segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ADVENTISTAS E CINEMA: UMA VELHA QUESTÃO


Nesse pequeno ensaio, me proponho a responder à pergunta: há razões bíblicas para não frequentar o cinema? Antes de analisar a questão, tem de se admitir que o problema não é simples. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia (doravante IASD) sustente que o cinema constitua um ambiente mundano, conclamando seus fiéis a não frequentá-lo, faz décadas que objeções por parte de alguns de seus próprios membros vem sendo feitas a isso. Em sua maioria, defensores e contrários à prática usam a mesma classe de argumentos, os quais se baseiam na cultura e em detalhes técnicos do próprio cinema como mídia. 
Aqui a abordagem não seguirá esse caminho. E por um motivo bem simples: não é a cultura ou a ciência que determina o que deve ser praticado pelo cristão. Se fosse, a base de nossa fé seria insegura e mutável. Como adventistas, acreditamos em três princípios-guias (ou pressupostos) para orientar nossa experiência e escolhas: sola Scriptura (somente as Escrituras), tota Scriptura (as Escrituras em sua totalidade) e prima Scriptura (as Escrituras acima de tudo).
Nesse caso, quais princípios bíblicos poderiam ser evocados para defender a posição oficial da igreja? Com "posição oficial da igreja" estou assumindo que a IASD ainda orienta seus membros a não ir ao cinema, uma alegação que pode ser comprovada consultando o manual da denominação e seus documentos envolvendo estilo de vida. Vale notar que edições mais antigas do manual empregavam a palavra textualmente, enquanto as mais recentes utilizam termos mais abrangentes, na tentativa de contemplar outros tipos de mídia que existam ou venham a existir.
Voltando à pergunta: na verdade, reconheço não haver um claro "assim diz o Senhor" no tocante à frequência ao cinema, com todas as letras, por uma série de razões. A mais óbvia, não é um problema dos tempos bíblicos, haja visto que se trata de uma tecnologia mais recente, com cerca de pouco mais de um século. Então, quer dizer que o assunto não deveria ser abordado biblicamente? Ora, as Escrituras não encerram apenas ordens diretas (“não matarás”, “lembra-te do dia de sábado”), todavia falam de princípios. Alguns exemplos de questões não abordadas diretamente pelas Escrituras: "seria proibido consumir maconha?"; "seria errado viver de forma consumista?"; "a prática da eutanásia seria moralmente aceitável?". Em todos esses casos, é necessário mais do que “caçar versículos” para tratar do assunto; exige-se um tratamento mais amplo.  
Por isso, sugiro uma abordagem da teologia sistemática, aquela que faz mais do que simplesmente coletar textos, mas reúne conjunto de passagens bíblicas, respeitando seu contexto, e as agrupa por temas. O ideal seria termos uma teologia da cultura (quando falamos de cinema, estamos procurando entender uma prática cultural à luz da Bíblia), que cobrisse alguns temas, entre os quais, a frequência ao cinema. Óbvio que algo dessa natureza é complexo. Assim, não é meu objetivo desenvolver tal teologia completamente nesse momento. Primeiro, por causa do espaço; segundo, por achar que outros já fizeram isso com relativo sucesso, especialmente o professor Demóstenes Neves, do Iaene. Neves escreveu um pequeno livro intitulado Entretenimento e Mídia: Cinema, televisão, filmes e internet, o qual traz interessante pesquisa sobre o assunto.
Os princípios elencados a seguir também poderiam servir para abordar outras temáticas que envolvam a matriz de nosso assunto (cultura à luz da Bíblia). Em um texto maior, de caráter acadêmico, seria oportuno avaliar um pouco da história do cinema e de sua influência como mídia. No entanto, aqui, para objetivos imediatos, nossa curta análise se concentrará na Bíblia.
Peço a todos que analisem os princípios de forma menos preconceituosa possível (embora, como é natural em qualquer questão, tenhamos nossas opiniões prévias). Repetindo a pergunta: que princípios poderíamos evocar para dizer que não devemos ir ao cinema? Sugiro os seguintes:
(a) a importância da contemplação  somos transformados por aquilo que contemplamos (cf: Jr 2:5; 2 Co 3:18), o que nos mostra que há consequências espirituais para todo tipo de mídia que consumimos ou objeto que passamos a nos devotar (ou simplesmente com o que gastamos tempo). Obviamente, alguns podem alegar que se trata de entretenimento, mas nada é produzido no vácuo, há sempre um conjunto de valores oferecidos e isso acaba tendo um efeito cumulativo sobre a mentalidade de quem assiste (não significa que assistir filmes violentos fará alguém cometer crimes, por exemplo, mas poderá amortizar sua sensibilidade à exposição da violência);
(b) o imperativo de renovar a mente: o que implica em fugir de padrões do mundo, que poderíamos igualar a perspectiva secular, capaz de moldar nossas percepções e valores (Rm 12:2; Ef 4:22-24), muitas vezes contrários ao plano que Deus tem para nós. Na perspectiva de que vivemos um grande conflito, é de se esperar que as artimanhas de Satanás sejam sutis e disseminadas, para atingir a todos sem que percebam. Se há dúvidas de sua atuação, a leitura de Nos bastidores da Mídia, de meu amigo Michelson Borges, pode servir como introdução útil ao tema;
(c)  o princípio de filtrar todas as coisas: devemos selecionarmos tudo de acordo com critérios do evangelho, constituídos por valores bem definidos (Fl 4:8), ao mesmo tempo que há de se cuidar com o “mito da imunidade”: a Bíblia nos ordena a nem sequer nomear algumas práticas pecaminosas (Ef 5:3), o que nos faz entender que filtrar não significa assistir, ler, praticar ou experimentar algo e em seguida ponderar (como se fôssemos imunes à exposição de práticas pecaminosas), mas, em alguns casos, nem tomar conhecimento da prática ou consumir a mídia em questão. Filtrar é dizer não ao que é claramente mal, ao invés de tentar extrair lições de um conteúdo negativo;
(d) a noção da dimensão imaginativa do pecado: uso esse termo "imaginativa" por ter relação com a imaginação e pensamentos humanos, embora tal dimensão não seja menos real do que a dimensão prática do pecado, pois Jesus igualou ambas (Mt 5:21-22, 27-28; cf.: Jó 31:1). Principalmente esse ponto tem estreita ligação com a ficção (e por séculos pensadores cristãos o entenderam), pois é comum o envolvimento da pessoa com a mídia e a identificação solidária com personagens (a sensação de que estamos dentro da história). Logo, quando eu assisto ou leio algo de conteúdo contrário à Bíblia, os pensamentos assumem, por vezes acriticamente, aquela perspectiva (como no exemplo de quando torcemos para o herói matar o seu inimigo ou quando queremos que o casal passe a noite juntos após se conhecerem);
(e) a admoestação de fazer uso adequado do tempo: se o homem tem duração limitada de vida (Sl 90:10; Is 40:6-8), ela deve ser muito bem aproveitada, não apenas pela busca de experiências significativas e satisfatórias (perspectiva secular), mas, para além disso, em encontrar verdadeiro significado e satisfação em servir ao Senhor (Rm 14:8; Cl 4:3-5). Um fator que contribui para isso é que vivemos em contagem regressiva até o encontro com Jesus. Isso leva o apóstolos a nos instar a viver de maneira qualitativamente distinta (Ef 5:15-16). O entretenimento, em geral, ocupa muito do tempo de nossa sociedade midiática, fazendo com que muitas reflexões e experiências humanas fiquem desvalorizadas (não há tempo para elas); e o que dizer de nossos esforços para a pregação do evangelho e para buscar viver um cristianismo? Será que tais preocupações não se perdem devido a interesses divididos, ao tempo que gastamos com diversão, muitas vezes fútil?
Creio que é possível suscitar outras razões, embora tais princípios pareçam suficientes para justificar a orientação da IASD. Obviamente, o assunto aguarda por outras contribuições mais amplas. E ainda prescindimos de uma teologia abrangente que lide com questões relacionadas à cultura. Assim, a construção de um pensamento cristão, fortemente construído a partir da revelação, ajudará a conter tanto conservadorismo não-embasado, quanto o liberalismo que desprestigia (por vezes, inconscientemente) a Revelação como critério para avaliar cada prática culturalmente aceitável.
Além desses fatores, poderíamos mencionar a posição de Ellen G. White em relação ao cinema, que para mim, é bastante inquestionável. Porém, em virtude do espaço, não vou mencioná-la aqui. Escreverei sobre isso em outro post. Aguarde.


52 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente o "Cinema" foi tirado na ultima revisão do manual da Igreja de 2010.

douglas reis disse...

Anônimo, essa é uma observação pertinente: ao que me consta, o terma não foi simplesmente tirado, mas substituído por algo mais abrangente (quem sabe para incluir outras plataformas de mídia).

Victor disse...

