segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ADVENTISTAS E A CAÇA ÀS BRUXAS

            Nos últimos anos, a preocupação com movimentos dissidentes no seio do adventismo se tornou crescente. Não sem razão: ministérios independentes, com sua teologia de botequim e teorias de conspiração, seduzem adventistas incautos. Temas corriqueiros, como a trindade, se tornaram controversos. O descontentamento com a liderança (mesmo quando não apoiado em razões factuais), o crescente liberalismo e a falta de preparo espiritual, bem como desequilíbrios psicológicos e motivações pessoais, são alguns dos fatores que explicam o fenômeno da dissidência.
              A igreja vem endurecendo seu discurso e adotado justas medidas disciplinares para conter os ataques dissidentes, que costumam agir de forma desonesta; seus partidários dissimulam no que creem, apenas para atrair simpatia e conquistar novos adeptos entre as fileiras adventistas. Transijo: ninguém é obrigado a concordar com a mensagem adventista. Mas se alguém discorda, que seja honesto para seguir o que acredita em outro lugar! Nesse sentido, a disciplina eclesiástica é cabível, bem como campanhas preventivas; independente de haver dissidentes, todos devemos ser responsáveis por defender e estar à altura do que acreditamos.
       O que soa curioso no contexto sul-americano é a extrema praticidade, o pragmatismo eclesiológico que evita discussões aprofundadas nesses casos. Parece ser mais fácil extirpar a erva-daninha queimando todo o jardim! Assim, alguns líderes cristãos, em nome da necessidade de combater o crescente mal da dissidência, chegam a incluir no rol de inimigos da igreja todos aqueles que pensam que o adventismo poderia ser mais fiel do que está sendo. Esse tipo de pessoa crucificaria junto Barrabás e Jesus - um por liderar a guerrilha, outro por criticar o status quo religioso.
           Faz-se oportuno lembrar que somos caracterizados como a igreja de Laodiceia, aquela que carece de reforma. Um chamado à fidelidade no vestuário, uma volta aos estudos adventistas sobre profecia (sem nenhuma relação com baboseiras como 2500 anos e afins!) e ênfase equilibrada na reforma de saúde não caracterizam dissidência - tratam-se de aspectos capitais da herança adventista. Há o perigo contemporâneo de se considerar que o destaque veemente a esses aspectos da mensagem adventista seja um sinal de alerta, um indício de dissidência. 
             Não seria inteligente, em nome da unidade da igreja, abrir mão de sua identidade, defendendo a versão atual do adventismo, adaptado à cultura evangélica-pop, com seu louvorzão e artistas gospel (pastores e cantores). Devemos ser bíblicos e viver em constante reconstrução, criticando sadiamente, sempre com espírito cristão, o que está errado em nosso meio, para, munidos do poder de Cristo, sermos fiéis ao que está revelado na Bíblia e no Espírito de Profecia. Temo que, ao evitar certos assuntos, rotulados como polêmicos, criemos uma igreja com inanição espiritual - assim, ao invés de a protegermos da dissidência, colocaremos o rebanho para apascentar em frente à toca de lobos! Deus nos dê equilíbrio e amor pela igreja, com suas verdades duras e exigentes.
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2 comentários:

Tiago Carlos disse...

Caro irmão na Fé Douglas,
Descobri seu blog hoje e já li algumas postagens, já escrevi e reescrevi este comentario várias vezes na intenção de lhe mostrar que seus textos vem em boa hora, em um momento onde nossos pastores tem receio de tocar em temos "difíceis", onde a igreja (lideranca e membros) possam estar errando e chamar o pecado pelo seu nome exato. Estamos nos rendendo ao achismo, ou melhor, as nossas vontades, em temas que a igreja já tem a posição tomada, seja através do ES, a Bíblia ou Assembléia, como é o caso da música, da união com o mundo, das roupas, etc. Queremos que Deus no dê uma direção mais não a que está na Bíblia. Talvez os estudos bíblicos feitos as pressas para batizar mais membros sejam um dos pontos, a falta de conhecimento e vontade de adquiri-lo seja quase zero, somado a vontade de continuar a mesma vida de antes apenas mudando o rótulo. Temos sim, que ter um reavivamento na igreja, uma volta as escrituras, temos que saber o que nos diz o Senhor sobre cada assunto na sua palavra, na Bíblia, no ES e tambem nas decisões da igreja pelo Manual da Igreja, não no que achamos os queremos, mais no que Seus quer.

Mônica Rozindo disse...

Perfeito irmão Tiago.