Estávamos
em um restaurante de um shopping,
aguardando o pedido chegar. Stephanie, nossa bebê, se distraía com músicas
cristãs e livrinhos de plástico contendo histórias bíblicas. Saí da mesa à caça
do banheiro, quando cruzei com os mascarados. Iam excitados, em grupos, falando
coisas que não consegui ouvir. Claro que me indaguei a razão de tanta gente
usar roupas e máscaras tirados da série Star
Wars. Acabei reencontrando outras pessoas vestidas a caráter no corredor
próximo da área em que ficavam os cinemas e minhas dúvidas foram esclarecidas.
Não sei dizer se era exatamente a estreia, mas vi que Rogue One se achava em cartaz. Logo voltei para a direção em que
ficavam os banheiros (localizados do lado oposto em que eu havia me dirigido).
O
famoso bordão "que a força esteja com você" seria reconhecido por
quase qualquer pessoa que cresceu na década de 1980. Menos pela minha esposa
Noribel. Ela não sabia quem era o Peter Parker ou Bruce Wayne. A cultura pop era um terreno (quase) completamente
desconhecido para ela. Minha esposa foi criada como adventista desde os dois
anos de idade (um colportor estudou a Bíblia com os meus sogros; o pai da minha
esposa decidiu-se ao fim do estudo, mas minha sogra demorou ainda dois anos
para se batizar). Noribel cresceu aprendendo com a lição da Escola Sabatina,
participando de acampamentos com os desbravadores, desejando ir para o
internato (o que se realizou na faculdade e graças à colportagem) e
participando dos cultos e programas da igreja.
Se
eu pudesse, daria um doutorado honoris
causa em educação para os meus sogros. Ou em evangelismo voltado às novas
gerações. Como duas pessoas simples souberam criar seus filhos com tanta ênfase
no espiritual? Eu não tive esse privilégio – minha família passou a frequentar
reuniões adventistas quando eu tinha quinze anos (graças a um curso de desenho
que eu fazia). Por isso, eu e minha esposa crescemos com referenciais
diferentes. E sabe qual o prejuízo de crescer com a mínima influência da
cultura pop? Nenhum. Isso não impediu
que Noribel se tornasse uma pessoa sociável, inteligente e divertida. Ela e
muitos adventistas que conheci, vindos de lares realmente cristãos, se
destacavam por terem enraizado em seu caráter conceitos que são a base do
adventismo.
Quem
forma a base para uma nova geração são os pais. A mídia somada com outros
fatores, como as revoluções sociais e tecnológicas, exercerá influência
limitada pela atuação de pais cristãos. Quando nos perguntamos "O que
fazer para alcançar as novas gerações?", estamos mostrando preocupação na
direção equivocada! A pergunta deveria ser: "O que diz a Bíblia?" Quando
pais ensinam seus filhos a pensar biblicamente, eles formam jovens que servirão
como representantes de Cristo entre outros jovens. E o que alcançam pessoas não
são os métodos, mas outras pessoas. A vida transformada prega com eficácia
sobre o evangelho que a transformou.
Fico
feliz quando o culto familiar acaba e a Stephanie folheia sozinha sua Bíblia
ilustrada. Sem saber ler ou falar, ela já é uma investigadora das Escrituras.
Em meio à geração de pessoas confusas, que não aceitam a Verdade única e
abraçam o experimentalismo pragmático para escolher sua espiritualidade, estou
criando uma testemunha. Deus me dê a sabedoria que meus sogros – e tantos outros adventistas fiéis – tiveram.
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