Olá pr. Douglas ,
Obrigado por seus textos tão bem elaborados e embasados.
Como já li em comentários anteriores, aqui no espaço de comentários podemos expressar nossas opiniões sobre o post, de forma respeitosa, claro.
Tenho que admitir que minha posição quanto ao cinema sempre foi favorável. Eu mesmo já frequentei, e não via mal nisto.
Entretanto, neste texto, pude entender o ponto dos princípios que realmente são relevantes e, de fato, importantes.
O cristão engolido pela cultura e tecnologia atual, gasta muito de seu tempo em futilidades que não contribui para o seu crescimento mental, físico e espiritual. Não somente não contribui, mas até prejudica um pouco, (apesar de acharmos que não, pois são coisas sutis e algumas que consideramos essenciais, como o lazer de um filme)
Sim, cheguei ao ponto que queria, filmes. afinal, os argumentos do pastor por serem princípios, se encaixam à mídia em si. E, portanto, não sejamos hipócritas em diferir o cinema de um mesmo filme em qualquer outro lugar. E não me venham com argumentação de ambiente, pois a tecnologia proporciona condições de imersão iguais e até maiores em casa do que em uma sala de cinema. Home theater, 3d, telas enormes de 50- 60 polegadas, etc.. A meu ver, a grande diferença é que as pessoas pagam para ver o lançamento antes de sair em blu ray para assistir em casa.
Assim, por uma conclusão lógica, se estes princípios valem para o cinema, valem também para os filmes vistos em casa ou em qualquer outro lugar, pois o problema são os filmes com suas filosofias contrárias ao pensamento cristão que vão cauterizando aos poucos a consciência e a ação do Espírito Santo em nossas mentes.
Agora, alguém pode pensar: "mas existem filmes que são bons, que passam mensagens boas, que não tem filosofias que vão me afastar de Deus. Acredito que possa existir sim, o assunto da mídia, como o pr. Douglas mencionou, temos um grande e respeitável trabalho do pr. Michelson, que nos aconselha a escolhermos com cautela os filmes que vemos.
Por fim, agradeço pelo texto e pela abordagem trazendo os princípios bíblicos a esta questão, mas ressalto o fato de o texto se referir a mídia audiovisual presente no cinema, mas que também está presente em nossas casas. Se não é recomendado frequentar o cinema, por que em casa não há problema? É pra se pensar.

douglas reis disse...

Victor,

obrigado por sua participação. De fato, com filmes, todo cuidado é pouco, seja em qual ambiente for. Como disse, ainda postarei sobre o pensamento de Ellen G. White sobre o assunto, que completa a abordagem presente.

Um abraço.

Unknown disse...

Olá Pr. Douglas... Grande abraço da IASD Central Joinville. Faço minhas as palavras que li ha algum tempo quando estava enfrentando o mesmo problema dentro da minha casa com meus filhos. Desculpe mas não lembro da fonte... Mas na época me chamou muito a atença... "Quando estivermos tratando o culto a Deus com a mesma reverência com que se vai num cinema, poderemos ir ao cinema... Quando vamos ao cinema, damos uma oferta (entrada), nos arrumamos com muita antecedência (ninguém quer chegar atrasado ao cinema) mantemos a reverência dentro do cinema não conversando ou perdendo o foco no filme), saímos do cinema com as imagens do filme em nossa mente...etc... Se ao sairmos do culto estivermos com essas mesmas características, poderemos ir ao cinema" O detalhe é que estaremos tão perto de Deus que não iremos desejar ir.. (rsrsrs)Meus filhos viviam pedindo para ir...acredito que mais por curiosidade do que por vontade. Lembro que fizemos um culto pela manhã em casa e o tema era esse... Um dia eu e minha esposa levamos eles ao cinema... Pra matar a curiosidade... Nunca mais foi preciso tocar no assunto. Perdeu a graça... Mas as nossas escolas precisam discutir esse tema... seria de grande valia... grande abraço

Anônimo disse...

Cresci ouvindo, ir no cinema é pecado, é do mundo... E muitas outras coisas. Só gostaria de dizer algumas coisas... Se cinema é do mundo, a música também, a tv também, não só as novelas, mas todo o conteúdo, jogos emitidos pela tv, jornais etc... A parte de outros muitos pecados que para deus são iguais... Mentir , roubar, julgar , etc etc etc. Nascemos em pecado ou do contrário estaríamos no céu junto com Enoque e otros . A igreja deveria de ser um hospital de curar enfermos, apoiar e amaparar. Não como vem sendo desde mais de 30 anos . Que alguns se creem santos o suficiente pra julgar a outros.
Se nos concentrássemos em seguir a deus fazer o bem , e amar ao próximo como a nosotros mesmos. Não estaríamos preocupados com o que faz o vizinho ....
Resumindo
Creio que para os que crêem que todo o que fazem os demais é pecado já é hora de ir pro mato, fugir para montanhas pra viver aí.
Porque hoje em dia tudo é do mundo.

douglas reis disse...

Anônimo,

você está generalizando bastante! A Bíblia é normativa e instrui como devem viver os filhos de Deus.

Abraços.

Anderson disse...

O artigo é bastante esclarecedor, obrigado ao pastor pelo trabalho e pela bênção.
Infelizmente hoje vivemos no tempo do fim, é predito que o joio crescesse junto com o trigo mas quem julga quem é joio e quem é trigo é Deus. O que muitos de nós tentamos fazer é amar ao próximo. Queremos que todos vão para o céu mas Jesus aponta como um caminho estreito para lá se chegar. Nós somos peregrinos nesse mundo e devemos ir, no processo de santificação, nos apartando daquilo que não provém de Deus.
Se o amigo falou que devêssemos viver no meio do mato, sim, acho que quem puder fazer isso e viver bem faça, fato é que no fim moraremos em cavernas e no meio do mato de qualquer jeito, isso após o decreto dominicial.
O que os irmãos que gostam de cinema, jogos, etc, tem de entender é que essas coisas são mundanas, ou alguém pode argumentar com qualquer base bíblica que no céu teremos cinema, vídeo game, internet? Prezados, a vida eterna começa aqui. Santifiquem-se e se afastem das coisas do mundo pois não as terão no céu.

Abraços.

Alison K. disse...

Parabéns pastor, muito bem elaborado o texto e vem ajudar aqueles que tem dúvidas quanto a ir ou não ir.
Pela Graça de Deus e poder do nosso Senhor Jesus não vou e nem tenho vontade, mas tenho outras lutas e preciso do poder de Deus para vence-las. Que Deus abençoe a todos que leram e iram ler o texto e a sua mente para que continue produzindo textos edificantes para nosso caráter.
Aproveitando excelente o livro Paixão Cega, parabéns.

douglas reis disse...

Alison,

obrigado por suas palavras. Que Deus seja louvado. Todos temos lutas e precisamos nos apegar às Escrituras. Abraços.

Anônimo disse...

Pastor vc falou que o rapaz "Anônimo" aí nos comentários generalizou bastante. Eu me pergunto quão mais genéricos são os seus argumentos neste texto.

Veja bem:

1. Contemplação;
2. Renovação da mente;
3. Filtrar todas as coisas, reter o que é bom,
4. Dimensão imaginativa do pecado (pela ficção),
5. Uso adequado (ou inadequado) do tempo.

Não me leve a mal, mas não consigo restringir quase nenhum destes argumentos aos cinemas, mas às mídias em geral. Porque esta implicância com o cinema?

Outra coisa, pouco me importo de ir ao cinema. O que realmente me preocupa é o argumento hipócrita que eu vou usar com o amigo que eu quero trazer pra igreja: "olha o cinema não pode, mas você pode ver alguns filmes em casa, se selecionar bastante", parafraseando um comentário seu logo acima.

Este texto não me convenceu. E pelo princípio dos Bereanos continuarei pesquisando sobre este e outros assuntos.

Sua argumentação termina citando que os textos de Ellen White são inquestionáveis. Mas, se não me falha a memória, o relato dela nos Testemunhos para a Igreja sobre o teatro (do inglês "movies", cinema) continuam a argumentação proibitiva dizendo que os filmes (ou peças teatrais) não deveriam ser vistos principalmente pelas influências nocivas que o conteúdo causa no expectador. Ou seja, mesmo a Ellen White não especifica o cinema ou teatro, mas explica o porquê da restrição (na época dela).

Essa restrição adventista exclusiva aos cinemas e não à mídia em geral me intriga. Cada vez que eu leio um blog tentando defender o indefensável eu fico mais triste.

A pessoa que se convence lendo isto posso pensar que "curte" as proibições e pormenores da igreja assim como os fariseus gostavam de contar os passos ou amarrar os lenços na roupa.

E olha que nem ao cinema eu vou, pra nao escandalizar os queridos irmãos.

Abraços.

douglas reis disse...

Victor,

entendo e aprecio sua observação. Contudo, eu lhe faria duas observações:

(1) Princípios possuem muitas aplicações. Pense em como posso relacionar essas duas palavras "não matarás" a uma gama de situações, que envolvem eutanásia, legítima defesa, conflitos armados, etc. Deus nos deu princípios em Sua Palavra para, de acordo com orientações bíblicas, aplicá-los sob a orientação de Seu Espírito, que nos guia à Verdade revelada. Logo, por mais que princípios pareçam gerais e "vagos", é tarefa da teologia pensar em sua aplicabilidade contemporânea, sem desprezar o contexto no qual os princípios foram dados;

(2) Já ouvi muitos seguirem essa sua linha de argumentação, mas eu responderia dessa forma: se há princípios bíblicos que nos advertem com tanta clareza sobre o perigo da mídia, deveríamos ser bastante criteriosos. Em outras palavras: se um cristão deveria pensar mil vezes antes de assistir um filme em casa, por que deveria frequentar o cinema?

