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sexta-feira, 27 de novembro de 2015
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
BÊNÇÃO OUVIDA
Seu coração
domou medos, em ritmo
De início
apaixonante, som de vida
Em preparação,
força desprendida,
Equação
não expressa em algoritmo.
Seu coração
lhe ultrapassa em dimensão
E agrilhoa
meus olhos nessa espera;
Coração
que se faz própria atmosfera
– Se
respiro, respiro coração.
Os dias.
O futuro, névoa ainda,
Como todo
croqui, nasce mistério,
Até o
traço ter contorno sério,
Sendo possível
ver: que forma linda!
Seu coração
– presente do Deus Santo,
Para quem
suplicou por isso tanto!
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
TRÊS É (BOM) DEMAIS!
Um comercial de
chocolate perguntava: "e se as coisas boas da vida fossem três?". Às
vezes, são. Estamos com um promoção-relâmpago: 3 exemplares de Explosão Y
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domingo, 9 de agosto de 2015
SINCERIDADE E RESPOSTAS
Faz uma década que convivo com
adolescentes. Com o tempo, você acaba conquistando a confiança deles. Aprende
que eles são sinceros de forma crônica. Não poucos entre os adolescentes
enfrentam a religião dos pais como quem luta contra regras obsoletas. Claro
que, para um adolescente, as únicas regras não obsoletas estão no grupo daquelas que convém (os adultos, em geral, têm mais pudores para dissimular esse
comportamento).
Eles não são culpados, tomando um
exemplo, por não assimilarem a ideia de termos uma profetiza moderna. Nós,
adultos, somos mestres em evitar esse assunto, tratando algo digno de gratidão
como tema espinhoso!
Aliás, durante uma aula, um aluno
muito espontaneamente perguntou o quão "moderna" era a profetiza, que
viveu há... 100 anos! Convencê-los da atualidade dos conselhos inspirados é
quase como apelar para que comprem fichas e façam a ligação em algum telefone
público. Entretanto, não é apenas algo necessário, como imprescindível.
Se mesmo entre os melhores jovens permanecem tantas dúvidas sinceras, que dizer do quadro geral? Quando
olhamos para uma geração inteira que assiste o culto de cabeça baixa, mais
preocupada em responder as mensagens no WhatsApp
do que naquilo que acontece durante os momentos solenes, como não se preocupar?
Não se trata de alugar um ginásio,
convidar o cantor gospel do momento, entoar 10 músicas repetitivas e fazer um
discurso emocional. Os adolescentes precisam saber coisas concretas sobre a fé
adventista. Menos espetáculo e mais estudo da Verdade. Ensinar meninas e
rapazes a marcarem em suas Bíblias cadeias de textos (devidamente
contextualizados) para que entendam em que baseiam as doutrinas - isso ajudaria a vencer dúvidas e aumentaria o envolvimento com a missão. Afinal, eu
não compartilho algo se não conheço o suficiente para explicar. Treinamentos
missionários, simulando desafios reais, e projetos que ajudem a conhecer
melhor a história do movimento adventista seriam outras ações possíveis.
Pais, líderes e educadores precisam criar fóruns, pensando em como ajudar a nova geração a
retomar a base bíblica adventista. Necessitam igualmente dar o exemplo para os
jovens de que se acham pessoalmente envolvidos na salvação de almas e que seu
maior interesse é a vida eterna. Quando "culto de pôr do sol" e
"culto familiar" não soarem como alienígenas nos ouvidos de famílias
adventistas, significativa mudança surgirá entre os adolescentes.
Não basta pais piedosos orarem por
seus filhos; pais espirituais precisam orar com eles e lhes ensinar a amar a Verdade a ponto de encarná-la em sua própria vida. Afinal, a sinceridade
adolescente merece respostas, fruto de um cristianismo autêntico.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2015
segunda-feira, 27 de julho de 2015
MÁSCARA E SUB-MÁSCARA
Reconhecido
como um dos melhores poetas contemporâneos em Língua Portuguesa, Fernando
Pessoa demorou a se adaptar ao idioma materno, devido ao tempo passado na
Inglaterra durante os anos de formação. Os primeiros versos de Pessoa foram
ainda escritos em inglês. Aqui apresento uma tradução de um dos sonetos
escritos pelo luso, o de número 8, bastante conhecido. Aparece em versos
decassílabos e mesmo esquema de rimas.
How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever consciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;
And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.
(trad. Douglas Reis)
Quanta
máscara e sub-máscara para
Sobre
o nosso semblante da alma, e quando
Por
jogo a alma a si mesma desmascara,
Reconhece
o disfarce e o rosto brando?
Nada
a máscara real sob outra sente,
Mas
vê por meio de olhos mascarados.
Assim
que a consciência à obra se apresente,
A
obra aceita traz sonos encadeados.
Qual
teme a criança as faces espelhadas,
Nossa
alma, que é criança e ideia ida,
Põe
diferença em caretas observadas,
Pondo
ao mundo todo em causa perdida.
