Deus dá um passo além de simplesmente contrariar nossas intenções originais: Ele coloca em nossa boca as intenções divinas. O eco caloroso das igrejas chega aos nossos ouvidos, em chavões carregados de glicose – “venha como você está”, ouvimos. Nada contra. O problema passa a existir quando a verdade do Evangelho é diluída, e essa receptividade torna-se conivente. É um problema relacionado não com aquilo que a frase “venha como você está” diz, mas com aquilo que ela omite.
Se formos a Jesus como estamos, podemos apostar até o último centavo que Seu amor nos receberá. Nosso Salvador é capaz de acariciar os cabelos empapados do filho pródigo e beijar sua face ensebada. Acontece que ir a Jesus significará, em algum momento, ser coberto pelo manto de Sua justiça e receber o anel de herdeiros de Seu reino. A partir daí, mudanças radicais têm lugar! O perdão e a transformação de coração são presentes simultâneos de um Pai que quer o melhor para os filhos. Isto também está no contrato (leia os termos: Hebreus 10:16-17).
Claro que, na vida de Balaão, o processo ocorreu de outra forma. Não se pode afirmar que houvesse uma mudança interior na vida do homem contratado pelos moabitas. Deus constrangeu Balaão a obedecê-Lo, já o dissemos. Por intermédio do profeta, Deus exercia Sua soberania para ser reconhecido pelos pagãos. Estamos tratando de um caso especial.
Em contrapartida, no se refere à salvação de indivíduos, o Senhor interage mais abertamente com a nossa vontade. Faz-se necessário uma obra da vontade em aceitar lançar fora o entulho de intenções humanas. Semelhantes a cascas de fruta sobre a pia, nossas intenções ajuntam moscas. Estão podres. O pecado as corrompeu terminalmente. Jesus espera o engajamento da alma no processo em que as intenções humanas cedam, palmo a palmo, espaço às intenções divinas. Sendo naturalmente carnais até a medula, interagir com Deus é nossa única solução.
No ringue, não podemos acompanhar os movimentos rápidos das inclinações sensuais; torna-se impossível encontrar os desejos egoístas com a guarda desarmada; num instantes, a ganância nos desfere uma seqüência de golpes no rosto; finalmente, o arremate: um direto de esquerda aplicado pela sede de aplausos. Somos nocauteados pela natureza pecaminosa (inerente ao nosso ser) caso lutemos sozinhos. Entretanto, quando se confia na graça de Jesus, nossa vitória não será recompensada por um mero cinturão – alcançaremos caráter santificado!
Confiança – eis a base da sociedade que Deus propõe a mim e a você. Justo, não é? O Senhor espera obediência; ao mesmo tempo, disponibiliza a força que nos fará obedientes. Por que alguém em sã consciência rescindiria um contrato de amor como este?
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