sexta-feira, 16 de novembro de 2012

5 RAZÕES PARA REJEITAR OS ESCRITOS DE ELLEN G. WHITE


Os adventistas acreditam na permanência dos dons espirituais (1 Co 12:4-7; 13:8-10) e compreendem que o dom de profecia é vigente entre o povo de Deus (1 Co 13:8; 14:5; Jl 2:28), constituindo-se um poderoso instrumento orientador. Reconhecem ainda que Ellen G. White (doravante, EGW), uma das pioneiras e mentoras do movimento, recebeu o dom de profecia, empregado ao longo de seu ministério de praticamente 70 anos. Uma análise do que EGW escreveu com os ensinamentos bíblicos revelaria a harmonia entre eles e sua coerência.
Entrementes, desde sua própria época até à contemporaneidade, EGW sofre críticas das mais diversas. Mesmo entre os professos adventistas, há aqueles que, velada ou abertamente, por ignorância ou decisão racional (ista), têm encontrado dificuldades de crer em seus escritos. Nesse espaço, refletiremos sobre algumas das motivações para isso. 
Possivelmente, existiriam tantas motivações quanto há críticas. Para facilitar nossa reflexão, condensamos e categorizamos os fatores que levam à descrença e apresentamos algumas podenderações. Cremos que mesmo os não-adventistas, quer simpatizantes com o movimento ou seus ardorosos opositores, poderão se beneficiar dessas reflexões, uma vez que se encontram em posição distante o suficiente para avaliar os argumentos e tirar suas conclusões.
Benefício maior terão os adventistas que, caso concordem com a posição oficial da denominação, poderão (1) reconhecer as dificuldades de seus companheiros de jornada, (2) analisar os riscos que sua fé corre e (3) encontrar argumentos para continuar crendo; caso se sintam inclinados a descrer da autoridade profética de Ellen White, terão oportunidade de (1) reconhecer suas dúvidas, (2) refletir sobre suas motivações para descrer e (3) honestamente tomar um posicionamento claro, em face da natureza do adventismo (falaremos sobre esse ponto adiante).
Como esse texto é um ensaio popular e não um trabalho acadêmico, tomamos algumas liberdades. Uma delas, visível desde as primeiras linhas, é a abordagem despojada, o que facilitará um maior número de leitores a que tenham acesso à argumentação. Visamos a apresentação do assunto em linhas gerais, sem gastar tempo com detalhes técnicos, que podem ser encontrados em muitos recentes trabalhos de pesquisa. Ao mesmo tempo, optamos por uma linguagem mais amena, para que ninguém se sinta ofendido, embora, em alguns momentos, a veemência na defesa de alguns pontos seja requerida. Mas nunca o fazemos para magoar ou causar polêmica per si. Sinceramente, objetivamos apresentar a "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3) e admoestar àqueles que estejam ensinando "outra doutrina", sempre com "com consciência boa, e de fé, sem hipocrisia" (1 Tm 1:3,5).
Feitas as considerações preliminares, passo à apresentação dos motivos mais frequentes para a rejeição dos escritos de EGW entre os adventistas:
1. Os escritos de EGW representam apenas a “luz menor”; devemos manter nossa fé na Bíblia: Os adventistas liberais na década de 1970s (e antes), apegaram-se à declaração da autora para justificar um rebaixamento de seus escritos, como se eles fossem inspirados em grau menor, em relação à Bíblia. Outro caso famoso: para justificar a disparidade de suas próprias opiniões com as de EGW, o teólogo adventista Desdemond Ford argumentou que ela teria apenas autoridade pastoral. De fato, seria correto conceber que EGW recebeu inspiração menor se comparada a dos profetas bíblicos? É precária a argumentação, porque teríamos de admitir que a Inspiração é um fenômeno gradual, coisa estranha à Bíblia (2 Tm 3:15; note a expressão: "Toda escritura é inspirada", afirmando que os escritos inspirados são de mesma natureza, a despeito de seus enfoques e gêneros literários distintos). Os autores bíblicos sempre se consideraram inspirados, porque reconheciam a atuação do Espírito em suas mentes, embora não explecitem ou detalhem o modus operandi do fenômeno. Há escritos inspirados ou não inspirados; nada como mais ou menos inspirados. A expressão "luz menor" vem sendo entendida pela maioria dos teólogos adventistas em seu aspecto funcional: assim, a luz menor possuiria aplicação mais restrita, ou seja, esclarecer, demonstrar e aplicar conceitos mais gerais, encontrados na "luz maior", a Bíblia. Ainda assim,  na prática, quando alguns alegam pejorativamente que os escritos de EGW são apenas a "luz menor", pressupõem um conflito insuperável entre eles e as Escrituras, ou pelo menos, a sua maneira de compreendê-las;
