terça-feira, 17 de julho de 2007

O EVOLUCIONISTA QUE ENTREGOU O OURO



“Poderíamos dizer que o darwinismo funciona como religião alternativa. É exatamente o que diz Michael Ruse, filósofo de ciências. Ruse é evolucionista pugnaz e agressivo, que, em 1982, testemunhou em tribunal contra o estatuto criacionista do Estado de Arkansas. Nessa ocasião, conversou com Duane Gish, famoso criacionista, que o imprensou contra a parede. ‘O problema com os evolucionistas é que vocês não jogam limpo’, disse-lhe Gish. Vocês nos acusam de ensinar uma opinião religiosa, mas ‘vocês, evolucionistas, são a seu modo igualmente religiosos. O cristianismo fala de onde viemos, para onde vamos e o que devemos fazer enquanto isso. Desafio-o a mostrar qual é a diferença com a evolução. A evolução fala de onde você veio, para onde vai e o que fazer enquanto isso.’[1] Em suma, a evolução funciona como religião.

“O comentário irritou Ruse, que não pôde tirar isso da mente. No fim, deu-se conta de que Gish na verdade estava com a razão, que a evolução é ‘mais que mera ciência’, como disse em recente artigo. ‘A evolução veio a ser como um tipo de ideologia secular, substituto explícito do cristianismo.’ Mesmo hoje, ‘é promulgada como ideologia, uma religião secular – uma alternativa madura ao cristianismo, com significado e moral’.

“Ruse se apressa em garantir aos leitores que ele continua sendo “um evolucionista ardente e ex-cristão’. Contudo, ‘tenho de admitir que nesta querela… os literalistas [bíblicos] estão absolutamente certos. A evolução é uma religião. Desde o princípio foi assim, e ainda hoje é verdade’.[2]

“Ruse anunciou seu novo discernimento na reunião anual de 1993 da Associação Americana para o Avanço da Ciência (sigla em inglês AAAS), onde sua apresentação foi recebida com um silêncio aturdido. Um relatório da conferência publicado por um grupo defensor da evolução ficou imaginando: ‘Será que Michael Ruse Entregou o Ouro?’[3]

“Mas Ruse não estava fazendo alegações precipitadas. Ele as fundamentava com exemplos incontestáveis, citando pessoas como Stephen Jay Gould, que afirmou que a evolução ‘liberta o espírito humano’. Por pura provocação, acrescentou Gould, a evolução ‘bate qualquer mito das origens humanas por anos-luz’. Visto que a história evolutiva é contingente de modo completo, ‘em sentido plenamente literal, devemos nossa existência, como mamíferos grandes e racionais, a nossas estrelas da sorte’.[4]

“‘Se isto não for concorrente ao ensino judaico-cristão tradicional’, comenta Ruse de maneira perversa, ‘não sei o que é.’”[5]
Nancy Pearcey
Extraído de "Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural", p. 193

[1] Citado em Michael Ruse, “Saving Darwinism from the Darwinians”, National Post, 13 de maio de 2000, p. B-3.[2] Ruse, ib. Ruse usa a mesma argumentação no seu mais recente livro, Mystery of Mysteries: Is Evolucion a Social Construction? (Cambridge, Massuchusetts: Havard University Press, 1999).[3] Ver Tom Woodward, “Ruse Gives Away the Store, Admits Evolution Is a Philosophy”, em http://www.leaderu.com/real/ri9404/ruse.html.[4] Citado em Ruse, “Saving Darwinism from the Darwinians”. Em outro lugar, Gould foi explícito ao descrever o darwinismo como substituto da religião: “A evolução substituiu a explicação naturalista de consolo desinteressado por nossa convicção anterior de que uma deidade benevolente nos formou diretamente segundo sua própria imagem” (Stephen Jay Gould, “Introduction”, em: Carl Zimmer, Evolucion: The Triumph of na Idea [Nova York: HarperCollins, 2001], p.xi).[5] Ruse, “Saving Darwinism from the Darwinians”.

