Já
não tenho ilusão com respeito à atividade sexual de jovens e solteiros entre
nós. Não se trata de afirmação dramática ou dita com frieza. Sofro em saber que
muitos, não todos, evidentemente, experimentaram algum tipo de envolvimento
sexual com um ou mais parceiros. Contudo, ainda não temos estatísticas que
permitam averiguar essa realidade no meio adventista. Porém, eu e muitos
colegas pastores atendemos casais de jovens frustrados, confusos e devastados
porque se entregaram ao prazer por impulso, paixão ou curiosidade. Ou
acompanhamos solteiros, divorciados e viúvos que acabaram não resistindo às
tentações sexuais.
Obviamente,
a problemática extrapola a questão da prática sexual pré-marital. Há questões igualmente
preocupantes envolvendo a prática sexual extraconjugal. Novamente, a falta de
estatísticas se torna um empecilho a qualquer estratégia de contornar esse mal,
cujas consequências são devastadoras. Membros do movimento adventista, quer não
envolvidos, quer líderes denominacionais, e mesmo alguns obreiros, destroem suas famílias ou lutam para manter as
aparências. Quando a situação vem à tona, além do sofrimento dos envolvidos, perde
a igreja como um todo.
Há
muitas iniciativas de departamentos da igreja, dos próprios campos e esforços
de pessoas preocupadas para fortalecer os laços familiares. Às vezes, o tema da
sexualidade é tratado pela via negativa, enfatizando os perigos de uma gravidez
precoce, os problemas acarretados pela masturbação, o vício da pornografia
(bastante facilitado pelo advento da internet),
entre outros aspectos. Todavia, algumas iniciativas, se exploradas, certamente
ajudariam a conter as condutas sexuais divergentes do estilo de vida bíblico. Sem
querer esgotar o assunto, cito e comento algumas dessas iniciativas, a título
de sugestão e visando enriquecer o debate sobre sexualidade no meio adventista:
1. Criar programas de
sexualidade para todos os membros, em todos os níveis:
geralmente, restringimos as orientações sexuais a jovens e casais de noivos ou
com matrimônio constituído. E o fazemos dando, em geral, orientações básicas. Deveríamos
ampliar o leque, constituindo estratégias customizadas para cada nível. Os
juvenis precisam saber que a atividade sexual é um presente de Deus, motivo de
desfrute da vida conjugal e, ao mesmo tempo, precisa ter lugar dentro do
matrimônio. Adolescentes precisam saber não só que a pornografia é prejudicial,
mas quais as estratégias para vencer a tentação. Adultos casados precisam saber
que, ao contrário do que afirma o mundo, nem tudo o que se faz a quatro paredes
é válido. Em todos esses exemplos, mais do que limites, precisa ficar claro a
teologia bíblica do sexo;
2. Estabelecer um programa
contínuo com as famílias: mais do que programas na igreja, a médio
e longo prazo, baseados em sólida teologia, as famílias precisam receber
suporte para transmitir uma sexualidade saudável aos filhos. Boa parte dos
casos de adolescentes com orientação homossexual que atendi tem muito que ver
com lares desestruturados ou pais ausentes. Os filhos precisam sentir que
confiam nos pais, a ponto de relatarem qualquer tipo de abuso ou assédio que
sofram na escola, vizinhança, parentes próximos, etc. Nos cultos familiares, a
aliança da família precisa ser fortalecida para inspiras meninos e meninos,
moças e rapazes para almejarem, com brilho nos olhos, constituir um lar tão
feliz quanto tiveram na infância e adolescência;
3. Criar grupos de apoio para
adictos em sexualidade: lutar contra vícios sexuais é tão ou
mais desafiador que enfrentar outros tipos de adicção. Portanto, grupos de
apoio, baseados em mentoria e conselhos práticos são o tipo de ministério que
certamente ajudariam aqueles que têm suas próprias batalhas. Esse tipo de grupo
pode seguir o formato de um pequeno grupo ou classe especial, envolvendo
segmentos específicos. Outras pessoas que se beneficiariam com esse atendimento
seriam divorciados (que geralmente negligenciamos) e viúvos. Para aqueles que
foram sexualmente ativos e perderam ou se separaram do cônjuge não é tarefa
simples viver como solteiros cristãos, isentos de pensamentos sexuais,
alimentados por lembranças de experiências. A tendência é que se envolvam
prematuramente em relacionamentos que levem a relações sexuais pré-maritais ou
acabem contraindo vícios sexuais. Por isso, essas classes necessitam de
assistência especial, a fim de saberem como lidar com a sexualidade em um novo
estágio após o casamento.
Sem
dúvida, Deus deseja que tenhamos uma sexualidade saudável, o que significa
esperar nele para encontrarmos amor e companheirismo autêntico, formando o
vínculo do matrimônio – ambiente propício para a expressão física do amor.
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