidade) e prima Scriptura (as Escrituras acima de tudo).
Aqui a abordagem não seguirá esse caminho. E por um motivo bem simples: não é a cultura ou a ciência que determina o que deve ser praticado pelo cristão. Se fosse, a base de nossa fé seria insegura e mutável. Como adventistas, acreditamos em três princípios-guias (ou pressupostos) para orientar nossa experiência e escolhas: sola Scriptura (somente as Escrituras), tota Scriptura (as Escrituras em sua totalidade) e prima Scriptura (as Escrituras acima de tudo).
Nesse caso, quais princípios bíblicos poderiam
ser evocados para defender a posição oficial da igreja? Com "posição
oficial da igreja" estou assumindo que a IASD ainda orienta seus membros a
não ir ao cinema, uma alegação que pode ser comprovada consultando o manual da
denominação e seus documentos envolvendo estilo de vida. Vale notar que edições mais antigas do manual empregavam a palavra textualmente, enquanto as mais recentes utilizam termos mais abrangentes, na tentativa de contemplar outros tipos de mídia que existam ou venham a existir.
Voltando à pergunta: na verdade, reconheço não haver um claro
"assim diz o Senhor" no tocante à frequência ao cinema, com todas as letras, por uma série de razões. A mais óbvia, não é um problema dos tempos bíblicos, haja visto que se trata de
uma tecnologia mais recente, com cerca de pouco mais de um século. Então, quer dizer
que o assunto não deveria ser abordado biblicamente? Ora, as Escrituras não
encerram apenas ordens diretas (“não matarás”, “lembra-te do dia de sábado”),
todavia falam de princípios. Alguns exemplos de questões não abordadas
diretamente pelas Escrituras: "seria proibido consumir maconha?"; "seria errado viver
de forma consumista?"; "a prática da eutanásia seria moralmente aceitável?". Em todos
esses casos, é necessário mais do que “caçar versículos” para tratar do
assunto; exige-se um tratamento mais amplo.
Por isso, sugiro uma abordagem da teologia
sistemática, aquela que faz mais do que simplesmente coletar textos, mas reúne
conjunto de passagens bíblicas, respeitando seu contexto, e as agrupa por temas.
O ideal seria termos uma teologia da cultura (quando falamos de cinema, estamos
procurando entender uma prática cultural à luz da Bíblia), que cobrisse alguns
temas, entre os quais, a frequência ao cinema. Óbvio que algo dessa natureza é
complexo. Assim, não é meu objetivo desenvolver tal teologia completamente nesse momento. Primeiro, por causa do espaço; segundo, por achar que outros já fizeram isso
com relativo sucesso, especialmente o professor Demóstenes Neves, do Iaene. Neves escreveu um pequeno livro intitulado Entretenimento e Mídia: Cinema,
televisão, filmes e internet, o qual traz interessante pesquisa sobre o assunto.
Os princípios elencados a seguir também
poderiam servir para abordar outras temáticas que envolvam a matriz de nosso
assunto (cultura à luz da Bíblia). Em um texto maior, de caráter acadêmico,
seria oportuno avaliar um pouco da história do cinema e de sua influência como
mídia. No entanto, aqui, para objetivos imediatos, nossa curta análise se
concentrará na Bíblia.
