quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O PORÃO DOS MANEQUINS


As experiências da vida trazem contrariedades e contentamento, sublimidade e deslocamento, alívio e angústia, distúrbios e sobriedade.
Essa coletânea de contos explora a hipocrisia, o preconceito, o medo de ser feliz e o sentido da vida. Histórias ora breves, ora mais amplas desvelam um pouco da espiritualidade no conturbado espaço contemporâneo.

Os contos estão/ estarão disponíveis online, como um work in progress. A coletânea se acha disponível em: https://www.widbook.com/ebook/o-porao-dos-manequins

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

ADVENTISTAS E O SEXO



Já não tenho ilusão com respeito à atividade sexual de jovens e solteiros entre nós. Não se trata de afirmação dramática ou dita com frieza. Sofro em saber que muitos, não todos, evidentemente, experimentaram algum tipo de envolvimento sexual com um ou mais parceiros. Contudo, ainda não temos estatísticas que permitam averiguar essa realidade no meio adventista. Porém, eu e muitos colegas pastores atendemos casais de jovens frustrados, confusos e devastados porque se entregaram ao prazer por impulso, paixão ou curiosidade. Ou acompanhamos solteiros, divorciados e viúvos que acabaram não resistindo às tentações sexuais.
Obviamente, a problemática extrapola a questão da prática sexual pré-marital. Há questões igualmente preocupantes envolvendo a prática sexual extraconjugal. Novamente, a falta de estatísticas se torna um empecilho a qualquer estratégia de contornar esse mal, cujas consequências são devastadoras. Membros do movimento adventista, quer não envolvidos, quer líderes denominacionais, e mesmo alguns obreiros,  destroem suas famílias ou lutam para manter as aparências. Quando a situação vem à tona, além do sofrimento dos envolvidos, perde a igreja como um todo.
Há muitas iniciativas de departamentos da igreja, dos próprios campos e esforços de pessoas preocupadas para fortalecer os laços familiares. Às vezes, o tema da sexualidade é tratado pela via negativa, enfatizando os perigos de uma gravidez precoce, os problemas acarretados pela masturbação, o vício da pornografia (bastante facilitado pelo advento da internet), entre outros aspectos. Todavia, algumas iniciativas, se exploradas, certamente ajudariam a conter as condutas sexuais divergentes do estilo de vida bíblico. Sem querer esgotar o assunto, cito e comento algumas dessas iniciativas, a título de sugestão e visando enriquecer o debate sobre sexualidade no meio adventista:
1. Criar programas de sexualidade para todos os membros, em todos os níveis: geralmente, restringimos as orientações sexuais a jovens e casais de noivos ou com matrimônio constituído. E o fazemos dando, em geral, orientações básicas. Deveríamos ampliar o leque, constituindo estratégias customizadas para cada nível. Os juvenis precisam saber que a atividade sexual é um presente de Deus, motivo de desfrute da vida conjugal e, ao mesmo tempo, precisa ter lugar dentro do matrimônio. Adolescentes precisam saber não só que a pornografia é prejudicial, mas quais as estratégias para vencer a tentação. Adultos casados precisam saber que, ao contrário do que afirma o mundo, nem tudo o que se faz a quatro paredes é válido. Em todos esses exemplos, mais do que limites, precisa ficar claro a teologia bíblica do sexo;
2. Estabelecer um programa contínuo com as famílias: mais do que programas na igreja, a médio e longo prazo, baseados em sólida teologia, as famílias precisam receber suporte para transmitir uma sexualidade saudável aos filhos. Boa parte dos casos de adolescentes com orientação homossexual que atendi tem muito que ver com lares desestruturados ou pais ausentes. Os filhos precisam sentir que confiam nos pais, a ponto de relatarem qualquer tipo de abuso ou assédio que sofram na escola, vizinhança, parentes próximos, etc. Nos cultos familiares, a aliança da família precisa ser fortalecida para inspiras meninos e meninos, moças e rapazes para almejarem, com brilho nos olhos, constituir um lar tão feliz quanto tiveram na infância e adolescência;
3. Criar grupos de apoio para adictos em sexualidade: lutar contra vícios sexuais é tão ou mais desafiador que enfrentar outros tipos de adicção. Portanto, grupos de apoio, baseados em mentoria e conselhos práticos são o tipo de ministério que certamente ajudariam aqueles que têm suas próprias batalhas. Esse tipo de grupo pode seguir o formato de um pequeno grupo ou classe especial, envolvendo segmentos específicos. Outras pessoas que se beneficiariam com esse atendimento seriam divorciados (que geralmente negligenciamos) e viúvos. Para aqueles que foram sexualmente ativos e perderam ou se separaram do cônjuge não é tarefa simples viver como solteiros cristãos, isentos de pensamentos sexuais, alimentados por lembranças de experiências. A tendência é que se envolvam prematuramente em relacionamentos que levem a relações sexuais pré-maritais ou acabem contraindo vícios sexuais. Por isso, essas classes necessitam de assistência especial, a fim de saberem como lidar com a sexualidade em um novo estágio após o casamento.
Sem dúvida, Deus deseja que tenhamos uma sexualidade saudável, o que significa esperar nele para encontrarmos amor e companheirismo autêntico, formando o vínculo do matrimônio – ambiente propício para a expressão física do amor.