Sei que é desafiante pensar assim, para todos nós. E reconheço que não sou uma exceção. Mas, abrindo o coração, analisar isso tem me feito repensar meu entretenimento. E apenas posso orar para que Deus faça o mesmo por outros.

O dia que gastarmos nosso tempo o mais livre possível de todo tipo de filmes e seriados e encontrarmos maior prazer em estar com amigos, familiares e fazendo algo útil, creio que não nos arrependeremos.

Um abraço.

Tchelo disse...

Defensores de cinema, teatro e outras porcarias, voces acreditam que JESUS perderia um segundo de seu tempo em qualquer uma dessas atividades?
Se queremos ser igual a ELE, meditemos nisso.
O mundo precisa de exemplos semelhantes ao que recebemos de nosso SALVADOR.
O Pastor Douglas gentilmente esclarece alguns pontos e vejo pelos comentarios que o que algumas pessoas desejam é defender pontos de vista que sāo claramente contrarios ao sistema de vida Cristāo

Daniane Melo disse...

Bom dia queridos !!!
Duas perguntas :
Se entendi bem, um dos problemas em frequentar o cinema é pq é um entretenimento mundano, e qual é a posição da igreja em relação aos parque aquáticos , parque de diversões e afins ? Pois ao meu ver, tb são entretenimentos mundanos . Outra : O problema é o cinema ou os filmes, ou vê-los em casa já não tem problema ?

Gimena Guterres disse...

Não só na questão do cinema,mas sim em tudo o que formos fazer,se simplesmente nos perguntarmos se Jesus faria isso,o que Ele pensaria e falaria,no q Ele usaria seu tempo!!! E com certeza não ofendemos a Deus somente indo ao cinema ou pensando se é certo ou errado e deixando de ir por medo de ser pecado,acredito q todos os dias magoamos e crucificamos novamente a Jesus com nossos pecados infinitos!!! A verdade é q se estamos aqui com o propósito de sermos igual a Cristo,não podemos ao mesmo tempo sermos iguais ao mundo!!!Desde q entendi q isso não faz diferença na minha vida,não acrescenta nada,não tenho pq continuar fazendo para agradar os outros ou defender a questão de q não está bem claro q ir é pecado,é simples está claro pra qm qr ver,entender...Pr.Douglas por melhor q sejam os argumentos ou por mais baseado q esteja na Bíblia ou espirito de profecia,as pessoas só vão aceitar,muitas vezes aquilo q convém á elas,é mais fácil contradizer algo do q colocar a mão no peito e dizer: eu errei,vou procurar melhorar,não é isso q Deus qr pra mim!!! mt mais do q certo ou errado,é uma escolha!!!

Cristiane Luscher disse...

Concordo com o Victor. A Igreja afirmava a mesma coisa sobre a televisão há algumas décadas. Creio que ainda veremos a Igreja usando o cinema (como mídia). Parem por um minuto e analisem as características da mídia cinema (atenção exigida dos participantes, imagens e áudio de ótima qualidade)... e então, não são atrativas para a pregação do evangelho, como a TV Novo Tempo tem hoje atraído a muitos? Pessoal, nos falta ser fiéis aos princípios (bíblicos, apenas bíblicos, fruto de muito estudo) mas sensíveis à cultura. Vamos parar de falar de cinema e estudar juntos a Bíblia, promover debates em nossas igrejas, por favor. Os jovens e adolescentes não aguentam mais ouvir apenas o que pode e o que não pode. Mas de Bíblia conhecem pouco e não são estimulados a estudar a Bíblia com profundidade, mas conduzidos a achar na Bíblia o versículo que indica por que fazemos do jeito X ou Y. Calma! Reflita antes rebater com toda emoção a última frase.

douglas reis disse...

Daniele,

não vejo problema com parques aquáticos ou declarações da igreja nesse sentido. Mas penso que temos de ser sensíveis ao significado de "ambientes mundanos". Há parques aquáticos com piscinas e lugares para praticar esportes; nenhum problema com isso. Há outros nos quais há shows, aeróbica, música secular em alto volume e coisas do gênero; deve-se fugir disso. Percebe? Temos que analisar as coisas com muito critério.

Sua segunda pergunta, sobre o que a igreja realmente orienta fazer, posso lhe dizer que, tendo em vista vários fatores bíblicos (e o texto do post trata de alguns, certamente haveriam outros) e os conselhos de E. G. White, devemos dar pouca importância aos filmes. Se alguém tiver de assisti-los muito eventualmente, que seja em sua residência, não em um ambiente em que se vai com esse fim e com o qual se possa acostumar e se acostumar à prática.

Sim, é o desafio. Se fosse algo simples, ninguém estaria discutindo isso.

Espero ter respondido.

Um abraço.

douglas reis disse...

Cristiane Luscher,

essa é uma preocupação da igreja mundial: estudos mostram que sabemos pouco da Bíblia. Alguns autores sugerem que nossa membresia está marcada pelo analfabetismo bíblico (forte, eu sei). Não quer dizer que não conheçamos versos da Bíblia, mas que não temos uma compreensão maior do que a Bíblia ensina e como aplicá-la em nossa vida.

O interessante é que isso afeta principalmente nosso estilo de vida. Assim, conhecer a Bíblia e viver sua mensagem são preocupações legítimas de todo cristão (assim espero!).

Não se trata de colocar regras. Trata-se de fazer o que é correto, uma vez que a salvação se relaciona ao estilo de vida. Nós nos iludimos quando chegamos apensar que alguém irá para o Céu independente de seu estilo de vida (claro, estou me referindo àqueles que tiveram a oportunidade de conhecer a luz e a rejeitaram, não os que conheceram partes da verdade). Nenhuma questão relacionada ao estilo de vida pode ser desprezada sem o risco de afetar o desenvolvimento de nossa salvação, afinal, fomos salvos para as boas obras (Ef 2:10), ou seja, para viver em obediência e morte para o pecado (Cl 3:5).

Um abraço.

Unknown disse...

Concordo com alguns comentários que dizem serem os argumentos usados comk sendo amplos e nada específico ao cinema. Ao mesmo tempo devemos apenas baixar nossa cabeça e aceitar que são argumentos altamente válidos. Os 10 mandamentos de êxodo 20 não nos dizem seriam vagos, se pensássemos assim, nos deixariam brechas para várias maneiras de pecar "sem pecar", mas Cristo nos mostrou que não é bem assim ("aquele que odeia seu irmão é culpado de homicídio"). Costume dizer que os adventistas não tem desculpas para pecar em certos assusntos e quando o fazem é conscientemente.

Tchelo disse...

Cristiane, a lei maxima do cristianismo sāo os dez mandamentos. Oito mandamentos começam com a palavra NĀO (na traduçāo em portugues), isso me leva a crer que devemos dizer mais NĀO para os nossos jovens e filhos. Se fizessemos isso nāo haveria a nessecidade de discutirmos sobre cinema, brincos, café, pintura, ostentaçāo, carne de porco, etc. Se DEUS nos orientou com tantos NĀO, acredito que devemos seguir mais esse exemplo.

Anônimo disse...

A meu ver a polêmica já está desfeita. A última versão do manual da igreja adventista (2010) excluiu a palavra cinema do seu texto em todos os idiomas e defende agora o bom senso com o uso da mídia.

Transcrevo abaixo o texto na íntegra do capítulo em que estava descrita a restrição quanto ao cinema e que agora foi modificada.

Versão antiga do manual da igreja (versão 2005, página 230, capítulo 12, tópico recreação e divertimento, terceiro parágrafo):

"Advertimos fervorosamente contra a influência subtil e sinistra do cinema, que não é lugar para o cristão. Os filmes encenados para apresentar visualmente e por sugestão os pecados e crimes da humanidade – homicídios, adultérios, roubos e males semelhantes – são em grande medida responsáveis pelo presente desmoronamento da moralidade. Apelamos aos pais, às crianças e aos jovens, para que fujam desses lugares de diversão e se abstenham de assistir a esses filmes que glorificam a representação e os atores profissionais."

Versão atualizada com aumento do espectro de restrição - agora não faz mais implicância com o cinema (Manual da Igreja Adventista, versão 2010, pág. 169 capítulo 12, tópico recreação e divertimento, terceiro parágrafo.

"Devemos evitar tudo o que dramatize, apresente graficamente ou sugira os pecados e crimes da humanidade – homicídio, adultério, roubo e males similares, os quais em grande medida são responsáveis pelo desmoronar da moralidade.Em vez disso, devemos ter prazer no grande mundo da Natureza criada por Deus e no romance dos agentes humanos e das obras divinas."

Tirem suas próprias conclusões,

Abraços.

douglas reis disse...

Victor,

veja que não houve nenhum atenuante ou mudança. Pelo contrário. Conforme eu havia observado no texto:

"Vale notar que edições mais antigas do manual empregavam a palavra textualmente, enquanto as mais recentes utilizam termos mais abrangentes, na tentativa de contemplar outros tipos de mídia que existam ou venham a existir."