Se
vem a ideia máscaras tirar
Não
sem máscaras vem desmascarar.
Leia também:
quarta-feira, 22 de julho de 2015
quinta-feira, 16 de julho de 2015
ORNITORRINCOS E PAPAGAIOS
Ávido
de obter quietude
Nesta
Babilônia de afetos
Tão inoportunos.
Corrompo
Pés sofisticados
na lama
– Minha
condição impensada.
Ranjo
os dentes. Eu, torturado,
Vulto
ciclotímico nas ruas,
Parte
do mosaico de ferro;
Nada se
parece com o antes
–
Minha infância sob o concreto
Perde
o colorido. O que resta?
Uma sensação
histriônica,
Digna
de maníacos, surge
Quando
me deparo com prazos.
Sempre
a trajetória das horas,
Vindo
ineludível contra a alma.
Penso.
Consternado. Penso alto.
Penso
em espiral. Logo esqueço.
Ouço ornitorrincos
em pânico,
Todos
afogados. E eu vendo
Ônibus
atrás de dezenas
De outros.
Irritado, desabo.
Quando
anoitecer, dormirei
Perto
da lareira, na praia
Ou na
cordilheira dos Andes.
Tenho
a sensação de que estou
Dentro
do viveiro, cercado
Pelos
papagaios do asfalto.
Com coloração
destacada,
Quais
tagarelices imitam?
Sem ineditismo
aparente,
Fazem
narrações repisadas,
Vasto
vozerio de cópias.
Há infiltração
nos pulmões
–
Pobre ornitorrinco esquecido
Longe
do cortejo de sósias
Presas
à aparência vivaz.
Acho que
domingo retorno
Para me
esquecer de mil caos.
Para me
irritar em parcelas
Menos
repetidas de tempo,
Ávido
de obter quietude
– Quando
anoitecer, dormirei.
Mas
se demorar a dormir,
Posso
ornitorrincos contar
(Contem
os demais seus carneiros!).
Leia também
Passos noturnosUm ato de risco
Delido
quarta-feira, 8 de julho de 2015
O QUE APRENDER COM AS DECISÕES DA IGREJA
A
cada cinco anos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia reúne delegados
representando todos os campos, em uma assembleia mundial, conhecida como
Conferência Geral. Ali são tratados todos os assuntos envolvendo doutrinas e regulamentos, práticas e procedimentos, escolha de líderes e apresentação de relatórios. Nos últimos anos, um
dos temas mais delicados tratado nessas reuniões é a questão de ordenação de
mulheres ao ministério pastoral.
Comissões do mundo inteiro se reuniram para estudar o assunto. O debate passou do âmbito administrativo para o do estudo teológico e chegou finalmente à grande parte da membresia adventista, especialmente nos países mais desenvolvidos. Finalmente, nessa 60ª edição da Conferência Geral houve a votação sobre o assunto: dentre o total de 2363 votos, 977 foram a favor, 1381 contra e ocorreram 5 abstenções. A maioria, portanto, entendeu que não há evidência na Revelação divina (Escrituras Sagradas e testemunhos de Ellen G. White) que apoie a ordenação de mulheres.
Comissões do mundo inteiro se reuniram para estudar o assunto. O debate passou do âmbito administrativo para o do estudo teológico e chegou finalmente à grande parte da membresia adventista, especialmente nos países mais desenvolvidos. Finalmente, nessa 60ª edição da Conferência Geral houve a votação sobre o assunto: dentre o total de 2363 votos, 977 foram a favor, 1381 contra e ocorreram 5 abstenções. A maioria, portanto, entendeu que não há evidência na Revelação divina (Escrituras Sagradas e testemunhos de Ellen G. White) que apoie a ordenação de mulheres.
O
que se pode aprender com isso? Primeiro, que a igreja de Deus, sendo mundial,
age sabiamente em uma democracia, procurando consenso entre pessoas de
opiniões, formação, cultura e experiências distintas. Na multidão de conselhos
há sabedoria. Crescemos ao ouvir pessoas que, embora tão diferentes, vivem a
mesma esperança que nós. Obviamente, a base de nossa fé é a Revelação e devemos
submeter todas as outras coisas a ela. Ainda assim, devemos ser humildes em
nossa maneira de entender as Escrituras, orando para que em nossa hermenêutica
mantenhamos o sólido princípio de interpretar a Bíblia por meio da própria
Bíblia.
Por outro lado, como
um povo espalhado pelo mundo inteiro, é natural que divergências em assuntos
menores apareçam. Isso não deve nos deixar perplexos ou temerosos. A fé que nos
une será sempre desafiada por questões culturais. E elas merecem ser tratadas, em sua dimensão apropriada. Cabe a nós buscar consenso e
nos fixar no que realmente possui importância: o cumprimento de nossa missão
profética! Isso não implica em fuga de assuntos relevantes ou simples postura anti-intelectual: os adventistas entendem que Deus lhe conferiu uma prioridade (Ap 14:6-12).