2. Os escritos de EGW contradizem a Bíblia, apresentando detalhes ausentes do texto sagrado: Na década de 1990s, Steven Daily escreveu sobre como deveria ser o adventismo voltado para a próxima geração. Um dos pontos sensíveis é resolver as tensões entre a Bíblia e os escritos de EGW decidindo-se por ficar sempre ao lado do primeiro livro. Para Daily as tensões não apenas são reais, mas insolúveis. Portanto, resta-nos descartar qualquer coisa proveniente da autora da qual se suspeite (mesmo que minimamente) contradizer a Bíblia. Porém, a proposta ignora que se dois tipos de escrito, admitidamente inspirados, mostram-se contraditórios, então ou a própria inspiração é questionável ou, ao menos, um deles não poderia ser considerado inspirado. Nesse sentido, vale o conselho de Paulo em 1 Ts 5:19-21, sobre avaliar as profecias, que alguns tomam desavisadamente como se o cristão devesse experimentar de tudo e "reter o que é bom". O contexto limita o exame à manifestações proféticas, que devem ser avaliadas conforme sua conformidade total às demais escrituras. Cf.: Is 8:19-20, 1 Jo4:1. Tudo indica que Daily já fez a escolha dele em favor da última opção. Claro que se trata de um falso dilema contrapor os testemunhos às Escrituras. Mesmo porque, se EGW repetisse exatamente as mesmas orientações encontradas na Bíblia, não precisaríamos em absoluto do que ela escreveu! A Verdade é progressiva (2 Pe 1:19). Em seu discurso profético (Mt 24), Jesus tomou vários pontos dos escritos de Daniel e outros profetas vétero-testamentários. Por seu turno, Paulo reelaborou os conceitos do discurso de Cristo e ainda encontramos ampliações dele no livro de Apocalipse. É natural que o profeta posterior expanda seus antecessores. O próprio Jesus criticou a prática de valorizar profetas passados em detrimento dos contemporâneos (Mt 23:29-30), ao passo que cada  profeta é o teste para a devoção obediente de sua geração (v. 34-35). Em parte, essa confusão se estabelece devido a falsos conceitos relacionados às influências da cultura sobre os escritos de EGW;
3. Os escritos de EGW representam a visão particular da autora, uma senhora vitoriana que viveu num contexto de evangelicalismo tradicional: a compreensão do contexto cultural em que viveu determinado profeta sempre é útil para compreensão de sua mensagem. Infelizmente, a Alta Crítica dos séculos XVIII e XIX eliminou o fator sobrenatural da Inspiração, creditando a matéria bíblica apenas ao elemento humano. As Escrituras deixaram de ser a Palavra inspirada por Deus para se tornar a palavra de homens místicos. Não se tratava do que Deus dizia, mas do que diziam acerca dEle. O método histórico-crítico, com seus pressupostos naturalistas, ainda sobrevive e, infelizmente, influencia teólogos adventistas, que o adotam integralmente ou de forma adaptada. Como não poderia deixar de ser, a consequência natural é estender essa compreensão aos escritos de EGW, limitando-os ao seu próprio cercado histórico bem delimitado. Quando se parte dessas pressuposições, tanto a Bíblia quanto os testemunhos têm pouco a dizer para o homem do século XXI. Pode-se extrair um princípio aqui ou acolá, mas a maioria das diretrizes estariam "contaminadas" por uma cultura tão distante da nossa que seria ilógico adotá-la por meio de seus princípios. Daí teríamos espaço (na melhor das hipóteses) para o existencialismo cristão, o qual talvez ecoe na abordagem meramente devocional dada aos escritos de EGW, ou na conclusão de que o que ela escreveu não passe de "conselhos", nada que chegue a ser normativo. Obviamente, não há fundamento bíblico para limitar um escrito inspirado à sua cultura. Não estamos negando a influência cultural sobre indivíduos. Mesmo Deus Se sujeitou em diversas ocasiões à cultura humana, como quando Se revelou aos profetos judeus ou encarnou na Palestina do I século. Porém, Deus é um Ser real, e de uma realidade que transcende a cultura. Sua revelação, embora se expresse dentro de culturas particulares, é fruto da obra do Espírito Santo, que de fato falou a indivíduos em dado tempo e espaço (1 Pe 2:20-21). Em conexão com a prática de datar os escritos de EGW, está a acusação de que eles representam um estágio anterior do evangelicalismo, marcado por legalismo e severidade;
