quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CONTAGEM DE OSTRACAS

A Diogo Cavalcanti

Tens sobre a ebúrnea sombra a voz de escárnio? Ignore-a!
Vá, íntegro ao chamado; ignora aplauso ou vaia.
Impeça ao que se chama opinião que subtraia
De Deus a única Glória, e em lugar te dê glória.

Ponha outro prêmio (além de ti mesmo!) na memória
E deixa que o teu nome entre arrogantes caia.
Observa o desempenho em tua própria raia,
Embora o êxito não seja obra meritória.

Que te pisem, e mãos te arranquem os espólios;
Quando a escama de pus deixar livres teus olhos,
O melhor que há em ti virá de imagens fracas.

Na nitidez da cruz, serás ímpio e temente,
E o quadro te fará mudo ao andares em frente
– Atento a Deus e alheio à contagem de ostracas.

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