A lição mais importante que se deve extrair: não há, como alguns líderes assinalaram, perdedores e vencedores na questão
particular da ordenação das mulheres – ou em qualquer outra que se levante. Todo o povo de Deus sai vencedor quando debate assuntos delicados sem perder o
espírito cristão e quando busca manter a unidade na verdade eterna da Palavra. Preservar a identidade adventista frente a questões contemporâneas requer humildade e espírito de oração. Não há respostas prontas, nem estradas planas. Porém, confiando na direção de Deus e palmilhando por onde a palavra profética indica, seremos vencedores em todas as disputas.
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
2 A MENOS NO BRASIL
Eles são meus amigos e gostaria de tê-los mais perto - de preferência, no Brasil! Mas é por uma boa causa. E já que as boas causas merecem apoio, aproveito para divulgar a aventura desse casal. Vocês se divertirão, tenho certeza. Sucesso, Dieter e Deyse. Continuem somando.
sexta-feira, 26 de junho de 2015
quinta-feira, 25 de junho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
LOUVOR MIDIÁTICO
O sucesso de
programas como American Idol e The
Voice, revivendo os antigos shows de calouros, é um fenômeno
mundial. Interpretações efusivas (para não dizer histriônicas) de músicas
consagradas ganham as mídias sociais, espalhadas pelo Youtube, Facebook e Twitter.
Quando se pensa no gênero pop, adotado
pelos reality shows musicais, sem se
restringir a eles, estamos diante de um padrão altamente disseminado nos canais
convencionais, como programas de TV e FMs, e mesmo aplicativos de streaming, tais como o iTunes ou Google Play. Nós nos deparamos com a música pop em cada filme, série e clipe. Seu poder de atração não pode ser
questionado ou subestimado.
Consumir essa
música altamente estimulante e com viés sensual como forma de entretenimento
representa vários riscos para os cristãos. Primeiro, o risco de assimilar
pensamentos, conceitos e estilo de vida claramente mundano, diferente daquele
ensinado pela Palavra de Deus. Segundo, adquirir um gosto por esse padrão de
música, o que levaria a uma forma específica de rejeitar o estilo de vida
cristão: a rejeição da música cristã. Compensa pensar sobre as consequências
desse último aspecto.
Quando a música
secular se torna o padrão para o cristão, dificilmente ele sentiria prazer em
cantar os hinos cristãos tradicionais, seja em sua devoção particular ou mesmo
no culto público na igreja. Simplesmente, os hinos soarão como cantigas
inocentes, ou algo absurdamente antigo. E talvez poucas coisas aborreçam tanto
algumas pessoas como algo desatualizado. Será preferível trocar as antigas
canções dos hinários cristãos por música contemporânea, de viés cristão. Mesmo
que você não seja um sociólogo da religião, será capaz de notar como a música pop cristã nem choca mais os
adoradores contemporâneos: no caso particular dos adventistas, em pouco mais de
duas décadas, eles se acostumaram com o novo paradigma.
Em nossos
congressos, cultos especiais e mesmo nas reuniões regulares, a música cristã
contemporânea, antes empregada sob a alegação de atrair e agradar aos jovens,
já atingiu alcance congregacional, abarcando indivíduos das mais diversas
gerações. Seu alcance, aceitação e a facilidade como dissemina ideias cristãs
(ainda que de forma genérica, na maior parte dos casos) são as justificativas
mais comuns dos defensores desse gênero de música.
Entretanto,
seria, no mínimo, fato suficiente para nos causar mal-estar saber que há poucas
décadas os adventistas se indignavam (acho que o termo descreve bem a reação)
com as demais denominações por usar música popular na adoração. Evocava-se o
fato para ressaltar que o mundanismo entrara nas igrejas evangélicas, enquanto
ainda mantínhamos princípios bíblicos aplicados a música. Hoje, o quadro
sutilmente se alterou: não ousamos mais demonstrar indignação. Há uma
reciprocidade suspeita entre a forma como recebem nossos músicos e como recebemos
cantores de outras denominações. Talvez não haja mais linhas divisórios tão
profundas que identifiquem o que há décadas se chamava música adventista.
Precisamos de
música nova, que exemplifique nossa doutrina, que criativamente explore aquilo
que cremos. Não creio que a criatividade oriunda do Espírito Santo haja se
esgotado, após profusamente abençoar autores de hinos de séculos e décadas
anteriores. O problema está em nivelar a contribuição necessária para este
tempo por padrão de música secular. Fazendo assim, transmitiríamos nossa
mensagem na letra, todavia não na forma, associada a valores não cristãos, como
satisfação própria, êxtase sensual e violência.
Se a música pop, surgida com a diluição e
massificação do estilo rock’n’roll, nasceu
em meio a revoluções de valores, liberdade sexual e expressão de uma juventude
que queria mais liberdade, é impossível fazer uma avaliação positiva de seus
constituintes desde uma perspectiva cristã. Música pop é o coração do homem
contemporâneo colocado em notas musicais – e não precisa conhecer tão
profundamente a Bíblia para saber qual a avaliação feita pelo Senhor acerca de
nosso coração natural (Jr 17:9). Se veicularmos a essa estética a nossa
mensagem, corremos o risco de distorcemos o que Deus tem a dizer a toda uma
geração.
