Barnabé
e João Marcos, Moises e Josué, Elias e Eliseu, Jônatas e Davi, Jesus e os
discípulos, Abraão e Ló, Esdras e Neemias, entre outros: não é incomum que nas
Escrituras pessoas de faixa etária distinta interajam de forma harmônica. Se na
Bíblia existe discipulado, é certo que muitos dos exemplos dessa prática se dão
em um contexto intergeneracional.
Hoje
há um distanciamento entre indivíduos de gerações distintas por causa da mídia:
especialmente com o advento da cultura jovem, a partir da década de 1950, houve
uma ruptura da continuidade histórica natural, levando a se prescindir da vida
adulta como modelo a ser almejado. Atualmente se faz de tudo para fugir da
frustração indissoluvelmente ligada à maturidade, com suas responsabilidades e
rotinas.
O
bom é ser jovem, jovem eternamente, viver com os pais até os trinta, trabalhando
mais por hobbie do que por realização.
Se na década de 1960, 70% dos homens chegavam aos 30 anos (a) formados, (b)
empregados, (d) casados e (e) com filhos, requisitos da vida adulta, as
estatísticas atuais indicam que apenas 30% dos homens atingem tais metas até os
30 anos. Aliás, poucos ambicionam atingi-las. Se “balzaquiana” indicava a
mulher na casa dos trinta, a mulher madura, poderíamos dizer que no cenário
contemporâneo as cinquentonas são as novas balzaquianas.
Se por fatores sociais os casais demoram a se casar
ou a ter filhos, deveríamos admitir essa cultura no seio do cristianismo? Há sérias
preocupações que envolvem o discipulado da geração atual, especialmente quando
se reflete sobre a influência de padrões seculares sobre esses jovens. Somos chamados
a rejeitar os moldes seculares e renovar nossa mente (Rm 12:2). Alguns pontos
para se meditar:
(1)
Desde a revolução sexual (década de
1960), casamento e atividade sexual se desligaram. Na prática, muitos jovens questionam
sobre a necessidade de assumirem um compromisso (com riscos inerentes) se podem
desfrutar de um envolvimento sexual descompromissado. Eis um dos fatores para
casamentos mais tardios, realizados por pessoas próximas aos 30 anos (além de
um número de casais que passam a dividir o mesmo teto sem nenhum papel
assinado). Embora muitos cristãos se deixem levar pela mesma tendência, o
padrão bíblico não admite sexo pré-marital. Por essa razão, namoros longos e
sem objetivo serviriam apenas para expor um casal cristão à tentação de
praticar o intercurso sexual (ou a fornicar). Embora não exista uma idade concreta
para se casar dentro da Bíblia, particularmente penso que, entre os 21 aos 26
anos é uma faixa etária ideal;
(2)
Pais cristãos devem incentivar e
promover oportunidades para que seus filhos trabalhem o quanto antes. A atividade
profissional é dignificada na Bíblia. A correta disciplina deve empreender
esforços positivos para que jovens reconheçam o trabalho como um mandato
divino;
(3)
Lares cristãos, por meio do culto
familiar, e igrejas, por meio do clube de Aventureiros/ Desbravadores, programa
da Escola Sabatina, Culto jovens e demais oportunidades de treinamento e
práticas missionárias, devem inculcar os princípios bíblicos, debatendo sobre temas
centrais das Escrituras com profundidade; assim, se agirá para que uma geração
pense biblicamente, fazendo contraponto sadio com as influências seculares (as quais se disseminam por meio da mídia e do convívio com não-cristãos). Alguns mitos
cristãos devem ser fortemente combatidos nesse processo: (a) a neutralidade da
mídia; (b) a ideia de sucesso profissional associado com alto rendimento
financeiro; (c) a ideia de sucesso acadêmico associado com instituições
particulares não-cristãs (educação básica) ou públicas (educação superior); (d)
os supostos benefícios do consumismo moderado; (e) a despreocupação com as
questões mais pertinentes de uma reforma de saúde (geralmente reduzida em
termos populares à abstinência à carne suína e derivados); (f) a ideia
reducionista de cristianismo concebido como fé alheia à racionalidade; etc.
As novas gerações precisam estar ligadas mais de
perto com as demais gerações. Sem tal relacionamento, não há transmissão de
valores. Legado chega quando se anda lado a lado. Para discipular os novos, é
necessário quem corajosa, espiritual e conscientemente aceite o desafio.
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