Ao longo de seu pontificado, Bento XVI vem endossando doutrinas tradicionais católicas, a fim de contrapor-se ao relativismo imperante. Particularmente, defendo um cristianismo de oposição, que desafie o zeitgeist pós-moderno. Entretanto, a sobrevivência da fé na cruz depende de um resgate de sua base, a compreensão bíblica. O movimento que se vê no catolicismo do papa caminha em direção oposta: ao reafirmar suas crenças tradicionais, ele recorre à tradição, que em muitos pontos solapa e distorce a Bíblia.
No último dia de Maio, por exemplo, Bento XVI recebeu uma delegação da congregação mariana Mariä Verkündung (Maria Anunciada) de Ratisbona (Alemanha). Conforme informou o site Zenit, o papa resumiu sua posição enunciando que “A catolicidade não pode existir sem uma atitude mariana”, porque “ser católicos quer dizer ser marianos, que isso significa o amor pela Mãe, que na Mãe e pela Mãe encontramos o Senhor”.
Parte da argumentação do pontífice é puro ilusionismo exegético: ele busca nos mover da devoção que Maria demonstrou pelo Salvador à devoção dirigida à própria Maria (sem respaldo bíblico). Bento ainda destaca que a fé em Maria não se apóia no passado, e, sim, olha para o futuro.
Ironicamente, ao lutar contra o relativismo, o papa o estabelece, porque defende uma interpretação baseada em meras opiniões humanas (base do relativismo); afinal, como ele poderia apelar à Revelação se ela considera a adoração a qualquer coisa, exceto Deus, como idolatria (ex 20: 4-5; Sl 115:4-8; Is 46)?
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