segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

QUEM MUITO ESCOLHE...


No sábado retrasado, fomos com três carros levar roupas, água e cestas básicas para um bairro carente de Itajaí. Com o volume de doações enviadas por pessoas de todo o Brasil (que não cessa), os bens e alimentos têm que ser distribuídos com urgência, posto que já falta espaço para estocar as coisas.

No bairro ao qual nos dirigimos, mal estacionamos e uma fila se organizava para nos receber (ou melhor, para receber o que levávamos). O "atendimento" seguiu sem muito tumulto. Mas quero destacar dois detalhes que chamaram de pronto a minha atenção.

Às vezes, membros da mesma família se apresentavam como representantes de lares diferentes, apenas para serem mais beneficiados. Alguns membros da comunidade sentiram-se indignados pela atitude de seus vizinhos.

À saída, percebemos uma enorme quantidade de peças de roupas em pilhas espalhadas pelo chão. Não eram as roupas que trouxéramos, apesar de estar em tão boa quantidade quanto as entregues por nós. Curiosos, perguntamos a uma meninha, deitada sobre uma das pilhas, inocentemente.

"De quem são estas roupas?", "Da Daniela.", "E por que ela as deixou aqui?", "Ah, ela não quis!"

As pessoas recebem doações em roupas; experimentam as peças, e, ao perceberem que as roupas não lhes servem, jogam-nas fora, porque, sabe-se, outras doações virão! O canhestrismo do raciocínio, baseado na acomodação do indivíduo que nunca teve nada e que ainda se aproveita de todo o contexto da enchente, é, sem dúvida, revoltante!

É muito difícil selecionar quem realmente precisa de doações. Mas muitas unidades da ADRA e voluntários começam a fazer uma triagem mais rigorosa. Afinal, estes que muito escolhem, serão escolhidos - ou não...

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