Peço a todos que analisem os princípios de forma
menos preconceituosa possível (embora, como é natural em qualquer questão,
tenhamos nossas opiniões prévias). Repetindo a pergunta: que princípios
poderíamos evocar para dizer que não devemos ir ao cinema? Sugiro os seguintes:
(a) a
importância da contemplação – somos transformados por aquilo que
contemplamos (cf: Jr 2:5; 2 Co 3:18), o que nos mostra que há consequências
espirituais para todo tipo de mídia que consumimos ou objeto que passamos a nos
devotar (ou simplesmente com o que gastamos tempo). Obviamente, alguns podem
alegar que se trata de entretenimento, mas nada é produzido no vácuo, há sempre
um conjunto de valores oferecidos e isso acaba tendo um efeito cumulativo sobre
a mentalidade de quem assiste (não significa que assistir filmes violentos fará
alguém cometer crimes, por exemplo, mas poderá amortizar sua sensibilidade à
exposição da violência);
(b) o
imperativo de renovar a mente: o que implica em fugir de
padrões do mundo, que poderíamos igualar a perspectiva secular, capaz de moldar
nossas percepções e valores (Rm 12:2; Ef 4:22-24), muitas vezes contrários ao
plano que Deus tem para nós. Na perspectiva de que vivemos um grande conflito,
é de se esperar que as artimanhas de Satanás sejam sutis e disseminadas, para
atingir a todos sem que percebam. Se há dúvidas de sua atuação, a leitura de Nos bastidores da Mídia, de meu amigo
Michelson Borges, pode servir como introdução útil ao tema;
(c) o princípio de filtrar todas as coisas: devemos selecionarmos tudo de acordo com critérios do evangelho, constituídos
por valores bem definidos (Fl 4:8), ao mesmo tempo que há de se cuidar com o “mito
da imunidade”: a Bíblia nos ordena a nem sequer nomear algumas práticas
pecaminosas (Ef 5:3), o que nos faz entender que filtrar não significa assistir,
ler, praticar ou experimentar algo e em seguida ponderar (como se fôssemos
imunes à exposição de práticas pecaminosas), mas, em alguns casos, nem tomar
conhecimento da prática ou consumir a mídia em questão. Filtrar é dizer não ao
que é claramente mal, ao invés de tentar extrair lições de um conteúdo negativo;
(d) a
noção da dimensão imaginativa do pecado: uso esse termo "imaginativa" por ter relação com a imaginação e pensamentos humanos, embora tal
dimensão não seja menos real do que a dimensão prática do pecado, pois Jesus igualou
ambas (Mt 5:21-22, 27-28; cf.: Jó 31:1). Principalmente esse ponto tem estreita ligação com a
ficção (e por séculos pensadores cristãos o entenderam), pois é comum o
envolvimento da pessoa com a mídia e a identificação solidária com personagens
(a sensação de que estamos dentro da história). Logo, quando eu assisto ou leio
algo de conteúdo contrário à Bíblia, os pensamentos assumem, por vezes
acriticamente, aquela perspectiva (como no exemplo de quando torcemos para o
herói matar o seu inimigo ou quando queremos que o casal passe a noite juntos
após se conhecerem);
(e) a
admoestação de fazer uso adequado do tempo: se o homem tem duração
limitada de vida (Sl 90:10; Is 40:6-8), ela deve ser muito bem aproveitada, não
apenas pela busca de experiências significativas e satisfatórias (perspectiva
secular), mas, para além disso, em encontrar verdadeiro significado e satisfação
em servir ao Senhor (Rm 14:8; Cl 4:3-5). Um fator que contribui para isso é que vivemos em contagem
regressiva até o encontro com Jesus. Isso leva o apóstolos a nos instar a viver de maneira qualitativamente distinta (Ef 5:15-16). O entretenimento, em geral, ocupa muito do tempo de nossa
sociedade midiática, fazendo com que muitas reflexões e experiências humanas
fiquem desvalorizadas (não há tempo para elas); e o que dizer de nossos
esforços para a pregação do evangelho e para buscar viver um cristianismo? Será
que tais preocupações não se perdem devido a interesses divididos, ao tempo que
gastamos com diversão, muitas vezes fútil?
Creio que é possível suscitar
outras razões, embora tais princípios pareçam suficientes para justificar a
orientação da IASD. Obviamente, o assunto aguarda por outras contribuições mais
amplas. E ainda prescindimos de uma teologia abrangente que lide com questões
relacionadas à cultura. Assim, a construção de um pensamento cristão,
fortemente construído a partir da revelação, ajudará a conter tanto
conservadorismo não-embasado, quanto o liberalismo que desprestigia (por vezes, inconscientemente)
a Revelação como critério para avaliar cada prática culturalmente aceitável.
Além desses fatores, poderíamos mencionar a
posição de Ellen G. White em relação ao cinema, que para mim, é bastante
inquestionável. Porém, em virtude do espaço, não vou mencioná-la aqui.
Escreverei sobre isso em outro post.
Aguarde.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014
MUITAS ESCOLHAS A FAZER
Reinvenção
constante ou falta de rumo?
Consumo
compulsivo ou consciente?
Seguir
valores ou abrir a mente?
Ler o
livro ou buscar algum resumo?
Abstinência
ou tragar de leve o fumo?
Desculpar-se
com flores ou presente?
Ter uma
poupança ou conta corrente?
Deixar
ao filho a opção ou manter o prumo?
Ter
férias em Roma ou poupar dinheiro?
Pedir
que abaixe o som ou ignorar?
Concordar
com Platão ou Heidegger?
Aposentar-se
ou seguir o ano inteiro?
Tomar chá
ou jogar cartas na praça?
Preparar
tudo ou deixar que outro o faça?
sábado, 1 de fevereiro de 2014
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