4. Os escritos de EGW representam um cristianismo legalista: As normas de conduta, vestuário, namoro, alimentação e vida cristã encontradas na pena de EGW parecem severas, exageradas e antiquadas. Como sustentá-las? Algumas até parecem suficientemente constrangedoras para admití-las em público! Ainda assim, por seu compromisso com doutrinas bíblicas, tais quais a observância dos dez mandamentos e o respeito às leis dietéticas, os adventistas são taxados naturalmente de legalistas pelos evangélicos em geral. Seriam, então, as Escrituras, fonte de legalismo? Em verdade, temos de entender que o liberalismo teológico e a própria liberdade irrestrita advogada pela pós-modernidade favorecem o entendimento de que o indivíduo deve criar suas próprias regras. Quaisquer normas para além disso seriam absurdas - mesmo as que Deus tenha a transmitir. Temos de nos lembrar que mesmo o apóstolo Paulo, o autor do NT que mais lutou contra práticas legalistas, defendeu que os cristãos foram salvos para as "boas obras" (Ef 2:8-10), investindo praticamente em cada fim das epístolas que escrevia sobre necessidade de observar normas específicas de conduta, chegando ao ponto de dizer o que deveria ocupar nosso pensamento (Fl 4:8)! Para justificar a rejeição de porções específicas dos escritos de EGW, muitos adventistas alegam que seriam seções não inspiradas, fruto ou de plágio de autores de sua época ou mesmo de interpolações e acréscimos feitos pelos editores e depositários de seus escritos;
5. Os escritos de EGW são resultado de plágio e constantes adulterações por parte dos depositários de seu patrimônio literário: Desde a publicação de The White Lie, de Walter Rea, acusações ad hominem se multiplicam contra EGW, principalmente a de plagiadora. Possivelmente, D.M. Canright, o primeiro grande apóstata do adventismo, seja o autor dessa acusação, que se sofisticou ao longo do tempo. De fato, EGW recorre a expressões e material de autores de sua época. Isso diminuiria a inspiração de seus escritos? É mister lembrarmos que até os autores bíblicos recorrem a citações de escritores de sua época: Paulo cita o poeta Arato, em sua obra Os fenômenos (At 17:28) e Judas cita o livro apócrifo de Enoque (Jd 14-15). A Inspiração pode selecionar materiais e usá-los conforme seus propósitos. Lucas mesmo admite ter escrito seu evangelho não por meio de visões ou aparições de anjos, porém baseado em "acurada investigação", entrevistando "testemunhas oculares" - nem por isso, admitir-se-ia que seu evangelho fosse menos inspirado! Quanto às acusações contra os depositários, os documentos do patrimônio EGW estão abertos à consulta e atualmente, quanta coisa digitalizada, fica mais fácil para qualquer pessoa averiguar os escritos originais. Geralmente, quem se sente contrariado pela Revelação, costuma reagir acusando adulteração dos originais, semelhante à senhora anti-trinariana que encontrei que acusava os tradutores da Bíblia de torcerem o texto de Mt 28:18-20 (ainda que não haja vairantes textuais do texto e todos os manuscritos suportem a tradução encontrada em nossas versões bíblicas atuais).
Diante de tudo o que expusemos, resta uma decisão. Ou descrermos ou crermos. Evidente que isso tem de ser ponderado e, com espírito de oração, a pessoa sentir que Deus a guia em uma decisão racional. Não é por coincidência que muitas críticas feitas aos escritos de EGW possam ser voltadas contra as Escrituras e vice-versa. A natureza da Revelação é uma só. Se eu encontrasse motivos para descrer da EGW, teria de agir de forma lógica e coerente, rejeitando igualmente a matéria bíblica. Entretanto, Deus tem me conduzido à aceitação de tudo o que Ele inspirou e revelou. Acredito ainda que ser adventista sem aceitar a autoridade profética de EGW em questões como adoração, alimentação, conduta pessoal ou qualquer área da vida cristã é não ser autenticamente adventista. Melhor seria adotar outra confissão cristã. Sei que se trata de uma decisão particular. Porém há um efeito dominó: quem rejeita os escritos de EGW, logo passará a descrer de outros aspectos da fé adventista (o juízo pré-advento se iniciando em 1844, o sábado, a reforma de saúde, etc). Até que ponto seria possível ser adventista sem crer nessas coisas? 

