quinta-feira, 13 de março de 2008

CAMPANHA CONTRA ABORTO GERA POLÊMICA


A apresentação de fetos de resina nas paróquias do Rio durante as missas está causando polêmica. Entidades de defesa dos direitos das mulheres acusaram a Igreja de "terrorismo" e de desqualificar o debate a respeito da legalização do aborto. O bispo-auxiliar, d. Antonio Augusto Dias Duarte, responsável pela campanha, não aceita a acusação. "A imagem de uma criança de 12 semanas não é ameaçadora. É singela. A Igreja tem o direito de conscientizar a população", afirmou.

Como a Campanha da Fraternidade tem como tema o combate ao aborto, d. Antonio autorizou a confecção de 600 bonecos "para que as pessoas tenham consciência do que o ato representa". As imagens foram distribuídas em 264 igrejas da cidade, em fevereiro. A sugestão era que os fetos fossem exibidos na procissão do ofertório, mas em algumas igrejas, como a Santa Margarida Maria, na Lagoa, o boneco ficou exposto no altar, num pote com gel que simulava placenta.

"A primeira vez que vi me assustei. Mas acho que o objetivo é esse: fazer as pessoas pensarem no assunto", disse Joanna Collares, ministra da Eucaristia da Igreja Nossa Senhora da Divina Providência.

Para Dulce Xavier, da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, o uso dos fetos nas missas se resume a uma "campanha de terrorismo, de horrorificação". "Isso não trata das situações concretas de quem precisa fazer um aborto", afirmou.

A Coordenadora da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB), Rogéria Peixinho, prepara um manifesto contra a posição da igreja. A campanha, de acordo com o bispo-auxiliar, acaba domingo.

EM SÃO PAULO

A prática já havia sido usada em Caraguatatuba. Como o Estado informou, em agosto do ano passado o filme Uma Campanha Pela Vida foi distribuído pelas paróquias do litoral norte. O vídeo, com imagens chocantes de fetos depois do aborto, não foi passado durante as missas.


Comentários: Por um lado, não deixa de ser admirável o envolvimento da igreja Católica na luta contra a legalização do aborto. Este assunto não é mera questão de opinião pessoal, não cabe apenas à própria mulher responder; isso envolve a sociedade e a defesa da vida (aliás, de uma vida indefesa!). Os cristãos tem que ser o sal, exercendo sua influência sobre toda a comunidade em que estiverem inseridos, até em nível nacional (e por que não ?). Por outro lado, a conscientização não precisaria ser tão "chocante", como no presente caso...

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