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O BLOG NO BLACK FRIDAY


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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

domingo, 22 de novembro de 2015

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

BÊNÇÃO OUVIDA


Seu coração domou medos, em ritmo
De início apaixonante, som de vida
Em preparação, força desprendida,
Equação não expressa em algoritmo.
Seu coração lhe ultrapassa em dimensão
E agrilhoa meus olhos nessa espera;
Coração que se faz própria atmosfera
– Se respiro, respiro coração.
Os dias. O futuro, névoa ainda,
Como todo croqui, nasce mistério,
Até o traço ter contorno sério,
Sendo possível ver: que forma linda!

Seu coração – presente do Deus Santo,
Para quem suplicou por isso tanto!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

TRÊS É (BOM) DEMAIS!


Um comercial de chocolate perguntava: "e se as coisas boas da vida fossem três?". Às vezes, são.  Estamos com um promoção-relâmpago: 3 exemplares de Explosão Y por um preço especial. Aproveite! Clique no botão abaixo e garanta agora sua coleção.


domingo, 9 de agosto de 2015

SINCERIDADE E RESPOSTAS


Faz uma década que convivo com adolescentes. Com o tempo, você acaba conquistando a confiança deles. Aprende que eles são sinceros de forma crônica. Não poucos entre os adolescentes enfrentam a religião dos pais como quem luta contra regras obsoletas. Claro que, para um adolescente, as únicas regras não obsoletas estão no grupo daquelas que convém (os adultos, em geral, têm mais pudores para dissimular esse comportamento).
Eles não são culpados, tomando um exemplo, por não assimilarem a ideia de termos uma profetiza moderna. Nós, adultos, somos mestres em evitar esse assunto, tratando algo digno de gratidão como tema espinhoso!
Aliás, durante uma aula, um aluno muito espontaneamente perguntou o quão "moderna" era a profetiza, que viveu há... 100 anos! Convencê-los da atualidade dos conselhos inspirados é quase como apelar para que comprem fichas e façam a ligação em algum telefone público. Entretanto, não é apenas algo necessário, como imprescindível.
Se mesmo entre os melhores jovens permanecem tantas dúvidas sinceras, que dizer do quadro geral? Quando olhamos para uma geração inteira que assiste o culto de cabeça baixa, mais preocupada em responder as mensagens no WhatsApp do que naquilo que acontece durante os momentos solenes, como não se preocupar?
Não se trata de alugar um ginásio, convidar o cantor gospel do momento, entoar 10 músicas repetitivas e fazer um discurso emocional. Os adolescentes precisam saber coisas concretas sobre a fé adventista. Menos espetáculo e mais estudo da Verdade. Ensinar meninas e rapazes a marcarem em suas Bíblias cadeias de textos (devidamente contextualizados) para que entendam em que baseiam as doutrinas - isso ajudaria a vencer dúvidas e aumentaria o envolvimento com a missão. Afinal, eu não compartilho algo se não conheço o suficiente para explicar. Treinamentos missionários, simulando desafios reais, e projetos que ajudem a conhecer melhor a história do movimento adventista seriam outras ações possíveis.  
Pais, líderes e educadores precisam criar fórunspensando em como ajudar a nova geração a retomar a base bíblica adventista. Necessitam igualmente dar o exemplo para os jovens de que se acham pessoalmente envolvidos na salvação de almas e que seu maior interesse é a vida eterna. Quando "culto de pôr do sol" e "culto familiar" não soarem como alienígenas nos ouvidos de famílias adventistas, significativa mudança surgirá entre os adolescentes. 
Não basta pais piedosos orarem por seus filhos; pais espirituais precisam orar com eles e lhes ensinar a amar a Verdade a ponto de encarná-la em sua própria vida. Afinal, a sinceridade adolescente merece respostas, fruto de um cristianismo autêntico.    