15 comentários:

Sodré Gonçalves Jesus Neto Brasil disse...

Ellen White - Posicionamento

Logicamente que todo adventista dedicado já foi inspirado e muito abençoado pelos escritos atribuídos a Ellen White. Eu, Sodré, sou um deles. Não esqueço experiências lindas com Deus que tive ao ler os livros "Caminho a Cristo", "Desejado de Todas as Nações" , "Parábolas de Jesus" e muitos outros. Também percebi Deus guiando nitidamente através destes escritos, na colportagem e nas orientações do dia a dia, e por mais falhas que neles existam, como muitos podem analisar diversos outros livros, podem analisar até a propria Bíblia, o velho testamento e até tambem no novo testamento. Mas percebe-se que Deus usa destas iniciativas santificadas por Aquele que recebe a oferta dos pecadores falhos e inspirados em favor do seu reino.

Na verdade Ellen White tinha um escritorio de escritoras assistentes que usavam muitos outros bons autores da sua época e de séculos anteiores (John Milton), sem dar referencia aos mesmos (uma grande falha que esperamos poder ser hoje corrigida, pois a AG da IASD, segundo Dr. Walter Rea, já possui farta pesquisa destes autores e textos não citados).

Para mim, saber que" Caminho a Cristo" foi escrito na verdade por Fannie Bolton (ao que muitas evidencias literarias indicam) , foi ao mesmo tempo chocante mas de certa forma foi uma descoberta libertadora, pois sempre percebia a supremacia e melhor comunicação deste livro quanto as propostas do novo testamento, e por perceber que o mesmo representava mais a nova aliança que a velha aliança, caracteristica mais marcante nos escritos atribuidos a EGW, classificava tal livro como uma exceção a regra mosaica (lembrando Moisés) , tradicionalista (lembrando Igrejas tradicionais) e legalista (lembrando o judaismo pelo foco na lei) como demais escritos foram escritos.

Fannie confessou a Merritt G. Kellogg, meio-irmão de John Harvey Kellogg, que o que ela escrevia... "publicava-se na Review and Herald (...) como se o tivesse escrito a Sra. White sob a inspiração de Deus. (...) Sinto-me muito angustiada por esse assunto, porque sinto que estou agindo com engano. As pessoas estão sendo enganadas acerca da inspiração do que eu escrevo. Parece-me muito mal que qualquer coisa que eu escrevo saia sob o nome da Irmã White como um artigo especialmente inspirado por Deus. O que eu escrevo deveria sair com minha própria assinatura (...) assim o crédito seria dado a quem lhe corresponde." (Review and Herald, 27 de nov. de 1883; F. D. Nichol, Ellen G. White and her Critics, Review and Herald, 1951, USA, pgs. 479-486; Herbert Douglass, Mensageira do Senhor, 453).

As descobertas chocantes tambem serviram para aniquilar a idolatria que sentia quanto a Ellen White, e pude vê-la de uma forma mais humana, falha e limitada, por mais que grandes contribuições espirituais , o serviço do escritorio de edição de Ellen White , tenha me ofertado em vida.

É importante salientar que a idolatria que se faz ao chamado "espirito de profecia" deve ser enfrentada com coragem, tato, e determinação naqueles que não admitem que nada ocupe lugar de Deus na vida daqueles que são fieis primeiramente ao unico soberano.