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segunda-feira, 22 de junho de 2015
quinta-feira, 11 de junho de 2015
ADVENTISTAS E A PARÁBOLA DA LARANJA
O subcomitê preparou o I Fórum de discussão sobre a carência de vitamina C no município de Andorinhas. O salão paroquial da cidade abrigou o evento, que foi divulgado pobremente no único jornal de toda a região. Pobremente porque a situação emergencial requeria uma medida extrema, rápida, sem tempo para maiores planejamentos. E o prefeito Juca recebeu exaustivas advertências da Secretaria de Saúde Pública de Andorinhas.
Juca não fazia o tipo preocupado com nenhuma
questão envolvendo saúde (quer pública ou mesmo particular, dado o número de
cartelas de cigarro consumidos diariamente por ele), ou algo tão ínfimo quanto
a carência de qualquer vitamina que fosse. Entretanto, se chegara ao cargo
máximo de administrador público do município, isso se devia a seu faro para
potencializar problemas e oferecer soluções miraculosas. Às vésperas do último
ano de um mandato pífio, far-lhe-ia bem à pretensão de sucessão resolver algo
urgente.
O fórum
recebeu a atenção integral de seus assessores, incumbidos de alarmar a cidade
com o novo problema. Apesar de notar a pobreza da divulgação, ao menos no
número de veículos envolvidos, é preciso retificar e admitir o sucesso da
propaganda, posto estar cheio o ambiente. Algum adivinho quiçá o tenha visto no
globo de uma bola de cristal e tido tempo de comunicar os assessores municipais,
o que explicaria as centenas de cadeiras de plástico locadas para garantir mais
gente assentada ou detalhes como os ventiladores extras trazidos. Juca sorria
como quem imaginasse não demorar muito a voltar para a cadeira no gabinete que
ocupava.
Diante de milhares de eleitores, ou melhor,
cidadãos de Andorinhas, Juca abriu o discurso na melhor tradição política –
falou muito, não disse coisa com coisa, mas impressionou as pessoas. Seguiram-se
vozes de especialistas, que mostraram os baixos índices de vitamina C prognosticada
na média da população, os riscos disso e algumas possíveis medidas. Ao fim, o
vereador João Lobo convidou à frente o empresário Klefetis Capitioso. Caso nos
leia alguém que não logrou a sorte de ter em Andorinhas sua terra natal, é
necessário apresentar um tipo conhecido por todos: o Sr. Capitioso, dono da
maior – talvez seja necessário comentar, da única – fábrica de Andorinhas,
responsável pela equilibrada economia da cidade. A Accommodatio, fábrica de
refrigerantes bastante popular, empregava, ao todo, mesmo nesses nossos tempos
de crise, 108 pessoas. Desse modo, a mera presença de Klefetis Capitioso em uma
reunião como aquela gerava tensão e expectativa.
O sr. Klefetis parecia-se com um desses gurus da
neurociência, falando de um modo calculado, com as devidas pausas e muitos
olhares dirigidos diretamente ao pública. Juca sentia profundo alívio em se
certificar que aquele homem de roupas modernas, cabelo curto e alinhado e que
transpirava eficiência não tivesse qualquer ambição política. Afinal, todo
poder que Klefetis queria, o poder dos revolucionários, dos idealizadores, dos
grandes solucionadores, disso ele já gozava. Em poucos minutos, todos sabiam e
aprovavam seu plano:
“Amigos, dizia na arrematadora conclusão, vamos
usar, para combater esse problema da vida pós-moderna, uma abordagem mais arrojada, porque
as novas gerações não querem mais saber de laranjas. Vocês sabem, se o consumo
de laranjas aumentasse, toda essa epidemia jamais existiria”, disse olhando
para baixo e deixando um curto e surdo suspiro ecoar, para retomar com novo
ímpeto: “Mas o que precisamos agora é contextualizar a laranja para o
consumidor atual, que não possui interesse em comer frutas. Uma nova embalagem,
um novo sabor, propagandas em outdoors
pelas cidade, no jornal, na rádio.” Olhava para cima, quase que vendo, ou
fazendo a gente ver, o que dizia, “New
Orange – é cítrico, é legal, é para você”. A reação foi imediata: palmas e
vivas se seguiam, mães abraçando os filhos que não morreriam sem vitamina C, o
prefeito sabendo que, se as pessoas estavam felizes, não haveriam razões para
descontinuar sua administração; tudo parecia perfeito.