3 comentários:

Elyson Scafati disse...

Oi Douglas

Esse tema se trata de mais uma lenda urbana criada nos meios criacionistas (desculpe Douglas, mas para mim criacionistas se tornaram "criadores" de farsas, mentiras e engodos a fim de sustentarem suas crenças).

Muito foi omitido da resposta de Ruse a Gish, o qual é bem conhecido por idealizar falácias e sofismas, além de raciocínios totalmente fora de contexto em torno da TE (sinceramente não sei qual é a dele).

Caso levemos em consideração o raciocínio equivocado de Gish, tudo passa a ser tratado como uma religião, o que não é verdade. Aliás, ele é o mestre dos raciocínios furados, embora seja ardiloso, mas se examinado com profundidade dá para abatê-lo. Ruse deve ter sido pego de surpresa.

Um tema científico sob estudo procura:
- Observar fatos;

-Procurar descobrir o que significam esses fatos;

- Procurar descobrir o que significam esses fatos, quais são as regras ou leis que a eles se aplicam;

- Estabelecer previsões com base nas leis aos fatos aplicadas.

Portanto, equiparar temas científicos (mundo do ser) a ideologias (mundo do dever ser) é uma grande impropriedade técnica, bem como filosófica.

Não há ouro algum a ser entregue, uma vez que qualquer tema científico está totalmente aberto a ser discutido e debatido, desde que tragam elementos concretos para o debate, que é o que o criacionismo e seu correlato o DI não fazem.

Não adianta ficar na retórica barata nem em interpretações meramente subjetivas para que um tema seja aceito e debatido abertamente na comunidade científica.

Trabalhos científicos, quando passam pelo crivo da comunidade científica, são sorteados a cientistas da área, os quais não sabem quem é o autor e nem este sabe quem são os avaliadores.

Passam-se os métodos de pesquisa a fim de que sejam reproduzidos pelos avaliadores.

Caso a opinião destes convirja para aquela do examinado, a teoria terá sido fundamentada pela tese desenvolvida.

Do contrário, realizar-se-ão novos estudos que culminarão em confirmação, correção ou desconfirmação do apresentado.

A prática corriqueira do criacionismo e do DI é o argumento da autoridade com base no subjetivismo do autor. Isso não é aceito como evidência de nada.

Quando desenvolvemos trabalhos científicos, se citamos um autor, não fazemos menção à pessoa dele, mas ao seu trabalho como forma de esteio ao que estamos desenvolvendo, se correlacionado ao nosso tema.

O criacionismo e o DI não são aceitos e mesmo são ridicularizados porque não se submetem ao método científico e tão pouco criacionistas liberam seus trabalhos para que outros o analisem (será que há algum receio de serem pegos com as calças na mão?).

Caso eu desenvolva um tema aonde chego a um ponto que a situação gera um impasse, ou uma aparente ausência de solução, não basta concluir brilhantemente que foi Deus e ponto, caso encerrado.

Para mim, isso se denomina preguiça e raciocínio limítrofe.

Não ha necessidade de um título de PHd para ter essa brilhante conclusão. Até uma criança de 3 anos sabe responder dessa forma.

Cientistas podem ter suas opiniões pessoais e serem apaixonados por determinados temas. Todavia seu trabalho deve vir isento de paixões (o ideal é 100% razão).

Eu mesmo sou um apaixonado por processos estatísticos de previsão de riscos em mercados financeiros e em física de partículas, mas ao escrever, elimino minhas paixões e subjetivismos e, quando os faço, cito como minhas opiniões pessoais.

Crer no deus A ou no deus B é uma questão pessoal. Assim, estabelecer que o Deus bíblico é o verdadeiro criador de tudo o que há no mundo, porque assim foi revelado e assim está escrito, é algo subjetivo, que não pode ser considerado como uma resposta plausível como querem os criacionistas e para onde culmina o raciocínio do DI.

