A primeira
pessoa em que pensei quando soube da morte de Michael Jackson foi um aluno do
Ensino Médio. O garoto é fã de carteirinha do artista excêntrico. A despeito de
polêmicas, acusações de envolvimento com pedofilia e das metamorfoses
estéticas, os admiradores de Michael não abandonaram o ídolo. Sua morte trouxe
tristeza para milhões de pessoas ao redor do mundo. Manifestações de
condolência, exibição de pôsteres, imagens e veiculação da notícia nas mais
diversas mídias refletem a importância atribuída ao artista, que tinha 50 anos.
Para
aqueles que nasceram na década de 80 (como no meu caso), a carreira de Michael
fez parte de seu cenário cultural. A inovação nos clips, cada vez mais
acompanhados de incrementos tecnológicos e as coreografias típicas fizeram o
pop-star negro muito conhecido e imitado. Infelizmente, os escândalos
arruinaram a reputação de Michael Jackson, para além da metamorfose que ele
sofreu.
Para a
maioria, a mudança estética do artista se deveu aos traumas de infância,
principalmente devido às cobranças feitas pelo pai de Michael. Nos últimos
anos, boa parte da imprensa humorística comparava o Michael Jackson de pele
branca e cabelos escovados à fictícia Branca de Neve. É óbvio que os fãs
preferem acreditar que a transformação radical do artista foi resultado de uma
doença que atinge a epiderme - o vitiligo.
De qualquer forma, o talento musical e o empreendimento inovador
de Michael Jackson transformaram o pop. Sempre que me deparo com um talento
raro, me pergunto o que seria desta pessoa se houvesse dedicado seu tempo,
recursos e habilidades para o serviço de Deus. O que aconteceria se Michael
Jackson tivesse continuado Testemunha de Jeová ou se tornado, digamos, um
cristão tradicional? Seu fim seria diferente? Sua utilidade seria maior? Penso
que sim, em ambos os casos.
Hoje pela manhã, vi logo cedo o aluno a quem me referi no início.
Estava visivelmente abatido. Parecia-se com quem perde alguém da família.
Dei-lhe um longo e solidário abraço. Por mais que eu não compartilhasse do
mesmo gosto musical com ele, não pude deixar de me condoer por aqueles que
sofrem este tipo de dor: uma dor por alguém que não se conhece (no sentido
pessoal, é claro), mas que se acompanha por tanto tempo que se pensa conhecer.
A relação entre fãs e ídolos sempre me soa exagerada em algum
sentido. Respeito a admiração de alguém por um artista, esportista, ou
personalidade; mas creio que o fã possui comumente uma ótica parcial sobre o
seu ídolo, além de significar uma relação potencialmente idolátrica (agora no
sentido religioso do termo). Espero que aqueles que, de alguma maneira,
admiraram Michael Jackson saibam separar suas vidas da dele, e avaliar de forma
objetiva o talento (inegável), com o uso feito dele e as escolhas feitas pela
pessoa, muitas das quais poderiam ser questionadas.
2 comentários:
Tadinho do Arthur :/
Concordo com vc quando diz para separar a adoração da adimiração.Eu não o adorava pois o único merecedor de adoração é Deus..Eu o admirava, muito...por seu talento e por ter provado para o pai dele que ele podia.Isso muitas vezes me deu força(vc sabe do que eu estou falando).
E foi nesse aluno que eu tbm pensei e sinto por não ter sido possivel o meu consolo e meu abrço nesse momento dificil,pois compartilhavamos do msm gosto...
Vou levar pra sempre o que o MIchgael Jackson deixou.Aprendi com ele a não desistir.
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