Os meses que se seguiram trouxeram a
materialização do plano. A New Orange
ganhou o mercado mais com aura de elixir milagroso do que mero produto
comercial. Professoras faziam campanhas para que as crianças trouxessem o
refrigerante-sensação da Accommodatio para o intervalo das aulas. Em diversos locais
públicos, como biblioteca, museu, rodoviária e praças, instalaram-se máquinas
com latinhas de New Orange. Dada a
posição oficial que o novo produto ganhou, quase que tendo simultaneamente o status de lei e patrimônio público,
poucos se atreviam a criticar a criação de Klefetis Capitioso. Mesmo para
aqueles que, por alguma razão ou intuição pessoal, a New Orange não era a
solução, impunha-se o silêncio, muitas vezes até auto imposto, porque ali estava,
se pensava, um mal necessário ou, em um juízo mais positivo, a melhor solução
possível. Mas as coisas mudaram com o tempo.
Primeiro, demorou alguns meses até que uma jovem
médica, chamada Aleteia, começasse a perceber carência de vitamina C em muitos
de seus pacientes, sobretudo os mais jovens. “Doutora, isso é impossível, eu
tomo tanta New Orange que devia ter vitamina C acumulada até os netos!” Aleteia
escutava coisas assim com tanta frequência que seu senso científico começou a fabricar perguntas. Aleteia resolver, discretamente, fazer algumas pesquisas. Os
resultados a perturbaram: nenhuma evidência encontrada de que a New Orange suprisse a falta de vitamina
C. Aleteia refez os testes. E outra vez,
e uma última. Sempre resultados consistentes com os da primeira pesquisa.
Ela e um amigo farmacêutico publicaram os
resultados em uma revista acadêmica da região. Depois veio um
artigo para um jornal de outra cidade. Finalmente, a notícia chegou voando (com
perdão do infame trocadilho) em Andorinhas. Era o caos: protestos na rua, manifestações em
favor da New Orange com gente vestida
com camisetas laranja (a cor), acusações de que produtores de laranja (a
fruta) em outro munício estavam por trás da pesquisa ou que outra empresa de
refrigerantes estava usando Aleteia como laranja (na gíria) para minar a New Orange. Não deu outra: a pobre
médica se mudou. Aleteia temia pela vida em uma cidade em que não era bem
vinda.
Depois dessas conturbações, a fama da New Orange se espalhou e ela passou a
ser importada. Klefetis Capitioso sonhava em expandir seu produto por todo
país. Ocorre que em um mundo globalizado os referenciais não são locais, mas
globais. Não tardou para que pessoas mais esclarecidas começassem a acusar a Accommodatio
de ter copiado refrigerantes de outros países. A New Orange era vista não mais
como o produto revolucionário, apenas uma reprodução em terreno nacional do que
havia lá fora. A partir daí, outras críticas se seguiram: quem bebe do
refrigerante, não possui interesse pela fruta, que é a verdadeira portadora de
vitamina C; a New Orange faz mal para
os ossos e é prejudicial para os diabéticos; alguns dos produtos de sua fórmula
são cancerígenos. Até a população de Andorinhas se alarmou escutando tantas
coisas ruins sobre a New Orange. Quem não se alarmou foi Capitioso, porque
sabia que poderia sustentar a fama de seu produto com silêncio diante das
críticas e propaganda agressiva. Tampouco, Juca se alarmou: já estava no meio
do seu segundo mandato.
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sexta-feira, 5 de junho de 2015
CRISTIANISMO NA TERRA DOS FANBOYS
A cultura Nerd
vive de fóruns sobre pormenores. Ela disseca o objeto de admiração em
muitos ângulos, em um exercício de multiplicação monotemática. A internet
ampliou e estendeu essa característica nerd.
Surge a figura do fanboy, uma espécie
de Nerd xiita que defende com unhas e
dentes seu ídolo, achando argumentos para todas as críticas contrárias. Ele vive
de cultuar.
Hoje há fanboys
se digladiando em todos os espaços da internet:
aqueles que vivem do confronto Messi x Cristiano Ronaldo ou que se limitam a
falar de super-heróis. Em praticamente todas as discussões, das mais tolas às
pertinentes, há fanboys expressando
opiniões tão cegas quanto apaixonadas, em um exemplo de unilateralidade que vai
contra a racionalidade das discussões inteligentes, baseadas em argumentos
factuais ou, ao menos, factíveis.
O cristianismo pop do século XXI, com seus artistas gospel, pastores-celebridades
e escritores evangélicos de autoajuda é o melhor cenário para o surgimento de fanboys. Chega a ser tedioso ver
discussões intermináveis sobre quem é o melhor tenor de quartetos de todos os
tempos – a própria questão, além de inócua, é impossível de se analisar, ainda
mais porque metade do povo que discute isso não conhece mais do que 10 grupos
do gênero. A superficialidade parece outra característica do comportamento dos fanboys, mesmo dos cristãos.
Se a admiração extrema beira à idolatria,
exaltar artistas cristãos se torna ainda mais perigoso, porque desvirtua o
sentimento religioso. Cria-se um vínculo com o cantor ou pregador, como se a
experiência religiosa devesse se concentrar em acompanhar seu ministério (ou
carreira) e defendê-lo absolutamente.