Ou seja: a mudança não se baseia em uma nova compreensão sobre o cinema, mas em uma tentativa de abranger outras mídias igualmente negativas.

Note o final da declaração: "Em vez disso, devemos ter prazer no grande mundo da Natureza criada por Deus e no romance dos agentes humanos e das obras divinas".

Um abraço.

Cristiane Luscher disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anderson disse...

Prezada Cristiane,

Não sou a favor do excessivo uso de "nãos" mas o seu argumento deve ser bem entendido. Andar com o filho no caminho para ensiná-lo é dizer não a si mesmo em muitas das coisas que levariam os filhos a perdição.
Os filhos, a partir de que eles tenham discernimento do que é certo ou errado, você pode proibir mas não deve pois, como bem disse, gera repulsa e não é isso que Deus quer com os Seus "nãos" e sim proteger-nos do mal. Você com isso deve saber que, embora proibir seja algo para situações extremas (lembre-se do pai que trancou o filho em casa para ele não ir para boate Kiss e acabou salvando-o daquela tragédia) você sempre deve advertir com os "nãos" de Deus e assim deixá-los escolher, servindo você própria de exemplo e servindo de base para escolhas dos filhos.
E lembre-se, o nosso inimigo é muito mais inteligente que nós. Saibamos portanto que coisas que aparentemente não são más com o tempo podem nos desviar do Caminho, esse é o caso do cinema aqui em questão.
Esse é meu entendimento.

Bruno Ribeiro disse...

Olá Douglas,

Graças e Paz!

1. Sendo imparcial, vejo que, no debate, você não conseguiu refutar as afirmações pertinentes do Victor. Como ele já indicou, esse é o maior problema do seu post: você JÁ PARTE DO PRESSUPOSTO de que o 'ambiente cinema' é mal, ruim, negativo. A partir daí, procura princípios sobre 'não frequentar ambientes negativos', ‘perdendo tempo com isso’, etc.

2. Pastor, você disse que nosso argumento não pode se basear na 'ciência' e na 'cultura', mas na Bíblia. Ok. Mas o engraçado é que não tem como apontar o cinema como ambiente impróprio sem recorrer a pseudociências (mensagens subliminares, controle da mente, e outras falsidades) ou a argumentos falaciosos sobre a cultura (mal testemunho, ambiente encantado, ambiente profano, ambiente cheio de imoralidade, etc). Procure seguir APENAS a Bíblia, sem recorrer a essas falácias e o senhor verá que é PRATICAMENTE É IMPOSSÍVEL mostrar porque o cinema é impróprio.

3. Além disso, concordo totalmente com esses princípios. Mas a menos que eu parta do pressuposto que cinema é algo negativo, eles não se aplicam. Afinal, quem disse que contemplar apenas coisas ruins? (você usa o termo devoção até de forma imprecisa aqui. Quem disse que o cristão se 'devotam' aos filmes?). Quem disse que 'frequentar cinema' é se 'igualar aos padrões do mundo'? Quem disse que eu não posso selecionar antes o conteúdo? (o que é uma falácia, já que ANTES eu tenho vários mecanismos de selecionar o que quero ver). Quem disse que vou sempre torcer pela violência? (aliás, isso mostra um desconhecimento de como funciona ficção). Por fim, esse seu último principio é muito subjetivo. Meu mestrado em comunicação pode ser um 'uso não adequado do tempo'. Sem contar que você faz, implicitamente, ao falar sobre o tempo, uma separação entre sagrado/secular que não é Bíblica.

4. Pastor, seu argumento sobre 'algo mais abrangente' não faz o menor sentido! O Manual claramente retirou referência a cinema como 'ambiente proibido', 'não é lugar para o cristão', etc. ISSO FOI RETIRADO e agora o manual se concentra em questões SOBRE CONTEÚDO. Pelo texto que o Victor postou, ISSO É MUITO VISÍVEL, há claramente um deslocamento de 'lugar' para 'conteúdo' ('homicídio, adultério, roubo e males similares' são coisas relacionadas ao CONTEÚDO). Além disso, se é pra seguir seu raciocínio de forma coerente, ou seja, agora 'a coisa ficou mais abrangente', então quer dizer que tudo é pecado? TV, rádio, internet, etc? E quais são essas outras mídias igualmente negativas? A própria declaração que o senhor postou, no final, SÓ FAZ SENTIDO QUANDO FALADO SOBRE CONTEÚDO ("grande mundo da Natureza criada por Deus e no romance dos agentes humanos e das obras divinas"). Desculpe pastor, mas aqui CLARAMENTE o senhor está lutando contra uma evidência muito clara. Se o senhor acha que não, me aponte NO TEXTO onde sua interpretação pode ser validada...

Bruno Ribeiro disse...

5. Não conheço o livro do Demóstenes Neves (tomara que tenha argumentos que não partam do pressuposto que cinema é mal), mas o 'Nos bastidores da Mídia' li e não recomendo como introdução. Quer um livro sobre introdução da mídia? Leia “Por que Estudar a Mídia?” do Roger Silverstone. Ali sim trás vários aspectos sobre a mídia de forma cientifica. O livro indicado tem muitos estudos que: (a) são ultrapassados; (b) a comunidade cientifica não aceita porque NÃO passou nos requisitos mínimos de cientificidade. Ex: pegue duas pessoas, peçam para realizar os experimentos indicados no livro de forma independente, seguindo os MESMOS procedimentos, e por fim compare os resultados. ISSO é ciência. E isso os defensores desse tipo de 'ciência' não faz.

6. Ps: lamento muito que nós, como defensores do criacionismo, não demonstremos que levamos a ciência a sério acreditando em ‘pesquisas de internet’ em com fontes altamente duvidosas e marketeiras, fechando os ouvidos para quem faz pesquisa séria na área afirma... – o que traz mais opróbrio pro evangelho e pra causa criacionista; (c) o livro não leva em conta NENHUMA variante, tão importantes nos estudos de ciências humanas e principalmente de comunicação; (d) o livro cita o artigo do Pr. Erton Kohler para mostrar que cinema é 'ambiente ruim' (p. 109). Mas o artigo emprega uma série de falácias, como 'não tenho como selecionar' (quem fala isso não conhece Classificação Indicativa, crítica cinematográfica, etc), o 'piso é inclinado e direcionado a tela' (Meu Deus... rsrs), 'você não pode dominar aquilo que assiste' (hã?), 'vai a primeira vez assistir filmes bons e depois já ta assistindo coisa ruim' (falácia do declive escorregadio), 'testemunho cristão' (sério que isso serve de 'luz para o mundo'? Só se partimos do pressuposto de que cinema é algo ruim), versos bíblicos universalizantes (tudo é licito, mas nem tudo etc). Enfim Pastor, insisto que faça com que os jovens pensem, sejam sinceros, vejam porque esse tipo de argumento é falacioso, vejam que esse tipo de atitude não honra o 'Assim diz o Senhor' ou a 'Ciência', mas o ‘eu acho’ (como bem ilustra o artigo do Pr. Erton)...

7. Por fim, peço que quando o senhor citar a passagem 'conclusiva' de Ellen White (tanto que ela pediu para não fazer isso, buscar 'provas' nos escritos dela, mas enfim) mostre também o CONTEXTO em que ela falou. O livro "Indústria Cultural: uma introdução" [Rodrigo Duarte], mostra como o ambiente 'cinema' era realmente imoral, impróprio para um cristão (ele não é cristão, mas mostra como lá antes rolava sexo, etc). Sem contar, que era BEMMMMMMMMMMM diferente o cinema de anos atrás (e a influencia que exercia nas pessoas), e o de hoje em dia. Isso por um simples motivo: quando as pessoas 'incorporam', 'naturalizam' e lidam com a mídia no cotidiano, há uma nova forma de diálogo receptor-mídia (McLuhan, Mouillaud e Maingueneau falam bem sobre isso). A relação com cinema há 50 anos NÃO é a mesma de 30, nem de HOJE (e nem será a de amanhã). E isso não acontece somente com a mídia e as pessoas. Ex: veja como Ellen White se portou frente à bicicleta e veja que a relação bicicleta-sapiens (rsrs) mudou completamente. Sejamos coerentes nas nossas interpretações sobre a Sra. White.

douglas reis disse...

