segunda-feira, 27 de abril de 2009

O QUE UM FARISEU DIRIA DE CRISTO


Por cedro quer passar o salgueiro. Perturba
Ao povo um galileu.
Desconhecido pela escola, fala à turba,
Que escuta o ensino seu.

É lógico! Quem dentre as gentes lê Moisés?
Acode ao comichão
Um fazedor qualquer de curas, cujos pés
Maldizem a Sião.

Por onde passa, corre essa nova doutrina
– Ilude alguns dos nossos!
Mas ele passará, como aquilo que ensina,
Sem restar sequer ossos.

Tal rebento de mãe antes das núpcias prenhe
Pretende-se Messias!
Ainda que contra ele um escriba se empenhe,
Destila mais porfias.

E o que afirma aliena o homem de seus deveres:
Se “o Reino é vindo a vós”,
Quanto importa se Roma exerce sobre os seres
O seu domínio atroz?

E César? Que dirá quando ouvir do murmúrio
Sobre um rei dos judeus?
Não virá contra nós por causa de um espúrio
Mensageiro de Deus?

E este profeta falso exprobra homens da lei:
De “hipócritas”nos chama!
Rouba a atenção do povo e se define Rei
– Aos de Samaria ama!...

Do bom pai Abraão somos filhos distintos,
Separados de todos.
Ritos nos bastam para elevar aos instintos
E livrar dos engodos.

Por estranho que soe, algo em Cristo estarrece:
Talvez traga no olhar
Constrangedora santidade à luz da prece,
Que não se há de negar.

Por qual razão ele apresenta uma atmosfera
Tão pura que incomoda?
É como um lavrador que, após clemente espera,
Já inicia a poda!...

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