Escrevendo aos coríntios, Paulo combate essa
mesma classe de sentimentos. “Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de
Cloe de que há divisões entre vocês. Com isso quero dizer que cada um de vocês
afirma: ‘Eu sou de Paulo’; ‘eu de Apolo’; ‘eu de Pedro’; e ‘eu de Cristo’”. (1
Co 1:11-12, NVI). Ao invés de se beneficiar da ministração dos apóstolos, os
coríntios compartimentalizaram sua atuação. Eles criaram preferências em torno
das personalidades dos pregadores. E, uma vez feito isso, logo surgiram
partidos em torno das preferências.
O escritor bíblico combate o sentimento,
afirmando que a fé cristã não se baseava no talento de seus expositores, nem
tampouco em seu carisma e habilidades pessoais. Usando uma diatribe cheia de ironia
e severidade, Paulo indaga: “Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado
em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo?" (1 Co 1:13, NVI)
Tanto na época de Paulo como em nossa cultura digital o problema é o mesmo:
concentrar-se desequilibradamente no ministério de pessoas leva a perder de
vista o fundamento da fé: a pessoa e ministério do Senhor Jesus.
Paulo, em outro contexto, elogiou aqueles que não
aceitavam sua palavra sem uma mentalidade crítica (At 17:11) – o apóstolo era
contra os fanboys, mesmo quando era
alvo da admiração deles! Vale notar que a palavra grega traduzida por “nobres”
pode ser entendida como “mente nobre” ou “mente aberta”. Os bereanos foram
elogiados por possuírem uma atitude mental altamente seletiva, do tipo que sabe
ouvir e ponderar, sem aceitar um discurso pelo número de recomendações ou pela
fama de quem o profere. Seria interessante encontrar mais exemplos dessa
mentalidade na contemporaneidade…
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domingo, 24 de maio de 2015
PROMOÇÃO - ADQUIRA EXPLOSÃO Y PELO MENOR PREÇO POSSÍVEL
Lançado em 2013, o livro Explosão Y logo atingiu sua segunda edição, tornando-se um sucesso
de público. Sendo o primeiro trabalho em português sobre adventismo e gerações
emergentes, tornou-se referência obrigatória não só para líderes dispostos a
entender os novos tempos, como também para pesquisadores, sendo citado em trabalhos
acadêmicos no Brasil e exterior.
Agora, é possível adquirir o livro pela internet com o menor preço desde seu
lançamento: por apenas R$ 27,60, mais o preço de frete! Mas essa oferta
especial se estenderá até, no máximo, o fim dessa semana. Corra e aproveite –
leve para casa um livro intrigante, esperançoso e capaz de transformar suas
perspectivas.
[Atualizado em 21/02/2017]
[Atualizado em 21/02/2017]
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quinta-feira, 21 de maio de 2015
quinta-feira, 7 de maio de 2015
NÃO HÁ O QUE TEMER
Exercer fé não equivale a deixar o cérebro na
poltrona ao lado. Discordar ainda faz parte do exercício civilizado do diálogo.
Assim, ser um adventista não significa assumir que, por sermos o remanescente
da profecia, estejamos no caminho certo em todos os quesitos.
Basta olhar o povo de Israel para perceber que
o povo de Deus nem sempre é fiel. A paciência divina não os rejeitou, mesmo
quando pediram um rei ou sacrificaram crianças a Moloque. Deus lhes enviava
profetas e os orientava. Líderes espirituais eram suscitados. As repreensões
traduziam o coração de um Deus que desejava a prosperidade de Seu povo. Não era
ao menor erro cometido que decaíam de sua condição especialmente favorável.
É saudável a prática da autocrítica, aquela
que nasce da consciência de não estarmos cumprindo o que Deus pediu com as
todas as vírgulas. Repensar os rumos da igreja de Deus é um passo anterior ao
pedido por Sua misericórdia e o desejo de experimentarmos o reavivamento. A crítica
pela crítica pode se tornar uma motivação doentia e perigosa, fruto de um
desejo carnal de ser superior aos demais. Mas a avaliação sensata é um
reconhecimento de fraquezas individuais e desvios coletivos, que, longe de nos
tornar juízes do próximo, faz enxergar que nós e eles precisamos da Graça
porque somos pecadores.
E que tempo vivemos! Como não temer, quando as
pessoas adotam acriticamente um estilo de adoração que copia, ipsis literis, jargões e fórmulas
musicais de grupos pentecostais? Até o rótulo de um trabalho que serve de
referência para o fenômeno é similar ao de uma recente produção realizada por
gente do quilate de Aline Barros…
Como não temer, quando um conhecido músico de
nosso meio admite, sem pudores, que estranhou ao ver o sucesso de uma de suas
composições, incorporada à mesma coletânea de sucesso (citada no último
parágrafo) – sendo que a composição em questão foi, segundo admite o músico,
feita com intenções meramente comerciais! Veja: a questão não é ser errado o
músico ganhar pelos direitos autorais de sua obra, nada mais justo. Todavia,
quando se faz algo apenas visando lucro, como reles atividade, que se pode
esperar dessa obra no quesito conteúdo espiritual? Há muito o que temer!…
Ninguém com alguma lucidez pode evitar o temor
quando composições contemporâneas, em clara demonstração de pouca criatividade,
têm uma única estrofe seguida do coro, os quais se repetem à exaustão, over again, com uma estrutura melódica
pobre e excesso de acompanhamento percussivo. Pior é saber que a cada sábado
esse estilo ganha espaço entre os adoradores, substituindo os hinos clássicos. Aqui,
outra clarificação: não se mede a qualidade da música sacra por sua idade. Há excelentes
canções contemporâneas que jamais, por sua estrutura, andamento, temática ou
arranjos, teriam sido compostas no passado. O novo é bem-vindo quando se apoia
em princípios, não em modismos.
