domingo, 30 de novembro de 2008
A HONESTIDADE
sábado, 29 de novembro de 2008
ITAJAÍ: NOTÍCIAS DE UM MICROCOSMO
INTEGRIDADE NÃO CIRCUNSTANCIAL
E. G. White, Patriarcas e profetas, p. 121 (ed. Condensada).
Na insígnia de um chefe tribal,
Vem e a prece é vã:
Em um poço o prendem às gritas.
Terminam o mal
Ao venderem-no a ismaelitas.
À volta com medos e panes,
É levado o jovem hebreu
A Mênfis e a Tânis.
Voa a idéia como anda o Nilo;
No Egito vendeu
A caravana a este intranqüilo.
Sob as ordens de Potifar,
No azul a ver o lácteo gípseo,
Lembrando-lhe o lar,
Por senso e afinco se destaca.
Mesmo em solo egípcio,
Não serve ao íbis, nem honra a vaca;
Seu coração moço a Jeová,
Deus dos pais de seu pai, se prostra.
Potifar lhe dá
O governo sobre os negócios
– E o Deus Vivo mostra
O quanto prosperam Seus sócios.
Enquanto José sus progride,
A mulher de seu senhor punha,
Toda noite e dia,
Sobre ele os olhos de desejo!…
Via-o e lambia a unha,
Como a pedir ao moço um beijo.
José redargüia à mulher:
“Potifar de sob minha alçada
Nada excluiu sequer
A você, maior que os bens seus;
Ação tão errada
Praticara contra o meu Deus?”
Há vento, arrepia-se o trigo.
Sai a voz da morna cereja:
“Deite-se comigo!”
José ouve e surge, atraente
A quem quer que a veja,
A mulher de seu amo à frente.
Ao piramidal busto ela une
Racemos de um negro papiro.
Corpo que o sol brune
Ao de um José em susto enlaça,
E solta o suspiro
De uma esfinge cheia de graça.
José, homem igual a outro homem,
Ciente das fraquezas carnais,
De que as forças somem,
Pela fé resiste ao prazer;
Sem discursar mais,
Íntegro se põe a correr.
José não lhe afaga e ela berra,
Crendo-se humilhada ante a fuga,
E a ouve toda a terra…
Potifar vê seu nome em jogo:
A testa se enruga
E cede ao embuste que há num rogo;
Aquilo lhe atormenta e oprime
– Prender José, justo José,
Indisposto ao crime!…
Mas mesmo a prisão não reduz
O ânimo da fé;
E onde está, José sempre luz.
O Deus a quem ama aprimora
Seu caráter – faz-lhe o primeiro.
Quando advém sua hora,
José, o humilde homem do Céu,
Sempre firme, inteiro,
Tem mudada a sorte de réu:
É feito primeiro ministro,
Pois mesmo aos sonhos interpreta!
E de seu registro
Salta à razão que por sob panos
Cumpre Deus a meta
De honrar aos Seus correndo os anos.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
"CHOVE CHUVA": MINHA EXPERIÊNCIA COM UMA ENCHENTE
Contrariando a máxima segunda a qual “ninguém é uma ilha”, vários municípios catarinenses foram vitimados por enchentes, ocasionadas pelas fortes chuvas que sobrevieram à região.
No sábado à noite, durante uma programação regional da igreja, fiquei sabendo da gravidade do problema das enchentes. O presidente da Associação Catarinense dos Adventistas, Pr. Lorival Gomes, informou-nos da situação do município vizinho de Joinville; o Colégio Adventista Central da cidade já fora afetado pelas enchentes e houve perda de recursos. Confesso que, até então, ainda era impossível prever o que me aconteceria. Averiguamos, mais por curiosidade, através da internet, a situação calamitosa de cidades vizinhas, como Brusque, Blumenau, Joinville, etc.