Bruno, vamos às observações:

1) Primeiro, não quero crer que você seja imparcial, uma vez que não esconde sua preferência pelo cinema. Tampouco eu quis ser imparcial. A parcialidade ou tomada de posição apenas indica os pressupostos de onde partimos. Não impedem que alguém tome com pressuposto diferente avalie a metodologia que empregamos. Esse é um ponto chave aqui. Meu texto parte de uma abordagem específica e, para avaliá-lo, você tem de saber seus critérios e como ela funciona;

2) Justamente por isso, sua segunda observação me parece deslocada. Ora, se a Bíblia é suficiente, não apenas como regra de fé, mas como paradigma para construção (e desconstrução) de conhecimento e práticas, por que eu precisaria recorrer a outras fontes? Você não estabeleceu isso, apenas o afirmou (e implicitamente me acusou de estar usando uma falácia). Entretanto, caso você não demonstre por que a Bíblia não é suficiente, será você que estará incorrendo em falácia! Agora, eu gostaria de ver sua saída: (a) se estabelecer que a Bíblia é suficiente, então minha abordagem não precisa de elementos complementários, como você citou; (b) se contestar e mostrar o contrário, surgirão outras perguntas, como, por exemplo (e mais seriamente) como viver com um adventista sem depender da suficiência das Escrituras? Como você não é teólogo, não tem obrigação de saber, mas é necessário dizer que a teologia adventista se diferencia das demais por seguir a risca o princípio que citei no início (sola-tota-prima Scriptura). Todos os demais sistemas de pensamento cristão (católicos e protestantes) dependem da filosofia, experiência ou tradição. Eu me pergunto aqui se você reafirmaria o que disse, se sustem sua posição (agora mais interado sobre possíveis resultados em termos de paradigmas teológicos) ou recapitula sobre esse ponto;

3)Bruno, os princípios me parecem bem evidentes, ainda mais na moldura do grande conflito, cerne do pensamento adventista. Não há neutralidade em produções culturais, sejam quais forem. O mais curioso, é que Ellen White aplica critérios semelhantes quando fala de cinema (falarei mais sobre isso adiante). Sobre devotar, um dos sentidos que o dicionário confere ao termo é dedicar-se. Você não diria que boa parte de nossa sociedade midiática, incluindo muitos cristãos, se dedicam ao entretenimento oferecido pelo cinema? Você poderia apontar a imprecisão dessa afirmação de forma mais acurada?

douglas reis disse...

4) Victor, se a intenção do manual fosse rever a prática e lhe dar endosso, haveria uma explicação nesse sentido. Pastores, administradores e teólogos quando discutem essas questões em concílios e reuniões afins não endossam sua conclusão. Apenas houve uma atualização, justamente para contemplar outras formas de mídia. Vide a observação que fiz a ele sobre o final da declaração. Acharia um pouco forçoso depreender dela que o cinema está abonado. Não podemos fazer o texto dizer o que queremos que ele diga. Da mesma forma, a declaração sobre música adventista anterior (1977, se não me engano)mencionava explicitamente que o rock era impróprio para a música sacra adventista, enquanto a nova apenas trata de música mundana (termo mais abrangente). E haveria outros exemplos de como declarações recentes não corrigem, apenas procuram atualizar as mais antigas. Se você quiser argumentar o contrário, gostaria que citasse exemplos de declarações da igreja que sugerissem a tendência de modificações na área de estilo de vida (aliás, o documento da DSA poderia ser uma boa fonte de consulta sobre isso, uma vez que é o mais recente sobre o tópico);

5)E voltamos à discussão! Por que temos de recorrer o assunto sobre uma perspectiva secular? Perdão, mais vale o conselho do apóstolo Paulo aqui: "Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente." 1 Co 2:13-14. Não faz sentido discutir esse assunto de outro ponto de vista. Então, se é para abordá-lo de uma perspectiva cristã, vamos usar parâmetros cristãos, autores cristãos, etc;

6)Como estudos e argumentos científicos são controversos e tem data de validade, não se pode confiar neles para se estabelecer o que é correto na vida do cristão. Por isso, propus outra abordagem;

7) Sobre Ellen G. White, sua abordagem hermenêutica me parece bastante incompleta. Veja que você mistura dois assuntos dos quais ela, os quais não pertencem ao mesmo contexto, nem são censurados nos mesmos termos. Mesmo um livro de cunho popular, como Mensageira do Senhor, de Hebert Douglass, explica que o problema no caso da bicicleta era seu alto custo na época. Quanto à metologia, crer em Ellen White não impede teólogos de fazer exegese e lidar sistematicamente com textos. Não se trata de buscar provas, como você erroneamente colocou, mas de ver como um escrito sagrado lança luz sobre o outro (mesmo os profetas bíblicos fazem isso entre si, quando o mais recente explica ou aplica palavras ditas por um antecessor).

Em suma, Bruno, creio que se estamos falando de Bíblia e sua postura como cristão é que o cinema não seja algo prejudicial, falta então você mostrar que o cinema não fere nenhum preceito bíblico. Para nós adventistas, o paradigma é: se algo é próprio da cultura, e não fere nenhum preceito bíblico, então é aceitável (B.B. Beach escreveu algo sobre isso na revista diálogo). Agora, veja por onde devemos começar: análise bíblica. Sinceramente, creio ser essa a norma de todo cristão. E,por favor, não veja na minha frase nenhum tipo de ataque a você ou insinuação de que você não esteja tomando a Bíblia como sua norma! Eu apenas estou dizendo que se faz necessário constantemente revisar o que pensamos à luz das Escrituras.

Espero ter ajudado.

Um abraço cordial.

Unknown disse...

Caro pastor Douglas Reis, gosto muito de pessoas inteligentes e creio que Deus o abençoou com este dom! Li seu texto e considerei-o muito bem elaborado e com argumentos fundamentados. Mas, há uma pergunta que não cala aos meus ouvidos: Você e seus familiares assistem filmes em casa? Qual a diferença? Em encontros da sua igreja passam filmes? Qual a diferença? Penso que o problema deixou há muito tempo de ser o ambiente social chamado "cinema" e passou a ser "o tipo de filme assistido", como e com o que gasto meu tempo. Estou dispendendo mais tempo para contemplar as coisas da terra ou do céu? O cinema passou a ser a finalidade "meio". Com a clareza de raciocínio que Deus me deu, não encontro razões para dizer que o cinema é o problema. Mas, que uso eu faço deste meio para chegar ao fim. Que tal se nos preocupássemos menos com o cinema e mais com as pessoas que frequentam o cinema? Quando contemplamos a Jesus, algumas coisas deixam de ser necessárias em nossa vida. E os filmes podem ser um destes objetos de atuação do Espírito de Deus. A internet pode ser outro...
Desejo-lhe tudo de bom e que continue escrevendo, mas, cada vez mais sobre o Ministério de Jesus. Abraços. Pollyanna Kássia de Oliveira Borges

douglas reis disse...

Ola, Pollyanna,

seja bem vinda ao blog. Fico feliz que tenha apreciado a matéria. Creio já ter respondida sua pergunta em outro comentário que fiz acima, mas não me importo de respondê-la novamente: Deus tem me impressionado a mudar meus hábitos com relação a filmes (e mídia em geral). Creio que consumir filmes seja algo a ser feito muito ocasionalmente, e com muitos critérios.

Claro que decisões desse porte dependem de muita oração e decisão (lembro-me como me senti ao me tornar vegetariano, ainda quando era adolescente e depois, quando abri mão de ouvir as músicas com as quais estava acostumado antes de me converter).

Mas tudo é um processo de crescimento. Por isso, concordo com você quando diz que devemos contemplar mais o Céu (esse é o grande objetivo de todos, quero crer).

Agora, o argumento da instrumentalidade ("isso pode servir para") é distinta do argumento do propósito ("isso foi feito pensando em servir para"). Explico: nossas experiências pessoais são muito diversas e creio que Deus pode usar muitas coisas diferentes para nos impressionar, o que não quer dizer que aquilo que Ele usar se torne necessariamente certo em si mesmo!

Imagine um homem bêbado sofrendo uma ressaca no hospital. Sua situação pode lhe parecer tão ultrajante que ele mesmo decida não beber mais e dedicar a avida a Cristo! Ironicamente, a própria ressaca foi, em certo sentido restrito, usada por Deus para que o homem percebesse sua própria condição e atendesse a graça oferecido pelo Espírito Santo.

Claro que isso não fará da ressaca um método evangelístico! Percebe o ponto? Deus não pode ser limitado, porque Ele se comunica conosco usando experiências pessoais, coisas que ouvimos, fazemos, etc. Mas tais coisas não têm poder em si mesmas e jamais se poderia dizer que despertam intrinsecamente o desejo por conversão.

Um exemplo bíblico, relacionado à missão de um indivíduo: Deus usou desavenças entre Sansão e a família de sua ex-esposa (a mulher de Timna) para lança-lo contra os filisteus. A situação não precisaria ter existido, se Sansão houvesse sido fiel a Deus e por uma questão de obediência lutasse contra os inimigos de Israel.

Creio que o raciocínio que esbocei seja útil para nos ajudar a não defender qualquer coisa pensando no benefício que pode trazer, benefício que muitas vezes não resulta de seu uso comum, senão de experiências bastante excepcionais e incomuns.

Um abraço.

Bruno Ribeiro disse...

Opa Pastor,

1. Pastor, eu não tenho 'preferências sobre cinema'. Apenas vejo os argumentos do Victor estão de pé. Eu NÃO sou evolucionista, mas nem por isso digo 'aquilo não é ciência' ou 'todos os argumentos do Richard Dawkins são ruins'. Sou CRIACIONISTA, mas mesmo assim vejo que Dawkins traz pontos relevantes para serem pensados. Não preciso concordar (ou discordar) de algo a fim de ver que os argumentos sobre algo são inválidos. Sou Adventista, mas vejo que boa parte de nossa argumentação sobre lei/evangelho/sábado não fazem jus a Bíblia! Assim como, vejo argumentos contra sua posição que NÃO são válidos.