Como não sentir verdadeira angústia quando outra
nova coletânea dessa natureza é anunciada, um segundo volume, ora vejam, novamente
lançada em DVD e reunindo os melhores grupos e talentos individuais do meio
adventista, garantindo o apoio midiático suficiente para seduzir congregações,
sem muito espaço para reflexões (ou autocríticas, se quisermos retomar o tema
de abertura)?
De fato, não precisamos temer. O assunto da
adoração está nas mãos divinas. E Deus é zeloso por Seu nome. Seu Espírito, por
meio daquilo que foi revelado, esclarecerá poderosamente a todos os que lhe derem
abertura. Se a igreja necessita de uma reforma musical (em tempo em que
cantores cristãos apresentam indie rock
na mídia secular e isso é chamado de testemunho!), o assunto está nas mãos de
Deus. Não é por essas coisas que a igreja de Deus deixará de ser a menina de
Seus olhos.
Obviamente, como ao longo da história bíblica
se percebe, aqueles que se envolvem com práticas erradas correm alto risco
espiritual. Porém, creio que o Senhor alcançará aqueles que estão equivocados e
removerá o erro de seus corações. Afinal, todos precisamos da cura que Ele oferece
livremente. Apenas confiando em Deus, desejosos de experimentar as reformas
necessárias, podemos afirmar: não há o que temer!
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sexta-feira, 1 de maio de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
domingo, 29 de março de 2015
REFLEXÃO SOBRE A VISITA DO PAPA FRANCISCO A UM CULTO PENTECOSTAL
Diversos veículos de comunicação noticiaram a visita do papa Francisco a
uma igreja pentecostal na cidade de Caserna (ao norte de Nápoles), cujo pastor é
Giovanni Traettino, amigo do pontífice. O número de fiéis presentes era de 350.
A visita foi histórica não somente por ser a primeira do tipo, mas
também pelo pedido de desculpas: "Entre as pessoas que perseguiram os
pentecostais também houve católicos: eu sou o pastor dos católicos e peço
perdão por aqueles irmãos e irmãs católicos que não compreenderam e foram
tentados pelo diabo", afirmou o papa Francisco.
A intenção ecumênica do líder máximo da Igreja Católica ficou mais clara
com a enfática declaração: "O Espírito Santo cria diversidade na Igreja. A
diversidade é bela, mas o próprio Espírito Santo também cria unidade, para que
a Igreja esteja unida na diversidade: para usar uma palavra bonita, uma
diversidade reconciliadora".
Um detalhe nessa história precisa ser cuidadosamente pensado. A mídia em
geral faz enorme confusão entre protestantes e pentecostais, tomando as duas
coisas como sinônimos. Não são. A Reforma Protestante enfatizou um retorno à
Bíblia, que se perdera na Tradição católica ou ficara obliterada pela
interpretação alegórica. Pentecostais surgiram devido a agitação do
evangelicalismo no século XIX, quando se buscava um novo tipo de experiência
santificadora.
Católicos e protestantes já escreveram documentos conjuntos, fruto de
diálogos entre seus teólogos. O protestantismo, em geral, está diluído, sem ter
concluído seu projeto de avançar em uma compreensão bíblica (fruto em parte de
nunca ter abandonado por completo as bases filosóficas herdadas do catolicismo,
e também por influência do liberalismo teológico). Protestantes necessitam de
autoridade para manter suas tradições. Em geral, o catolicismo supre essa necessidade.
E necessita também de uma retomar sua experiência cristã (prejudicada pela
sequidão espiritual gerada pelo liberalismo). Aí o processo de carismatização,
de âmbito mundial. Logo, os protestantes acolhem a autoridade de Roma e a “energia”
carismática dos pentecostais. Faltava que católicos e pentecostais, como
grupos, se aproximassem.
Em realidade, a aproximação de católicos e pentecostais já ocorria há
algumas décadas, mas se intensificava há alguns anos. Com a divulgação dos
vídeos de falecido bispo anglicano Tony Palmer (assista aqui), tal aproximação se
mostrou bastante adiantada.