Sabemos que coisas boas são as maiores tentações para a idolatria, assim como ocorreu com Maria mãe de Jesus, com homens santos e as vezes idolatramos também assuntos peculiares como sabados, leis, véus (CCB), nomes (TJs e Yeshua), onde muitos são caracterizados por serem mais servos destas peculiaridades que servos de Cristo, mais servos da igreja e suas doutrinas que de Deus, mais servos de sistemas religiosos que servos de Cristo que deveria ser o cabeça da Igreja ao invés de sistemas, e não raramente, encontramos tristemente aqueles que se caracterizam por maaior fidelidade a Ellen White que a Biblia, a Jesus, sobretudo destaco tal contradição quanto aos escritos sagrados do apostolo da nova aliança, de Paulo de Tarso.
...

douglas reis disse...

Sodré,

obrigado pela sua participação. Tenho que confessar que já encontrei outros que pensam como você no que diz respeito aos escritos de EGW. Isso não me assusta mais.

Boa parte de suas críticas podem ser resolvidas lendo as mais recentes obras sobre o assunto, como Assim diz o Senhor e Ellen White under fire.

O fato de que Fannie Bolton ter feito sua "confissão" não prova que,de fato, ela foi autora do livro Caminho a Cristo. Os próprios livros que você menciona tratam do assunto. Pena que você citou apenas o trecho que lhe interessava, deixando de mencionar como os autores adventistas lidam com a questão - o que, tenho de ser franco em dizer, não me parece ser uma prática intelectualmente honesta!

Sobre citações sem crédito, isso não é incomum na literatura antiga - há exemplos disso até na Bíblia (e mencionei alguns). Se a prática fosse considerada plágio, a Bíblia seria a maior coletânea de plágios - o que muitos teólogos liberais admitem! Acho que você também se inclina a pensar assim, pois mencionou falhas existentes no NT e VT (seu primeiro parágrafo).

Sinceramente, acho que você deveria considerar seu papel como adventista - afinal, faz parte de uma comunidade que diverge de você em pontos essenciais - já pensou nisso? Acreditar na inspiração de escritos sagrados - Bíblia e testemunhos de EGW - não nos deve levar à idolatria, mas a uma compreensão sadia da vontade de Dus. Desconsiderá-los é levar questionamentos sobre o quão divinas seriam essas ordens e, em última estâncias, se podemos estar realmente certos de que Deus Se comunica. Pense nisso.

Sodré Gonçalves Jesus Neto Brasil disse...

Sobre "Caminho a Cristo" eu já suspeitava e ficava intrigado com tanta contradição teológica entre os escritos de EGWhite e este. Era como se fosse uma outra autora, um livro que diferenciava dos demais diante de todas as pessoas que me questionavam quanto a EGWhite..eu dizia: De EGWhite concordo apenas com o "Caminho a Cristo" e algumas partes, pois verificava que a maior parte da literatura dela era nitidamente legalista (foco maior na lei e não em Cristo e na operação dele por meio do Espirito Santo)..então quando soube desta confissão de Fannie Bolton, a triste compositora do hino "Jesus não eu em tudo seja honrado" foi como juntar as peças de um quebra-cabeças que estava desasjustado em minha mente fazia mais de uma década.

douglas reis disse...

Sodré,

O fato de O Caminho a Cristo ter linguagem diferente, e mesmo abordagens distintas, não implica que haja outro autor. Na história da literatura, não é raro encontrarmos um mesmo autor que apresente obras que pareçam tão díspares a ponto de sugerir múltipla autoria.O Machado de Assis poeta tem estilo diferente do que encontramos em romances. Fernando Pessoa possui seus heterônimos. E a lista seria longa...

O livro de Hebreus é um exemplo disso. Alguns alegam que Paulo não é seu autor, porque difere bastante da epistolografia do apóstolo. Mas o escopo era diferente! Semelhantemente, o escopo do Caminho a Cristo é evangelístico e, naturalmente, teria mesmo que divergir de livros escritos para a igreja!

O problema está com aquilo que você chama de legalismo.Ao longo do texto, advoguei que mesmo na Bíblia há coisas que aos olhos pós-modernos parecem exageradas. Mas o ponto é: não estamos usando nossa cultura para julgar aquilo que Deus revelou? Não seria prepotente de nossa parte julgar aquilo que o Senhor transmitiu a meros mortais?

Unknown disse...

