segunda-feira, 7 de junho de 2010

CELULAR: TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO!

Optei por viver sem celular. Não moro em disco voador. Nem voltei de uma ilha recôndida ontem. Há coisas que somente um assalto a mão armada faz por você!

É claro que existe mais do que isso. Um pouco da minha inadequação com a tecnologia pesa na balança (para alguém que mantém um blog, assumir isso pode parecer até estranho, eu sei).

Em muitas ocasiões, eu me arrependo de não carregar o aparelhinho, indispensável na lancheira de crianças da pré-escola. Hoje, vivi uma situação dessas.

Fui ao cartório, reconhecer firma. Porém, faltava uma informação importantíssima. Para obtê-la, precisava telefonar. Atravessei a rua, fui a uma padaria e fiz o que alguém com vinte anos a mais teria feito sem constrangimento: comprei um cartão telefônico.

Para não escandalizar ninguém com menos de 20 anos, abstenho-me de dizer que convivi com as antigas fichas (a verdade é que as pessoas continuam usando a expressão “ainda não caiu a ficha”, muitas vezes sem entender porquê…).

Com o cartão em mãos, saí à caça de um orelhão, aquelas simpáticas estruturas que os adolescentes confundem com peças de museu. Mas o que seria do cenário urbano sem os orelhões, com suas cores, sua ergonomia e o design arrojado? Minha busca foi parcialmente frutífera: sim, encontrei dezenas de orelhões; não, nenhum funcionava.

Boa parte sofrera atos de vandalismo. Outros tantos, acusavam manutenção. Encontrei uma guarda municipal de trânsito e lhe fiz a pergunta: onde estariam os orelhões em condições de uso? Confesso meu conforto: ela, indignadíssima, também procurava por eles. Ali estávamos dois seres, de universos completamente dessemelhantes, atrelados pela inútil resistência às inovações tecnológicas. Os dois imunes aos encantos dos aparelhos que, de tão práticos, me impediriam de perder alguns quilinhos (ver o lado positivo, eis minha máxima).

Confesso que topei com dois amigos pelas infindáveis quadras percorridas em busca de orelhões em uso. Um, vi ao longe: teria vergonha de lhe dizer, caso me aproximasse, o objeto de minha busca. A outra, traidora, passou por mim, segurando, ora, vejam!, um celular!

Também nem fiz muita questão de pedir informação – receio de causar em algures a curiosidade de perguntar se “flintstone” seria meu nome do meio… Voltei ao cartório, frustrado e exausto. Embalde percorri tantos metros – e a pé, pode? –, sem receber o auxílio de um único orelhão. Ingratos aparelhos, que negam ajuda a um dos únicos que lhes sabe valorizar! Acabei por convencer a atendente do cartório a me permitir telefonar do estabelecimento.

Que posso dizer em minha defesa? Que não recebo ligações a todo instante, que não vivo condicionado ao toque enervante de um carrasco eletrônico e que sou livre de constrangimento em lugares públicos (quando a musiquinha mais cafona escapa de bolsas ou bolsos, e alguém enrubescido tenta encontrar seu celular para, discretamente, desligar o incômodo). Ainda assim, persiste a dúvida. Em alguns momentos, como seria bom ter um celular…

5 comentários:

Anônimo disse...

Meu querido, veja o preço de um que eu lhe darei de presente de aniversário,ok?Bjs. mil
Sonineca

Anônimo disse...

Querido!!!
Ja existem telefones celulares com vibracal, rsrsr, brincadeira. o segredo é não distribuir o numero do celular para todos que passam na sua frente, Informar somente para os que irão necessitar e caso seu numero va parar na mão de pessoas não muito ligadas a você, curta o tripidar do telefone ou isira nele a melhor musica que lhe agrada e atenda com a maior educação que lhe é peculiar.

Abraço,

Adilson Camara

Iranise disse...

Eu ainda prefiro ter, mesmo que só no silencioso, atendo só quem eu quero... e detesto telefones!

Anônimo disse...

Passei por uma situação parecida, talvez até pior. É que eu esqueci o caminho do Mueller até o terminal do centro, precisava pegar ônibus pra voltar pra casa porque meu pai tinha esquecido de me buscar na livraria e eu não tinha celular pra ligar pra ele. Também optei por não tê-lo. Segui instruções de uma senhora para chegar ao terminal, e acabei chegando, adivinha, no Mueller, novamente. Decidi ir a pé pra casa, mas peguei a rua errada. Com vergonha de ter de voltar, continuei pela rua errada para dar a impressão que eu sabia o que estava procurando. Avistei um orelhão...fui até ele. Além de confirmar para as pessoas que não, eu não estava perdida, só procurando um orelhão, eu ainda ligaria pro pai, se o aparelho não estivesse detonado. Pelo menos o não funcionamento serviu de bom pretexto para retomar o caminho certo. Esses dias encontrei outro orelhão...quebrado. Parece que todos foram atacados.

Noemi disse...

Por opção não tenho celular, nem participo de redes sociais. Embora em 2004 tenha participado e tido celular, resolvi viver sem, não quero ser escrava destas tecnologias. Sou feliz e tranquila com minha escolha, embora algumas vezes passe aperto justamente pela precariedade dos orelhões que aqui em SP é o caos, de 10 apenas 1 ou 2 funcionam. O difícil é as pessoas entenderem a sua escolha.