quinta-feira, 4 de junho de 2009

DAS COISAS QUE PASSAM E DAS PERMANENTES

RIO


Uma pedra flutua nas águas:

Magma trânsfugo, pleno de luz,
Se parece com jaspe ou safira,
Mas não passa de um ovo entre as lágrimas.


Uma folha flutua nas águas:

Clorofila cigana, veloz,
Se parece com olhos de répteis
E é alvéolo verde entre ondículas.


Rio, mãos que transformam matérias

De passagem, que fisgam reflexos,
Que lhes captam genoma e o corrompem
Em imagens nitentes e falsas.


Fluxo réfluo, cardume do tempo

São teus lábios de Iara e Netuno;
Rio até quando mais, se é por chão
Que suplica o homem quando ora a Deus?

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