Em
seu e-book, Present Truth revisited, Reinder Bruinsma, administrador jubilado,
teólogo e escritor adventista reivindica mudanças. Em geral, a tendência é que
os europeus tenham uma visão mais liberal do cristianismo. Bruinsma se destaca
por se preocupar com o papel do movimento adventista no mundo contemporâneo.
Sua tese de doutorado – Seventh-day
Adventist Attitudes Toward Roman Catholicism, 1844-1965 – já tinha certas
doses de revisionismo e polêmica. Não foi muito diferente com seu livro The Body of Christ: A Biblical Understanding
of the Church, que, entre outras coisas, defendia a controversa ordenação
de mulheres ao ministério. Ele mesmo admite no prefácio de Present Truth que editoras adventistas recusaram-se a publicar o
material e lamenta que a denominação esteja hoje mais preocupada em manter a
identidade do que adaptar aos novos tempos.
Que
tipo de adaptação seria necessária? E por quê? Bruisnma trata, de maneira
intencionalmente não-técnica, do advento da pós-modernidade. Sua apresentação é
concisa e didática. Todavia, à semelhança de muitos teólogos e
administradortes, o autor sugere que o zeigeist
pós-moderno seja uma mudança cultural quase moralmente neutra, apenas uma
outra mentalidade. Assim, as novas gerações são o que são e a igreja adventista
necessita ser o tipo de igreja que atinja essa mentalidade.
O
perigo com esse tipo de raciocínio é a subversão da ordem das coisas: por
melhores que sejam as intenções (e não duvido sequer por um segundo das
intenções de Bruinsma e seus pares), o movimento adventista não foi chamado
para se adaptar a cada nova geração. A tática de se adaptar à cultura, de se
misturar com outras tradições como meio de exercer influência soa como prática
católica – os jesuítas são mestres na arte de parecer o que não são para
conquistar território. Colocar a cultura como referência ao invés das Escrituras
é sempre uma estratégia perigosa, porque desloca o verdadeiro fundamento da
igreja de seu lugar.
Além
disso, sendo a cultura pós-moderna fluida, alheia a rótulos, em constante
mutação e multiforme, seria um contrassenso estabelecer um modelo de igreja
pós-moderna, simplesmente porque não existe um modelo de pessoas pós-modernas! Dizer
“os pós-modernos pensam assim” ou “os pós-modernos gostam de tal coisa” é
desconhecer que na pós-modernidade a regra do jogo é “não há regras fixas”. Logo,
uma igreja para pós-modernos teria de ser mutável e adaptar-se constantemente. Ora,
o processo de adaptação do pensamento cristão à sociedade não-cristã (que, em
suma, me parece o que Bruinsma e tantos outros propõem irrefletidamente)
chama-se secularização.
Uma
igreja secularizada pode ser até um sucesso em atrair pessoas (há denominações
que crescem espantosamente, muito além do que os adventistas vêm crescendo);
entretanto, falhará em formar, instruir e manter em sua comunhão cristãos com
uma experiência espiritual impulsionada pelo Espírito e pelas Escrituras. Geralmente,
igrejas secularizadas são como bolhas: inflam assustadoramente, estouram
repentinamente.
A
igreja deveria mudar para atrair os jovens? Ou os pós-modernos? Ou os ricos? Ou
qualquer etnia, tribo urbana ou grupo humano? Sim, a igreja deve mudar! Deve ser
mais bíblica, mais espiritual, mais cheia do Espírito, mais semelhante a Jesus.
Se mudar da maneira certa, atrairá mais pessoas. Cumprirá a obra com poder e do
modo como Deus intenciona.
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Um comentário:
Compactuo de seu pensamento e solução para o questionamento.
Antigamente as pessoas eram atraídas para a IASD (nossa denominação) pois éramos o povo da bíblia, estudiosos que elaboravam materiais, etc. Faço uma pergunta, como estamos sendo conhecidos?
O melhor método é e sempre será o mesmo, "Se a vossa maneira de apresentar a verdade é a divina, vossos ouvintes serão profundamente impressionados com a verdade que apresentais. Apossar-se-á deles a convicção de que é a Palavra do Deus vivo, e cumprireis com poder a vontade de Deus". Carta 48, 1902.
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