As versões terrestres do santuário
desempenham uma função importante no Antigo Testamento. Por versão terrestre do
santuário incluímos (a) a tenda ou tabernáculo construído na época de Moisés;
(b) o templo de Salomão e (c) o templo construído na época de Zacarias (ou
segundo templo). O santuário nunca foi um lugar místico-sagrado, como se
tivesse poder em si mesmo. Um templo era considerado pelas culturas antigas a
casa ou o palácio das divindades. Entretanto, o santuário israelita jamais
poderia servir para a habitação de um Deus tão grandioso como Yahweh (1 Cr
17:5-6; 2 Cr 6:18 – muito embora o santuário cumprisse a função de servir como
habitação de Deus com Seu povo, o que
se explica mais pelo aspecto relacional do que pela necessidade divina de ter
onde morar, conforme Êx 25:8). Essa função relacional do santuário não
consistia na única razão para que Deus ordenasse sua construção. Por meio das versões terrestres do santuário
e suas cerimônias estava prefigurado o ministério de Cristo em seus múltiplos aspectos
(Hb 8:6-7, 13; 9:8-10, 15, 23-26). O santuário foi dado como uma ilustração
divina para o plano da salvação, além de ser uma ilustração do santuário
celestial.
Dentro do grande conflito, o santuário celestial
adquire uma função tática: dali se tomam as decisões na luta contra Satanás e
sua causa. No santuário celestial está
localizado o trono de Deus (Ap 7:15; 8:3; 16:17; cf.: Ap 4-5). No Apocalipse, o
trono parece ser a própria essência do santuário; se o santuário será transferido
para a cidade santa (Ap 21:3), isso ocorrerá devido à transferência do trono
para lá (Ap 22:3). Onde está o trono de
Deus, está Seu santuário.
É importante ressaltar que o trono de
Satanás é uma tentativa de criar um governo paralelo ao trono localizado no “monte
santo da congregação” (Is 14:13) ou “monte santo de Deus” (Ez 28:14). Muitas
vezes, a montanha é identificada com Yahweh e como local apropriada para o
culto (Gn 22:2; 1 Rs 20:23; Sl 1211-2). Isso
torna o ataque de Satanás um ataque contra o santuário. O plano da salvação
é o contra-ataque divino à iniciativa da rebelião liderada por Satanás, da qual
resultou o grande conflito. O plano da salvação consiste em um conjunto de
ações dramáticas desempenhadas pelo próprio Deus a partir de Seu trono, ou seja, o
plano da salvação se origina no santuário celestial.
Não é à toa que a doutrina do santuário
seja tão negligenciada e combatida, porque as agências satânicas operam para
que essa verdade (e as que gravitam ao seu redor) jamais cheguem ao
conhecimento do pecador (Dn 7:25; 8:9-12; 11:31-32). Entretanto, de Seu trono
Deus julga o universo, quer punindo os ímpios, quer garantindo a salvação dos
santos (Dn 7:9-10, 26-27; Ap 6:16; 7:10-12, 15, 17). A partir do trono que está
localizado no santuário, Deus reivindica Seu caráter e autoridade, punindo a
presunção satânica de exercer uma autoridade rival (Ap 13:2; 16:10).
Por isso, de uma perspectiva escatológica e
estritamente pessoal, Asafe pode encontrar a chave para as aparentes injustiças
do mundo olhando para o santuário (Sl 73:16-17). O santuário é a chave para o grande conflito. Ele aponta para o
juízo escatológico e isso nos dá a certeza de que as ações dos justos nesse
mundo serão recompensadas. De Seu trono no santuário, Deus prepara o desfecho
do grande conflito, reivindicando Seu caráter e julgando o mundo. Seu adversário
será desmascarado e finalmente derrotado. Há esperança no santuário!
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