Na manhã seguinte, um de meus amigos, o professor Jean Benassi, que trabalha no mesmo colégio que eu, ligou para minha casa. Ele precisava do telefone do diretor (cuja residência fica em cima da minha), porque seus irmãos estavam desabrigados e ele próprio temia ficar ilhado. Quase em seguida, uma das coordenadoras da escola nos ligou, recomendando que deixássemos nosso veículo em frente à prefeitura. Ela já havia tomada a mesma medida, prevendo que a água do rio entrasse em sua casa.
Ainda incrédulos, eu e minha esposa consultamos o diretor e a dona da casa em que moramos. Dona Terezinha, moradora antiga da cidade, nos garantiu que a água poderia subir ao nível da metade de nosso quintal, sem, contudo, chegar a entrar em nossa casa (que é mais alta do que as demais da rua).
Eu e minha esposa fizemos um “tur”, verificando as ruas próximas a nós que estavam afetadas. Voltamos para casa e logo o pesadelo ganhou contornos realísticos.
O nível da água começou a subir em nossa rua. Ficamos na casa do diretor do Colégio Adventista de Itajaí, Pr. Sonir Brum. Acompanhamos durante boa parte da tarde e noite a cobertura da TV Brasil Esperança, emissora local, sobre os resultados da enchente na cidade.
Vimos lanchas socorrendo idosos em bairros nos quais a água invadiu completamente as residências. Abrigos indicados pela Defesa Civil eram recomendados à população, que ouvia a instrução: “Se a água subir, levante os móveis e saia de casa”.
O apresentador Delísio cobrava a todo instante a prontidão das autoridades – bombeiros, Defesa Civil, Prefeitura –, além de convocar voluntários para socorrer os telespectadores que ligavam dando seus endereços e contando de sua situação. Fomos informados de saques feitos às casas que eram deixadas pelos moradores temerosos. Políticos eram contatos para dar a desculpa rotineira: “Eu não sabia…”
Neste contexto, eu e minha esposa ficamos decidindo o que faríamos com nossos móveis. Se por um lado, tínhamos a garantia de Dona Terezinha de que a água não entraria em nossa casa, acompanhávamos o nível da água subir, chegando mesmo a invadir nosso quintal progressivamente. Não parava de chover desde sábado à noite.
Os carros, por precaução, foram colocados na parte superior do quintal, para evitar possíveis avarias com a subida do nível da água.
A igreja Adventista central de Itajaí tornou-se um posto para atender os desabrigados, sob os cuidados da ADRA. O pastor Paulo Predebom, distrital de São Vicente, o outro distrito da cidade de Itajaí, arrumou um caminhão para fazer mudanças das famílias mais atingidas pela crise.
Acabamos indo dormir. A preocupação nos levou a acordar de hora em hora, durante madrugada, para acompanharmos o avanço do nível da água. Lá pelas 4 da madrugada, percebendo que corríamos o risco de ver nossa sala alagada, chamamos nossos amigos e erguemos os móveis. A geladeira ficou postada sobre as quatro cadeiras da cozinha, enquanto os dois sofás foram apoiados em quatro outras cadeiras emprestadas. Somente depois disto, pudemos dormir em relativa paz.
Pela manhã, o Pr. Sonir e o Emerson, diretor de disciplina do colégio, saíram para ver a situação da escola. O Emerson passara a noite na casa do diretor, e ambos já haviam visitado o colégio várias vezes ao longo do domingo, sem detectar a menor probabilidade de a enchente atingir a instituição. Porém, ao saírem de casa, com a água batendo em suas cinturas, acabaram encontrando uma triste realidade: a área da Educação Infantil, juntamente com os laboratórios (de Ciências e de Informática) e a cozinha do colégio, estavam com mais de um metro de água. Computadores, a geladeira, os materiais das salas – tudo foi perdido, devido à vala próxima que transbordou, trazendo suas águas fétidas para a área mais baixa do colégio.