segunda-feira, 27 de julho de 2015

MÁSCARA E SUB-MÁSCARA


Reconhecido como um dos melhores poetas contemporâneos em Língua Portuguesa, Fernando Pessoa demorou a se adaptar ao idioma materno, devido ao tempo passado na Inglaterra durante os anos de formação. Os primeiros versos de Pessoa foram ainda escritos em inglês. Aqui apresento uma tradução de um dos sonetos escritos pelo luso, o de número 8, bastante conhecido. Aparece em versos decassílabos e mesmo esquema de rimas.

How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever consciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;

And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.

(trad. Douglas Reis)

Quanta máscara e sub-máscara para
Sobre o nosso semblante da alma, e quando
Por jogo a alma a si mesma desmascara,
Reconhece o disfarce e o rosto brando?
Nada a máscara real sob outra sente,
Mas vê por meio de olhos mascarados.
Assim que a consciência à obra se apresente,
A obra aceita traz sonos encadeados.
Qual teme a criança as faces espelhadas,
Nossa alma, que é criança e ideia ida,
Põe diferença em caretas observadas,
Pondo ao mundo todo em causa perdida.

Se vem a ideia máscaras tirar
Não sem máscaras vem desmascarar.

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quarta-feira, 22 de julho de 2015

quinta-feira, 16 de julho de 2015

ORNITORRINCOS E PAPAGAIOS



Ávido de obter quietude
Nesta Babilônia de afetos
Tão inoportunos. Corrompo
Pés sofisticados na lama
– Minha condição impensada.

Ranjo os dentes. Eu, torturado,
Vulto ciclotímico nas ruas,
Parte do mosaico de ferro;
Nada se parece com o antes
– Minha infância sob o concreto
Perde o colorido. O que resta?

Uma sensação histriônica,
Digna de maníacos, surge
Quando me deparo com prazos.
Sempre a trajetória das horas,
Vindo ineludível contra a alma.

Penso. Consternado. Penso alto.
Penso em espiral. Logo esqueço.

Ouço ornitorrincos em pânico,
Todos afogados. E eu vendo
Ônibus atrás de dezenas
De outros. Irritado, desabo.
Quando anoitecer, dormirei
Perto da lareira, na praia
Ou na cordilheira dos Andes.

Tenho a sensação de que estou
Dentro do viveiro, cercado
Pelos papagaios do asfalto.

Com coloração destacada,
Quais tagarelices imitam?
Sem ineditismo aparente,
Fazem narrações repisadas,
Vasto vozerio de cópias.

Há infiltração nos pulmões
– Pobre ornitorrinco esquecido
Longe do cortejo de sósias
Presas à aparência vivaz.

Acho que domingo retorno
Para me esquecer de mil caos.
Para me irritar em parcelas
Menos repetidas de tempo,
Ávido de obter quietude
– Quando anoitecer, dormirei.

Mas se demorar a dormir,
Posso ornitorrincos contar
(Contem os demais seus carneiros!).


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