A
cultura pop, expandida a partir do
advento dos meios de comunicação em massa, surgiu com a função básica de
entreter, seguindo algumas premissas comerciais. O foco dessa cultura é
claramente o público mais jovem, havendo uma supervalorização da adolescência. É
comum que se diga que enquanto o cinema europeu trata seu expectador como
adulto, o americano se dirija a adolescentes. A observação vale para músicas,
quadrinhos, entre outros produtos da cultura pop.
Essa
infantilização é vista por diversas características: a ênfase na espontaneidade
(observe que todo julgamento em um tribunal nos blockbusters são interrompidos de alguma forma); o rompimento com
convenções sociais (Hollywood é a
terra das noivas que desistem do casamento praticamente diante do altar para
correr para os braços do amor verdadeiro); quebra de convenções sociais (sempre
há uma personagem que obedece às regras e aprende a se “soltar”); isso além de diálogos
rasos, roteiros ilógicos e ações inconsequentes.
Os
conceitos da cultura pop influenciaram
valores sociais ao longo de décadas, diluindo a herança protestante – do trabalho
duro, da economia quase estoica, do propósito maior da vida consistir em servir
a Deus, etc –, legado comum tanto aos Estados Unidos, quanto aos diversos
países europeus. O ethos
contemporâneo reflete muito mais características do hedonismo do que a
mentalidade dos pais pioneiros.
Zygmunt
Bauman sempre apontou a insegurança, volatilidade e infantilismo do capitalismo
ocidental. A sociedade de consumo muitas vezes se parece com um passeio que as
crianças de uma creche fizessem à seção de brinquedos de uma loja de departamentos.
Claro
que quando se pensa na Web 2.0, a segunda fase da virtualização que se
caracteriza pelo advento das mídias sociais, a mesma superficialidade,
vulgaridade, boataria, humor raso e mensagens pseudo-espirituais marca forte
presença. Seria injusto dizer que todo material compartilhado entraria nessas
características, mas é inegável que isso se aplica à grande maioria do que se
vê. Há muito que poderia ser dito sobre a depressão associada ao Facebook ou à ansiedade gerada pelos
comunicadores instantâneos. Especialmente a pesquisa de Nicholas Carr é digna
de nota, por revelar como o uso excessivo da internet desfavorece o aprofundamento intelectual necessário para a
leitura de um livro, por exemplo.
Nessa
época de superficialidade, cristãos podem tomar algumas atitudes para evitar de
se tornarem igualmente superficiais:
(a) Estudar a Bíblia:
o estudo exaustivo da Palavra, além de representar um poderoso tonificar
espiritual, contribui para uma percepção acurada da realidade, provendo uma
moldura para interpretar os acontecimentos. Essa estrutura é o tema do embate
cósmico entre Cristo e Satanás. A Bíblia ainda fortalece o intelecto, ao exigir
que a mente humana sistematize as informações que ela fornece de forma
propositadamente esparsa;
(b) Ler livros cristãos profundos: tanto alguns clássicos cristãos, quanto livros que
realizam estudos de temas bíblicos de forma séria são importantes para a
formação espiritual e para conhecer melhor diversos aspectos e implicações da
própria fé cristã. Evidentemente, há muito material descartável publicado por
editoras cristãs e isso precisa ser evitado;
(c) Cultivar hábitos saudáveis: a mensagem cristã pressupõe uma antropologia
holística, admitindo que o homem não possui uma alma separada do corpo, como
ensina a filosofia grega. Por isso, cuidado com a saúde faz parte de uma vida
cristã equilibrada. Considerações sobre hábitos alimentares, separar tempo para
exercícios físicos, tomar a quantidade ideal de água, dormir de forma adequada,
entre outros tópicos igualmente fundamentais, são ações que evitam que a vida seja
gasta de forma passiva, sedentária e vitimada pelo apego excessivo às mídias
(como as famosas “maratonas de séries”, para ficar com um exemplo);
(d) Interagir com pessoas reais: a ficção domina muitas mídias e até nas redes
sociais pode-se criar uma existência fictícia; falta encarar a vida como ele é,
cheia de perdas e dores, marcada pelos fracassos e sonhos. Sobretudo, falta uma
perspectiva de realismo bíblico – que consiste em enxergar a vida não como um
parque de diversão, mas um campo da batalha espiritual, no qual somos chamados
a atuar como agentes do Reino do Senhor Jesus Cristo;
(e) Cultivar a experiência espiritual comunitária: aprofundamento de pessoas, desenvolvimento de
talentos e crescimento espiritual são elementos que interagem entre si dentro
da comunidade da fé. Daí a importância da frequência e participação em uma
congregação local. Firmar-se na fé e no ensino também são outros dos benefícios
providos por essa experiência coletiva.
Seria
muito bom que os cristãos se destacassem como pessoas equilibradas, bondosas,
inteligentes e diferenciadas em um mundo quase que completamente submerso na
superficialidade…
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