Próximo das dez da manhã, eu e minha esposa levamos o colchão, roupas, alimentos e materiais de escola para a casa do Pr. Sonir e sua família. As gavetas mais baixas foram postas no estrado da cama. Já estávamos sem energia elétrica.
Passamos o dia recebendo ligações de parentes e amigos, informando e sendo informados sobre a situação dos moradores de Itajaí. Tínhamos alimento abundante, pela Providência divina. Infelizmente, víamos transeuntes vagando com seus apetrechos, enquanto outros deixavam a vizinhança sem muita expectativa de salvar seus pertences.
Acompanhávamos o trânsito de pessoas pela rua, tendo que atravessar a água quase à cintura. Botes salva-vidas, lanchas, caiaques e Jet-sky transitavam por nossa rua, agitando uma marola repugnante. O reflexo da água, sob o sol que abriu, era visto serpenteando pelas paredes das casas, como se a rua toda se tornasse uma imensa piscina marrom. O nível da água em nosso quintal era rigorosamente fiscalizado através das lajotas que levam da garagem a minha porta: contávamos quantos lajotas ainda faltavam para a água chegar à porta de casa.
Somente à tarde, a água invadiu minha casa, através de uma infiltração localizada no pequeno escritório. Como a sala fica em um plano mais alto que o restante dos cômodos, era justamente a sala que ficou incólume ao líquido podre e habitado por baratas. Minha esposa teve de me convencer (e ela pode dizer que não foi fácil) a retirar nossos criados-mudos do quarto e levá-los para a sala enxuta.
Somente a partir de umas 17 horas, começou o recuo da água. A energia elétrica voltou quatro horas depois. Recebemos as primeiras informações: de toda a Santa Catarina, colocada sob estado de emergência pelo governador Fernando Henrique no sábado, Itajaí fora a mais afetada, com cerca de 90% da cidade tomada pela enchente. E os relatos comoventes continuam: agora a pouco homens uniformizados retiraram uma mulher em serviço de parto em um edifício vizinho de onde estamos (minha esposa e a Profª Eude Bahia acompanharam a empreitada, saldada com palmas por populares).
Ainda não sabemos o que nos acontecerá. Só tenho a agradecer a Deus pelos cuidados dispensados a minha família e amigos. Também conto com as orações e apoio material a todos aqueles que perderam tudo naquela que pode ser a mais trágica enchente a afetar o estado catarinense. Oramos para que Deus cuide de vidas que podem se perder sem tempo para conhecê-Lo.
domingo, 23 de novembro de 2008
PARA VOCÊ SE LEMBRAR NA HORA DA CRISE - parte 1
PARA VOCÊ SE LEMBRAR NA HORA DA CRISE - parte 2
Conclusão
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
LAÇOS E PERDAS
Como insistirei, sem parecer que aborreço soberbamente? Mas tenho de pleitear, tenho de agir com insistência, porque a minha tenda agora abriga o Senhor das estrelas e meu Senhor acolho por hóspede. Ele me ouvirá? Até que ponto Sua misericórdia poderá polpar uma multidão corrupta? Até que pondo minha intrepidez alcançará Seu coração? Sara já agiu sem confiança em Sua promessa, e eu?, passarei por tolo e insensato? É, preciso ao menos tentar…
terça-feira, 18 de novembro de 2008
QUEREMOS QUE CONTINUE VALENDO A PENA
Depois de um período de pouca inspiração, os Arautos do Rei, o mais antigo quarteto vocal cristão em atividade no Brasil, volta com um trabalho novo. Com o sugestivo título "Vale a pena esperar", os Arautos investem na retomada de seu público.
Por enquanto, há muito pouco disponível sobre o mais novo CD do quarteto. Talvez a grande novidade seja o retorno do 2º tenor Társis Iraíldes, que compôs a última geração de referência do grupo, da qual faziam parte Dênio Abreu (1º tenor), Jeferson Tavares (barítono) e Ronaldo Fagundes (baixo). Desfeita a formação, Társis continuou cantando nos Arautos, até ser substituído por Jonatas Ferreira (em 2006).
