Faz uma década que convivo com
adolescentes. Com o tempo, você acaba conquistando a confiança deles. Aprende
que eles são sinceros de forma crônica. Não poucos entre os adolescentes
enfrentam a religião dos pais como quem luta contra regras obsoletas. Claro
que, para um adolescente, as únicas regras não obsoletas estão no grupo daquelas que convém (os adultos, em geral, têm mais pudores para dissimular esse
comportamento).
Eles não são culpados, tomando um
exemplo, por não assimilarem a ideia de termos uma profetiza moderna. Nós,
adultos, somos mestres em evitar esse assunto, tratando algo digno de gratidão
como tema espinhoso!
Aliás, durante uma aula, um aluno
muito espontaneamente perguntou o quão "moderna" era a profetiza, que
viveu há... 100 anos! Convencê-los da atualidade dos conselhos inspirados é
quase como apelar para que comprem fichas e façam a ligação em algum telefone
público. Entretanto, não é apenas algo necessário, como imprescindível.
Se mesmo entre os melhores jovens permanecem tantas dúvidas sinceras, que dizer do quadro geral? Quando
olhamos para uma geração inteira que assiste o culto de cabeça baixa, mais
preocupada em responder as mensagens no WhatsApp
do que naquilo que acontece durante os momentos solenes, como não se preocupar?
Não se trata de alugar um ginásio,
convidar o cantor gospel do momento, entoar 10 músicas repetitivas e fazer um
discurso emocional. Os adolescentes precisam saber coisas concretas sobre a fé
adventista. Menos espetáculo e mais estudo da Verdade. Ensinar meninas e
rapazes a marcarem em suas Bíblias cadeias de textos (devidamente
contextualizados) para que entendam em que baseiam as doutrinas - isso ajudaria a vencer dúvidas e aumentaria o envolvimento com a missão. Afinal, eu
não compartilho algo se não conheço o suficiente para explicar. Treinamentos
missionários, simulando desafios reais, e projetos que ajudem a conhecer
melhor a história do movimento adventista seriam outras ações possíveis.
Pais, líderes e educadores precisam criar fóruns, pensando em como ajudar a nova geração a
retomar a base bíblica adventista. Necessitam igualmente dar o exemplo para os
jovens de que se acham pessoalmente envolvidos na salvação de almas e que seu
maior interesse é a vida eterna. Quando "culto de pôr do sol" e
"culto familiar" não soarem como alienígenas nos ouvidos de famílias
adventistas, significativa mudança surgirá entre os adolescentes.
Não basta pais piedosos orarem por
seus filhos; pais espirituais precisam orar com eles e lhes ensinar a amar a Verdade a ponto de encarná-la em sua própria vida. Afinal, a sinceridade
adolescente merece respostas, fruto de um cristianismo autêntico.
Um comentário:
Pura verdade Douglas. Percebemos nítidamente que as pregações mais " inspiradoras" não tem muito efeto sobre os jovens dessa geração. Eles são mais tocados pelo estudo profundo da palavra e por projetos de curta duração. Nosso testemunho também fala mais alto. Parabéns pelo seu ministério.
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