Há um cavalo na chuva. A crina lisa
A escorrer pelo dorso úmido. Divisa
Seu olhar o solo, perplexo e em desconcerto.
E deixando a madre das cúmulus-nimbus,
A água invade as árvores que formam limbos.
No monótono suspense do concerto,
Em torno do casco detêm-lhe a corda
E ele atônito vê quando o céu transborda.
O acomodamento impassível do gênio
Nem ao menos tenta escapar do aguaceiro;
Cavalo e chuva têm idêntico cheiro,
E a fusão de ambos já percorre um decênio.
Um cavalo preso é alma confiante,
Sem iniciativa, nem por um instante.
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