Esse assunto tem me deixado cada dia mais perplexo. Caro Douglas, e inacreditavel o que vc disse e o que vc demonstrano seu artigo. Vc deixa claro que se alguem nao acreditar em Ellen White e melhor sair da igreja adventista. De onde vc tirou essa aberracao.....entao necessariamente para eu ser um adventista eu preciso aceitar Ellen White. Se eu aceitar Jesus nao e suficiente.....nao seria esse o grande problema da igreja.....

douglas reis disse...

Janilson,

seja bem-vindo ao blog.
A questão é que E G White é profeta e todo profeta fala em nome de quem o enviou. Rejeitá-lo é rejeitar a Deus. E qual sentido haveria em rejeitar E. G. White e ser adventista? Ou ser cristão e rejeitar qualquer um dos profetas?

Manuel Pinto disse...

Rejeitar os escritos de Ellen G. White, os quais procuram chamar a nossa atenção para a necessidade de
esquadrinhar o que o Criador deseja comunicar-nos, através da Sua Palavra, relativamente ao nosso estado espiritual e à nossa salvação, é uma opção que redunda seguramente em prejuízo do seu protagonista. As repercussões serão de carácter eterno, se não houver arrependimento, antes que se feche a posta da graça.
Lendo os livros de Ellen G. White, constataremos que o seu conteúdo encoraja a leitura da Bíblia, procurando aplicar os conselhos de Deus, às nossas necessidades, quer materiais, morais ou espirituais.
Quanto perdemos, se fizermos diversamente. Deus deseja o nosso bem, presente e eterno. Ele nos mostra o caminho; seguindo-o, chegaremos a bom porto. Se preferirmos escolher o nosso próprio caminho, no final sofreremos uma grande desilusão.
"Aconselho-te a que de Mim compres ouro, provado no fogo, para que te enriqueças, e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas".
Ouro provado no fogo = fé e amor
Vestidos brancos = justiça de Cristo (em oposição à justiça própria).
Colírio = iluminação e direcção do
Espírito Santo.
Que o Senhor nos desperte, porque os sinais proféticos nos dizem que os tempos em que vivemos são solenes, e prenunciam acontecimentos extraordinários.
"Não desprezemos as riquezas da benignidade de Deus, e da Sua paciência e longanimidade". Romanos 2:4 e II Pedro 3:9

Unknown disse...

Gostei muito do texto. Mas achei o título confuso. Quando olhei o título pensei se tratar de um texto argumentando contra os escritos de EGW.

Antonio Carlos disse...

Olá, Douglas! Aprecio muito o seu blog.

Puxa, então se não crer em Ellen White a melhor coisa a se fazer é abandonar o adventismo? Na Europa, onde o racionalismo tem sido mais radical, muitos adventistas já não creem mais em Ellen White, e mesmo assim conseguem ser adventistas aceitando apenas a Bíblia. Tem certeza de sua afirmação? Em algum momento ela [Ellen White] afirmou que a não aceitação de seus escritos seria o mesmo que rejeitar Deus? Outra coisa, se os escritos de Ellen White são uma "condição" para ser adventista, então a Bíblia não é toda suficiente, certo? Como você lida com essas passagens da própria EGW:

“Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Na Bíblia Deus prometeu dar visões nos últimos dias; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica”.
Mensagens Escolhidas. Vol. III, pág. 29.

“Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas”. O Grande Conflito, Capítulo Nossa Única Salvaguarda, pág. 594/596.

“Estou de pleno acordo convosco quando apresentais a Bíblia, e a Bíblia tão somente, como fundamento de nossa fé.” Mensagens Escolhidas. Vol. II, pág.85.

Obs.: apesar de minhas críticas, sou um pleno leitor de Ellen White e aceito sua inspiração (não verbal, é claro).

douglas reis disse...

Antonio Carlos,

seja bem-vindo ao blog.
A função dos escritos de Ellen G. White é exaltar e aplicar corretamente o que a Bíblia diz. Há uma relação de continuidade. Alguém que aceita a Bíblia cabalmente não rejeitará seus escritos.

Apenas quando temos dificuldades de interpretar a Bíblia por si, mantendo algum tipo de crença ou comportamento misturado com a Revelação, encontramos dificuldades para crer nos escritos de E. G. White.

Os testemunhos não substituem a Bíblia. Mas são escritos inspirados, com a diferença de não serem canônicos. Rejeitar qualquer escrito inspirado é demonstração de rejeição a quem os inspirou.

