Reconhecido
como um dos melhores poetas contemporâneos em Língua Portuguesa, Fernando
Pessoa demorou a se adaptar ao idioma materno, devido ao tempo passado na
Inglaterra durante os anos de formação. Os primeiros versos de Pessoa foram
ainda escritos em inglês. Aqui apresento uma tradução de um dos sonetos
escritos pelo luso, o de número 8, bastante conhecido. Aparece em versos
decassílabos e mesmo esquema de rimas.
How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever consciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;
And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.
(trad. Douglas Reis)
Quanta
máscara e sub-máscara para
Sobre
o nosso semblante da alma, e quando
Por
jogo a alma a si mesma desmascara,
Reconhece
o disfarce e o rosto brando?
Nada
a máscara real sob outra sente,
Mas
vê por meio de olhos mascarados.
Assim
que a consciência à obra se apresente,
A
obra aceita traz sonos encadeados.
Qual
teme a criança as faces espelhadas,
Nossa
alma, que é criança e ideia ida,
Põe
diferença em caretas observadas,
Pondo
ao mundo todo em causa perdida.
Se
vem a ideia máscaras tirar
Não
sem máscaras vem desmascarar.
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