2. O senhor claramente está partindo do pressuposto de que cinema é um ambiente mal. E a partir daí 'pega' princípios que mostram o 'porque não devemos frequentar ambientes maus'. O senhor precisa MOSTRAR que cinema é 'ambiente ruim' SEM A PRIORI. E mesmo o senhor dizendo "por que eu precisaria recorrer a outras fontes", o senhor faz no seu texto o tempo todo AINDA QUE SEM PERCEBER. Veja:

"alguns podem alegar que se trata de entretenimento, mas nada é produzido no vácuo (?), há sempre um conjunto de valores oferecidos (?) e isso acaba tendo um efeito cumulativo (?) sobre a mentalidade (?) de quem assiste"

"fugir de padrões do mundo, que poderíamos igualar a perspectiva secular (?), capaz de moldar nossas percepções e valores"

"Filtrar é dizer não ao que é claramente (?) mal, ao invés de tentar extrair lições de um conteúdo negativo"

"Principalmente esse ponto [imaginativa] tem estreita ligação com a ficção" (?)

"é comum o envolvimento da pessoa com a mídia e a identificação solidária com personagens" (?)

"quando eu assisto ou leio algo de conteúdo contrário à Bíblia, os pensamentos assumem (?), por vezes acriticamente (?), aquela perspectiva (?)"

"O entretenimento, em geral, ocupa muito do tempo (?) de nossa sociedade midiática (?), fazendo com que muitas reflexões e experiências humanas fiquem desvalorizadas (?)"

"gastamos com diversão (?), muitas vezes fútil"(?)

2.1. Perceba pastor: ‘efeito cumulativo’, ‘mentalidade de que assiste’, ‘perspectiva secular’, ‘claramente mal’, ‘ficção’, ‘identificação com os personagens’, ‘pensamentos assumem aquelas perspectiva, ‘diversão fútil’. O que são essas coisas, senão diálogos que o senhor está MANTENDO com a cultura e com a mídia, ainda que não se aperceba disso? Retire esses pontos que mencionei do seu texto e seu argumento de ‘cinema é ambiente impróprio’ cai por terra! Desculpe pastor, mas o senhor define o ‘sola-tota-prima Scriptura’ de tal forma que nem o senhor mesmo aplica de forma coerente! O senhor recorre a pressupostos implícitos ‘lá fora’ (cultura/mídia) a fim de justificar os princípios aqui de dentro (sola Bíblia). Dessa forma, não é que sua abordagem precisa de elementos ‘complementares’. É que O SENHOR FAZ ISSO A FIM DE MANTER SUA ARGUMENTAÇÃO DE PÉ (como demonstrei acima). Senão, mostre que o senhor consegue sustentar seu texto sem esses pressupostos ‘lá fora’.

Bruno Ribeiro disse...

3. Quero muito ver essa declaração de Ellen White sobre cinema. Acho melhor que seja assim a fim de dialogar sobre ela (se é realmente sobre cinema. O senhor precisa ver esse pressuposto).

3.1. E olha novamente aqui pastor: de onde é essa sua definição? O que os dicionários de teologia afirmam? É isso mesmo (não estou sendo irônico,apenas espero que o senhor não tente definir um termo bíblico utilizando nossas definições atuais). Ainda assim pastor: quem disse que alguém se ‘devota’ ao cinema, se ‘dedica’ ao cinema? O que significa isso? Veja, SE o senhor disser ‘alguém é imerso na história’, o senhor vai ta recorrendo a cultura/mídia/recepção. A sinuca de bico é que se o senhor NÃO recorrer a isso, então esse seu principio não faz o menor sentido!

3.2. Sobre o: ‘não existe terreno neutro’. Pastor, nossa função é ensinar os jovens a pensar de maneira crítica, e não criar uma bolha em torno deles. Alem de selecionar, o Pr. Knight comenta que devemos fazer com que nossos jovens interpretem criticamente as coisas dentro de uma cosmovisão cristã (Mitos na Educação Adventista, p. 157-168). A escolha é muito importante,muito mesmo, mas como ainda vivemos ‘nessa era perversa’ é praticamente impossível não se deparar com conteúdos não cristãos. Por isso, os alunos precisam perceber a olhar as coisas com o olhar da cosmovisão cristã, uma moldura interpretativa que mostreo resultado do pecado, a situação do homem sem Deus, a natureza humana, etc. Mesmo um romance como ‘O mito de Sisifo’ de Albert Camus pode ser de MUITA valia a fim de mostrar: ‘pessoal, olha como é exatamente o mundo SEM Deus’. Aliás, a Bíblia está CHEIA de histórias nada bonitinhas (dilúvio, guerras, extermínios, adultério, etc). Mas nós APRENDEMOS (quando aprendemos) a ver isso de uma maneira bíblica. ISSO NÃO QUER DIZER QUE VALE TUDO (para isso temos PRINCIPIOS), mas que os filmes que assistimos precisa ser encarada a luz da Bíblia (um bom filme de ficção cientifica como ‘Sinais’ consegue muito bem mostrar esse dilema sobre ‘estar abandonados ou não no universo’). DE QUALQUER FORMA PASTOR, ESTAMOS TRATANDO APENAS DE CONTEÚDO. NÃO TEM NADA HAVER COM O AMBIENTE ‘CINEMA’.

4. Victor não disse que o Manual ‘dá endosso’. Apenas que é indiferente. No Manual não tem uma posição sobre ‘quais argumentos bíblicos para eu ir numa lanchonete’. E insisto pastor: se houve uma atualização para incluir outras formas de mídia: ONDE ESTÁ ISSO NO TEXTO. Não é que o cinema está ‘abonado’. APENAS que ele foi CLARAMENTE (e pelo texto, deliberadamente) retirado. Sendo assim, oficialmente A IGREJA NÃO TEM UMA POSIÇÃO SOBRE CINEMA. Essa interpretação é mais coerente do que ‘incluir outras mídias’ (afinal, não tem nada disso no texto. Tem sim UM DESLOCAMENTE CLARO DO AMBIENTE PARA O CONTEÚDO). O antigo dizia “cinema (...) que não é lugar para o cristão. PREOCUPAÇÃO CLARA COM O AMBIENTE. O texto atual diz pastor: 'homicídio, adultério, roubo e males similares'. Ué, isso não é CONTEÚDO? Depois afirma que devemos ter prazer no "grande mundo da Natureza criada por Deus e no romance dos agentes humanos e das obras divinas". NOVAMENTE ENFASE EM CONTEÚDO. NÃO TEM NADA FALANDO SOBRE O AMBIENTE. Caso eu tenha lido de forma apressada pastor, ou que eu não vi essa questão da ‘abrangência’, peço que cite TEXTUALMENTE aqui a fim de que eu possa ver meu próprio erro.

Bruno Ribeiro disse...

5. e 6. Novamente pastor, como citei acima (e demonstrei) o senhor diz que recorre a Bíblia, mas vai dar uma ‘pescadinha’ lá fora (cultura/mídia) a fim de verificar. O que eu propus é: se o senhor vai dar essa ‘pescada’, pelo menos que utiliza o anzol (dialogo com a cultura e com a mídia) de forma correta e coerente (como Paulo fez em Atos 17).

7. Por fim, vamos falar sobre Ellen White baseado na citação. Acho que aí seriamos mais preciso. E pastor: EU SÓ POSSO MOSTRAR QUE CINEMA NÃO FERE NENHUM PRECEITOS BIBLICO SE EU RECORRER AO CINEMA, SE EU DIALOGAR COM A CULTURA, SE EU DEMONSTRAR COMO SE DÁ SUA INFLUENCIA, ETC. Por exemplo: posso demonstrar que o ambiente cinema não FERE NENHUM dos princípios que o senhor expôs, MAS SÓ É POSSÍVEL ISSO SE EU FALAR SOBRE O CINEMA EM SI, ir LÁ FORA.

Ok pastor! Não verei dessa forma aqui. Se o senhor tivesse dito ‘quem defende cinema quer uma desculpa pra isso ou pra aquilo’, aí seria uma insinuação leviana contra a espiritualidade, não somente minha, mas de vários cristãos. Aqui, o senhor tentou mostrar que fui incoerente (e como apontei acima, ou nos dois fomos ou então nos dois não somos incoerentes...rsrs).

Graça e Paz!

Cristiane Luscher disse...

Anderson,

Não me demorei sobre esse assunto de educação de filhos, em resposta ao Tchelo, pois não era o objetivo, já que o assunto aqui é cinema. Queria apenas deixar claro que não concordo com o argumento dele (8 dos 10 mandamentos começam com não, então devemos dizer muito mais não aos filhos). Como percebi que esse é realmente um assunto complexo, muito valioso e foge do assunto desse post, achei melhor excluir o comentário para evitar distorções.

douglas reis disse...

Bruno,

Obervações preliminares:

1) uma dica que considero útil: em etiqueta de internet, negritos e caixa alta equivalem a gritos e a maneiras pouca educadas de chamar a atenção. Espero que não seja sua intenção, porque não considero que um diálogo constitua uma forma de ofensa mútua;

2) Você claramente encontrará dificuldades para aceitar muito do que vou lhe dizer, porque seus pressupostos são bem diferentes dos meus. E isso é cada vez mais frequente, mesmo entre nós adventistas. Como lhe disse, aqui trabalharei com uma base bíblica e, portanto, quaisquer argumentos externos serão avaliados por esse crivo.