A meu ver, estabelecer Deus como resposta é mais um problema que uma solução para o caso, além de levar a discussão para uma área que em nada se coaduna ao objeto estudado.

Há muito escrito por ai sobre deuses, espíritos e suas realizações, os quais também se tratam de revelações aos olhos de outras crenças.

Realmente Douglas a biologia, a física e a química trouxeram um grande avanço ao conhecimento científico, sobretudo a TE no que se refere à compreensão de como as espécies se originaram, o big bang sobre as origens e evolução do universo e a teoria da abiogênese sobre as origens da vida, o que deixou muito para trás todos os mitos da criação que existem por ai.

Se der uma olhada em Levítico 11 – 19, verá que morcegos se classificam como aves (ao menos estão junto com elas), além de no versículo 23 classificar como insetos (3 pares de pés) animais com 4 pares de pés (aracnídeos) acho que é isso que querem dizer ao mencionar 4 pés.

Sem contar as impropriedades que existem no Gênesis 1 (jamais foi descoberto um fóssil de mamífero atual ou do pleistoceno no mesmo extrato de rocha de um dinossauro e nem destes em extratos pré-cambrianos, dirá humanos como nós.

Gênesis, realmente, é sem comentários, mas literalistas entendem isso como algo incontestável e acima de qualquer estudo que o contradiga.

Dirá do retardo do tempo em Josué. Se isso tivesse ocorrido, o planeta seria destruído. Caso tenha ocorrido tal evento de fato (luz equivalente a solar no período da noite), pode ter sido um evento de alinhamento planetário, aurora provocada por tempestades solares, explosão de super nova ou passagem de um corpo celeste, mas jamais desaceleração na rotação da Terra.

Depois disso tudo, tomar a bíblia como ciência, me perdoe, ela está bem longe de cumprir essa função.

Elyson Scafati disse...

Oi Douglas

Esse tema se trata de mais uma lenda urbana criada nos meios criacionistas (desculpe Douglas, mas para mim criacionistas se tornaram "criadores" de farsas, mentiras e engodos a fim de sustentarem suas crenças).

Muito foi omitido da resposta de Ruse a Gish, o qual é bem conhecido por idealizar falácias e sofismas, além de raciocínios totalmente fora de contexto em torno da TE (sinceramente não sei qual é a dele).

Caso levemos em consideração o raciocínio equivocado de Gish, tudo passa a ser tratado como uma religião, o que não é verdade. Aliás, ele é o mestre dos raciocínios furados, embora seja ardiloso, mas se examinado com profundidade dá para abatê-lo. Ruse deve ter sido pego de surpresa.

Um tema científico sob estudo procura:
- Observar fatos;

-Procurar descobrir o que significam esses fatos;

- Procurar descobrir o que significam esses fatos, quais são as regras ou leis que a eles se aplicam;

- Estabelecer previsões com base nas leis aos fatos aplicadas.

Portanto, equiparar temas científicos (mundo do ser) a ideologias (mundo do dever ser) é uma grande impropriedade técnica, bem como filosófica.

Não há ouro algum a ser entregue, uma vez que qualquer tema científico está totalmente aberto a ser discutido e debatido, desde que tragam elementos concretos para o debate, que é o que o criacionismo e seu correlato o DI não fazem.

Não adianta ficar na retórica barata nem em interpretações meramente subjetivas para que um tema seja aceito e debatido abertamente na comunidade científica.

Trabalhos científicos, quando passam pelo crivo da comunidade científica, são sorteados a cientistas da área, os quais não sabem quem é o autor e nem este sabe quem são os avaliadores.

Passam-se os métodos de pesquisa a fim de que sejam reproduzidos pelos avaliadores.

Caso a opinião destes convirja para aquela do examinado, a teoria terá sido fundamentada pela tese desenvolvida.

Do contrário, realizar-se-ão novos estudos que culminarão em confirmação, correção ou desconfirmação do apresentado.