A faixa-título do novo CD, "Vale a pena esperar", pode ser conferida abaixo, em uma gravação de razoável qualidade disponível no site Youtube. Percebe-se que a música mantém um diálogo com a conhecida canção "Chegou a hora" (2000): em ambas, ocorre uma dramatização da segunda vinda de Cristo dentro de uma concepção musical que caminha num crescente até a apoteose.
Os solistas Társis e Ozéias Reis (1º tenor, que, a título de esclarecimento, não tem nenhum parentesco com este articulista) mostram que a nova formação dos Arautos segue o padrão de quartetos contemporâneos (no qual o maior expoente talvez seja o quarteto americano Gaither Vocal Band): ênfase nos solos sincopados, com forte tom emocional e demonstração de grande alcance vocal. Ozéias, apesar de não possuir uma voz educada como a do segundo tenor, ainda assim dá conta do recado quando tem de atingir notas mais altas.
A responsabilidade por direcionar o Arautos do Rei na sonoridade contemporânea foi do maestro Jader Santos, que por 18 anos anos, assinou a produção dos arranjos e versões gravadas pelo quarteto. Ao mesmo tempo, Jader jamais se afastou completamente das origens do quarteto, que remontam ao grupo norte-americano The King's Heralds. De certo modo, à medida em que a visão de Jader tornou-se musicalmente mais progressiva, abriu as portas para que seus predecessores musicais ousassem mais, tornando os Arautos uma espécie de oficina experimental, desagradando os fãs do quarteto pelo excesso de inovação, incapaz de gerar identificação entre o grupo e seus apreciadores.
Talvez por isso o novo diretor musical do grupo, o produtor Ricardo Martins, tenha procurado seguir a trilha de Jader, aproveitando as importantes lições deixadas pelo músico. Apesar de não haver informações sobre o autor de "Vale a pena esperar", ouví-la é relembrar da fase Jader.
A preocupação em soar contemporânea pode ser positiva no sentido de procurar atingir a geração presente com a mensagem da segunda vinda de Jesus, a razão de ser dos Arautos. Ao mesmo tempo, nesta busca/resgate pela identidade, os Arautos do Rei devem, como quaisquer músicos adventista , pautar-se pela Revelação (sobretudo pelo fato do quarteto ser o único grupo oficial da Igreja no Brasil).
Isto implica não apenas na apresentação de mensagens com enfoques criativos, no que tange às letras das composições. Como a Igreja Adventista brasileira é majoritariamente jovem, a tentação é remodelar o quarteto para agradar o que esta faixa etária espera. Mas a forma de lidar com a expectativa do público não pode ser tomada como um paradigma para nenhum músico cristão. Muito menos o peso da tradição (que no caso dos Arautos, remonta aos idos de 1963). É necessário produzir focando naquilo que a nossa filosofia de adoração nos orienta a fazer. Somente desta forma, continuará a valer a pena que nossos músicos invistam seus talentos para o louvor.
QUAL O PROBLEMA SE A NOIVA NÃO ERA MAIS VIRGEM?
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
FÉ QUE MOVE MONTANHAS
E esse som, fora de qualquer freqüência humana
Capta-o a alma ao caminhar muda na estrada plana,
Sendo em meio ao silêncio a hora em que Deus nos fala.
Porque o Autor da fé sofreu tortura insana,
Sendo espancado como o vento espanca a cana,
Sem que, contudo, os golpes possam arrancá-la.
A alma usufrui completamente dos favores,
Lucrando para sempre ao perder por instantes.
De lançar ao mar de abandono e solidão
As formas de orgulho em teu próprio coração.
O BOOM DA ESPIRITUALIDADE PÓS-MODERNA
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
A SABEDORIA
sábado, 8 de novembro de 2008
CIDADE DOS HOMENS
Adão vivia para saber da notícia. Que tristeza
Lhe acometia a conta dos erros; que tristeza de pai – e tristeza de homem!