Dito isso, passo a comentar o que você escreveu (tentarei ser breve):

1)Sua avaliação de Dawkins parece indicar uma inclinação para uma metodologia naturalista (e não seria de estranhar, porque essa é a cosmovisão presente no meio acadêmico secular). Por outro lado, não tenho como avaliar seus questionamentos sobre lei/evangelho/graça porque você não os especificou. Sugiro a leitura de minha resenha sobre um dos melhores livros que a IASD já produziu sobre o assunto:
http://questaodeconfianca.blogspot.com.br/2014/01/cristo-nosso-salvador.html;

2)Como lhe disse, não é errado, nem em filosofia, nem em teologia partir de ideias a priori, desde que se justifique suas premissas iniciais. No demais, meu objetivo não foi prover uma teologia completa sobre o assunto (como procurei estabelecer desde o início).
Sobre o ponto 2.1, você claramente faz confusão sobre os termos, o que seria justificável, em parte, por eles serem provavelmente novos para você. Avaliar a cultura não implica que não possa expressar noções bíblicas por meio dela - admitir o contrário seria cair no conceito de Derridá de que as palavras fluem e que nunca poderíamos saber o que elas significaram originalmente, apenas dar a elas um significado novo ao usa-las. Isso é filosofia pós-moderna, não hermenêutica bíblica!

3)Ellen White não tem uma citação, mas várias sobre o assunto, como o livro de Demóstenes, que citei, revela. Mas teologia não se faz caçando citações, mas com análise fria e paciente (do ponto de vista humano) e com oração (no aspecto espiritual). Seja paciente! Sobre a sua implicância com o termo "devotar", acredito ter respondido no ponto anterior: a definição aí é a do dicionário comum e expressa a ideia (bíblica) de que nossa dedicação às coisas molda nosso caráter;

4)Não neguei a diferença entre edições. Como lhe disse e citei exemplos, uma coisa é como leigos veem o manual, outra como os pastores, obreiros e delegados o entendem (não por serem melhores, mas por receberem instruções para serem partilhadas com a igreja e lidarem com isso no dia a dia);

5) e 6) Aqui não creio poder acrescentar nada além do que já disse.

7)Nesse caso, você recorrerá à cultura e à experiência como critérios últimos, não à Bíblia. E se a Bíblia não é o critério último em questões que envolvam o estilo de vida, como nossa vida poderia ser diferente das demais pessoas? Dizer que a salvação afeta apenas questões espirituais é um paradigma do mundo evangélico, mas não do adventismo. Aí teríamos que estudar mais a fundo o que é o adventismo...

Também voltamos ao ponto que lhe perguntei antes (pergunta para qual não obtive resposta): a Bíblia é suficiente ou não como paradigma que determine conhecimento e prática?

Um abraço.

André disse...

Como mencionado anteriormente pelo Bruno, me parece bem claro na recomendação do manual da igreja que o foco da discussão não é o lugar (ir ou não ir ao cinema?), mas sim o conteúdo do que vejo (tal conteúdo me enriquece ou não?). Dentro dessa interpretação e considerando-se o que é produzido pela mídia hoje em dia, eu não iria ao cinema não pela questão do lugar em si, mas pelo questão do conteúdo. Agora, se o conteúdo não fere princípios bíblicos, qual o problema? Uma postura de avaliação é exatamente o que fazemos (ou deveríamos fazer) com o conteúdo da TV, da internet e outras mídias que chega até nós. Não se trata de estigmatizá-las a priori. Estigmatizar o lugar por si só me parece uma batalha sem sentido.

douglas reis disse...

André,

seja bem vindo ao blog.
Apenas reitero o que escrevi antes: não se trata de um atenuante e ninguém da liderança que eu conheça interpreta assim a mudança de palavra.

Um abraço.

André disse...

Também não vejo como atenuante. Apenas destaco que o foco não é o lugar em si, mas o conteúdo que pode ser veiculado nesse local. Agora, se o conteúdo não infringe princípios bíblicos, não há nenhuma recomendação a não ir a esse lugar.

Um abraço

Anônimo disse...

Ratifico o que disse anteriormente e que está fundamentado no manual da igreja. Se eu posso ver o filme "A última batalha" em casa, também posso vê-lo no cinema. O que foge disto é hipocrisia.

Minha preocupação não é "ser liberado" para ir ao cinema, mas manter o discurso coerente aos amigos que quero trazer pra igreja.

Abraços.

douglas reis disse...

Victor,

respeito e respeitarei sua posição, mas penso que sua observação até faria sentido se tivéssemos uma produção significativa de filmes desse tipo.

Abraços.

Anônimo disse...

Pastor, felizmente (ou infelizmente), nós temos alguns filmes neste molde sim. E, apesar da produção em número e volume reduzidos, alguns deles são - inclusive - sugeridos por você no seu perfil.

Novamente reitero aos queridos: não quero aval para ir ao cinema, somente manter o discurso coerente aos amigos novos na fé.

Abraços.

Bruno Ribeiro disse...

Opa Pastor, prometo ser mais objetivo. E peço desculpas: não tinha me dado conta que posso utilizar negrito, itálico e sublinhado. Por aqui... rsrs

1)Certo pastor. Mas não é disso que estou falando, ou seja, de aceitar ou não o sola scriptura: o que estou querendo dizer, de forma mais clara e direta ainda, é que o senhor não seguiu esse método de forma consistente. Eu sei que o senhor não tentou fazer uma teologia completa sobre o assunto. Mas veja: o senhor levantou principio corretíssimos que o cristão deve seguir, baseados na Palavra de Deus. O problema foi sua aplicação deles no ambiente cinema. Em outras palavras: já que o senhor só está seguindo a Bíblia, então de onde o senhor tirou aquelas informações do seu texto sobre cinema?

2)Eu aceito todos os princípios enumerados aqui. Mas me diga: como eles se aplicam ao cinema? O que é esse efeito cumulativo que entra na mentalidade de quem assiste (às vezes de forma acrítica)? Como se dá essa identificação com os personagens, pastor? Como o pensamento assume aquela perspectiva [do filme]? Por que é uma diversão fútil? Como essa dimensão imaginativa está ligada com a ficção? E quem disse que no cinema só é contemplado coisas ruins? O que tem haver não frequentar uma sala de cinema e fugir dos padrões do mundo? Como o ambiente cinema molda nossas percepções e valores pastor? E, uma vez que a dedicação molda nosso caráter, como é feita essa dedicação no ambiente cinema? Como ela se dá? Em suma pastor, sejamos mais claros: de onde o senhor tirou todas essa informações sobre o ambiente cinema? Como chegou a essas conclusões?

Bruno Ribeiro disse...

2.1 De um lado o senhor tem princípios. Do outro o ambiente cinema (e algumas informações sobre ele). Eu não estou questionando o primeiro, pastor, nem muito menos sua fonte sobre de onde eles foram tirados. A questão é sobre esse segundo e as informações que o senhor tem sobre esse ele. A Bíblia é suficiente para mim como regra de fé e prática. Há princípios na Palavra de Deus que devem ser seguidos a priori. Não tenho duvidas disso. O que eu quero saber de forma mais clara de sua parte é: como, a partir disso, o senhor chegou à conclusão que o ambiente cinema é um lugar impróprio para o cristão? Pegue um dos seus princípios (a importância da contemplação, por exemplo) e me explique como se dá esse "efeito cumulativo sobre a mentalidade de quem assiste".

3) Por fim pastor, cito as palavras do colega André sobre o Manual: "Apenas destaco que o foco não é o lugar em si, mas o conteúdo que pode ser veiculado nesse local. Agora, se o conteúdo não infringe princípios bíblicos, não há nenhuma recomendação a não ir a esse lugar". A questão aqui não é apenas que o Manual é diferente ou mais abrangente, ou que ele endossa isso ou aquilo. A questão é: o texto faz um descolamento, uma mudança de orientação/preocupação que é muito clara e evidente. E sinceramente pastor, como é possível, a partir desse texto do Manual, condenar o ambiente cinema?

Enfim...

douglas reis disse...

Bruno,

obrigado por se portar como um cavalheiro.

Poucas observações:

Não sei o quanto você conhece da metodologia teológica para afirmar, tão categoricamente, que não estou sendo coerente. A meu ver, você ainda apresenta dificuldades com o sola-tota-prima Scriptura.

Como pela internet não se mede o tom de voz, gostaria que você lesse isso como uma conversa franca, e não como se eu dissesse com ironia, ok? Bruno, o princípio se relaciona à fonte de onde extraio conhecimento, não à linguagem que uso (desde que a linguagem expresse com exatidão o conteúdo estudado). Você percebe?

Se estou abordando uma prática cultural a partir do que encontro na Bíblia, é óbvio que tem de haver aplicabilidade. Uns poucos exemplos: se pela contemplação somos transformados, quanto mais eu contemplo algo, mais aquilo me influencia - seja qual for o objeto, bom ou ruim. A isso chamei de efeito cumulativo.

O nome tenta descrever o fenômeno. Poderia ter usado outros termos. Não é o nome que dou o mais importante, mas o fenômeno que descrevo. O fato de você não encontrar a menção de "princípio cumulativo" na Bíblia não significa que desonrei o princípio sola-tota-prima, da mesma forma como você não encontra o termo milênio na Bíblia ou trindade. Você é inteligente e já percebeu meu ponto.