O que se pode esperar? Ao contrário do que se pensava há décadas, o caminho
para o ecumenismo não será o de uma completa adequação doutrinária, na qual católicos
e evangélicos abraçarão as mesmas doutrinas; a união será em alguns pontos
essenciais. Sobretudo, a fomentação de uma experiência mística e difusa,
similar à religiosidade medieval, propiciará a união. Não podemos crer que os
protestantes tradicionais – ou mesmo os adventistas – se encontrem totalmente
prevenidos a tais tendências (veja artigo aqui e palestra aqui). Estejamos
atento ao desenrolar dos acontecimentos, sempre estudando a Bíblia e o Espírito
de profecia.
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domingo, 15 de março de 2015
CONTRA A ACOMODAÇÃO
A vida cristã não pode capitular diante da rotina mundana
"Quando
porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18:8). A
conhecida sentença de Jesus se parece com um preciso relatório de autópsia. A
autópsia da mentalidade egoísta e mundana, tão disseminada no mundo
contemporâneo. Não me refiro à sociedade secular. Infelizmente, a profecia
antecipa a situação espiritual dos servidores de Seu autor.
Temos
de olhar para as palavras de Jesus como um chamado à vigilância no contexto de
Sua segunda vinda. Se a fé seria artigo escasso em época de promessas de
fartura consumista, não seria por falta de disponibilidade do produto: Deus
continua dando fé a quem solicita (Jd 1:3). A crise se relaciona com a falta de
demanda. Poucos cultivam a insistência na oração, como a viúva pobre da
parábola – história que antecede a afirmação de Jesus e lhe serve de moldura
(Lc 18:1-8).
Para
o senso comum, fé se parece com um sentimento de pessoas idosas, com pouco
estudo e desassistidas pelos serviços públicos. Porém, não se iluda com as aparências:
fé não é um sentimento, mesmo sentimento religioso, do tipo que é atribuído a
algumas poucas pessoas – por serem mais intuitivas ou dotadas de sensibilidade
apurada.
Tampouco
a fé se opõe à razão. Ouvi um palestrante que fez a infeliz afirmação de que,
ao dispormos de evidências, não precisamos de fé. Nada mais contrário ao
sentido etimológico da palavra grega pistis,
muito frequente no Novo Testamento; traduzida como fé, transmite a ideia de
confiança, crer em algo fidedigno, que se mostre bem estabelecido e digno de crédito.
Definitivamente, fé cega nunca foi sinônimo de confiança absoluta!
Por
último, fé não se refere aquela esperança que consola os desajudados. Fé não é
o consolo fictício dos sem recursos, mas o recurso real dos inconsoláveis pelo
pecado e maldade do mundo. Ter fé leva a atuar no mundo em obediência à vontade
divina, mesmo quando isso requer atitudes e comportamentos que expressem recusa
e negação do status quo.
É
preocupante a dissociação atual entre fé e estilo de vida. Devemos nos perguntar
se o discurso de que basta "ter Jesus no coração" não chegou ao povo remanescente.
Como se sabe, por baixo desse slogan
cativante, há toda série de escusas para se manter comportamentos bem
diferentes da vida de obediência resoluta que a Bíblia oferece como modelo ao
cristão.
Há
sempre o risco de deixarmos gostos e preferências definirem, como critérios
últimos, nosso curso de ação. Agindo assim, a tendência será a acomodação. E se
acomodar constitui o tipo de experiência diametralmente oposta à dinâmica da vida
cristã.
Ao
permitir que a fé se aproprie da graça transformadora, somos moldados dia após
dia à semelhança de Jesus (Rm 12:2). Deixamos de ser quem usualmente éramos (Gl
2:20). Também passamos a ignorar os reclamos do mundo, com tudo o que ele
oferece – séries de TV com seus enredos violentos e sensuais; músicas estimulantes
(mesmo aquelas de alegado cunho cristão); frequência a casas noturnas, cinemas
e shows (alguns até promovidos por
cristãos, que, na pratica, pouco diferem das vertentes seculares);
relacionamentos sexuais sem compromisso; alimentação à base de fast food e tantos outros itens.
Seria
impossível enumerar as atrações que existem e parecem comuns. Mesmo as listas
criadas pelo apóstolo Paulo são sugestivas (cf.: Gl 5:19-21; Ef 5:3-8;
Cl3:5-11), mencionando praticas bem conhecidas, as quais deveriam ser
denunciadas por aqueles que aceitassem a nova vida em Cristo (Fl 2:14-16).
O
ponto principal: sem uma fé viva, fundamentada na Bíblia e exercitada em uma vida
dependente do Espírito Santo, seremos cristãos reféns de fenômenos culturais
que nos submetam a um processo de acomodação em relação ao mundo. E surgirão as
mais poéticas desculpas: "não podemos nos alienar das pessoas";
"por que ser tão radicais?"; "vamos nos parecer com o mundo para
evangeliza-lo"; "são apenas questões culturais sem importância".
Entregando, munidos da Palavra de Deus e dos testemunhos de Ellen G White, a
igreja remanescente possui luz suficiente para não se acomodar ao mundo. E,
fazendo assim, manterá suas principais características: guardar os mandamentos
de Deus e ter a fé de Jesus (Ap 12:17; 14:12)!
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