Projeto
do deputado Artagão Júnior (PMDB) propõe que seja incluído no currículo da rede
estadual de ensino “conteúdos sobre criacionismo”, a teoria religiosa que nega
a evolução das espécies e defende que Deus criou os animais e plantas da forma
como é descrito na Bíblia. A proposta estava na pauta de ontem da Comissão de
Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Paraná. Mas a votação foi
adiada porque os parlamentares aguardam um parecer da Secretaria Estadual de
Educação sobre a proposta, que deve voltar à pauta da CCJ na terça-feira que
vem.
Na
defesa da proposta, o parlamentar afirma que os estudantes ficam confusos ao
aprender na escola o evolucionismo (a teoria científica oficial) e na igreja o
criacionismo. “Ensinar apenas o evolucionismo nas escolas é ir contra a
liberdade de crença de nosso povo”, justifica Artagão no texto do projeto.
Laicidade
A
proposta já havia sido apresentada pelo deputado em 2007, mas acabou arquivada.
“Não estou impondo nada nem dizendo o que é certo ou errado. Mas é importante a
discussão de um tema em que a grande maioria da população acredita”, afirma
Artagão. Para ele, o projeto não fere a laicidade do Estado. Segundo o
deputado, não há nada que garanta que a teoria da evolução realmente ocorreu (a
ciência, porém, assegura que a teoria já foi corroborada). Por isso não haveria
motivos para que o criacionismo não seja discutido pela comunidade escolar.
Outros
deputados têm visão semelhante. “Desde que a escola inclua também visões não
teístas, não vejo problema”, diz o deputado Péricles de Mello (PT),
ex-presidente da Comissão de Educação da Assembleia. “Justamente pelo fato de o
Estado ser laico, ele pode contribuir com o diálogo religioso.” Péricles,
porém, é contra a obrigatoriedade do ensino religioso e defende que os temas
escolhidos para discussão com os alunos sejam definidos por um conselho.
Papa
A
Igreja Católica tem posição favorável ao ensino do evolucionismo. Em uma
declaração no fim do mês passado, o Papa Francisco afirmou que a teoria da
evolução está correta e não é incompatível com a crença religiosa. O papa disse
o mesmo sobre a teoria do Big Bang da criação do universo.
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