quarta-feira, 7 de setembro de 2016

TODOS TEMOS UM PAI


Todos temos um pai – um modelo gerador de perspectivas. Se nosso pai, nosso referencial, aquilo que origina nosso filtro para interpretar a realidade, não for Deus, certamente teremos alguém ocupando a lacuna. Mais do que uma denúncia da hipocrisia dos judeus, João 8:38 ensina que há a presença do conflito cósmico por trás daquilo que usamos para determinar o que é a verdade. Nossos pressupostos não se limitam a tentativas humanas, mas possuem a influência do mundo espiritual. Isso implica que o resultado final, aquilo que escolhemos ser e a forma como atuamos no mundo, nos identifica com Deus ou com o diabo (Jo 8:41-42).

De forma similar, o apóstolo Paulo afirma que o “deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” (2 Co 4:4). Segundo o texto, descrer é o resultado da cegueira provocada pelo diabo. A declaração é complementada com a ideia de que Deus “mesmo brilhou em nossos corações, para a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” (v.6). Assim, da mesma forma como no texto de João, crer ou descrer não depende simplesmente de argumentação lógica ou exposição da verdade de modo proposicional (ainda que Paulo aluda à “clara exposição do evangelho”, v. 2); para além dos elementos cognitivos e racionais há o poder de pressuposições, influenciadas pela atuação de poderes espirituais. Cremos mediante nossa escolha espiritual em nos “filiar” a um lado do embate cósmico. Depois disso, criamos uma rede de ideias pré-concebidas contra ou a favor da verdade. Por essa razão, Jesus sabia da inutilidade em realizar sinais diante de uma geração incrédula (Mt 12:29; 16:4). E novamente Paulo postula que as coisas espirituais se entendem de modo espiritual, ou seja, por pessoas relacionadas com elementos espirituais (1 Co 2:13-14), sem excluir a atuação do Espírito do processo de decodificar a mensagem divina aos homens (a Verdade, na linguagem joanina).

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