Não via como isso poderia mudar. Mas
Tinha na promessa divina sua única razão de esperança,
Aqueles homens da planície, revoltados contra Jeová,
Que seria deles? Ou creriam ou se perderiam
Nas incertezas de seus procedimentos aterradoramente malignos. Eles escolheriam.
Que havia de errado com aqueles caquis, de uma suculência provocadora? Vinha se interrogando, torturado o coração em meio às cenas mais belas da natureza. Ipês-roxos costeavam a angústia de seus passos desconfigurados. No horizonte, esquadrilhas de asas amenizavam o tom vermelho do sol em despedida. As pêras, sem dúvida tenras, os kiwis esmeraldinos, frescos, as abóbaras, as couves, quiabos, todos em bom estado, mas sem a aprovação – que ódio! Mas não existe voz que o repreenda, nem exemplo que supere os seus atos. Não há quem concorra à aprovação dos pais ou mesmo a do Senhor. O pastor que atormentava, o pastor…sob os veios de cal. Calado, não de todo. Seu procedimento ainda retinia em sua memória, somado à insatisfação. O altar de Abel estará lá, no lugar de antes, junto do seu próprio. Um altar cheio de mensagens. Altar do caçula que o irritou por sua fidelidade.
Finalmente está em casa. Suas duas mulheres deixam as rendas, a farinha, a coalhada, o azeite, o poço. Elas lhe abraçam lânguidas, como duas serpentes que se enrolassem em uma espada. Ele fala com elas, fala para que os vizinhos ouçam.
Quanto pó, terra maldita. As marcas não saíram e como esfreguei minhas mãos naquele rio encardido. Mas estarei em casa, haverá o refresco da coalhada para amenizar o peso do suor. Ada e Silá me esperam, nem sabem o que se passou. Maldita poeira!, quem pode enxergar a direção da Vila, com suas casas crescendo em número e paramentos? Quem mandou que ele me ferisse, pobre idiota! Ah!, eu não tenho de me preocupar com nada, nada, nada! Se aquele que assassinasse o patriarca Caim seria vingado por Deus, muito mais a mim! não sete vezes, mas setenta vezes sete – ah, ah,!Finalmente, a vila, sei que as notícias me antecedem. Mas quero que minhas esposas saibam de minha própria boca como eu despachei facilmente aquele cão. Certamente, todos me respeitarão mais ainda. Mal posso esperar pela coalhada…
Do alto, Seu projeto contemplava. A forma como tudo estava acontecendo, os crimes,
A maldade própria a satanás, agora própria também ao homem, filho que Ele amava;
Tudo Lhe feria. Pela Terra toda, poucos homens tinham Sua lei no peito.
Sua intenção fora sabotada pela difusão do mal. Mas Seu conselho eterno
Se mantinha como antes: inabalável. Com a Criação ameaçada, Seu plano
De amor triunfaria! A justiça que, para pessoas iguais a Lameque, era nada,
O Eterno Jeová reivindicaria, fazendo justiça aos Seus filhos também:
Todos oprimidos, desde Abel, seriam justiçados.Por ora, o mal se espalhava,
E os Céus não podiam suportar sua onda crescente de infâmia, assolação e caos.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A ILUSÃO DE CASANDRA
Allen, mais conhecido por suas comédias, define Cassandra como “a história de alguns jovens muito simpáticos que se envolvem numa situação trágica, em função de suas fraquezas e ambições.” [1] Não à toa, Tiago Mota em seu blog classifica o cineasta como “excelente crítico da alma humana.”[2]
A ética postulada pelo titio vigarista é que a família está acima de tudo e que todo homem deve proteger os seus. Este pretexto dá a Wood Allen a excelente oportunidade de deixar no ar as implicações de uma moral tão comum na sociedade pós-moderna – até que ponto alguém estaria disposto a ir para proteger a sua família?