A prática corriqueira do criacionismo e do DI é o argumento da autoridade com base no subjetivismo do autor. Isso não é aceito como evidência de nada.

Quando desenvolvemos trabalhos científicos, se citamos um autor, não fazemos menção à pessoa dele, mas ao seu trabalho como forma de esteio ao que estamos desenvolvendo, se correlacionado ao nosso tema.

O criacionismo e o DI não são aceitos e mesmo são ridicularizados porque não se submetem ao método científico e tão pouco criacionistas liberam seus trabalhos para que outros o analisem (será que há algum receio de serem pegos com as calças na mão?).

Caso eu desenvolva um tema aonde chego a um ponto que a situação gera um impasse, ou uma aparente ausência de solução, não basta concluir brilhantemente que foi Deus e ponto, caso encerrado.

Para mim, isso se denomina preguiça e raciocínio limítrofe.

Não ha necessidade de um título de PHd para ter essa brilhante conclusão. Até uma criança de 3 anos sabe responder dessa forma.

Cientistas podem ter suas opiniões pessoais e serem apaixonados por determinados temas. Todavia seu trabalho deve vir isento de paixões (o ideal é 100% razão).

Eu mesmo sou um apaixonado por processos estatísticos de previsão de riscos em mercados financeiros e em física de partículas, mas ao escrever, elimino minhas paixões e subjetivismos e, quando os faço, cito como minhas opiniões pessoais.

Crer no deus A ou no deus B é uma questão pessoal. Assim, estabelecer que o Deus bíblico é o verdadeiro criador de tudo o que há no mundo, porque assim foi revelado e assim está escrito, é algo subjetivo, que não pode ser considerado como uma resposta plausível como querem os criacionistas e para onde culmina o raciocínio do DI.

A meu ver, estabelecer Deus como resposta é mais um problema que uma solução para o caso, além de levar a discussão para uma área que em nada se coaduna ao objeto estudado.

Há muito escrito por ai sobre deuses, espíritos e suas realizações, os quais também se tratam de revelações aos olhos de outras crenças.

Realmente Douglas a biologia, a física e a química trouxeram um grande avanço ao conhecimento científico, sobretudo a TE no que se refere à compreensão de como as espécies se originaram, o big bang sobre as origens e evolução do universo e a teoria da abiogênese sobre as origens da vida, o que deixou muito para trás todos os mitos da criação que existem por ai.

Se der uma olhada em Levítico 11 – 19, verá que morcegos se classificam como aves (ao menos estão junto com elas), além de no versículo 23 classificar como insetos (3 pares de pés) animais com 4 pares de pés (aracnídeos) acho que é isso que querem dizer ao mencionar 4 pés.

Sem contar as impropriedades que existem no Gênesis 1 (jamais foi descoberto um fóssil de mamífero atual ou do pleistoceno no mesmo extrato de rocha de um dinossauro e nem destes em extratos pré-cambrianos, dirá humanos como nós.

Gênesis, realmente, é sem comentários, mas literalistas entendem isso como algo incontestável e acima de qualquer estudo que o contradiga.

Dirá do retardo do tempo em Josué. Se isso tivesse ocorrido, o planeta seria destruído. Caso tenha ocorrido tal evento de fato (luz equivalente a solar no período da noite), pode ter sido um evento de alinhamento planetário, aurora provocada por tempestades solares, explosão de super nova ou passagem de um corpo celeste, mas jamais desaceleração na rotação da Terra.

Depois disso tudo, tomar a bíblia como ciência, me perdoe, ela está bem longe de cumprir essa função.

Elyson Scafati disse...

Douglas

se estiver a fim de entender um pouquinho sobre ciências, de um modo sério, com abordagens às impropriedades do criacionismo e do DI, envio a vc meu endereço.

Dá muito trabalho desmestificar as bobagens que são criadas ora por falta de conhecimento ora por má fé de adéptos de seitas cristãs.

http://www.cienciaxreligiao.blogspot.com/

boa leitura