segunda-feira, 27 de julho de 2015

MÁSCARA E SUB-MÁSCARA


Reconhecido como um dos melhores poetas contemporâneos em Língua Portuguesa, Fernando Pessoa demorou a se adaptar ao idioma materno, devido ao tempo passado na Inglaterra durante os anos de formação. Os primeiros versos de Pessoa foram ainda escritos em inglês. Aqui apresento uma tradução de um dos sonetos escritos pelo luso, o de número 8, bastante conhecido. Aparece em versos decassílabos e mesmo esquema de rimas.

How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever consciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;

And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.

(trad. Douglas Reis)

Quanta máscara e sub-máscara para
Sobre o nosso semblante da alma, e quando
Por jogo a alma a si mesma desmascara,
Reconhece o disfarce e o rosto brando?
Nada a máscara real sob outra sente,
Mas vê por meio de olhos mascarados.
Assim que a consciência à obra se apresente,
A obra aceita traz sonos encadeados.
Qual teme a criança as faces espelhadas,
Nossa alma, que é criança e ideia ida,
Põe diferença em caretas observadas,
Pondo ao mundo todo em causa perdida.

Se vem a ideia máscaras tirar
Não sem máscaras vem desmascarar.

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