O evangelicalismo legou um
evangelho pela metade, sem preocupação com a mente cristã. Em parte, os
apologetas do período moderno tentaram oferecer um contraponto, mas recorreram à
filosofia. Nem pregadores, nem apologetas equalizaram uma fé integral, que
abrangesse o estilo de vida bíblico.
Com a cultura divorciada das bases
cristãs, geração após geração surge possuindo menos familiaridade com a Bíblia.
Muitos sentem até repulsa em relação ao livro cristão – porque associam
cristianismo com homofobia, pessoas pouco estudadas, pastores envolvidos em
escândalos e preconceitos diversos.
Há décadas se discutem métodos para
revolucionar a igreja, procurando atrair os descrentes. Alguns desses métodos
se parecem com estratégias de marketing,
outros propõem uma revolução mais radical, atingindo o próprio cerne do
cristianismo, aproximando-o, assim, da própria cultura contemporânea. Contudo,
há um silêncio assustador no que se refere à revolução de vidas. Por isso, até
mesmo quando alguns métodos se mostram eficazes e multidões são atraídas ao
evangelho, poucos permanecem cristãos depois de certo tempo. Parece que a vida
espiritual perde interesse, torna-se vazia e cheia de ambiguidades.
A versão do evangelho pregado em
muitos segmentos do cristianismo é incapaz de mudar vidas. Sem um conteúdo
bíblico sólido e um incentivo a buscar a integração completa entre a vida
cristã e os ensinos escriturísticos, só lhes resta propor soluções paliativas. Meias
medidas, como adicionar guitarras e cajons
à liturgia. Tirar a gravata dos pregadores e colocar em seus discursos uma
pitada de autoajuda.
O evangelho eterno é uma mensagem
de salvação integral. Reformula nosso comportamento, ações, pensamentos,
valores, cosmovisão, tudo! Esse evangelho está estruturado na mensagem de um
Salvador prometido, encarnado, crucificado, ressurreto, assunto e atuante em
Seu santuário. A centralidade da obra de Jesus torna efetivo o amor de Deus que
transforma. Isso provê uma estrutura para responder as grandes indagações, para
atuar de forma justa, viver relacionamentos gratificantes e reagir com
esperança em contextos marcados por corrupção, desigualdade e violência.
O mundo não precisa de artistas
gospel aparecendo em programas dominicais ou youtubers cristãos tão histriônicos quanto as vertentes seculares
(claro que há youtubers sensatos dos
dois lados, mas temo serem a minoria). Cristãos parecem tão focados em atingir
as pessoas com sua mensagem que se esquecem de que podem denegri-la ou corrompe-la
quando apelam a jargões, formatos, ritmos e meios caracteristicamente
seculares. Fazem um desserviço ao evangelho.
De que as pessoas precisam? De pais
que amem aos seus filhos adolescentes e lhes sirvam de exemplo. De famílias
realmente harmoniosas e equilibradas. De empresários honestos e humanos. De professores
capazes de amar e se interessar pelos alunos. De mecânicos que cobrem o preço
justo por um serviço excelente. De motoristas que se portem de maneira pacífica
e ordeira. Enfim, o mundo está faminto pelo amor cristão, esperando ele deixar
de ser simplesmente o tema de tantos sermões para ser o tema de algumas vidas.
A mensagem correta, bíblica,
integral e transformadora deve tornar-se visível na vida do povo que espera o
retorno de Jesus. Afinal, há um mundo que espera vê-la, para depois ouvi-la. Toda
uma geração exigente, crítica e cética aguarda algo que lhes dê satisfação
intelectual e respostas verdadeiramente praticáveis. E apenas o evangelho de
Cristo preenche esses requisitos. Mas a mídia cristã, cheia de boas intenções e
baixo orçamento, diz pouco a eles. Os eventos promovidos por igrejas podem até
lhes despertar a curiosidade e proporcionar entretenimento. Programações evangelísticas
são eficazes na medida em que eles abrem mão de seus preconceitos – e isso não
ocorre sempre.
Porém, quando os jovens dessa
geração conhecem e se relacionam com cristãos dedicados, humildes e fiéis, o
poder do Espírito fala ao seu coração. Uma vida transformada é o melhor convite
para que alguém aceite a transformação que Jesus oferece. Infelizmente, ainda
se concentram esforços na direção errada. Queremos nos aproximar do mundo para ganha-lo
quando deveríamos investir em gastar tempo em comunhão. Somente ligados a Jesus
receberemos o poder que nos habilitará a ganhar qualquer geração. Precisamos do
evangelho integral em nossa experiência. Devemos isso a tantos que necessitam
dele. Devemos isso a Deus, que nos chamou para confiar nos métodos dele, não
nos nossos.
Leia também:
2 comentários:
Perfeito! Direto ao cerne da questão. Conhecer Jesus. Comunhão. Viver o evangelho.
Perfeito. Disse tudo.
Postar um comentário