sábado, 3 de dezembro de 2011

MITRAÍSMO IDEALIZADO



Na quarta série
Rabisquei no sulfite
O pôr-do-sol que ainda admiro:

Mesclas violáceas
Tingindo acetinadas
Cordilheiras de nuvens;

Desprendiam-se
Estalactites de ouro
Do céu sobre árvores e asfalto.

Com giz-de-cera
Retratei a realidade
Como a havia formado:

Meu sol se punha
Em ascensão até
Escoltar a lua ao seu trono;

Detestei sempre
Quando o sol se inclinava
Ao ninho de montanhas.

A luz mais alta
Saía daquela forma
– Cintilante rato escondendo-se?!

Era alguma outra,
Uma esfera covarde
Fingindo ser o sol

– Sol impostor,
Tímido e foragido;
Não são o mesmo sol – ou são?

Se há um sol só,
Como aceitar o ocaso,
Ocasião de declínio?

Serão as coisas,
Coisas às quais amamos,
Que jamais são como queremos,

Ou nós que amamos
Somente o que queremos
Quando em amor falamos?

Até o agora
Muitos sois se puseram
E ainda a resposta não raiou.

Um comentário:

Sr. Eulálio disse...

Belíssimo poema, típico de um sincero buscador da Verdade... Parabéns...!