Assim, não faz diferença aquilo em que dizemos crer, mas nossas crenças reais, fruto de nosso relacionamento com o Deus que Se revela. Imagine um cristão que afirmasse não crer no evangelho de João ou no livro de Eclesiastes, embora alegasse acreditar na salvação em Jesus! Claramente, seria alguém com sérias deficiências espirituais.

Para deixar mais claro o assunto, leia a seguinte citação:

"Sou instruída a dizer às nossas igrejas: Estudai os Testemunhos. Eles são escritos para nossa admoestação e encorajamento, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Se o povo de Deus não estudar estas mensagens que lhes são enviadas de quando em quando, são culpados de rejeitar a luz. Regra sobre regra, preceito sobre preceito, um pouco aqui, um pouco ali, Deus está enviando instruções a Seu povo. Atendei à instrução; segui a luz. O Senhor tem uma contenda com o Seu povo porque no passado eles não atenderam a Sua instrução e não seguiram Sua orientação."
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas - Volume 3, p. 358.

Nádia Britto Panaino disse...

É sempre a mesma história: Quando Deus nos repreende, nao importa de que forma e por quem, é mais fácil argumentar que nao foi inspirado, nao veio de Deus, nao é original, contém erros, há adulteracoes, e tantas outras falácias que, se aplicadas a outros autores seculares, nenhum deles passaria por esse crivo. Tudo isso para acalmar a consciencia, e seguir no mesmo caminho, enganando-se quanto ao destino final. Mas "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." Gálatas 6:7

"Ouvi-me, ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém: Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis;" 2 Crônicas 20:20

marceBloGGER disse...

De uma forma simplificada, a Nádia foi perfeita!
Acrescento apenas que muitos duvidam do que vem além da Bíblia por falta de fé.
Se Deus realmente está no controle, e se os escritos de Ellen White fossem "desnecessários", tais escritos já não teriam caído no esquecimento?
Sim, Deus está no controle! Sim Deus permite, usa, e oferece o Espírito de Profecia ao Seu povo!
Marcelo Lanzetti Ayres

Tiago Carlos disse...

Então disseram a Jeremias: “Que o Senhor seja uma testemunha verdadeira e fiel contra nós, caso não façamos tudo o que o Senhor , o seu Deus, nos ordenar por você. Quer seja favorável ou não, obedeceremos ao Senhor , o nosso Deus, a quem o enviamos, para que tudo vá bem conosco, pois obedeceremos ao Senhor , o nosso Deus”.
Jeremias 42:5-6
Queremos saber o que Deus tem a nos dizer hoje, quais as advertências, maior iluminação na palavra, e quando Ele manda fazemos como o povo de Israel na continuação do texto acima, veja o que o povo disse e veja o que ele falou após a revelação da vontade de Deus:
Quando Jeremias acabou de dizer ao povo tudo o que o Senhor , o seu Deus, lhe mandara dizer, Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os homens arrogantes disseram a Jeremias: “Você está mentindo! O Senhor não o mandou dizer que não fôssemos residir no Egito.
Jeremias 43:1-2 NVI
É a mesma história se repetindo, que razões temos para não acreditar na inspiração de EGW? Como Jeremias sua revelação tem se mostrado verdadeira e fidedigna a mensagem de Deus mais como vai contra as vontades pessoais do povo é chamada de legalista em um mundo dominado por Satanás.

Unknown disse...

Quem lê Ellen White sabe que muitos dos ensinamentos com relação a alimentação, psicologia eram novidades no tempo emque ela escreveu.
Qu saberia que em 1900 leite, queijo e carne não são um alimento adequado?
Hoje a própria medicina está chegando a estas conclusões.
Leiam Ciência do Bom Viver e Conselhos sobre o Regime Alimentar e verão que só com inspira divina seria possível escreve-los.

Anônimo disse...

Confesso que fiquei um pouco chocada com o título , achei que encontraria uma retórica mais contundente ! Tudo que vc disse que Ellen se for analisar a letra , se aplica também aos próprios escritores e profetas Bíblicos! A Bíblia em muitos pontos seus escritores tb escreveram e aconselharam com base nos costumes daquela época ! Sem contar que Ellen era humana e seus ensinamentos ajudaram milhares de leitores , principalmente seus conselhos sobre saúde !