Poderia mencionar outro exemplo: a tal da "noção imaginativa do pecado", derivada do texto que mencionei. Eu ali o associei à ficção, uma associação que a própria EG White faz - confira a citação que aborda, entre outras coisas, efeitos maléficos da ficção: "Let every one, for Christ’s sake and for his own soul’s sake, shun conformity to the world, to its customs, vanities, and fashions. Beware of human commandments that will obscure the holy commandments of God. The pleasure lover is ever unsatisfied, and continually desires to seek again the excitement of the ballroom, the theater, or the party of pleasure. The time God has granted us in which to prepare for eternity is spent by thousands in poring over fictitious stories. God-given intellect is perverted, the Word of God is neglected, the mind and soul are robbed of moral power needed for wrestling against faults and errors, habits and practices, that disqualify the soul for the enjoyment of Christ’s presence..." That I May Know Him, p 318

Espero ter ajudado.
Abraços.

douglas reis disse...

Victor,

não que faça muita diferença, mas dois desses filmes são produções para a televisão. Além disso, note o que eu disse: "se tivéssemos uma produção significativa de filmes desse tipo". Acho que por isso minha lista é curta e a do blog do Michelson não muito maior...

Abraços.

Cristiane Luscher disse...

Olá! Realmente me intrigou a frase "uma coisa é como leigos veem o manual, outra como os pastores, obreiros e delegados o entendem". Se a liderança (como você explicou no parênteses após essa frase) é quem tem a interpretação correta do Manual, por que este é disponibilizado para uso dos membros? Deveríamos recolher os manuais então, e deixá-los somente com os líderes, que tem a melhor interpretação? Ora, todos os membros lidam com essas questões no dia a dia, não somente os líderes.
O manual é sim escrito para acesso a todos, e não há diferença na instrução que líderes ou leigos recebem para interpretação do manual (sou de família de liderança pastoral, posso afirmar). O texto está claro e disponível a todos. Interpretações que fujam do que está claramente escrito é que são um problema.

douglas reis disse...

Cristiane,

tenho a impressão de que você faz tempestade em copo d'água. Você sabe muito bem que muitos dos líderes e delegados presentes em assembleias gerais, que revisam o manual, costumam enviar orientações aos líderes que, por sua vez, as repartem com as igrejas. A igreja toda participa do processo,e videntemente, como coloquei antes.

Veja, se as pessoas que fazem o manual, o discutem e orientam os líderes não tinham a intenção de que determinado ponto fosse entendido de forma diferente, porque deveríamos nos sentir justificados de interpretar livremente o que foi escrito?

Em termos práticos: se a comissão chegasse ao entendimento de que o cinema não é o problema em si, não seria de se esperar que isso fosse amplamente divulgado, como outros mudanças (p. ex.: rebatismo, que sofreu significativas mudanças).

Resumindo: não estou afirmando que o manual parta de verticalismo e nem defendo que o ministério seja uma elite com o direito de interpretar as coisas inquestionavelmente. Apenas defendo que, em nenhum momento a mudança no manual no que se refere ao cinema foi justificada da forma como você sugere. Se a orientação fosse contrária, faria pouco sentido apelar ao manual.

Penso que tentar justificar isso com base na mudança do manual (que tem a ver mais com palavras) é que me soa como estar indo além do texto.

Abraços.

Cristiane Luscher disse...

Olá Douglas,

Não fiz tempestade em copo d'água, apenas fui direta ao ponto, sem enrolações. Se pareci rude, peço desculpas, mas essa não foi a intenção. Sou jornalista, fui ensinada a questionar. Talvez meu comentário não tenha fica claro, por isso reforçarei: quando um autor escreve um texto, ele faz o melhor possível para que não existam dúvidas a respeito de suas afirmações, ou interpretações erradas. Creio plenamente que, na elaboração do Manual da Igreja, esse cuidado foi quase triplicado! Pois sabemos que, infelizmente, existem mal-intencionados à espera de uma brecha para interpretar erroneamente uma frase ou outra. Ou mais, muitas vezes a pessoa tem a melhor das intenções, mas acaba interpretando errado, por uma série de questões. Concluindo: creio que o Manual foi elaborado com muito cuidado, deixando o mais claro possível todos os princípios e conselhos, para que não haja dúvidas ou erros na interpretação do texto. Qualquer explicação que um líder da Igreja discorra sobre qualquer assunto do manual, não pode distorcer o que está escrito ali. Não dá pra dizer, por exemplo: “o Manual cita alimentos nocivos à saúde, como a carne suína e alguns peixes. E eu diria mais, nenhum dos peixes deve ser ingerido”. É a isso que me refiro. Portanto, não me “sinto justificada a interpretar livremente o que foi escrito”, como você disse. É justamente do contrário que estou falando.

Não creio que, se o cinema fosse “liberado”, esse assunto teria sido amplamente divulgado simplesmente por que o Manual não mais cita o cinema. Como o Bruno e Vitor já comentaram aqui, o Manual aconselha claramente sobre conteúdo. Lendo o texto, o manual não proíbe nem libera o cinema apenas por que não existe a palavra ‘cinema’ ali. Foi retirada.

Você escreveu que “justificar isso com base na mudança do manual (que tem a ver mais com palavras) é que me soa como estar indo além do texto”. Pois bem, se não interpretarmos uma publicação escrita por suas palavras, como devemos interpretar?

douglas reis disse...

Cristiane,

uma interpretação não leva em conta apenas palavras (ou a ausência delas). Mas o contexto. É assim com a Bíblia. Exemplo: os evangélicos afirmam que nossa referência ao sábado em Ap 14:7 porque a palavra "sábado" nãos e acha ali. Obviamente, há suporte linguístico para isso, além da reconhecida tendência do Apocalipse referir-se tematicamente a todos os 10 mandamentos (o que reconhecido por eruditos não apenas adventistas).

Voltando ao manual: se você analisar algumas de suas mudanças, algumas demonstram que há a tendência de linguagem mais generalizada, sem que com isso se queira revogar o que veio ante. Quer um outro exemplo? O manual não fala mais de dança, como antes. Por isso o assunto hoje estaria liberado? Não creio.

Assim, você tem todo o direito de investigar. A minha observação sobre "fazer tempestade em copo d'água" não se refere à sua postura investigativa, que considero importante, mas à forma como você entendeu minha declaração (por isso, reforcei que não entendo que o manual seja para uns poucos, concordando com o que você pontuou).

Abraços.

André disse...

Douglas,

Se de fato a intenção dos redatores do manual era continuar vetando o cinema em si, é evidente que eles não tinham uma assessorai lingüística que pudesse orientá-los na escrita de um texto mais específico. Embora o contexto seja importante, as palavras são tão importantes quanto. Se a idéia era simplesmente ampliar para incluir outras mídias, porque não manter o termo cinema, o que não deixaria nenhuma dúvida, e acrescentar outro termo que pudesse sugerir a inclusão de novas mídias? Seria muito mais eficaz, poupando uma série de discussões e mal entendidos.

Agora, se a intenção era deslocar o foco da discussão não para a questão do lugar em si, mas para a questão do conteúdo, faz todo o sentido a mudança do texto. E mais, esse tipo de mudança joga mais responsabilidade sobre o membro, o que é muito mais interessante para o crescimento e maturidade espiritual de cada um. Não é mais uma simples questão de verificar a lista de lugares que o "índex" da igreja permite ir ou não. É o crente individualmente que deve analisar o conteúdo que ele vai assistir ou ouvir. Isso sim demanda reflexão e, mais importante, sintonia com Deus para fazer a escolha certa, porque se trata do tipo de atitude que se deve tomar em relação a qualquer meio de comunicação.

douglas reis disse...

André,

concordo que seria mais fácil ter mantido a palavra, sem dúvida. Mas note o disse para a Cristiane sobre a dança.

No mais, note que a ficha batismal ainda menciona cinema, o que denota que a intenção não era alterar a compreensão de antes.

Abraço.

douglas reis disse...


agradeço a todos que comentaram e contribuíram com sua opinião. Apreciei nosso diálogo e disso resulta crescimento, afinal, como pastor, tenho a oportunidade de entrar em contato com muitas pessoas e entender a questão de outros pontos de vista.

Como alguns sabem, estou em um programa de mestrado na Universidad Adventista del Plata (UAP), em Entre Ríos, Argentina. Digo isso porque, apesar de ter me esforçado ao máximo para atender a todos que escreveram e gastar tempo dialogando, não tenho condições momentâneas de continuar dedicando tempo para isso, por mais interessante e desafiador que seja.

Assim, peço licença para desativar os comentários do blog, em virtude da minha agenda. Ainda que tenha terminado meus compromissos dessa semana, na próxima se iniciará uma nova matéria, com outras exigências. Desse modo, será humanamente impossível continuar mantendo o diálogo com qualidade.

Assim, agradeço a compreensão geral e desejo que o Espírito Santo nos ajude a lidar com todas as questões buscando na Revelação do Senhor as respostas das quais necessitamos.

Que o Senhor abençoe a todos.