Decisivo. Um adjetivo que todo camisa nove gosta de ouvir associado ao seu nome pelos narradores televisivos. Ronaldo, em seu melhor, foi mais do que simplesmente decisivo. A raposa de Minas que o diga: o Cruzeiro revelou ao mundo o atacante dentuço e magricela (dá para imaginar?). Mais tarde, sua chuteira fenomenal era unânime na terra da velha bota durante sua passagem pela Inter de Milão. Ele também encantou no país das touradas, com o uniforme azul-grená. Nem por isso, foi menos galático ao jogar pelo maior rival do Barcelona, o Real Madri. Ronaldo ainda integrou o elenco do Milan, na época dono de uma galeria de brazucas. Mas o fenômeno já estava eclipsado por contusões.
Sua volta ao Brasil se deu sobre circunstâncias polêmicas. Já não era o Ronaldo goleador e veloz, mas um gordo folclórico, substituto ideal para o falecido Bussunda em comerciais de cerveja. O Ronaldo que saiu na mesma noite carioca acompanhado por três travestis, um para título de melhor jogador do mundo que ele conquistara num tempo so far! Faro de gols que é bom, muito pouco. Roliço e pouco ágil, só lhe restavam chutes dinamíticos e lampejos de sua fenomenalidade pretérita. Num destes raros momentos, marcou um gol esplêndido contra o Santos, durante o Campeonato Paulista (2009), arrancando elogios homéricos e deixando no ar a dúvida se o zagueiro que deveria marcá-lo saberia dizer a cor da bola...
Todavia, mais do que gols, Ronaldo aparecia na mídia relacionado a filhos, sendo Alexandre o último a ser reconhecido pelo atleta. Contundido, contou com a paciência da Fiel, que não costuma ser muito paciente com jogadores infiéis - à camisa do clube, para deixar claro. Nas últimas semanas, o corintiano sem libertadores (ué, não se acostumou ainda?!) e engasgado com a disputa do título brasileiro que voou das mãos do time no ano passado, passou a criticar Ronaldo. Muitos fizeram mais do que isso: escorraçaram, hostilizaram, odiaram o craque. Portanto, uma manifestação de raiva, digamos, fenomenal!
Além disso, houve o caso da troca de farpas internéticas entre Ronaldo e Neto, os dois gordinhos mais lembrados pelo torcedor do Parque São Jorge. No fim, parece que Neto decidiu a parada: o que ele pedia insistentemente, Ronaldo atendeu. Assim, terminou a carreira de um dos maiores jogadores dos últimos quinze anos. O que será do futebol sem Ronaldo? Bem, me arrisco a dizer que continuará como sempre. Dói afirmá-lo, mas Ronaldo já não fazia muito diferença dentro de campo. Ronald, um dos rebentos do jogador, percebeu isso e, na primeira oportunidade, usou a figura paterna para se aproximar do nome atual do jogo, o argentino Messi.
Se o futebol sem Ronaldo passará bem, obrigado, o que dizer de Ronaldo sem futebol? Diversos atletas seguem carreira como empresários, e parece que o inteligente fenômeno já tem feito isto, ligando-se a atletas como Neymar e Anderson Silva, outros dois artistas dos pés (cada qual a seu modo). Mas Ronaldo merecia o tratamento hostil de corinthianos e as piadas maldosas de jornalistas? Em sua despedida, ele mesmo revelou o hipotireoidismo, descoberto há quatro anos e responsável pela sua forma esférica, pouco atlética. Em meio a tudo isso, o jogador celebrado pela imprensa e homenageado por entidades e clubes do exterior pelos seus feitos, sai com um gosto amargamente francês (sim, a França não está entre as melhores lembranças do craque). Fica, sobretudo, a sensação de que Ronaldo poderia ter encerrado a carreira antes, conservando assim, na memória dos amantes da bola, aquela reverência que ele despertou um dia pelos sacrifícios que fez em nome do esporte e a admiração de todos, que lhe rendeu a justa alcunha de fenômeno.
Leia também: Ronaldo: um fenômeno pela própria natureza
3 comentários:
excelente seu texto sobre o adeus do fenômeno que ganhou esse apelido de uma namorada Italiana, entendeu? Abs
não gostei, nem parece que um teólogo é quem fez esse artigo.
Anônimo,
como diria o Pr. Rodrigo Silva: "Se um homem não consegue rir de uma boa piada, desconfie de sua teologia".
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