Em um de seus últimos diálogos, ao velejarem juntos, Terry pondera o próprio ato criminoso. Depois de ouvi-lo, Ian arremata: “Você só está abalado porque ficou cara a cara com a sua natureza humana.” Talvez toda a explicação para a ação dos dois irmãos, do tio, da amante egoísta de Terry, resuma-se nisto: um problema de natureza. Ou como dissera anteriormente o pai dos irmãos homicidas em outra cena : “Ninguém quer ser egoísta, mas na verdade todos são.” Nossa natureza egoísta cria ambições e atropela tudo para chegar até elas, enquanto cria a ilusão de que a normalidade permanece inalterada. Isto fica patente no filme porque, após o trágico fim dos irmãos, suas namoradas estão em uma loja, comprando roupas, completamente alienadas sobre o que se passa no ancoradouro.
[1] Entrevista concedida por Wood Allen ao jornal “A folha de São Paulo”, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u397126.shtml
[2] http://paradacritica.blogspot.com/2008/05/o-sonho-de-cassandra-cassandras-dream.html.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
VOVÓ AINDA VÊ?
terça-feira, 4 de novembro de 2008
DO VAZIO À NUDEZ: O QUE A PÓS-MODERNIDADE TEM A OFERECER?
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
A MESMA INDECISÃO!
Que atraiçoa quem nade em suas águas.
Fí-Lo chorar por não me valer nEle
Na hora de maior prova. Ao ensino justo,
Das dádivas a mais cara à pureza,
Devotei meu desprezo e segui pronto.
Hoje, até de meus bons atos descreio:
Sou a tribuna que os cupins roeram,
De onde a voz do orador se emudeceu
No tempo em que os cupins não tinham vindo.
Céus! Que conflito passo a em mim sediar!
Cresço em zelo ao ouvir nome balsâmico,
O nome de meu Mestre apenas; Desço
Se a tentação obtem consentimento.
Perdido entre o dever e o aprazível,
Cambaleio tendendo a ambos os lados.
Como um favo deserto, a esperança arfa,
Soterrada por meus receios de antes.
Tivera a ovelha o intuito de seguir
Àquele que é Pastor e fonte d’águas,
A gruta acolhedora e a sombra obesa,
NEle haveria de achar sempre a paz!…
Ele oferta repouso ao caminhante
Valendo-se de Seu colo. A amplidão
De Seu regaço abarca o mundo e o emenda.
Aplausos, vinho, páginas e ritos
Não conservam pura a alma. O esforço é vão.
Mas a Riqueza fez-se mendicante
A fim de fazer príncipes os nus;
Do diamante vieram estilhaços
E se restaurou o homem esmiuçado.
Deus punha em ação pelo Filho a Graça
– E estamos nela estando em nós o Espírito;
De sorte que em Seu corpo sendo membros
E comandados por Cristo, a Cabeça,
O rebanho dos órgãos tem seu pasto.
Consolo inexaurível chega ao crente
Quando abandona tudo e volve à cruz,
Esfaimado da carne redentora,
Sequioso do sangue remidor.
Pudera banhar-me em sangue alvejante
E ter daquela luz que o Céu envia!…
Ah! Indigno! Surdo à fé, solícito ouço
O eco intérmino desse mundo baixo.
domingo, 2 de novembro de 2008
LUANA PIOVANI: CRIADA NA "SEVERA IGREJA", COM FÉ NO "AMIGO INVISÍVEL"
[1] Dinesh D’Souza, A verdade sobre o Cristianismo: por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável (Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2008), 13-14.
[2] Idem, p. 22.
[3] Ruth de Aquino, “Luana Piovani – ‘Meu ponto forte é a cabeça’”, disponível em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI16256-15295,00-LUANA+PIOVANI+MEU+PONTO+FORTE+E+A+CABECA.html, primeira parte da matéria.
[4] André Schiliró, “A estrela pós-moderna”, disponível em http://veja.abril.com.br/especiais/mulher_2003/p_014.html.