domingo, 18 de janeiro de 2009

MUITA POEIRA, POUCO VALOR

POLINIZAÇÃO DO PÓ


Faz horas que em vão busco respirar.
Como um lactente suga o peito,
Abro a boca e, através da sucção do ar,
Por hora dou um jeito.

Este é o mundo de pó, tudo nele o é
– Há pó desde o mármore à ardósia!
Não rias quando o pisas; sob teu pé
Dorme a carne antes rósea.

Eu mesmo, extradito para o pó,
Noto anseios rotos, são trapo,
Cada um por vez mais só.

Mas apalpo promessas que consolem:
Tem Deus sobre o pó em que escapo
Viva empapada em pólen.

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