domingo, 27 de março de 2016

INTERNET E O CONFLITO CÓSMICO


Com entusiasmo, a Microsoft anunciou seu último experimento em inteligência artificial: Tay. Programada para interagir com adolescentes nas redes sociais, Tay evoluiria conforme mantivesse contato com os usuários. O experimento social promissor durou pouco: em menos de 24 horas, a Microsoft retirou Tay do ar. O motivo? Usando linguagem racista –  Tay chegou a chamar Barack Obama de macaco –, além de manifestar ódio contra feministas e aprovar o holocausto, Tay logo trouxe constrangimento para a corporação. Isso porque simplesmente aprendeu a usar linguagem chula e preconceituosa com os internautas, exatamente como foi programada a fazer!
A internet, um verdadeiro campo de possibilidades para estudo, interação e entretenimento, também comporta os milionários portais de conteúdo pornográfico em full hd e abriga sites de tráfico de armas, drogas e fóruns para todo tipo de sociopata (nos bytes obscuros da deep web). A rede mundial de computadores possui seus caracteres de maldade porque nós somos maus. Afinal, um vírus afetou irreversivelmente o sistema operacional de cada habitante do planeta (Jr 17:9; Rm 3:23).
O conflito cósmico entre as hostes do bem e a infantaria das trevas (Is 14:12-14; Ez 28:14-19; Ap 12:7-12) se manifesta na internet. Se o conteúdo on-line é resultado da interação não presencial dos seres humanos (tele-presença), não necessariamente obedecendo o ritmo sucessivo de um diálogo em tempo real  (assincronismo), fica evidente que a internet, como outras mídias, apenas exteriorizam aquilo que o homem é no íntimo de suas intenções. Como o estar em um conflito cósmico reflete a condição humana, a internet, enquanto construção humana, apenas reproduz fidedignamente esse conflito.
Assim como o conflito exige um posicionamento de cada um em termos de nos comprometermos com o bem ou com o mal (lembrando que descaso implica em compromisso com o mal), o mesmo tipo de compromisso precisa ser visto on-line. Geralmente simplificamos a questão, condenando sites imorais ou o tempo excessivo de conexão. Porém, a complexidade do plano virtual obriga o cristão a tratar de modo escamoteado as suas sutilezas, sempre com boa dose de reflexão. Há dilemas éticos como uso e compartilhamento  de materiais com direitos autorais, as delimitações para uso de redes sociais no sábado e os modos apropriados para testemunhar em uma nova realidade em rede.
Acima de tudo, conectados ou não à rede, todos necessitamos de conexão com o Provedor, por meio de Sua Palavra, cujo poder transforma nossas perspectivas e nos permite interagir no conflito cósmico como agentes do bem, compartilhando vidas realmente transformadas. Se levarmos em conta que, em filososia, virtual não é antonônimo de real, mas, sim, de atual, poderíamos dizer que as promessas de Deus são virtuais, no sentido de ser uma potencialidade; apenas pela fé, o que é potencial se concretiza em nossa vida. E acrescentaríamos: o poder da Palavra é quem concede acesso ao poder virtual, prometido pelo nosso Intercessor a quem invocar Seu nome no conflito cósmico. Somente assim seremos atualmente vencedores.

Nenhum comentário: