De acordo com a revista Veja, Luma de
Oliveira declarou em seu instagram que seu ex-marido, o empresário Eike
Batista, é um homem de fé. A frase aparece no contexto da prisão de Eike, em vista da acusação de ter pago o equivalente a
R$ 52 milhões de propina ao ex-governador carioca Sérgio Cabral.Da mesma forma como outros réus da Operação Lava-Jato, a expectativa é de que Eike
participe de deleção-premiada.
O que destaco nessa história é que a frase
“homem de fé” ou a atribuição de fé a alguém que passe por uma crise ou momento
difícil, já se tornou lugar-comum. Na tragédia nacional envolvendo os jogadores
da Associação Chapecoense de Futebol, espalhou-se nacionalmente a tag #ForçaChape. Fé e força são termos intercambiáveis, desejados a
vítimas ou como manifestação de apoio. Força e fé aparecem como binômio para
identificar resignação, resiliência, coragem e capacidade de enfrentar a prova.
Evidentemente, essa acepção de fé,
embora encontre sua raiz no texto bíblico, não aparece diretamente vinculada à
fé cristã, mesmo que se infira que a pessoa que dispões de fé na crise esteja
manifestando sua confiança em Deus – o que, em geral, fica implícito. Entretanto,
mesmo pessoas que não são conhecidas por efusivas manifestações de religiosidade,
aparecem associadas à fé ao passar por privações. É igualmente comum que se
diga: “nossas orações estão com”, em clara manifestação de apoio (como o fez
Zidane, ex-jogador e técnico do Real Madrid em entrevista coletiva, logo após a
tragédia com a chapecoense).
Essa linguagem religiosa com transfundo
secular, dita em contextos de catástrofes ou tragédias, quer coletivas ou
pessoais, denota um último recurso para se atingir a esperança quando se
percebe sua necessidade, ainda que não se filie a esperança diretamente com a
concepção bíblica. Aparece mais como uma substituição semântica, uma medida
protocolar para transmitir desejos de melhoras, demonstrar apoio, simpatia ou
solidariedade para com as vítimas.
Obviamente, a Bíblia ensina que devemos
ter fé durante os períodos de aflição. A grande indagação, porém, é: que tipo
de fé? Fé em quem? Em nós? Em dias melhores, na justiça, no futuro? Se a fé não
estiver alicerçada devidamente em Deus (Hb 11:1, 6), não passará de um discurso
vazio, uma palavra inócua. Ser um “homem de fé” ou “mulher de fé” implica em
andar pela fé, ou seja, desenvolver um relacionamento com Deus, mediante a
pessoa de Jesus Cristo, que resulte em vida de obediência aos mandamentos
divinos, pelo poder do Espírito atuando na pessoa. Dessa fé todos precisamos,
quer nos bons ou nos escuros momentos da vida.
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